Segundo pesquisa, 30% dos mais de 100
milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com o problema
Esgotamento
físico, emocional, desinteresse no trabalho, agressividade, isolamento,
mudanças bruscas de humor, dificuldade de concentração, pessimismo. Estes são
alguns sintomas da chamada Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento
Profissional, um tipo de estresse avançado, provocado por condições de trabalho
desgastantes. Burnout,
do inglês, seria algo como “queimar por completo”. É quando o funcionário chega
ao seu limite, criando uma aversão pelo ambiente ao seu redor e às suas
atividades diárias. De acordo com pesquisa realizada pela International Stress
Management Association (Isma), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores
brasileiros sofrem com o problema.
De
acordo com Licia Milena de Oliveira, psiquiatra e especialista pela Associação
Brasileira de Psiquiatria e professora da Medcel, que oferece cursos para
residência médica, trabalhadores de qualquer área podem ser acometidos com a
patologia, mas ela aponta as áreas mais suscetíveis. “Profissionais da saúde,
assistência social, agentes penitenciários, policiais estão mais propensos,
pelas condições de trabalho. Mulheres com dupla jornada e cuidadores também são
de alto risco para desenvolver a síndrome”, explica
Segundo
a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão será a segunda principal
causa mundial de afastamento de profissionais no mundo até 2020. No Brasil,
estima-se que 5,8% da população tenha a doença. A Previdência Social registrou,
em 2016, o afastamento de 75,3 mil trabalhadores por causa de quadros
depressivos —37,8% do total de licenças por distúrbios psíquicos. O país é o
quinto no planeta em número de casos.
Como
saber se você sofre desta síndrome
Ela
pode ser confundida com ansiedade ou mesmo por uma depressão, onde os sintomas
são parecidos, porém, relacionados ao contexto geral da sua vida, não somente a
vida profissional. O sintoma típico da síndrome é a sensação de esgotamento
físico e emocional, que se reflete em atitudes negativas, como ausências no
trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade,
dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão,
pessimismo e baixa autoestima. Podem aparecer sintomas físicos como dores de
cabeça, cansaço, sudorese, palpitação, dores musculares, insônia e distúrbios
gastrintestinais.
Quanto
as características externas, é possível destacar a pouca autonomia no desempenho
profissional, problemas de relacionamento com as chefias, colegas ou clientes,
,, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de
cooperação da equipe.
Dra.
Licia conta que existem três níveis da síndrome, que pode se caracterizar por
um quadro leve, moderado ou grave. “Sintomas leves geralmente não são
incapacitantes e surgem no ambiente de trabalho, enquanto que nos casos graves
há alto índice de absenteísmo e sintomas que extrapolam o ambiente
corporativo”, completa.
Um
estudo recente realizado pela London School of Economics, em oito países,
mostra que o Brasil é o segundo país com maior valor em perdas ligadas à
depressão no trabalho, com US$ 63,3 bilhões (R$ 206 bilhões), atrás apenas dos
EUA, com US$ 84,7 bilhões.
Como
tratar e evitar
O
tratamento é realizado com psicoterapia, antidepressivos e mudanças no estilo
de vida. Algumas dicas são importantes para afastar a síndrome, como adotar um
estilo de vida saudável, com exercícios físicos, alimentação adequada, meditação,
momentos de lazer e relaxamento.
A
sugestão de Licia Oliveira é avaliar as condições de trabalho e tentar
implementar maneiras para que a atividade laboral não interfira na qualidade de
vida, danificando a saúde física e mental. “Percebendo qualquer alteração
emocional ou física, procure um psiquiatra ou psicólogo. Se os sintomas da
síndrome forem identificados precocemente, evita maiores danos à saúde”,
finaliza a especialista.
Dra. Licia Milena de Oliveira - Graduada em Medicina pela Faculdade
de Medicina da Santa Casa de São Paulo e em Filosofia pela Universidade São
Judas Tadeu. Especialista em Psiquiatria e em Medicina Legal pelo HC-FMUSP.
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo AMBAN do Instituto de
Psiquiatria do HC-FMUSP. Título de Especialista pela Associação Brasileira de
Psiquiatria. Médica Assistente do Instituto de Psiquiatria no HC-FMUSP.
Professora da Medcel, empresa de cursos preparatórios para Residência Médica.
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