País será um dos primeiros do mundo a fazer acordo
com a indústria para a redução do açúcar em industrializados. Serão cinco
categorias de alimentos
Foto:
Rodrigo Nunes/MS
O Brasil quer reduzir 144 mil toneladas de açúcar
de bolos, misturas para bolos, produtos lácteos, achocolatados, bebidas
açucaradas e biscoitos recheados. O acordo foi assinado nesta
segunda-feira (26/11) pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e os presidentes
de associações do setor produtivo de alimentos.
Ao estabelecer a meta até 2022,
o Brasil se destaca como um dos primeiros países do mundo a buscar a diminuição
do açúcar nos alimentos industrializados. O acordo segue o mesmo parâmetro do
feito para a redução do sódio, que foi capaz de retirar mais de 17 mil
toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos.
“O acordo vai ajudar a melhorar a conscientização
da população na busca de alimentos mais saudáveis. O apoio da indústria na
redução do açúcar permitirá que população busque uma vida mais saudável e tenha
menos problemas de doenças que possam ser evitadas. É importante que nós
tenhamos avanços dessa natureza”, destacou o ministro da Saúde, Gilberto
Occhi.
O monitoramento da redução será feito a cada dois
anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo a primeira
análise no final de 2020.
Fazem parte do acordo a Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação (ABIA), a Associação Brasileira das Indústrias de
Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), a Associação Brasileira das
Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados
(ABIMAPI) e a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos).
Para estabelecer as metas das cinco categorias de
alimentos, o Ministério da Saúde analisou critérios que envolvem desde o
consumo e distribuição dos teores de açúcar dos alimentos até a necessidade de
redução dos níveis máximos do alimento; queda dos teores de açúcares livres não
resultantes em aumento no valor energético e de adição ou substituição por
adoçantes, além do percentual de produtos a serem reformulados para atingirem à
meta.
Considerando os produtos com maior quantidade de
açúcar, os biscoitos e produtos lácteos terão os maiores percentuais de meta
para redução do alimento, com a meta de retirar 62,4% e 53,9% de açúcar da
composição, respectivamente. Para bolos, a meta é de até 32,4% e para as
misturas para bolos, até 46,1% do teor de açúcar. Já os achocolatados, tem a
meta de cair até 10,5% e as bebidas açucaradas até 33,8%.
“Nós não temos a menor dúvida, que isso é
fundamental. Temos que controlar fortemente as doenças crônicas não
transmissíveis, principalmente hipertensão e diabetes. Com isso, vamos
contribuir para uma saúde melhor para os brasileiros”, ressaltou o secretário
de Atenção à Saúde, Francisco Assis.
Os brasileiros consomem 50% a mais de açúcar do que
o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa que, por
dia, cada brasileiro, consome em média 18 colheres de chá do produto (o que
corresponde a 80g de açúcar/dia), quando o recomendado seria até 12. Desse
total, 64% corresponde à açúcares adicionados, aquela colherzinha a mais que
você coloca nos alimentos. O restante do consumo é o açúcar presente nos
alimentos industrializados.
O alto de açúcar já impacta no aumento de doenças
crônicas não-transmissíveis. Na última década, o diabetes cresceu 54% nos
homens e 28,5% nas mulheres. Outra doença que tem crescido entre os
brasileiros, e que está relacionada com o alto consumo de açúcar, é a
obesidade. A condição clínica subiu mais de 60%.
MUDANÇA DE
HÁBITOS
O incentivo para uma alimentação adequada e
saudável e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo
Federal. Em 2017, o Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas
para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. O compromisso
foi de deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019; reduzir o
consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na
população adulta até 2019 e ampliar no mínimo de 17,8% o percentual de adultos
que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Outra ação para a promoção da alimentação saudável
é a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida
mundialmente pela sua abordagem integral, a publicação orienta a população com
recomendações sobre alimentação saudável baseada principalmente no consumo de
alimentos in natura ou minimamente processados.
Victor Maciel
Agência Saúde
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