Contudo,
o País se manteve na liderança da América Latina
Os
países da América Latina registraram um crescimento de 33% no market share de
pesquisas clínicas no mundo, o segundo maior incremento registrado em 2016,
seguido da Austrália, com 58% de aumento. Isso é o que revelam dados do
Instituto ClinicalTrials. O Brasil continua na liderança dos países latinos,
com 5.698 estudos em andamento, porém o número é expressivamente menor que os
102.387 dos Estados Unidos. O total do mundo é de 246.202.
O
avanço das pesquisas clínicas representa uma vitória na busca por acesso a
drogas experimentais, com benefícios diretos à economia do País e à capacitação
de profissionais do setor. Quanto mais ciência for produzida no Brasil, mais
investimentos a pesquisa tende a receber, proporcionando maior autonomia
econômica e conhecimento científico e tecnológico.
“O
avanço, contudo, pode ser um salto na série histórica do País, mas não consegue
colocá-lo entre as nações mais inovadoras, apesar de sermos o sexto maior
mercado farmacêutico do mundo”, analisa Antônio Britto, presidente-executivo da
INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).
O
Brasil é atraente aos pesquisadores. A diversidade cultural, étnica e
demográfica de um País com 201 milhões de habitantes consegue oferecer um
ambiente muito favorável à pesquisa clínica no setor farmacêutico. Contudo,
existem entraves. Hoje, a aprovação de um pedido de protocolo de pesquisa
clínica leva cerca de 12 meses no Brasil, enquanto a mesma análise é liberada
em dois meses nos Estados Unidos e em até quatro na maior parte da Europa. A
média mundial é de seis meses.
Essa
morosidade acontece por conta das análises sanitária, realizadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e ética, que requer uma dupla
validação do sistema CEP/CONEP, composto pelos Comitês de Ética em Pesquisa
(CEP) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Ambos os processos
têm enfrentado uma espera incompatível com os padrões mundiais.
O
resultado disso é que muitos cientistas acabam retirando o pedido de estudos no
Brasil, porque o mesmo pedido já foi aprovado em todos os outros países – as
pesquisas multicêntricas precisam ser feitas em várias nações ao mesmo tempo.
“O mundo não pode esperar pelo Brasil”, afirma Britto. Assim, o País conta hoje
com apenas 2,3% de todas as pesquisas clínicas do mundo, um percentual pequeno
diante da representatividade do mercado para o setor farmacêutico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário