Pesquisar no Blog

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Pesquisa revela desafios de pacientes com câncer de mama triplo negativo

Levantamento encomendado pela Gilead Oncology mostra que mulheres vivendo com a doença tem perfil jovem, sofrem impacto sociais e enfrentam dificuldades no acesso ao tratamento; estudo visa gerar empoderamento e protagonismo no tratamento oncológico

 

O letramento em saúde – habilidade que proporciona a capacidade da paciente compreender, avaliar e aplicar informações sobre sua condição – impacta diretamente o tratamento e qualidade de vida de mulheres com câncer de mama avançado. Pensando nisso, a Gilead Sciences Brasil realizou o Mapa da Jornada da Paciente, estudo com pessoas vivendo com câncer de mama triplo-negativo metastático.

O levantamento, conduzido pela Patient Centricity Consulting, aponta que a maioria das mulheres com esse subtipo de câncer tem perfil mais jovem, sofrem impactos sociais e enfrentam dificuldades no acesso aos medicamentos e aos procedimentos necessários para um melhor prognóstico da doença.

A análise traz um olhar sobre os aspectos físicos, emocionais e sociais de pacientes do sistema público e privado de saúde brasileiro, contemplando mulheres de 36 a 58 anos. Entre os pontos em comum, a maioria das pacientes relata demora no diagnóstico, fator que atrasa o início do tratamento e reduz as chances de sucesso.



Empoderamento e protagonismo da paciente

Para superar esses desafios, o levantamento revelou que muitas pacientes têm suporte na família e apoio na espiritualidade, nutrição e atividade física. “O cuidado humanizado é essencial para garantir maior qualidade de vida e tratamento alinhado às expectativas e valores individuais da paciente. A pessoa vivendo com a doença deve ser protagonista em sua jornada de tratamento, com acesso à informação clara, apoio emocional e escuta ativa da equipe médica”, explica Flávia Andreghetto, Diretora Associada de Oncologia na Gilead Sciences.

Segundo a executiva, o empoderamento da paciente impacta de forma direta o acesso ao diagnóstico precoce, a adesão ao tratamento e a qualidade de vida das mulheres com câncer de mama avançado, especialmente o triplo negativo metastático. “Por conta dos desafios vividos por essas mulheres, que enfrentam uma doença altamente agressiva em estágio avançado, o levantamento visa alertar para a necessidade de acesso rápido a exames e terapias eficazes, coordenação integrada do cuidado, apoio psicológico e nutricional, além da demanda por menos burocracia e pelo acesso administrativo ao tratamento”, diz Flávia.

De acordo ainda com a pesquisa, o acesso ao tratamento no sistema público é lento, enfrenta longas filas para cirurgia e não cobre terapias mais modernas. Já na saúde suplementar, embora haja mais recursos, a cobertura das terapias inovadoras é também um desafio.

A Patient Centricity Consulting analisou a jornada de pacientes entrevistadas dentro de uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, além de ouvir profissionais de saúde, cuidadores e auditores do sistema de saúde, em um levantamento realizado entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025.



Câncer de mama triplo negativo

Abordar a conscientização sobre o câncer de mama requer ter conhecimento sobre os subtipos mais agressivos, como o câncer de mama triplo-negativo. Uma outra pesquisa do Datafolha mostra que apenas 0,08% das brasileiras estão cientes da existência desse subtipo agressivo
¹.

O câncer de mama triplo negativo é considerado um tumor agressivo porque tem crescimento rápido, maior probabilidade de se disseminar no momento do diagnóstico e maior chance de retorno após o tratamento do que outros tipos de câncer de mama. Isso ocorre porque as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona ou quantidade suficiente da proteína HER2 para que a hormonioterapia ou a terapia alvo respondam. Por essa razão, a quimioterapia é frequentemente usada no tratamento do câncer de mama triplo negativo
².

Mais prevalente em mulheres jovens, latinas, negras ou com mutação BRCA1, a doença apresenta sobrevida relativa de cinco anos – em seu estágio metastático – de 34%
³ .


Gilead Sciences Brasil


Andropausa Não É Brincadeira: Da Perda de Energia ao Infarto, os Sinais Que Você Ignora

Pouco falada, a queda hormonal masculina não afeta apenas a libido — ela compromete o coração, a mente, a vitalidade e até a identidade do homem. Entre o estigma da reposição de testosterona e o medo de buscar ajuda, milhares vivem em silêncio um colapso que tem nome, causa e tratamento.

