Ao contrário do que acontece com o coração,
o infarto ocular geralmente não causa dor. O sintoma mais comum é uma súbita
mudança no padrão de visão, ou mesmo a perda de visão. De acordo com Renato
Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São
Paulo, essa perda de visão pode abranger todo o olho, mas nem sempre é assim.
“Alguns pacientes apresentam perda de visão periférica ou ainda pontos cegos
espalhados pelo globo ocular. Mas, embora alguns quadros comecem mais sutis, a
perda de visão vai piorando ao longo de horas ou dias até que a pessoa não
enxergue mais nada. Como um dos sintomas do AVC (acidente vascular cerebral)
também implica em perda de visão ou perturbação visual, vale a pena buscar
ajuda imediata diante desse tipo de mudança no padrão de visão”.
O especialista explica que, assim como
outros órgãos do corpo, os olhos dependem de um fluxo sanguíneo rico em
oxigênio para funcionar corretamente. Seus nervos e tecidos mandam sinais para
o cérebro a fim de criar uma imagem. “A retina está localizada no fundo do olho
e é um tecido que desempenha importante papel na formação das imagens, mandando
sinais para o cérebro. Ela é repleta de artérias e veias que transportam
sangue. Sendo assim, quando há qualquer bloqueio que comprometa o fluxo
sanguíneo nessa região, a visão é afetada de tal forma que o paciente pode até
ficar cego. Essa oclusão também é conhecida como infarto ocular”.
De acordo com a American Academy of
Ophthalmology, pessoas com mais de 60 anos têm risco aumentado para o
infarto ocular – especialmente os homens. Neves afirma que algumas condições
predispõem mais a essas oclusões. “O principal fator de risco é o histórico
familiar. Quando a pessoa tem parentes diretos, como pais e irmãos, que já
sofreram infartos – seja no coração, seja ocular – o risco é maior. Aterosclerose
(formação de placas nas artérias), pressão alta, colesterol alto, doença
coronariana, diabetes, dores no peito e glaucoma também são fatores de risco
bastante conhecidos. Sendo assim, diante de um quadro de súbita perda visual, é
fundamental procurar o pronto-socorro oftalmológico o quanto antes. Alguns
testes serão realizados para confirmar ou não o infarto ocular, como a
dilatação da pupila para enxergar a retina com mais clareza, aferição da
pressão ocular e outros testes de visão que são completamente indolores”.
Renato Neves diz que o tratamento do
infarto ocular, que tem por objetivo atenuar os danos à retina, inclui desde o
uso de medicamentos para dissolução dos coágulos de sangue até procedimentos
para alargar as artérias da retina com inalação de gás. “Seja como for, o
importante é a prevenção desse tipo de ocorrência. Isso inclui cortar o fumo,
controlar a pressão sanguínea e as taxas de glicose, colesterol e triglicérides,
além de adotar hábitos mais saudáveis. Uma dieta equilibrada, exercícios
regulares e boas noites de sono são grandes aliados da saúde ocular também”.
Fonte: Prof. Dr. Renato Neves - médico oftalmologista, diretor-presidente
do Eye Care Hospital de Olhos,
em São Paulo – www.eyecare.com.br
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