A ciência já comprovou que água sanitária
(hipoclorito de sódio diluído) é a solução mais eficaz para prevenir doenças
relacionadas com enchentes, como leptospirose, hepatites do tipo A e E e
gastroenterites e no combate ao Aedes aegypti, transmissor da
zika, chikungunya,dengue e febre amarela.
“O produto é capaz de matar a maior parte
de germes e bactérias causadores das doenças transmitidas pela água contaminada
das enchentes. Além disso, é de fácil acesso à população e tem baixo custo”,
explica o médico toxicologista Flavio Zambrone, da Associação Brasileira da
Indústria de Cloro, Álcalis e Derivados (Abiclor).
Com
objetivo de mostrar a eficácia do uso do cloro – componente básico da água
sanitária - no combate ao Aedes aegypti, transmissor da zika,
chikungunya, dengue e febre amarela, a ABICLOR (Associação Brasileira da
Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados) está divulgando estudo
desenvolvido recentemente pelo Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do
Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA -, da Universidade de São
Paulo (USP).
Realizado
em abril e maio deste ano, o estudo corroborou as pesquisas anteriores, de
2002 e 2008, desenvolvidas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
- ESALQ/USP. Encomendado pela
ABICLOR, o estudo comprovou a eficácia do hipoclorito de sódio, conhecido como
água sanitária, no combate às larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue,
chikungunya, zika vírus e da febre amarela.
O hipoclorito de sódio controlou as
larvas do mosquito Aedes
aegypti em média 75% por um
período de até 120 horas.
Nas primeiras 24 horas do experimento
houve uma eficiência do hipoclorito de sódio na mortalidade dos mosquitos
nas diferentes concentrações de 1,0 ml, 2,0 ml e 3,0 ml por litro de água. A dosagem de 2,0 ml/ litro de água foi
a que apresentou a maior porcentagem de mortalidade larval, 75,0% nesse
período.
Já em
48 horas observou-se um aumento no índice de eficiência de mortalidade das
larvas, de 92,5%, no tratamento com 3,0 ml de hipoclorito de sódio.
No
teste adicional com uma dose de 4,0 ml/l, duas vezes superior à recomendada, a
mortalidade foi de 80% em 24 horas. “Portanto recomenda-se o uso de uma dose de
10 ml/l para matar 100% das larvas do mosquito em 24 horas”, afirma o professor
Valter Arthur, do CENA, que desenvolve pesquisa sobre o combate ao Aedes.
A higienização das casas para eliminar as
larvas do mosquito é um hábito a ser incorporado na rotina das famílias e
empresas, considerando-se que 80% dos focos do mosquito estão dentro de casa.
A prevenção é a melhor maneira de
combater o mosquito e evitar epidemias e outras doenças, como as causadas pela
água contaminada das enchentes, como hepatites do tipo A e E, gastroenterites e
leptospirose.
Dicas práticas de uso da água sanitária
Ralos: Despeje solução de água
sanitária na proporção de uma colher de sopa por litro de água em ralos de
pias, banheiros e cozinha. Atenção: Faça a limpeza das pias e dos ralos à
noite, antes de dormir, para que a água sanitária possa agir por mais tempo.
Plantas: Essa mesma solução (água
sanitária na proporção de uma colher de sopa por litro de água) também pode ser
usada para a rega de plantas, particularmente que acumulam água entre as
folhas, como as bromélias. Esta solução não faz mal às plantas e evitará
o desenvolvimento da larva do mosquito.
Vaso sanitário: Coloque o
equivalente a duas colheres de hipoclorito de sódio por litro de água no vaso
sanitário, nos ralos do banheiro, cozinha e a área de serviço. Esse é um
cuidado que se deve ter antes de viajar, quando a casa fica fechada por algum
tempo.
Piscina: É importante manter a
piscina tratada, mesmo que não esteja sendo usada. Com o tempo, o cloro pode
evaporar, e a piscina se tornar um foco da larva do mosquito. Durante o
inverno, por exemplo, é comum deixar a piscina coberta. Nesse caso, não deixe
acumular água de chuva na lona de cobertura, pois pode ser um foco do
mosquito.
Caixas d’água: A limpeza deve ser
feita a cada seis meses. Feche a entrada de água e esvazie a caixa quase toda.
Deixe sobrar água suficiente para lavar, com uma escova, as paredes e o fundo
da caixa. Não use produtos de limpeza nessa etapa. Enxágue bem e esvazie toda a
água suja, dando repetidas descargas no vaso sanitário. Depois de limpa, encha
a caixa novamente e adicione um litro de água sanitária para cada 1.000 litros
de água. Espere duas horas e esvazie novamente a caixa, abrindo todas as
torneiras, para limpar os canos da casa, até sair água limpa. Depois, encha com
água potável e tampe.
Verduras, frutas e legumes: Coloque numa bacia
plástica água misturada com águia sanitária, na proporção de 1 colher das
de sopa (15 ml) de água sanitária para cada litro de água. Lave as verduras,
frutas e legumes com água corrente em abundância e depois mergulhe-as por 30
minutos na bacia plástica, agitando–as ocasionalmente. Passado esse
tempo, lave novamente a verdura na torneira tirando o excesso de água
sanitária.