 

O silêncio que adoece homens

Enquanto a menopausa feminina é pauta constante em campanhas de saúde, a andropausa, queda progressiva da testosterona nos homens, segue um tabu quase absoluto. A maioria não fala sobre o assunto, evita consultas e normaliza sintomas que vão muito além da sexualidade: cansaço persistente, perda de massa muscular, acúmulo de gordura abdominal, falta de foco e queda de motivação.
 

“O homem costuma demorar muito mais do que a mulher para procurar ajuda médica. E, quando chega ao consultório, muitas vezes já apresenta complicações metabólicas sérias que poderiam ter sido prevenidas”, explica o nutrólogo Dr. Gustavo de Oliveira Lima.
 

O risco oculto: quando a andropausa atinge o coração

Um dos efeitos mais graves da queda de testosterona é o impacto no metabolismo e na saúde cardiovascular. Com menos hormônio, o corpo passa a acumular gordura visceral, aquela que se concentra no abdômen e envolve os órgãos internos. Esse tipo de gordura é extremamente inflamatória e aumenta o risco de infarto, AVC e diabetes tipo 2.
 

Além disso, a baixa testosterona está ligada à resistência à insulina, aumento do colesterol ruim (LDL) e redução da sensibilidade vascular, criando um terreno perigoso para doenças cardíacas. “O coração sente a andropausa tanto quanto a libido”, alerta o médico.
 

A queda da testosterona não mexe apenas com o corpo, mas com a percepção de si mesmo. Muitos homens relatam perda de vigor, de confiança e de clareza mental. Para alguns, é como se o mundo tivesse perdido o brilho.
 

E, por vergonha ou desinformação, esse sofrimento é silenciado. Muitos associam os sintomas à idade, ao estresse ou à “falta de disciplina”, quando na verdade é a bioquímica do corpo.
 


O estigma da reposição: medo e preconceito

Apesar de haver consenso científico sobre os benefícios da reposição hormonal masculina bem indicada e monitorada, o tema ainda é cercado de mitos. O mais comum: o medo de que a testosterona cause câncer de próstata.
 

Estudos recentes, porém, mostram que não há relação direta entre a reposição e o aumento do risco de câncer em homens saudáveis. Pelo contrário: níveis equilibrados de testosterona ajudam a proteger a saúde cardiovascular, muscular, óssea e cognitiva.
 

“O grande problema não é a reposição. É a reposição mal indicada, feita sem acompanhamento. Com critério e segurança, ela devolve vitalidade, motivação e protege o corpo contra doenças associadas ao envelhecimento”, afirma Dr. Gustavo.
 

O que os homens precisam saber

  • Não é só libido: a testosterona influencia coração, cérebro, músculos e metabolismo.
  • O corpo dá sinais: cansaço crônico, acúmulo de gordura abdominal, perda de força e clareza mental são alertas.
  • Reposição não é tabu: quando bem feita, é aliada da saúde, não inimiga.
  • Prevenção é chave: exames regulares após os 40 podem evitar complicações sérias.

A andropausa não deve ser invisível. O silêncio em torno dela está custando caro: homens mais doentes, mais frágeis e menos presentes. Quebrar o tabu da queda hormonal masculina é falar não apenas de saúde, mas de qualidade de vida, longevidade e dignidade.
 

“O homem não precisa aceitar viver apagado. A medicina atual oferece recursos para que ele envelheça com energia, vitalidade e saúde. Mas para isso, é preciso dar o primeiro passo, buscar ajuda e encarar o tema sem medo”, conclui Dr. Gustavo de Oliveira Lima.

 

Dr. Gustavo de Oliveira Lima - Médico CRM/SP 207.928 - Com uma formação sólida em nutrologia e endocrinologia, Dr. Gustavo de Oliveira Lima é reconhecido por sua atuação em emagrecimento saudável e longevidade. Focado em oferecer tratamentos modernos e personalizados, ele utiliza abordagens científicas de ponta para promover saúde integral e bem-estar a longo prazo. Sempre atualizado com as mais recentes inovações da medicina, Dr. Gustavo é um dos grandes destaques quando o assunto é qualidade de vida e prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento.


