Como as eleições
2018 e a desvalorização da moeda turca podem impactar na economia brasileira
A
desvalorização da lira turca atingiu em cheio os grandes bancos europeus. Com política
expansionista, inflação descontrolada, desvalorização cambial aliada aos
créditos a juros baixos incentivados pelo governo do presidente Recep Erdogan,
a moeda turca desvalorizou 40% e acabou contaminando a economia global.
De
acordo com o operador da WM Manhattan, mesa proprietária que opera no mercado
de renda variável e ensina traders atuarem na bolsa de
valores, Rafael Mendes, o que fez a situação se agravar mundialmente foi a
crise ter atingido em cheio os grandes bancos europeus, como UniCredit
italiano, BNP Paribas francês e o BBVA espanhol, onde cerca de 14% dos
investimentos estão na Turquia.
“Esses
bancos mantêm em seus portfólios títulos da dívida pública turca, além de
posições abertas em lira. A situação cambial também afetou empresas locais
alavancadas em euro e dólar, o que prejudica sobremaneira seus balanços”,
analisa.
Rafael
Mendes explica que a situação nos países emergentes é diferente, “Em situações
de estresse, o investidor estrangeiro retira o capital de economias emergentes como
um todo, com o intuito de reavaliar o portfólio e retomar os investimentos
apenas em locais com menor risco associado ou após atingirem a normalidade.
Assim, o rand (moeda sul afriacana), rublo russo, peso argentino, real
brasileiro e demais moedas de emergentes foram depreciadas.
Em
meio à crise econômica, iniciou-se uma disputa comercial entre Estados Unidos e
Turquia. A Casa Branca exige a soltura do pastor evangélico Andrew Brunson,
acusado pelos turcos de terrorismo. O governo Trump anunciou a elevação das
tarifas cobradas sobre aço e alumínio provenientes da Turquia. Em
contrapartida, o governo turco anunciou retaliação sobre veículos, álcool e
tabaco, além de prometer um boicote à entrada de produtos da Apple.
Impacto
no Brasil e as eleições
De
acordo com Rafael Mendes, a disputa eleitoral à presidência, que permanece
indefinida, aliada à situação das contas públicas do Brasil parece não oferecer
um porto seguro para o investimento externo. O dólar chegou a encostar
novamente na região de R$3,90 após passar praticamente boa parte do mês de
julho entre R$3,70 e R$3,80. O IBOV, que recuperava boa parte das perdas após a
greve dos caminhoneiros, registra perdas aproximadas de 5% desde a eclosão da
crise turca.
Em
ano eleitoral, nada melhor que uma amostra do que a falta de zelo pelas contas
públicas e as políticas ortodoxas podem fazer com a economia do país. O novo
presidente terá que enfrentar a questão das reformas estruturais que o país
tanto precisa logo no início de seu mandato para alavancar a economia.
“As
urnas e as decisões tomadas pelo novo presidente terão o condão de decidir se o
Brasil seguirá o caminho de Argentina e Turquia ou se mudará de patamar com
políticas sérias que tornem o país atrativo a investimentos, gerando
oportunidades e retomando o crescimento” finaliza Rafael.
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