A água usada na desinfecção dos alimentos pode ser
aproveitada para lavagem de pias, pisos, bancadas e utensílios domésticos em
geral, inclusive toalhas e panos de pia.
Importante: Por ser um produto químico, é
fundamental tomar alguns cuidados na hora de utilizar o produto, evitando o
contato com os olhos e a pele e a ingestão.
- Mantenha o produto longe de crianças e animais
- Guarde a água sanitária em recipiente fechado e em local
ventilado, longe dos raios solares e calor.
- Nunca misture com vinagre, ácidos ou outros agentes de
limpeza.
- Não reutilize a embalagem.
- A ação de hipoclorito perde efeito depois de quanto
tempo? O cloro evapora?
Sim, o cloro perde o seu poder através da evaporação.
Tanto que a embalagem de água sanitária é opaca, pois até com a incidência da
luz o cloro perde o seu poder. Por esse motivo, deve ser feita a administração
regular do produto na água.
- É preciso manter coberto o recipiente onde a água está
armazenada?
O recipiente usado para o armazenamento deve estar limpo e
ser mantido na sombra e longe do calor, fechado. Além de impedir a
contaminação, evita problemas como a dengue e o contato com animais.
- Quais são os melhores tipos de recipientes para esse
fim?
Para armazenar água potável, os recipientes ideais após a
desinfecção são potes de barro e garrafas térmicas, com tampa. Já para outros
fins, os mais indicados são os de polietileno, PRFV (Polímero Reforçado com
Fibra de Vidro) e concreto tratado, sempre fechados com tampas apropriadas.
- A água de chuva, se tratada como hipoclorito, também
pode ser usada para cozinhar e lavar verduras/frutas?
A água de chuva não é recomendada para cozinhar, lavar
frutas, verduras ou louça, pois quando encosta na calha ou no telhado, traz
todo tipo de sujeira, inclusive matéria orgânica. O ideal é usá-la para limpar
o chão e jogá-la no vaso sanitário. E o uso de cloro, apesar de
eficaz, não é recomendado para ser colocado na água da chuva porque, em
cidades como São Paulo, existe o fenômeno da chuva ácida.
- Que outros cuidados é preciso ter com a água armazenada
utilizada para outros fins que não o de cozinhar e lavar verduras/frutas?
A água utilizada para limpeza deve ser armazenada longe do
calor e da luz solar, em recipiente apropriado e tampado.
- O armazenamento de água em caixas d’água, baldes e
bacias aumenta o risco da dengue?
Sim, pois água parada pode ser fonte de doenças, mesmo se
estiver guardada em caixas d’ água, galões, potes. As larvas do mosquito da
dengue ficam incubadas justamente em locais com a presença de água
parada. Por isso, após a limpeza da caixa, que deve ser feita
periodicamente. Depois de limpa, encha a caixa e adicione um litro de água
sanitária para cada 1.000 litros de água.
Você sabe a diferença entre cloro, hipoclorito de sódio e
água sanitária?
É comum as pessoas se confundirem ao falar sobre
cloro, hipoclorito de sódio e água sanitária. Há diferenças significativas
entre os três produtos. Veja quais são, segundo a Associação Brasileira da
Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor):
- O cloro é uma substância química encontrada em
temperatura ambiente em estado gasoso e, em seu estado puro, não está
disponível para compra no comércio. Como reage com rapidez com muitos elementos
e comp0stos químicos, ele é encontrado na natureza apenas formando parte de cloretos e cloratos, sobretudo na forma de cloreto de sódio nas minas de sal gema e dissolvido na
água do mar. É a partir dele que é feito o hipoclorito de sódio, o ‘cloro’ de
piscina e a água sanitária.
- O hipoclorito de sódio é um produto
obtido da reação do cloro com uma solução diluída de soda cáustica, aquosa e
alcalina, que contém entre 10% a 13% de cloro ativo. No comércio, ele é
encontrado tradicionalmente em bombonas de 20 a 50 litros. O produto, que só
pode ser usado se for dissolvido em água, serve para desinfectar águas
destinadas ao consumo humano, piscinas e em processos de limpezas domésticas e
hospitalares. É usado, ainda, como matéria-prima para fabricação de águas
sanitárias.
- Obtida a partir da diluição do
hipoclorito de sódio em água, a água sanitária destina-se à limpeza,
branqueamento e desinfecção em geral. O produto é conhecido popularmente como
água de lavadeira e cloro líquido. Ela também é eficiente na desinfecção como
hipoclorito de sódio, sendo menos perigosa e mais adequada ao uso diário.
O médico toxicologista Flavio
Zambrone, consultor da Abiclor, alerta que não se deve reutilizar a embalagem
de outros produtos de limpeza para armazenar hipoclorito de sódio e água
sanitária. Ele explica que há o risco de o produto reagir com resíduos da
substância que estava na embalagem, gerando um processo químico que pode
resultar até em explosões. Além disso, o frasco onde o produto estiver
armazenado deve ser devidamente identificado, para evitar acidentes.
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