Câncer bucal: um desafio que exige atenção e prevenção

Opinião 

 

A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais no combate ao câncer de boca, uma doença muitas vezes negligenciada. Durante a Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal, de 1º a 7 de novembro, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) reforça a importância da conscientização e do acesso à informação.

A ligação entre tabagismo e consumo excessivo de álcool é um dos principais fatores de risco para o câncer bucal, sendo o álcool também potencializador dos efeitos carcinogênicos do tabaco. No entanto, outros elementos também influenciam no desenvolvimento da doença, como higiene bucal inadequada, deficiências nutricionais e a infecção pelo HPV. Apesar de sua alta incidência, muitas pessoas desconhecem os sinais iniciais da doença e demoram a buscar avaliação médica.

O principal sintoma do câncer de boca é o aparecimento de uma ferida que não cicatriza em até duas semanas, muitas vezes confundida com uma afta. Outras manifestações incluem dor persistente, dificuldade para engolir e aumento dos linfonodos cervicais. Como o tumor pode se espalhar para outras regiões, qualquer inchaço no pescoço que persista deve ser investigado imediatamente.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), este câncer está entre os sete tipos mais comuns no Brasil. A incidência é maior em homens, na proporção de três para um, reflexo histórico do tabagismo mais prevalente nesse grupo. Embora essa diferença venha diminuindo, o impacto da doença ainda é significativo.

O tratamento, na maioria dos casos, envolve cirurgia, muitas vezes associada à radioterapia. Quanto maior o tumor, pior o prognóstico e maiores são as sequelas. O diagnóstico precoce é, portanto, essencial para minimizar as complicações cirúrgicas e melhorar a sobrevida do paciente.

A conscientização é fundamental. Pacientes devem estar atentos a feridas persistentes na boca e procurar um médico. Da mesma forma, profissionais de saúde devem investigar todas as lesões orais suspeitas, realizando biópsias quando necessário. Somente com prevenção, informação e acesso ao diagnóstico precoce podemos reduzir os impactos do câncer bucal e garantir melhor qualidade de vida a todos.
 

 

Dr. Marcos André dos Santos - Diretor de Comunicação e Marketing da AMRIGS


Medicina de viagem: desmistificando a proteção essencial para o viajante brasileiro

A facilidade com que nos deslocamos hoje é, sem dúvida, uma das grandes conquistas da nossa era. Seja por lazer, trabalho, estudo ou para reencontrar familiares, viajar faz parte da vida moderna. Os dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) confirmam isso: no primeiro trimestre de 2025, as chegadas internacionais cresceram 5% e superaram, inclusive, os níveis pré-pandemia de 2019¹. Esse fluxo crescente, embora celebre a vitalidade do turismo, traz consigo uma realidade inegável: cada deslocamento implica riscos sanitários que, se ignorados, podem comprometer uma experiência enriquecedora. Afinal, as estimativas são claras: entre 43% e 79% dos viajantes internacionais podem adoecer em suas jornadas, e algumas dessas condições, infelizmente, são potencialmente fatais².

É, portanto, com uma ponta de preocupação que constato a persistência de um grande equívoco: a ideia de que a Medicina de Viagem "serve apenas para destinos exóticos". Essa visão, limitada e perigosa, subestima as ameaças à saúde que se escondem em nosso próprio quintal. A Amazônia, o Pantanal, as trilhas da Serra do Mar ou o sertão nordestino, por mais belos que sejam, expõem o indivíduo a vetores, alimentos e água potencialmente contaminados, fauna silvestre e desafios climáticos. O aconselhamento pré-viagem, uma prática consolidada globalmente há décadas, ainda é lamentavelmente subutilizado no Brasil. Uma pesquisa realizada com 3.237 brasileiros revelou que apenas 28% deles já haviam sequer ouvido falar na especialidade; contudo, uma vez que compreendiam seu propósito, mais de 90% reconheciam sua importância³. Isso me leva a uma conclusão clara: o problema não é a falta de adesão, mas sim a carência de informação.

