Pneumologista
desvenda as principais dúvidas sobre condições que atingem os pulmões, como
DPOC e asma
Nos
buscadores da internet, em aplicativos de mensagens e nas redes sociais, o que
não falta é uma enorme quantidade de informações sobre saúde. A rede facilitou
a criação de grupos de apoio para pacientes de diversas doenças, que permite a
troca de experiências e informações conhecidas sobre sintomas e tratamento. Com
tantas pessoas conectadas, as informações sobre saúde nas redes sociais podem
ser produzidas por qualquer usuário. Não é difícil encontrar postagens sobre
chás para asma, alimentos que curam a DPOC, entre outros. Essas informações são
comuns para doenças populares, como as condições que atingem os pulmões.
Muitas
vezes, esses assuntos tão atraentes e milagrosos podem ser armadilhas: as
chamadas fake news.
Esses conteúdos, geralmente criados sem validação de um médico, não tem
comprovação científica. O problema está no potencial alcance dessas mensagens,
já que, de acordo com a Pnad Contínua TIC 2017 do IBGE, mais de 126 milhões de
brasileiros têm acesso à internet[i].
O Dr. José Roberto Megda, pneumologista da Residência de Clínica Médica do Hospital
Universitário de Taubaté, aponta que o perigo é ainda maior no caso de doenças
respiratórias. "Recebo alguns pacientes no consultório que me perguntam
sobre posts de redes sociais. É importante que eles estejam próximos do
especialista e se sintam à vontade para tirar todas as dúvidas com o
pneumologista, evitando problemas com o tratamento". Confira, abaixo, os
mitos e verdades de doenças respiratórias desvendados pelo Dr. Megda.
Apenas
quem fuma ou já fumou tem doenças respiratórias.
MITO.
O tabaco é, de
fato, a principal causa de muitas doenças respiratórias, mas há outros fatores
de risco, como poluição, fumaça de lenha, exposição a produtos químicos e
poeira[ii]
A mais conhecida entre as que têm ele como causa é a Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica, ou apenas DPOC[iii].
Ela indica, geralmente, a combinação de doenças que reduzem o fluxo de ar nos
pulmões, provocando sintomas como falta de ar, tosse seca e pouca disposição
para fazer as atividades do cotidiano. Costumam ser chamadas de bronquite
crônica e enfisema[iv].
Pessoas
com condições respiratórias não podem tomar leite.
DEPENDE.
O Dr. Megda
sinaliza que "alergias
a alimentos pode impactar na respiração da pessoa e, se ela tiver alguma doença
respiratória, potencializada por fatores alérgenos, podem ocorrer crises".
É o caso da asma, que tem origem genética e se manifesta com os sintomas de
falta de ar e sensação de chiado no peito. Os pacientes com a asma manifestam a
doença ao entrarem em contato com elementos que sensibilizam as vias aéreas, o
que podemos chamar de "gatilhos" das crises. Para quem é intolerante
à lactose, o leite de vaca pode se tornar um gatilho. Para os demais pacientes,
o importante é consultar o especialista e incluir o leite de forma equilibrada
na dieta.
A
bombinha usada para o tratamento vicia
MITO.
As bombinhas não
causam nenhum mal à saúde dos pacientes e são a opção de tratamento mais
recomendada pelos especialistas. O Dr. Megda sinaliza que "o dispositivo sempre foi alvo
das informações falsas, o que, para um paciente que não tira as dúvidas com o
médico, pode contribuir para a baixa adesão ao tratamento".
Para facilitar a utilização regular do medicamento, o especialista reforça que
o tipo de dispositivo usado faz toda a diferença. "Existe um tratamento que permite uma inalação mais
suave por névoa, por exemplo, que facilita a absorção do remédio e torna a
rotina do paciente mais prática". Quando tratadas
adequadamente, a DPOC e a asma podem ter seus sintomas controlados – o que
confere uma melhor qualidade de vida e nenhum impacto na rotina do paciente.
DPOC
é doença de idosos
MITO. Embora atinja a população idosa, a
DPOC pode se manifestar em pessoas a partir dos 40 anos, segundo o
especialista. No Brasil, 14,9% das pessoas com idade superior a 40 anos têm
doença[v].
