O rapaz, de nome Fernando, acalentava o sonho de possuir um sítio na
aprazível Serra de Itapetinga para ali reunir amigos e familiares em momentos
de convívio. Como não dispusesse dos meios necessários, juntou-os entre
pessoas de suas relações e adquiriu, após muita busca, uma propriedade com as
características pretendidas.
Vencida essa etapa, cuidou, então, de
dar um jeito nas benfeitorias existentes. Tanto a moradia quanto as demais
construções e áreas de lazer precisavam de reformas que seriam custosas. Mas
nenhuma dificuldade ou restrição financeira afastava o proprietário de seu
objetivo. Fernando, como se verá, era robustecido pela têmpera dos vencedores.
Se havia obra a ser feita no seu sítio, nada melhor do que confiá-la à maior
empreiteira do Brasil.
Marcelo Odebrecht, requisitado, deslocou
gente de suas hidrelétricas, portos e plataformas de petróleo, subiu a serra e
assumiu a encrenca: casa, alojamento, garagem, adega, piscina, laguinho,
campinho de futebol. Tudo coisa grande, já se vê. Vencida essa etapa, o
ambicioso proprietário se deu conta de que as instalações da velha cozinha
remanescente não eram compatíveis com os festejos que ansiava por proporcionar
aos seus convidados. Para manter o elevado padrão, Fernando não deixou por
menos. Deu uma folga à primeira e convocou a segunda maior empreiteira do
Brasil, a OAS. E o pessoal de Leo Pinheiro para lá se tocou, prontamente, a
cuidar da sofisticada engenharia culinária do importantíssimo sítio. Afinal,
uma obra desse porte não aparece todo dia.
Opa! Problemas de telefonia. Como
habitar e receber amigos em local com tão precárias comunicações? Inconveniente,
sim, mas de fácil solução. Afinal, todos nós somos conhecedores da cuidadosa
atenção que a OI dispensa a seus clientes. Certo? Bastou comunicar-lhe o
problema e uma nova torre alteou-se, bem ali, no meio da serra.
Concluídas as empreitadas, chaves na mão, a
surpresa! Quem surge, de mala e cuia como dizemos cá no Sul, para se instalar
no sítio do Fernando? Recém-egressa da Granja do Torto, a família Lula da Silva
veio e tomou conta. Veio com tudo. Com adega, santinha de devoção, estoque de
DVD, fotos de família e promoveu a invasão dos sonhos de qualquer militante do
MST. Lula e os seus se instalaram para ficar e permaneceram durante cinco anos,
até o caso chegar ao conhecimento público. Quando a Polícia Federal fez a
perícia no local não encontrou um palito de fósforos que pudesse ser atribuído
ao pobre do Fernando. Do pedalinho ao xarope para tosse, era tudo Lula da
Silva.
Eu não acredito que você acredite nessa
história. Aliás, contada, a PF não acreditou, o MPF não acreditou e eu duvido
que algum juiz a leve a sério. Mas há quem creia, talvez para não admitir que,
por inconfessáveis motivos, concede a Lula permissão para condutas que
reprovaria em qualquer outro ser humano.
Percival Puggina - membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil.
integrante do grupo Pensar+.
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