Câncer, uma das principais causas de morte em
todo o mundo, responsável pelo óbito de mais de sete milhões de pessoas por
ano. De acordo com o Fundo Mundial para Pesquisa do Câncer, esse número pode
passar de dez milhões em pouco menos de dez anos.
Um dos maiores efeitos negativos dos
tratamentos para o câncer é a infertilidade. De acordo com Dr. Edson Borges
Jr., especialista em Reprodução Humana creditado pela Sociedade Brasileira de
Reprodução Assistida (SBRA) e diretor do Fertility Medical Group, ainda que a
sobrevivência seja o principal foco do cuidado com o paciente de câncer, a
qualidade de vida após o tratamento é cada vez mais discutida e deve ser levada
em consideração.
No caso do câncer de mama, por exemplo, o
tratamento pode levar à infertilidade. Mas, com o suporte das técnicas de
reprodução assistida, pacientes diagnosticadas com o segundo tipo de câncer que
mais afeta as mulheres no mundo e no Brasil, têm mais chances de engravidar.
A SBRA por meio da oncofertilidade –
especialidade médica que surgiu com o objetivo de manter a fertilidade de
pacientes com câncer – trabalha em busca de criar uma sobrevida de qualidade
para as mulheres que venceram a doença.
De acordo com a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa, é comum e
real a preocupação de mulheres diagnosticadas com o câncer de mama que estão em
sua idade fértil e desejam engravidar. “Além da remoção cirúrgica da lesão,
pode haver necessidade de tratamento complementar com medicamentos bloqueadores
da função ovariana, quimioterapia ou radioterapia, que podem adiar a
possibilidade de gestação temporária ou definitivamente”. Em casos mais
extremos, de mulheres com mutações nos genes associados também a câncer de
ovário, pode ser necessário até a retirada dos ovários, o que gera a
necessidade de utilizar métodos de reprodução assistida.
Ambos os especialistas reforçam que não é seguro engravidar logo
após o tratamento do câncer de mama, pois existe uma correlação entre alguns
tipos de câncer de mama com os hormônios produzidos pelos ovários, que são
elevados durante a gestação. “Quando há a suspeita ou o diagnóstico desse tipo
de câncer, evita-se inclusive o uso de substâncias com hormônios como o
anticoncepcional, por exemplo. Eventualmente, pode até ser indicado bloquear a
produção ovariana de hormônios com medicamentos”, explica Hitomi.
Sobrevida de qualidade para as futuras mães - Após o tratamento e
passado o período crítico de risco de recidiva, ou seja, do retorno do câncer,
a mulher corre menos riscos ao engravidar. “Hoje é possível uma mulher que
venceu o câncer mamário se tornar mãe por meio da reprodução assistida, mas
essa decisão deve ser tomada nos primeiros momentos entre o diagnóstico e o
tratamento da doença”, enaltece Hitomi.
O congelamento de óvulos é, em muitos casos,
indicado, antes dos tratamentos como a quimioterapia e radioterapia. “Cerca de
89% das pacientes se sentem seguras com o procedimento. A estimulação ovariana
convencional é uma alternativa apropriada apenas para mulheres que não
apresentam tumores sensíveis a hormônios”, explica Borges.
Congelamento de óvulos no Brasil - Dados do Sistema Nacional
de Produção de Embriões (SisEmbrio/2017), apontam que 78.216 embriões foram
congelados no Brasil - um aumento de 17% em relação ao ano de 2016,
quando foi registrado 66.597 congelamentos.
Em São Paulo, por exemplo, o Fertility Medical Group registrou um
aumento de 176% nos procedimentos de criopreservação de óvulos. O dado foi
divulgado neste mês de setembro. “O aumento foi de 65 - em 2013 - para 180 - em
2017. Este ano, 1 em cada 5 procedimentos realizados na Fertility são de criopreservação
de óvulos”, finaliza Borges.
Deborah de Salles Conversa Coletivo de Comunicação Criativa
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