O que, de fato, mais adoece quem viaja? Os dados da rede de vigilância GeoSentinel, que analisou mais de 42 mil viajantes doentes, nos mostram um padrão recorrente e inquestionável: síndromes gastrointestinais, febris e dermatológicas são as principais causas da maioria dos atendimentos. Como profissional de saúde, é preocupante que menos da metade desses indivíduos tenha realizado uma consulta pré-viagem³. Entre as condições febris, a malária predomina entre os que retornam da África Subsaariana, enquanto a dengue surge com frequência após viagens à Ásia e América Latina. Nos quadros dermatológicos, as mordidas e arranhões que demandam profilaxia antirrábica se sobressaem, e a vulnerabilidade é ainda maior entre o grupo que visita familiares em países de origem (VFR), que demonstra menor procura por aconselhamento e maior incidência de malária e febre entérica³.

A diarreia do viajante, por sua previsibilidade e alta incidência, merece atenção especial. Revisões de referência descrevem taxas elevadas em regiões de risco, com uma clara predominância bacteriana e um início típico na primeira semana do deslocamento. Sua prevenção envolve, invariavelmente, rigor na higiene alimentar e da água. A gestão, por sua vez, abrange desde a hidratação adequada e o uso de antidiarreicos em casos não invasivos, até a administração de antibióticos de resgate quando clinicamente indicados, sempre com especial atenção aos perfis de resistência locais e às potenciais interações medicamentosas². A avaliação pré-viagem é o momento para organizar esse plano de ação, que inclui também a orientação sobre vacinas, a quimioprofilaxia para malária (quando necessária) e estratégias eficazes de proteção contra vetores².

Há, ademais, riscos que costumam passar despercebidos em nossos roteiros domésticos; a exposição a animais é um exemplo premente. Mesmo entre grupos que, a priori, deveriam estar bem informados, como estudantes de veterinária, estudos apontam lacunas significativas no conhecimento e na adoção da profilaxia pré-exposição para raiva⁴. Por isso, é importante não alimentar nem tocar animais desconhecidos, bem como se atualizar quanto as condutas pós-exposição e, em cenários específicos de risco elevado, discutir com o especialista essa medida – um item que deveria ser parte integrante do repertório de qualquer viajante².

Em minha experiência, planejamento não é sinônimo de burocracia, mas sim de prudência. O Ministério da Saúde, com sabedoria, recomenda buscar orientação médica entre quatro e oito semanas antes do embarque, garantindo tempo hábil para vacinas, profilaxias e a obtenção de documentos essenciais como o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), quando exigido⁵. Ferramentas técnicas atualizadas, como o CDC Travelers’ Health e o Yellow Book, são valiosos guias que norteiam as decisões baseadas em risco, mas dependem de serem efetivamente incorporados à prática brasileira de aconselhamento ao viajante².

A pandemia de COVID-19 nos deixou uma lição inesquecível e brutal: patógenos se propagam rapidamente com as pessoas. A Medicina de Viagem, portanto, não é um luxo, nem um nicho para poucos; é uma parte intrínseca de uma abordagem responsável e abrangente da saúde, tanto individual quanto coletiva. Se o ato de viajar significa ampliar nossos horizontes, fazê-lo com informação e preparo é um dever que temos para conosco e para com a comunidade global.

  

Dr. André Bom - Infectologista - Laboratório Exame (Dasa)

  

Referências

  1. ONU BR. Turismo tem aumento de 5% no primeiro trimestre do ano, diz agência da ONU BR. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2025/05/1848856
  2. Murray, H. W. The Pretravel Consultation: Recent Updates. The American Journal of Medicine, v. 133, n. 8, p. 916–923, ago. 2020 (pretravel_consult_-_updates[1].pdf). Disponível em: org
  3. Castillo Santana, E. et al. Conhecimento e atitudes sobre a medicina de viagem no Brasil. Braz J Infect Dis, v. 26, n. S1, p. 102281, jan. 2022 (PI 285). Disponível em: org
  4. Conhecimento e Atitudes sobre a Prevenção de Raiva em Estudantes de Veterinária Braz J Infect Dis, v. 26, n. S1, p. 101996, jan. 2022 (s2.0-S1413867021007509-main.pdf). Disponível em: doi.org
  5. Ministério da Saúde. Saúde do Viajante. Disponível em: www.gov.br


Novembro Azul reforça importância do diagnóstico precoce e do cuidado emocional masculino

Com mais de 70 mil novos casos anuais, câncer de próstata segue como o segundo mais incidente entre homens no Brasil; especialistas destacam necessidade de romper tabus e integrar saúde física e psicológica

O mês de novembro marca a campanha de conscientização sobre a saúde do homem, especialmente a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata — segundo tipo mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país registra cerca de 71.730 novos casos por ano no triênio 2023–2025, com estimativa de 17 mil mortes anuais em decorrência da doença. Os números reforçam a urgência de uma abordagem mais ampla e integrada sobre o tema. 

