As células-tronco estão
presentes no enxerto utilizado na técnica da lipoenxertia. É possível
separá-las e tratá-las em laboratório, mas esse procedimento ainda está em fase
de pesquisa
O
enxerto de gordura, a lipoenxertia, de uma área do corpo para outra tornou-se
uma prática comum e amplamente utilizada na cirurgia plástica. Mas qual o
melhor método de processamento das células gordurosas para os procedimentos de
enxerto de gordura? Dados das pesquisas disponíveis ainda não podem responder
essa pergunta. É o que defende um artigo
da edição de outubro do Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal
médico oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
“O artigo não encontra provas
convincentes para recomendar uma técnica única como o melhor método para o
processamento das células de gordura colhidas para enxerto de gordura, defendem
os autores. Enquanto estudos anteriores mostram vários métodos viáveis de
processamento de gordura, mais pesquisas são necessárias para comparar os
resultados dos métodos atuais e avaliar algumas novas técnicas promissoras”,
afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina
Integrada (CRM-SP 62.735).
Estudos recentes mostram que não há uma técnica melhor
Os
pesquisadores revisaram a literatura científica para analisar os mais recentes
estudos sobre métodos para processar as células de gordura colhidas ou
"lipoaspiradas". Nos casos de enxerto de gordura com as próprias
células de gordura do paciente (autólogas), elas são obtidas por meio da
lipoaspiração de uma parte do corpo, como o abdomen, e, em seguida, são
transferidas para outra parte do corpo.
“A
ideia do enxerto de gordura não é nova. Nos últimos anos, tornou-se amplamente
utilizado para uma vasta gama de procedimentos em cirurgia plástica. Um uso
comum é para ajudar na cirurgia reconstrutiva de mama ou em cirurgias de
contorno corporal. Outro uso recente indica o uso de enxertos de gordura no
lifting facial. Segundo uma pesquisa
recente, 85% dos cirurgiões plásticos disseram que usam enxerto de gordura
durante os procedimentos de cirurgia plástica facial”, diz Ruben Penteado.
O
novo estudo é uma análise 37 estudos anteriores sobre o tema publicados até
2011. O relatório revelou uma falta de dados de alta qualidade, apesar do
aumento dos enxertos de gordura, ao longo dos últimos 20 anos. Os autores
identificaram também nove artigos adicionais publicados até 2014. Cinco estudos
avaliaram técnicas estabelecidas para o processamento da lipoaspiração:
decantação, rolamento da gaze de algodão, centrifugação e lavagem. Embora
nenhuma destas técnicas seja claramente superior a outras, os estudos
identificam "vários métodos viáveis" de transformação do enxerto de
gordura.
“Cada
técnica tem seus pontos fortes e limitações. Por exemplo, o rolamento da gaze
de algodão remove os contaminantes, mas é um trabalho intenso. A centrifugação
é, provavelmente, a técnica mais comum, mas não há nenhuma evidência de que
seja superior a outros métodos”, afirma o diretor do Centro de Medicina
Integrada.
Quatro
estudos avaliaram novas técnicas para processamento das células de gordura,
como lavar as células ou filtrá-las. Alguns métodos são concebidos para isolar
a fração vascular estromal da gordura colhida do tecido, com o objetivo de
preservar as células estaminais e outras células de gordura especializadas.
Diversas técnicas têm sido empregadas para isolar com sucesso a fração vascular
estromal. No entanto, os autores do artigo defendem que: "mais pesquisas
são necessárias a fim de determinar se este custo e esforço adicional é
justificado em função de resultados clínicos superiores”.
Assim,
enquanto o uso do enxerto de gordura na cirurgia plástica continua a se
expandir, a revisão atualizada mostra ainda uma falta de evidências sobre as
melhores técnicas de processamento da gordura para fornecer os melhores
resultados clínicos para os pacientes. Os autores concluem, "apesar de uma
exploração contínua neste campo, novas pesquisas são necessárias para
identificar os métodos ideais para o processamento do tecido adiposo colhido no
enxerto autólogo ideal".
Enxerto de gordura x contorno corporal
A seguir, Ruben Penteado, que é membro
titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, aponta os principais usos
dos enxertos de gordura na cirurgia plástica:
1. A gordura corporal
pode ser utilizada para o preenchimento
labial ou de rugas, de maneira
parcial ou não;
2. A técnica da
lipoenxertia é indicada para o aumento em mamas de tamanho médio a pequeno sem
flacidez, ou seja, é indicada para quem tem pouca mama e deseja um aumento
sutil. Pode ser associada à prótese de mama em situações específicas com mais
complexidade, em que somente o implante não proporciona bom resultado;
3. A técnica também
recebe indicação para a reconstrução da mama, após a retirada para o tratamento
de câncer. Alguns médicos acreditam que a lipoenxertia pode dificultar a
descoberta de um câncer de mama, porém um radiologista experiente pode detectar
uma necrose de gordura;
4. O resultado final
pode ser obtido depois de seis meses, tempo que demora para desaparecer o
edema;
5. Para este tipo de
prática cirúrgica, não existe restrição de idade. Vale também o bom senso do
médico em indicar a cirurgia adequada para cada tipo de paciente.
Centro
de Medicina Integrada - www.medintegrada.com.br
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