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Doença está
relacionada com HPV e pode causar amputação. No país, cerca de mil órgãos
sexuais masculinos são amputados todos os anos
Em novembro, mês da saúde do homem, é importante
lembrar de uma doença que, apesar de pouco comentada e rara, é perigosa: o
câncer de pênis. Até o final de 2018, segundo estimativas do Instituto Nacional
do Câncer (INCA), o Brasil terá cerca de seis mil novos casos – 2% do total de
tumores que vão atingir pessoas do sexo masculino. Falta de higiene, idade
avançada, fimose e baixas condições socioeconômicas estão relacionadas à
doença. Mas, segundo a literatura médica, outro fator também contribui para o
seu surgimento: o papilomavírus humano (HPV), uma Infecção Sexualmente
Transmissível (IST) cuja transmissão ocorre por meio do contato direto com a
pele ou a mucosa infectada.
“O HPV tem uma média de associação de 30% a 40% com
o câncer peniano, em especial os tipos 16 e 18 (o vírus tem 150 variações)”,
diz Newton Sérgio de Carvalho, professor de ginecologia da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), que fez uma revisão sobre o tema, publicada em 2008 no Jornal
Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. De acordo com Carvalho, a
pessoa diagnosticada com os tipos 16 e 18 do vírus apresenta mais chances de
desenvolver câncer, não só no pênis, mas também em outras partes do corpo.
“Importante ressaltar, no entanto, que a contaminação tem que estar associada a
mais fatores, como a associação do HPV com ISTs, a exemplo da clamídia”,
reforça o médico.
ALERTA – O Brasil, segundo o artigo Updates on
the epidemiology and risk factors for penile cancer, publicado em
2017 na National Library of Medicine, está entre os países com o
maior número de casos de câncer de pênis associados ao HPV, ao lado da Índia e
de nações africanas. Segundo Carvalho, o dado serve como alerta, pois, de
acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, mil órgãos sexuais masculinos
são amputados todos os anos por aqui, em decorrência da doença. “Algo que
poderia ser evitado com medidas preventivas, já que a amputação é necessária
apenas em casos avançados”, diz o professor.
DIAGNÓSTICOS – A infecção
por um determinado tipo de HPV não exclui os outros. As chamadas coinfecções
podem acontecer e apresentar dois ou mais tipos do vírus ao mesmo tempo. A
importância do diagnóstico molecular se dá pelo fato de que alguns tipos de HPV
estão relacionados a lesões que progridem para o câncer, e os diferentes tipos
possuem sítios de infecção distintos. A genotipagem identifica os subtipos de
HPV, permitindo um monitoramento adequado dos indivíduos com maior risco a
desenvolverem cânceres e, assim, possibilita uma abordagem mais precisa e
personalizada para prevenir a progressão da doença. Além disso, a genotipagem
diferencia o tratamento no caso de pessoas com outras infecções por HPV
oncogênicas menos agressiva.
Principal e
mais eficaz forma de prevenção do HPV, segundo o Ministério da Saúde, é a
vacinação
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VACINAÇÃO – A principal e mais eficaz
forma de prevenção do HPV, segundo o Ministério da Saúde, é a vacinação. Ela é
distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos de 11
a 14 anos, meninas de 9 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV e aquelas com
idade entre 9 a 26 anos que receberam transplante. Os adultos fora dessas
faixas podem adquirir a vacina na rede privada.
Em setembro deste ano, o Ministério lançou uma nova
campanha publicitária convocando os adolescentes para se atentar à causa. A
meta é imunizar mais de 20 milhões de jovens, sendo 9,7 milhões de meninas e
10,8 milhões de meninos. A comunidade médica, no entanto, está preocupada com a
baixa adesão, principalmente a dos meninos. No ano passado, 2,6 milhões (35,7%)
receberam a primeira dose. Já a segunda dose, dada neste ano e necessária para
a imunização completa, atingiu apenas 13% do público-alvo. “É muito importante
tomar a vacina porque é um procedimento preventivo que tem o objetivo de evitar
que pessoas sem o HPV contraiam o vírus”, diz o ginecologista. Hoje, de acordo
com estudo feito pelo Ministério da Saúde em parceria com hospitais e
secretários de Saúde, 54,3 % dos brasileiros com idade entre 16 a 25 anos têm
HPV. Desse total, 37,6% apresentaram variações do vírus com alto risco para o
desenvolvimento de câncer.
CÂNCER – Além da vacina contra o HPV,
outras medidas também são necessárias para prevenir o câncer peniano. O INCA
sugere limpeza diária do órgão masculino com água e sabão, principalmente após
as relações sexuais e a masturbação, e cirurgia de fimose, pois a pele de
prepúcio é estreita ou pouco elástica e impede a exposição da cabeça do pênis,
dificultando a limpeza adequada e a utilização do preservativo.
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