Quanto tempo após um aborto posso tentar
engravidar ?
O risco de um
abortamento espontâneo na primeira gravidez é de até 15% na população em geral
A gestação gera muitas expectativas e
quando, por algum motivo, não evoluiu como desejado e a mulher sofre
um aborto, mesmo que em fase inicial, ocasiona muito sofrimento,
angústia e insegurança. Mas, passado o processo de luto, a vontade de ser
mãe geralmente prevalece.
O aborto espontâneo ocorre mais
frequentemente no primeiro trimestre da gestação, até 12 semanas, na
maioria das vezes em função de alteração no próprio embrião, neste caso a
mulher não precisa passar por nenhuma investigação ou tratamento médico antes
de tentar uma nova gravidez. Quando o aborto é tardio (a partir da 20ª
semana) é importante saber os motivos que fizeram a gestante perder o bebê. “Em
geral, tem a ver com o colo do útero. O médico deve investigar as
características do colo uterino. No caso de colo curto existe grande
possibilidade de intervenção, um reforço para que a mulher consiga levar a
gestação o mais próximo possível do termo. Portanto frente a uma mulher que tem
história de aborto tardio, está indicado esta investigação para que não ocorra
um desfecho desfavorável novamente e ainda mais precoce que o anterior,” afirma
o obstetra.
Um aspecto a ser considerado neste tema é
que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional do Aborto, uma a cada cinco
brasileiras fará um aborto ao longo da vida. Isso indica um descolamento entre
a lei e a realidade das mulheres no país. “Normalmente, a recuperação física da
mulher demora apenas alguns dias, aproximadamente de quatro a seis semanas, ela
estará em boas condições clínicas novamente, ” comenta o médico Dr. Alberto
Guimarães, e reforça que o mesmo não pode se afirmado nos casos de abortos
provocados, sobretudo na população mais carente do Brasil, onde se observa
verdadeiras catástrofes e não raramente a morte da mulher devido as
complicações decorrentes deste ato, por discriminação, preconceito e falta de
amparo, reforça Guimarães, referência em humanização do parto.
Para que a mulher volte a tentar uma nova
gravidez é preciso observar se o aborto foi precoce, se passou por uma
curetagem ou se o próprio organismo eliminou por completo o saco gestacional
e os restos ovulares. Desse modo, ela não precisa esperar muito tempo para
engravidar, já que praticamente não houve crescimento uterino. “Neste
caso, indica-se ácido fólico e atividade sexual, e já será candidata a
engravidar novamente" relata Guimarães.
Já nos casos que a mulher sofreu um aborto
tardio, após a eliminação do feto, é interessante que ela passe por uma
avaliação médica antes de tentar uma nova gravidez. “Convém esperar de dois a
três meses para que o útero volte ao seu tamanho normal e se conclua a
avaliação do útero, “ finaliza o Dr Alberto.
Alberto Guimarães - Formado
pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de
Medicina (UNIFESP), o médico atualmente encabeça a difusão do “Parto Sem Medo”,
novo modelo de assistência à parturiente que realça o parto natural como um
evento de máxima feminilidade, onde a mulher e o bebê devem ser os
protagonistas. Atuou no cargo de gerente médico para humanização do parto e
nascimento do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, CEJAM, em
maternidades municipais de São Paulo e na Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo.
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