Tragédias em escolas, queda do Brasil em índices
internacionais de educação, baixa confiança na figura do professor. A atual
situação da educação, no Brasil e no mundo, não é das melhores. E, se para
profissionais da educação já não é fácil estar no meio de toda essa confusão,
quais repercussões esse cenário causa nos alunos? Atualmente, os pais são
obrigados a pensar não só no ensino de qualidade, mas naquele que repercutirá
seus valores, que oferecerá segurança durante as dezenas de horas semanais em
que o filho estará estudando e que o preparará para os desafios que encontrará
no futuro, quando sair da escola.
Pode parecer diferente pensar no ensino religioso
nesse momento. Muitos podem até se perguntar o porquê, em pleno ano de 2019,
ainda temos escolas católicas. Pois bem, as instituições de ensino, em especial
as voltadas para a educação cristã, têm como premissa um trabalho dedicado a
ajudar a resolver os desafios do mundo atual, incluindo-se os problemas
sociais, éticos e morais pelos quais passa a educação de nossos filhos.
E o medo do tradicional não deve ser motivo para
desconfianças. As escolas católicas são símbolo, sim, de tradição. As primeiras
escolas que surgiram em nosso país, ainda no período colonial, foram de cunho
católico. Mas ser tradicional não significa ter ficado no passado ou ser
inflexível diante de mudanças. Ter tradição demonstra a existência de uma longa
jornada, com histórias e muita experiência - o que não as impede de congregar
inovação, aprendizado eficiente e, principalmente, formação humana. Aliar hoje,
no cenário da educação, tradição e inovação é encontrar o melhor dos dois
lados.
Engana-se ainda quem pressupõe que o ensino cristão
tenha a intenção de catequizar os estudantes. Todas as escolas Católicas têm um
compromisso junto ao Vaticano de trabalhar com ensino religioso e pastoral em
suas escolas e o trabalho atual tem foco no diálogo inter-religioso, justamente
para colocar essas crianças e jovens para conhecer o diferente e respeitá-lo. O
grande nó dos enormes desentendimentos que se têm no mundo hoje tem influência
da diferença de crenças - e o que podemos fazer para melhorar essa situação é
ensinar o respeito à opinião alheia.
Escolas Católicas têm em sua essência um trabalho
que privilegia a formação humana. São instituições que, por meio de seu carisma
e missão, têm como objetivo o desenvolvimento de uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, que privilegia o senso crítico e ético, a resiliência e o
exercício de se colocar no lugar do outro para que tenhamos crianças e jovens
mais humanos, solidários e preocupados em construir um mundo mais justo e
igualitário. Ou seja, pessoas mais humanas.
Raphaela Ribas Lupion Gubert - Coordenadora
Pedagógica das Escolas Confessionais do Sistema Positivo de Ensino no Brasil,
que promove o VII Encontro das Escolas Católicas, em Salvador, entre os dias 3
e 5 de abril.
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