Crianças diferentes aprendem
de maneiras diferentes. As variações do potencial de cada criança se devem a
vários fatores, como a oportunidade e exposição ao ensino de qualidade,
adaptação a fatores culturais, com metodologia eficiente, professores motivados
e atualizados e fatores de ordem biológica.
Cerca de 10 % das crianças
em idade escolar possuem alguma dificuldade em aprender. O transtorno
específico de leitura ocorre em aproximadamente 6% da população. A taxa de abandono
escolar para crianças e adolescentes com Transtorno da Aprendizagem gira em
torno de 40%, dificultando sua adaptação social, empregabilidade e qualidade de
vida da família e do entorno social.
“Os transtornos específicos
de aprendizagem geralmente são caracterizados pela dificuldade na aprendizagem
da leitura, escrita e/ou matemática e por dificuldades na linguagem oral, em
crianças com nível de inteligência adequado para sua faixa etária,
comprometendo a compreensão de textos e a assimilação do conteúdo escolar”,
explica Dra. Saada R. S. Ellovitch, pediatra do Hospital Samaritano de São
Paulo.
Existem vários tipos de
transtornos de aprendizagem. Um deles é o transtorno específico da leitura,
mais comumente chamado de dislexia.
A dislexia é altamente
genética, ou seja, é de família. Quando olhamos mais de perto verificamos que
alguns familiares tiveram diferentes graus de dificuldade na escola.
O termo dislexia vem do
grego dis (difícil, prejudicado) e lexis ( palavra), significando transtorno
específico de leitura.
Esses transtornos
manifestam-se muito cedo na vida e não decorrem da falta de oportunidade de
aprender, de deficiência intelectual (a inteligência é normal), sensorial ou de
doenças adquiridas, por isso é muito importante que a identificação e o
diagnóstico sejam feitos o mais rápido possível, pois um diagnóstico tardio
pode afetar negativamente a vida desses indivíduos. Quanto mais cedo
introduzirmos o processo de reabilitação e adequação de melhores estratégias em
sala de aula, melhor o resultado final.
O que chama a atenção de
pais e professores é a dificuldade em aprender a ler, escrever e
compreender o que foi lido, principalmente no início da alfabetização.
Como apresentam inteligência
normal, se esforçam para ler e vão tentando adivinhar parte das palavras, para
compensar sua dificuldade real. No final da leitura, não conseguem compreender
o significado real. O desempenho é melhor em palavras conhecidas, que a criança
já esteja mais familiarizada. Apresentam dificuldades também com rimas.
Segundo a Associação
Nacional de Dislexia, a dislexia não é uma doença e sim uma disfunção, um
funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem. As atuais
pesquisas, obtidas através de exames por imagens do cérebro, sugerem que os
disléxicos processam as informações de um modo diferente. Pessoas disléxicas
são únicas; cada uma com suas características, habilidades e inabilidades
próprias. Os casos variam de leves, indicados como “leitores fracos”, moderados
a disléxicos severos.
A dificuldade na leitura é
caracterizada pela dificuldade na percepção e manipulação dos sons da fala,
caracterizando a sua leitura com erros de reconhecimento das palavras, troca
de letras, leitura silábica e sem entonação, dificuldade de compreensão de
textos, escrita com erros de ortografia, inversão de letras e/ou sílabas.
Os profissionais da área da
saúde têm o papel de realizar o diagnóstico da Dislexia e outros transtornos
específicos de aprendizagem, sempre de forma interdisciplinar para que o
resultado seja o mais assertivo possível. Os profissionais envolvidos são o
neuropediatra, fonoaudiólogo, neuropsicólogo e psicopedagogos. O contato entre
os profissionais é fundamental e indispensável, pois pode minimizar o erro
diagnóstico e acelerar o tratamento adequado. Estes resultados devem ser
compartilhados com a área da educação, a fim de promover melhor adequação da
criança/adolescente, minimizando os danos futuros.
No funcionamento do cérebro,
“o raio pode cair mais de uma vez no mesmo lugar”. O processamento da leitura e
da escrita no cérebro acontece em regiões relacionadas também a outras funções,
como a atenção, a memória de curto prazo e as denominadas funções
executivas (capacidade de se organizar e se mobilizar de forma organizada e
persistente em direção a uma meta). Assim, o indivíduo com dislexia também pode
apresentar outras disfunções do neurodesenvolvimento, outras dificuldades
simultaneamente. O Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade/Impulsividade , de qualquer subtipo, ou seja, crianças muito
agitadas e hiperativas, ou aquelas quietinhas por fora, hipoativas, mas
com a cabeça parasitada por pensamentos, “no mundo da lua”, podem ser
encontrados em 30% das crianças com dislexia.
Para acabar com mitos e preconceito,
há necessidade dos profissionais da saúde e educação manterem processo de
educação continuada. É fundamental a capacitação dos profissionais para atuar
com estratégias reconhecidamente eficazes na literatura internacional.
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