A comodidade do banho quente faz com que o chuveiro elétrico ocupe o papel de
protagonista da casa durante o período de temperaturas mais amenas. Antes de
mudar a chave para o quente e desfrutar desse conforto, no entanto, é preciso
estar atento às instalações elétricas do imóvel, para que a condição de uso do
aparelho seja preservada e seu funcionamento o mais seguro possível. O alerta
vem do engenheiro eletricista Edson Martinho, do Programa Casa Segura - uma
iniciativa do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), apoiada pela Steck,
para conscientizar usuários da eletricidade sobre os riscos de acidentes
causados por instalações elétricas inadequadas e para orientar eletricistas
sobre as boas práticas da profissão na prestação de serviços.
Para Martinho, o primeiro requisito para quem quer aproveitar a experiência do
banho quente com segurança é escolher, na hora da compra, um produto
certificado. Levar em conta a potência do aparelho e a estrutura elétrica já
disponível no imóvel é o segundo critério obrigatório. “Antigamente, era comum
chuveiros com potência elétrica de 3.500 watts. Hoje, há modelos com mais do
que o dobro disso de potência à venda no mercado. Não se pode, simplesmente,
fazer a substituição dos aparelhos ou aumentar o valor dos disjuntores sem
saber se a rede suporta a nova carga”, destaca o engenheiro.
Segundo ele, as instalações são dimensionadas em projeto elétrico, divididas em
circuitos para serem dispostos no quadro de distribuição da residência, havendo
a necessidade de um circuito dedicado ao chuveiro elétrico. Ampliar as cargas
sem avaliar as condições elétricas do imóvel poderia aumentar o risco de
curto-circuito e choque elétrico.
Na instalação, o cuidado a ser observado – e que antecede a execução do serviço
- é o desligamento da chave geral, exigência necessária também para a troca de
resistência. “Para maior segurança, após o desligamento da chave geral, o
eletricista deve usar uma chave-teste para se certificar de que não há fuga de
corrente no sistema elétrico antes de efetuar a instalação do chuveiro”, alerta
Martinho.
A manutenção ou a troca de resistência é outro procedimento que requer cautela,
devendo ser realizado sempre com o chuveiro desencaixado da base, em local
seco, que não ofereça risco de contato com a rede elétrica. “Jamais mexa em aparelhos
elétricos com as mãos molhadas ou com o corpo úmido”, reforça o engenheiro.
Para evitar a queima da resistência, a dica é manter a chave no modo desligado,
abrir a torneira e deixar a água fria escorrer por alguns segundos antes de fechá-la.
Só então, a chave deverá ser ajustada na temperatura desejada e a torneira
reaberta para o banho quente. “Caso o reservatório de água do chuveiro esteja
vazio, ligá-lo já com a temperatura quente para o banho pode queimar a
resistência,” afirma o especialista do Programa Casa Segura.
A seleção da chave de temperatura é outro ponto de atenção. Ela não deve, em
hipótese alguma, ser movimentada com o chuveiro ligado. Isso pode ocasionar
choque elétrico e vitimar o usuário. Além disso, resistências queimadas não
devem ser reaproveitadas.
O sistema elétrico, muitas vezes, pode dar sinais de que está com problemas.
Exemplos disso são pequenos choques ao movimentar a torneira ou a queda do
disjuntor com frequência ou durante o banho. Nesses casos, a instalação precisa
ser revista e atualizada.
Para aumentar a segurança, Martinho aconselha avaliar as condições elétricas do
imóvel a cada cinco anos e incluir dispositivos como o fio terra e o
diferencial residual (DR) no sistema elétrico, para anular o risco de fugas de
corrente.
Raio-X das Instalações Elétricas
Uma pesquisa nacional, conduzida pelo Procobre em 2016, revelou que apesar de
87% das moradias possuírem chuveiro elétrico, apenas 32% das instalações elétricas
nos imóveis com mais de 20 anos estavam ligadas ao fio terra. Em imóveis com 6
a 10 anos de construção, 52% das instalações e em edificações com menos de
cinco anos de construção, à época da pesquisa, eram 75% as ligadas ao fio terra. Os dados do levantamento
revelaram ainda que o conjunto plugue e tomada para ligação do chuveiro – tipo
de conexão proibida desde 2004 pela NBR 5410 - era utilizado em 8% dos
imóveis, agravando o risco de sobrecarga e incêndio nas moradias.
Teste
on line
Inspirado em jogos de videogame, um teste virtual, idealizado pelo Programa
Casa Segura, oferece a facilidade de o usuário realizar a inspeção predial da
residência e identificar se as instalações elétricas do imóvel têm ou não risco
de choque elétrico ao morador. O teste propõe a visita a um imóvel e relaciona
questões que devem ser respondidas pelo usuário. Ao final, o sistema gera uma
resposta sobre a necessidade de atualizar ou não as instalações elétricas. “O
diagnóstico virtual é uma maneira de conscientizar o usuário da eletricidade,
de forma interativa. Não substitui, porém, o eletricista. Somente o
profissional habilitado será capaz de avaliar minuciosamente as instalações
elétricas da edificação e adequar o sistema elétrico, se necessário”, arremata
o engenheiro do Programa Casa Segura.
Programa
Casa Segura
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