Depressão e ansiedade em
crianças ainda são tabus para muitos pais e educadores
A saúde mental de maneira geral ainda costuma ser
um tabu. E quando é abordada na infância e adolescência, o assunto encontra
ainda mais resistência, neste caso, pelos próprios pais e educadores. Mas a
questão é séria e precisa ser falada: crianças e jovens podem ter depressão e
ansiedade.
"Muita gente acha que é frescura, preguiça ou
até mesmo falta de reconhecimento por tudo que os pais fazem pelos filhos,
quando na verdade é uma doença ou um transtorno que precisa ser tratado",
explica Thaís Quaranta, psicóloga e coordenadora da pós-graduação em Saúde
Mental e Psicopatologia na Infância e Adolescência da APAE DE SÃO PAULO.
Cuidado com o excesso de cobranças
Os motivos podem ser variados, desde genéticos até
mesmo ambientais. O mundo ágil e de intensas modificações também contribui para
o quadro. "Vemos crianças com um nível alto de ansiedade porque fazem
muitas atividades: inglês, natação, aula de música, escola, etc. É um mini
adulto que não tempo de criar, de questionar e desenvolver estratégias de
resolução de problemas e habilidades sociais", conta a especialista.
Por outro lado, os pais na ânsia de querer dar o
que há de melhor para os filhos, não entendem que esse excesso de atividades e
bens materiais podem prejudicá-los. "Principalmente, em famílias mais
privilegiadas, vemos que os pais se dedicam muito aos filhos e há uma cobrança
de que a criança esteja sempre bem. É aquela velha história, ele tem de tudo,
por que está assim, chateado ou para baixo? Eles costumam dizer que não há
motivo para tal", ressalta Thaís.
Isso faz parte de uma cultura que durante muito
tempo valorizou a questão acadêmica como sinônimo de sucesso com a criação dos filhos.
Só que, por outro lado, muitos pais se esqueceram que o emocional também é
importante, já que traz a capacidade de resolução de problemas e de gerência da
própria vida, ferramentas essenciais para viver em sociedade.
Outros problemas como o bullying e o cyberbullying
também deixam marcas nas crianças que podem desenvolver transtornos mentais por
conta da violência sofrida que poderão acompanha-los por toda vida.
"Adultos que tiveram problemas na infância sofreram impactos no seu
desenvolvimento. Muitos seguem acreditando nos estigmas que receberam, sem
questionar", destaca Thaís.
Alertas de que algo não está legal
Ao contrário dos adultos, as crianças e
adolescentes manifestam a depressão e a ansiedade de forma diferente. De acordo
com a psicóloga, isso acontece por conta de a personalidade ainda estar em
desenvolvimento, ou seja, os jovens não têm muito recurso para dizerem o que
pensam, o que sentem e até mesmo entenderem o que ativam eles.
"Geralmente, as crianças e os adolescentes com
ansiedade e depressão se expressam de uma maneira irritadiça e agressiva",
ressalta. É importante que os pais e os educadores estejam atentos à essas
mudanças quando estas começam a impactar na vida deles.
Buscar ajuda é o caminho para uma vida mais feliz
Negar que algo está acontecendo e não tratá-lo
ainda cedo pode trazer sérias consequências para toda vida do indivíduo.
"Uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) que não teve
oportunidade de tratar ainda na infância, lá no futuro poderá desenvolver comorbidades,
como depressão e ansiedade", destaca a psicóloga.
Buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra tão logo
os sintomas aparecerem ajuda no desenvolvimento da criança, podendo reduzir os
impactos e até mesmo reverter o quadro clínico em alguns casos.
Thaís Quaranta -
Psicóloga e Neuropsicóloga. Coordenadora do curso de pós-graduação em Saúde
Mental e Psicopatologia na Infância e Adolescência da APAE DE SÃO PAULO.
Graduada em Psicologia pela Universidade de Ribeirão Preto. Especialização em
Psicologia Hospitalar e Neuropsicologia pelo Instituto de Psiquiatria do HC-
FMUSP, com foco principal em saúde mental. Especialização em Terapia Cognitivo
Comportamental pelo Centro de Terapia Cognitiva Veda.
Serviço – Pós-graduação em
Saúde Mental e Psicopatologia na Infância e Adolescência
Inscrições até 28/02/2019
Início das aulas em março de 2019
Aulas às segundas-feiras e
quartas-feiras, das 19h às 22h
Duração 360h | Aprox. 15 meses
Local: APAE DE SÃO PAULO – Rua Loefgren, 2109, Vila Clementino, São Paulo – SP
Informações: http://www.apaesp.org.br/pt-br/instituto-de-ensino-e-pesquisa/ensino/Paginas/default.aspx
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