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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Primeiros meses de vida: um período crítico para o desenvolvimento da obesidade


 Talvez nem tudo aconteça na infância, embora seja o período de maior rapidez linear do crescimento. Nossos órgãos ainda estão em estágios de desenvolvimento plástico. Nós temos mais gordura do que quaisquer outras espécies, talvez para manter nossos cérebros prodigiosos funcionando em tempos de fome.


 Todos os dias fazemos grandes saltos em termos de desenvolvimento neurocognitivo, motor e social. Ainda somos dependentes de alguém para nos alimentar e para locomoção. Desta forma, não devemos nos surpreender que o que acontece nos primeiros meses de vida possa ser essencial para o nosso estado nutricional ao longo da vida.

Em um estudo, com 513.501 mulheres e seus 1.164.750 filhos foi observado uma associação consistente entre ganho de peso na gravidez e peso ao nascer. Os bebês de mulheres que ganharam mais de 24 kg durante a gravidez foram mais pesados ​​ao nascer do que os bebês de mulheres que ganharam de 8 a 10 kg. A chance de dar à luz uma criança com peso superior a 4000 g foi bem maior para mulheres que ganharam mais de 24 kg durante a gravidez, em comparação com mulheres que ganharam apenas 8–10 kg. 

 Outro fator importante é o peso ao nascer. No geral, a preponderância das evidências epidemiológicas indica que o maior peso ao nascer está associado ao aumento do risco de adiposidade na infância e na idade adulta, conforme refletido pelo IMC (índice de massa corporal). Esses estudos apoiam observações epidemiológicas que influenciam na vida fetal ou pós-natal precoce, especificamente o excesso de nutrientes e a exposição à insulina, podem ter impacto de longo prazo na regulação do peso corporal.

  Da mesma forma, vários estudos demonstram a associação de bebês com baixo peso ao nascer com maior prevalência de obesidade central posterior, resistência à insulina e síndrome metabólica.

 O aleitamento materno protege o bebê da obesidade infantil, independentemente do status de diabetes ou do peso materno. Esses dados fornecem suporte para todas as mães amamentarem seus bebês para reduzir o risco de excesso de peso na infância. Da mesma forma, crianças que receberam mais leite materno do que a fórmula infantil ou que foram amamentadas por períodos mais longos apresentam menor risco de excesso de peso durante a infância e a adolescência.

 A introdução precoce da alimentação complementar não oferece vantagens para a saúde dos bebês, podendo ser extremamente prejudicial. Entre os bebês amamentados, o momento da introdução de alimentos sólidos não está associado com a probabilidade de obesidade. Entretanto, entre os bebês alimentados com fórmula ou bebês desmamados, antes dos quatro meses de idade, a introdução de alimentos sólidos está associada ao aumento da chance de obesidade aos três anos de idade.

Um novo paradigma de prevenção emergiu nos últimos anos, evoluindo da noção de que fatores ambientais no início da vida e no útero podem ter profunda influência na saúde ao longo da vida. Um grande número de estudos demonstrou relações entre experiências fetais e riscos posteriores para doenças crônicas em adultos, incluindo doenças cardiovasculares e seus fatores de risco, câncer, osteoporose, diabetes, desfechos neuropsiquiátricos e doenças respiratórias.

O ganho de peso materno durante a gravidez aumenta o peso ao nascer independentemente de fatores genéticos. Em vista da aparente associação entre peso ao nascer e peso adulto, os esforços de prevenção da obesidade direcionados às mulheres durante a gravidez podem ser benéficos para os filhos






  
Dr.Hugo da Costa Ribeiro - pediatra especializado em doenças metabólicas e infecciosas, Fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel em New York e professor Associado do Departamento de Pediatria da FMB da Universidade Federal da BahiaTem experiência na área de Medicina, com ênfase em Nutrologia Pediátrica. Também foi consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde

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