Como reatar amizades e convívio em família em tempos
de polarização política
Não é segredo para ninguém que as eleições para
presidente este ano foram muito polêmicas – dos debates e algumas afirmações
entre os próprios candidatos, às discussões que acontecem no seu feed de
notícias nas redes sociais e entre grupos de WhatsApp, principalmente os
familiares.
A cereja no topo do bolo presidencial, sem dúvida,
é o fato de que faltam dois meses para as festas de fim de ano. Em outras
palavras: você e todos os seus parentes estão a poucos dias de se sentar em
torno de uma grande mesa de jantar na casa de algum parente, fingindo que está
tudo bem, mesmo sabendo que, por exemplo, um tio te excluiu do Facebook porque
você discorda da opinião política dele. Ou que, no rebuliço das discussões
eleitorais, você decidiu por deletar praticamente todos os seus primos das suas
redes sociais por não compactuar com as suas ideias sobre determinado candidato
– ou por alguma ofensa direta ou indireta.
É por isso que no texto de hoje eu dou algumas
dicas para passar as comemorações de fim de ano em paz, sem deixar que as
provocações políticas se transformem em decisões irracionais (carregadas de
emoção) e tudo se torne mais desavenças, só que agora na vida real. Vamos aos
tópicos:
1 – Razão x Emoção: conheça os seus valores
Se a discussão na mesa é sobre política, religião
ou outras escolhas importantes da vida, o que importa realmente são os seus
valores pessoais.
Isso começa com o autoconhecimento. Vivemos em uma
cultura em que é tão importante se sobressair à frente de um debate que quando
aparece algo que se contrapõe aos nossos valores perdemos completamente o fio
da meada da discussão. Tradução: perde-se a razão e a lógica do raciocínio,
dando lugar à emoção e a falas impulsivas. O resultado? Torta de climão.
Então, o que fazer? Quando a discussão sobre
política vier à tona nas festas de fim de ano ou alguém te questionar o porquê
foi excluído das suas redes sociais, pregue os seus valores e seja específico
na sua resposta. Saber quem você é, bem como o que você representa se torna uma
bússola para você se guiar nessas situações. Ter argumentos concretos ajudam a
evitar que suas emoções se sobreponham à razão e lhe garantem serenidade.
2 – Planeje-se para evitar prolongações do assunto
Você está na sua família há algum tempo, então você
sabe como cada um reage a determinado assunto. Conhece quem vai te provocar,
fazer questionamentos desagradáveis e iniciar uma discussão. Que tal se
preparar para isso?
Pense que tipos de conversas podem surgir e como
você gostaria de responder. Você nunca pode controlar o que as outras pessoas
dizem ou fazem, mas pode se preparar estrategicamente para driblar aquele tio
que bebeu demais e quer falar de política ou aquele primo magoado que vem
questionar o porquê de não estar mais no seu círculo virtual de amigos.
Portanto, treine uma saída para esses casos:
estabeleça com você mesmo que sempre manterá a calma e a serenidade quando
submetido a um "ataque".
3 – Limite a conversa, sem tom de censura
Se você quer evitar fadiga antes mesmo de começar
as discussões e questionamentos sobre as eleições é totalmente aceitável tomar
a iniciativa de falar: "sem política hoje".
4 – Ouça e respeite seu interlocutor
Você já viu alguém mudar de opinião rapidamente? Eu
particularmente não. Então não tente mudar de forma brusca e cheia de ataques o
que já está decidido por outra pessoa! Utilize argumentos para mostrar o seu
ponto de vista: vai dela, acatá-los ou não. Respeite a opinião alheia, um dos
princípios básicos da democracia.
Durante uma discussão, principalmente política, em
que somos muitas vezes guiados apenas por nossas emoções, sem defender
propriamente os nossos valores, repetimos os mesmos argumentos várias vezes,
transformando uma conversa que poderia ser saudável em provocações e desgastes.
Questões finais
Ditas essas quatro dicas, ainda é possível que a
discussão possa tomar rumos não previstos. Para evitar que a ceia acabe se
transformando em uma pequena edição da Guerra Civil, a primeira coisa a se
fazer é ouvir o outro e não deixar a emoção conduzir a discussão. Se
necessário, mude o assunto educadamente. Tudo fica mais fácil!
No final das contas, as festas de fim de ano são
uma época para se comemorar e ficar junto de seus familiares. Esqueça o porquê
você excluiu alguém das suas redes sociais por conta de um posicionamento
político (ou até mesmo foi excluído) e traga discussões saudáveis e memoráveis
para a mesa! Lembre-se que o respeito por uma opinião diferente e empatia por
outro alguém começa dentro das nossas próprias casas. Serenidade… muita
serenidade…
Uranio Bonoldi consultor - palestrante e oferece
aconselhamento personalizado para empresários e executivos. www.uraniobonoldi.com.br
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