Apesar da relevância, o tabu em torno do exame preventivo ainda é um dos maiores obstáculos à detecção precoce. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia mostra que 46% dos homens com mais de 40 anos só procuram o médico quando apresentam sintomas, o que reduz as chances de cura. Segundo o INCA, o rastreamento populacional (exames de rotina em pessoas assintomáticas) não é indicado, devendo a decisão ser feita de forma compartilhada entre médico e paciente, com base no histórico familiar e na avaliação individual. 

Para a psicóloga Dra. Andrea Beltran, o Novembro Azul é também um convite ao autoconhecimento e à quebra de paradigmas ligados à masculinidade tradicional. “O Novembro Azul é mais do que uma campanha de conscientização sobre o câncer de próstata: é também um convite para que o homem olhe para dentro de si. O tabu em torno do exame preventivo e o medo do diagnóstico revelam não apenas o receio da doença, mas também o desconforto com a própria vulnerabilidade e com a ideia de finitude, temas que a masculinidade tradicional frequentemente evita”, afirma. 

Ela explica que o diagnóstico precoce pode representar um ato de coragem e amadurecimento. “Encarar o medo de um exame ou de uma possível cirurgia é enfrentar a sombra, essa parte da psique que abriga nossos temores, vergonhas e fragilidades. Quando o homem aceita olhar para ela, passa a cuidar de si, integrando corpo e alma em um movimento autêntico de individuação”, diz. 

A psicóloga também destaca que o temor de perder a potência sexual após uma cirurgia na próstata toca em um dos arquétipos mais profundos da masculinidade: o do guerreiro e o do amante. “A ideia de fragilidade física pode ser vivida como uma ameaça à identidade e à virilidade. No entanto, é justamente nesse ponto que a psicologia junguiana propõe um novo olhar: a verdadeira potência não está apenas na função sexual, mas na capacidade de se reinventar, de amar, de acolher as próprias limitações e de transformar a dor em sabedoria”, observa. 

Para Andrea Beltran, a terapia é uma aliada essencial nesse processo. “Muitos homens ainda carregam preconceitos em relação ao cuidado emocional, como se buscar ajuda fosse sinal de fraqueza. Mas, na verdade, é um gesto de maturidade e força. Falar sobre medos, inseguranças e corpo é um ato profundamente humano. Que este Novembro Azul inspire cada homem a cuidar de sua saúde integral, física e emocional, e, se necessário, dar o passo mais corajoso de todos: procurar um psicólogo e iniciar o caminho do autoconhecimento.” 

Mais do que uma campanha voltada ao exame preventivo, o Novembro Azul propõe uma reflexão sobre o autocuidado em sua totalidade. Para especialistas, a saúde masculina deve ser compreendida de forma integrada, considerando hábitos de vida, alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e, sobretudo, atenção à saúde mental. O movimento, iniciado na Austrália em 2003 e ampliado globalmente, se fortalece a cada ano no Brasil como símbolo de conscientização e mudança de comportamento. 


Santos sanciona lei que proíbe vetos a animais de estimação em condomínios; síndico profissional explica

Freepik


Segundo Marcos Valim, da Embraps, lei municipal se sobressai a convenção condominial

 

Entrou em vigor, na última quarta-feira (29), a Lei Complementar nº 1.306, que determina que condomínios residenciais de Santos estão proibidos de impedir moradores de manter pets em apartamentos ou áreas comuns. 

O projeto, proposto pelo vereador Benedito Furtado (PSB) e sancionado pelo prefeito Rogério Santos na terça-feira (28), prevê que em caso de descumprimento, o prédio está sujeito a multa de até R$10 mil. Desta forma, os condomínios cujas regras impedem a presença de animais devem se adequar à lei.

