Um
dia você acorda e vê a sua camisola molhada na região da mama e no dia seguinte
novamente, mas pela terceira vez, você para e pensa se tem algo errado.
"Será que estou grávida e isso é leite?". Essa foi a única opção que
passou pela minha cabeça, afinal, câncer de mama aos 33 anos não seria possível
e não comigo! Quando me dei conta eram dias sucessivos de manchas e, enfim,
médico agendado.
Foi
assim que descobri meu câncer de mama. A primeira médica que fez o diagnóstico
tinha dúvida e, por isso, optei em ir a um hospital especializado e, desde
então, o A C Camargo se tornou o meu lugar de cura.
Depois
de muitos exames e uma cirurgia de biópsia, recebi o triste diagnóstico:
"você tem câncer de mama e teremos que extraí-la inteira, pois os tumores
estão espalhados". Foi assim que começou a assustadora jornada de uma nova
e linda vida! Um ano de tratamento, cheio de dores, invasões, tristezas,
cortes, costuras, mutilações e mal sabia eu que a melhor fase da minha vida se
iniciaria ali.
Durante
o período de tratamento, o oncologista me disse que o melhor seria eu não
engravidar durante os primeiros 5 anos, afinal, meus tumores respondiam a
progesterona e então a melhor parte de tudo começou. Fui para a fila de adoção
para iniciar a minha gestação fora da minha barriga e quase dois anos depois o
telefone tocou. Nesse dia o meu maior amor nasceu, meu filho Leonardo chegou
com 8 meses e assim entendi que o câncer seria a melhor coisa que poderia ter
me acontecido.
Sou
empreendedora, o que - em alguns momentos - me deixava com ainda mais medo. Meu
time sempre comprometido em deixar as coisas "normais", se desdobrou
em muitos, para que conseguíssemos manter nossos clientes e projetos estáveis e
acontecendo. Essa foi outra oportunidade de aprender a delegar e lembrar que
não temos controle de tudo e isso pode ser bom. O tratamento foi longo e muitos
dias exaustivo, mas tê-los por perto também foi alento para as minhas emoções e
mais ainda, a garantia do sustento e manutenção da empresa.
O
câncer ainda é uma doença assustadora, a palavra de ordem é sempre a morte e,
com o tempo, percebi que era a maior oportunidade que eu teria de viver, de uma
maneira que eu jamais imaginaria se não tivesse passado por isso. Me agarrei a
família, aos meus empreendimentos, comecei a ver a vida de uma outra
perspectiva. Por isso, gostaria de deixar seis dicas que aprendi nessa minha
nova vida após o câncer, afinal, faz 11 anos que passei por tudo isso:
1. Senso de urgência. O melhor dia para
mudar a sua vida, tomar decisões e aceitar quem você é, é hoje! Não deixe nada
para amanhã.
2. Não leve tudo tão a sério. A vida pode
ser mais leve, ela é rara!
3. Faça escolhas pequenas e curtas, não
pense em tão longo prazo. Mude o que preciso hoje mesmo.
4. Perder as mamas é mesmo uma mutilação,
uma dor profunda que vai te assombrar por muito tempo, mas olhar para o seu
novo corpo e ver a vida que há em você é a chance de transformar a sua
existência.
5. Agradeça a oportunidade que a vida te
deu, de parar um pouco em meio a correria do dia a dia para olhar para você,
seus sentimentos, seus medos, sua dor, de acolher-se em seu próprio colo,
chorar e depois sorrir de gratidão. Aproveite esse tempo para transformar.
6. Entenda que a sua vida nunca mais será a
mesma, mas ela pode ser muito melhor!
Essa pode ser uma visão romantizada, afinal, eu chorei
muito, litros e litros de lágrimas, mas assim descobri que meu novo eu era
melhor que o anterior. Seja bem-vinda a essa nova vida!
Mônica
Schimenes - formada em Comunicação Social -
Relações Públicas, pela Fundação Cásper Líbero, é fundadora e CEO da MCM Brand
Group, grupo de comunicação integrada e atuação nacional e internacional,
comprometido com a performance e responsável com a diversidade e inclusão. A
empresária tem mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de marketing,
comunicação e eventos, conquistou um portfólio sólido de clientes e ótimos
relacionamentos institucionais. Pelo programa SEBRAE no Pódio, foi para
Londres, onde qualificou o seu negócio internacionalmente, para atender eventos
de grande porte. Esse legado foi espalhado no Brasil, com parte do Comitê de
Equidade Racial e de Gênero para as Olimpíadas Rio 2016. Em 2017, conseguiu
elevar a empresa graças ao Programa de Mentoria para Fornecedores de
Diversidade da Monsanto, pelo qual foram selecionados. Durante todos esses anos
de caminhada, Schimenes se associou e fez parcerias com diversas ONGs, como a
Integrare (Centro de Integração de Negócios), Sebrae no Pódio, WeConnect
International (empreendedorismo feminino - mulheres e empreendedoras pelo mundo
inteiro), Fórum de Empresas e Direitos LGBT+. Alguns dos clientes atendidos em
sua empresa são: IBM Brasil, Stefanini, Red Hat, BASF, Nextel, Dell, Monsanto,
Mizuno, Unilever, entre outros.
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