A Iniciativa Global para DPOC (GOLD)[vi]
sinaliza 5 fatores que ajudam a identificar quem pode ter a doença, já que
esses sinais podem ser confundidos com o processo de envelhecimento: ter mais
de 40 anos, ser fumante ou ex-fumante, apresentar tosse frequente, ter tosse
com catarro constante e queixar-se de cansaço ou falta de ar ao fazer esforço,
como subir escadas ou caminhar.
Os
remédios só devem ser tomados nas crises
MITO.
Doenças
respiratórias como asma e DPOC não tem cura e, por isso, precisam ser
acompanhadas constantemente por pneumologistas. Com o tratamento medicamentoso
correto e constante, os pacientes não sentem impactos na rotina. O Dr. Megda
alerta que "muitos
pacientes caem no erro de acharem que estão bem porque já tomaram o remédio por
um tempo e abandonam o tratamento. Sem o tratamento adequado e contínuo, eles
voltam a ter exacerbações e recorrem ao pronto-socorro com frequência".
Esses descuidos têm impactos na saúde pública. São mais de 83 mil internações
ocasionadas por DPOC anualmente no Brasil. As internações pela doença custam
aos cofres públicos aproximadamente R$ 38,7 milhões por ano[vii].
Alimentação
impacta na qualidade de vida de quem tem DPOC
VERDADE.
Ter uma
alimentação desequilibrada interfere na quantidade de nutrientes e calorias no
organismo, o que diminui a energia do corpo para as atividades básicas, como a
respiração. O especialista explica que, no caso da DPOC, ficar muito tempo em
jejum também é prejudicial. Isso porque, depois, ao comer um volume muito
grande de comida em uma única refeição, o estômago pode ficar dilatado,
comprimindo o diafragma. Assim, há uma limitação da respiração.
Natação
faz bem para pacientes com asma
VERDADE.
Se o paciente
fizer o acompanhamento com o especialista regularmente e manter a rotina de
tratamento com o medicamento indicado, ele pode praticar qualquer tipo de
atividade física sem enfrentar problemas respiratórios – sempre com avaliação
prévia de um pneumologista. Além do apoio do médico, é importante fazer
exercícios com a orientação de um educador físico, que saberá indicar os
treinos adequados para quem possui alguma doença respiratória. Um dos esportes
mais recomendados tanto para asma quanto para a DPOC é a natação, que é de baixo
impacto e trabalha bastante a respiração do praticante.
Chás
e ervas como o agrião podem curar a asma
MITO.
Não existe
nenhum chá ou substância que cura a condição. A asma é uma doença crônica, mas
pode ter seus sintomas controlados por meio de tratamento contínuo e adequado,
que inclui o uso de medicamentos. Sem isso, a asma provoca sérios impactos na
vida do paciente, tais como insônia, fadiga, diminuição do nível de atividades
e falta na escola e trabalho. Por isso, o Dr. Megda reforça que "é importante estar atento às
leituras feitas na internet e sempre consultar o médico, que pode dar as
melhores indicações".
Boehringer Ingelheim
Referências:
[i]
IBGE. PNAD Contínua TIC 2017: Internet chega a três em cada quatro domicílios
do país. Disponível em: http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/23445-pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada-quatro-domicilios-do-pais
[ii]
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 160 p.: il. – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 25). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_cronicas.pdf
[iii]
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global Strategy for
Diagnosis, Management, and Prevention of COPD – 2018 [Internet].
[iv]
WHO. Chronic obstructive pulmonary disease (COPD). Disponível em: http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/chronic-obstructive-pulmonary-disease-(copd)
[v]
Moreira Graciane, Manzano Beatriz, et al. PLATINO, a nine-year follow-up study
of COPD in the city of São Paulo, Brazil: the problem of underdiagnosis. J Bras
Pneumol. 2013;40(1):30-37
[vi]
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global Strategy for
Diagnosis, Management, and Prevention of COPD – 2018 [Internet].
[vii]
Ministério da Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). CID
J44 – Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas. 2016. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/.
Acesso em: 7 de jun 2018.
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