O síndico profissional e diretor da Embraps, Marcos Valim, explica que a lei municipal se sobrepõe às convenções condominiais: “Assim como nas esferas de administração pública, as leis federais estão acima das estaduais, que estão acima das municipais, e elas, acima das leis do condomínio. Por isso, é importante que o síndico se atente às leis em tramitação e faça a adequação das regras condominiais”, afirma.

O especialista reforça, no entanto, a importância do bom senso. “Assim como temos direitos, temos deveres. O tutor deve ajudar a preservar a higiene dos ambientes e limpar os resíduos deixados pelo animal, além de usar a guia em espaços comuns do prédio para preservar a segurança dos outros moradores e também do pet”, conclui Valim.


Enem 2025: o que comer (e o que evitar) antes e durante a prova

Diretora pedagógica dos colégios St. Georges e Start Anglo Bilingual School explica como a alimentação pode influenciar o foco, a memória e o desempenho dos estudantes 

 

Mais de 4,8 milhões de estudantes estão prestes a encarar o Enem 2025, que acontece nos dias 9 e 16 de novembro em todo o Brasil. São duas datas decisivas, que exigem preparo intelectual, emocional e físico. E, segundo especialistas, o desempenho pode ser diretamente influenciado por um fator muitas vezes esquecido: a alimentação. 

A diretora pedagógica dos colégios St. Georges e Start Anglo Bilingual School, Cristiane Cristo, destaca que o que o aluno come na semana da prova impacta diretamente na concentração, no humor e até na forma como o cérebro processa as informações. 

“O corpo e a mente funcionam como uma engrenagem. Se o estudante chega esgotado, mal alimentado ou desidratado, o raciocínio fica comprometido. Por isso, sempre oriento os alunos a enxergarem a alimentação como parte da preparação para o Enem, e não apenas como uma rotina”, explica Cristiane. 

De acordo com ela, o ideal é manter uma alimentação leve, equilibrada e previsível durante toda a semana que antecede a prova. “Evitar alimentos gordurosos, ultraprocessados e bebidas estimulantes, como refrigerantes e excesso de café, faz diferença. O ideal é apostar em comidas conhecidas, de fácil digestão e com boa oferta de energia”, recomenda. 

Cristiane também chama atenção para o papel dos alimentos que ajudam a estabilizar o humor e a ansiedade, já que muitos estudantes sentem o impacto emocional da maratona de estudos. “Frutas como banana e aveia são fontes de triptofano, substância que ajuda na produção de serotonina, o hormônio do bem-estar. Incluí-las no café da manhã ou no lanche da tarde é uma boa estratégia.” 

No dia da prova, a educadora reforça que a escolha dos alimentos deve equilibrar saciedade e conforto. “Sempre recomendo levar uma garrafinha de água transparente e lanches leves, como castanhas, biscoitos simples ou barrinhas de cereais. É importante evitar chocolates e alimentos com cheiro forte, que podem causar enjoo ou incomodar os colegas. Lanches simples mantêm a energia e não distraem.” 

Outro ponto essencial é o descanso. Dormir bem, especialmente na véspera da prova, é parte da preparação. “Muitos alunos tentam revisar até tarde na noite anterior, mas isso é um erro. O cérebro precisa descansar para consolidar a memória. Uma boa noite de sono vale mais que três horas de revisão de última hora”, afirma Cristiane. 

Além das orientações práticas, a diretora lembra que o apoio da família é fundamental nesse período. “O papel dos pais é garantir que o ambiente esteja leve, que o estudante tenha refeições adequadas e que sinta confiança. Ninguém precisa reforçar a pressão, o jovem já sabe o peso que o Enem tem. O melhor presente que a família pode dar é tranquilidade e apoio emocional.” 

Para Cristiane, o mais importante é lembrar que a preparação vai além dos livros. “O Enem não é só sobre saber o conteúdo, mas sobre chegar inteiro, com o corpo equilibrado e a cabeça focada. Comer bem, dormir bem e acreditar em si mesmo são partes do mesmo processo. E é isso que tentamos transmitir aos nossos alunos: o cuidado com o conhecimento começa pelo cuidado com o próprio corpo.”

