Estudo
aponta erro em 74% das avaliações de doenças oculares por app que dispensa a
interação do oftalmologista.
Estudo divulgado em Chicago (EUA) durante o
congresso 2018 da Academia Americana de Oftalmologia que aconteceu de 27 a 30
de outubro, revela erro em 74% das avaliações de doenças oculares realizadas
pelo WebMD Symptom Checker, um popular app de diagnóstico online.
“A telemedicina é, sem dúvida, o caminho para
ampliar o acesso ‘a saúde ocular”,
afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido
Burnier. Para ele o problema deste app é
eliminar a interação do especialista com o paciente, ao contrário do Portable Eye Examination Kit que funciona como um consultório de bolso. “O resultado
do estudo é um alerta para a população brasileira”, observa. Isso porque, um
levantamento feito pelo médico em 12 mil prontuários do hospital mostra que 4
em cada 10 pessoas já chegam aos consultórios usando colírio por conta própria.
“Além do colírio inadequado mascarar doenças, alguns medicamentos para
alterações sistêmicas têm efeito sobre a saúde ocular”, salienta. Os
grupos de maior risco, observa, são os
idosos que fazem tratamentos para doenças crônicas, gestantes e mulheres que
tomam contraceptivos. Mas a visão de crianças também pode sofrer alterações
desencadeadas pelo uso de medicamentos,
Risco
de hipermetropia em crianças
Este é o caso de 5% das crianças que tem de 6
a 14 anos e fazem tratamento com metilfenidato, substância ativa da Ritalina e
Concerta, remédios utilizados no tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade).
Segundo Queiroz Neto estes medicamentos são
bem vistos pelos país porque melhoram o rendimento escolar ao aumentar a capacidade de concentração. O
problema, adverte, é que dilatam a pupila e podem causar
hipermetropia acomodativa, uma dificuldade temporária de enxergar de perto.
Foi o que aconteceu, com um menino em
tratamento de TDAH que recentemente chegou ao consultório com as pupilas
bastante dilatadas e dificuldade para enxergar de perto. Os sinais de
hipermetropia acomodativa elencados pelo médico são:
· Passa a esticar os braços para ler.
· Busca as últimas carteiras na sala de aula para
enxergar a lousa.
· Não tem gosto pela leitura
· Troca atividades internas pelas externas.
· Aperta os olhos para ler.
Caso o metilfenidato não possa ser
interrompido é necessária a prescrição de óculos e a hipermetropia pode se
tornar um mal permanente.
Mulheres,
gestantes e idosos
Segundo o oftalmologista o uso colírio
antibiótico com pílula anticoncepcional deve ser evitado porque o contraceptivo
pode perder o efeito.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que 3%
dos defeitos congênitos são causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante
a gravidez. Isso acontece porque a elevação dos hormônios sexuais na gestação altera
o metabolismo dos medicamentos que se concentram na corrente sanguínea.
Queiroz Neto
ressalta que até o aparentemente inofensivo colírio adstringente para branquear
os olhos pode afetar o feto. Isso porque, contrai todos os vasos, inclusive da
placenta. Resultado: diminui a troca de nutrientes e oxigênio com o feto.
Já os idosos
que fazem tratamento para hipertensão devem estar atentos com o uso deste tipo
de colírio porque pode elevar a pressão artéria, alerta. “A interação do
betabloqueador para taquicardia com colírio adstringente também é conflitante
porque o colírio pode reduzir o efeito do medicamento oral”, afirma.
Por isso,
recomenda colírio lubrificante para
gestantes, hipertensos e cardíacos ficarem com os olhos branquinhos. Caso a
irritação não desapareça é necessário consultar um oftalmologista.
Glaucoma
Queiroz Neto
destaca que os corticóides podem cortar o efeito de colírios para glaucoma e
por isso só devem ser usados em conjunto sob supervisão médica. Gestantes que
tem glaucoma precisam passar por reavaliação oftalmológica. Isso porque,
explica, o uso de análogos de prostaglandina aumenta o risco de interrupção
precoce da gravidez. Já os betabloqueadores podem afetar a frequência cardíaca
do feto. A boa notícia é que a pressão intraocular geralmente baixa durante a
gravidez, permitindo em muitos casos que
o tratamento seja mantido com colírios
mais brandos.
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