Doença
neurológica pouco conhecida, a infecção pelo vírus HTLV pode levar à paraplegia
e à leucemia.
A Sociedade Internacional de Retrovirologia, em parceria com ONGs de portadores do vírus HTLV, está organizando para o próximo dia 10 de novembro, um evento mundial a fim de informar e alertar sobre a infecção causada pelo vírus HTLV. Neste dia, monumentos e prédios públicos de vários países serão iluminados de vermelho. No Brasil, já estão confirmadas a iluminação da Ponte Estaiada e do Monumento às Bandeiras, em São Paulo; do Cristo Redentor (RJ); além de uma caminhada, com saída às 9h, do Mirante do Dique do Tororó, em Salvador.
Embora pouco conhecida e
divulgada, estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas em
todo o mundo - 800 mil no Brasil- sejam portadores dessa doença neurológica, a
maioria delas assintomática.
De acordo com as explicações do
neurologista e pesquisador Augusto Cesar Penalva de Oliveira, o HTLV (Vírus linfotrópico de células T humanas) está associado à
leucemia de células T do adulto (ATL) ou a paraparesia espástica tropical
(TSP), doença neurológica que pode levar o portador a ficar em cadeira de
rodas. “Este foi o primeiro retrovírus humano causador de
doença infecciosa e neoplásica descrito no mundo. No Brasil, a detecção da
infecção pelo HTLV foi introduzida nos bancos de sangue a partir de 1993”,
ressalta.
Apesar do HTLV-1 ter baixa morbidade, alguns
indivíduos podem apresentar a HAM/TSP (Paraparesia espástica
tropical/mielopatia associada ao HTLV-1) ou uma forma de câncer hematológico
chamada ATL (leucemia/linfoma de células T). Essas doenças acometem 1 a 5% dos
portadores do vírus HTLV-1.
Sintomas e formas de transmissão
A HAM/TSP é uma doença crônica em que há
comprometimento da medula espinhal, usualmente de início lento e progressivo.
Os sintomas principais são alteração de força e dor nas pernas, retenção
urinária e obstipação intestinal. A doença afeta mais mulheres do que homens,
geralmente na quarta ou quinta década de vida. “Apesar dos esforços em
pesquisa, os fatores que favorecem o surgimento da doença nos pacientes
portadores do vírus não são conhecidos. O mesmo acontece com a ATL, que muitas
vezes pode ter evolução com desfecho fatal”, salienta o doutor.
As principais formas de transmissão são:
aleitamento materno, relação sexual desprotegida com pessoa infectada, e
contato com sangue infectado.
Apesar da sua disseminação em diversas regiões
do Brasil e do mundo, o HTLV não está relacionado nas listas de doenças
negligenciadas da Organização Mundial da Saúde. Dessa forma, a falta de
conhecimento sobre a doença dificulta o diagnóstico e a prevenção da
transmissão do vírus.
“Por isso” - complementa o neurologista – “é
importante que se dissemine informação sobre este vírus na sociedade e amplie o
controle das suas formas de transmissão, como por exemplo a triagem do vírus
durante o pré-natal, o que, infelizmente, não está disponível na rede pública
de saúde”.
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