 

Dicas de lanches para o dia da prova

  • Banana: prática, fornece energia rápida e ajuda a controlar a ansiedade.
  • Mix de castanhas: combina proteínas e gorduras boas, que sustentam por mais tempo.
  • Biscoitos leves (de água e sal ou integrais): mantêm o nível de glicose estável sem causar sono.
  • Frutas secas (como uva-passa e damasco): ricas em fibras e fáceis de transportar.
  • Barrinhas de cereais: boas para repor energia de forma gradual durante a prova.
  • Água: hidratação constante é essencial para concentração e bem-estar. 

Evite alimentos com cheiro forte, embalagens barulhentas e excesso de açúcar ou chocolate, que podem causar queda de energia ao longo da prova.

 

Serviço — Enem 2025

Datas
1º dia — 9 de novembro: Redação, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias.

2º dia — 16 de novembro: Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias.
 

O que levar

  • Documento oficial com foto
  • Caneta esferográfica preta (corpo transparente)
  • Cartão de confirmação da inscrição
  • Água e lanche leve

Horários
• Portões abrem às 12h e fecham às 13h (horário de Brasília)

• Prova começa às 13h30


Sete tendências que vão inspirar as viagens em 2026


Operadora Abreu aponta o que vai guiar os viajantes no próximo ano; destinos fora do óbvio, propósito e natureza estão em alta


A operadora Abreu, reconhecida internacionalmente por sua excelência e com mais de 185 anos de história, acaba de revelar as principais tendências que devem guiar o turismo em 2026. 

Elaborada pelos especialistas da operadora em parceria com profissionais e destinos ao redor do mundo, a lista de tendências mostra um viajante mais curioso, consciente e em busca de vivências que realmente façam sentido.

Confira as sete tendências que prometem transformar o jeito de viajar em 2026 e inspirar os turistas a planejar sua próxima aventura com a curadoria e segurança da Abreu.


  1. O inédito ganha valor

Explorar lugares pouco conhecidos e vivenciar culturas de forma genuína será uma das maiores buscas dos viajantes. Islândia, Açores, Sri Lanka, Uzbequistão, Armênia e Geórgia surgem como novos queridinhos. No Brasil, destinos como Chapada das Mesas (MA), Península de Maraú (BA) e Bento Gonçalves (RS) encantam por unir natureza, autenticidade e boa gastronomia.


  1. Quando o evento é o destino

Viajar para viver um grande momento estará em alta, seja um festival, uma competição esportiva ou uma celebração cultural. Em 2026, experiências como o Mundial de Seleções nos Estados Unidos, o Festival das Lanternas na Tailândia, a Oktoberfest na Alemanha, as vindimas na Serra Gaúcha e o Carnaval de Salvador e Rio de Janeiro prometem atrair turistas de todos os estilos.


  1. Viagens de trem: luxo sobre trilhos

Mais do que um meio de transporte, os trens de luxo se tornam o próprio destino. Roteiros icônicos como o Glacier Express (Suíça), o Andean Explorer (Peru), o The Canadian (Canadá) e a Maria Fumaça da Serra Gaúcha oferecem uma forma charmosa, relaxante e memorável de conhecer o mundo, com conforto e paisagens cinematográficas.


  1. Roteiros combinados e experiências múltiplas

O desejo de aproveitar mais em menos tempo faz crescer os roteiros que unem dois ou mais destinos em uma só viagem. Entre as apostas estão Japão e Coreia do Sul, Aruba e Curaçao e os tradicionais circuitos europeus de operação própria da Abreu. Outra excelente opção são os serviços gratuitos de stopover oferecidos pelas companhias aéreas TAP e Copa Airlines. A primeira oferece uma parada em Lisboa ou Porto como complemento às viagens para outros países da Europa, enquanto a segunda oferece uma parada no Panamá para quem viaja a destinos do Caribe ou Estados Unidos. 


  1. Natureza com conforto e propósito

O contato com o meio ambiente e o desejo de desacelerar continuam a inspirar o turismo. Em alta estão Patagônia, Atacama, Bonito, Lençóis Maranhenses e Maldivas, destinos que unem natureza exuberante e conforto, reforçando a busca por equilíbrio, bem-estar e sustentabilidade.


  1. Um mundo só delas

Cada vez mais mulheres estão embarcando em viagens solo, seja em busca de  autoconhecimento, liberdade ou conexão com outras viajantes. A Abreu aposta nessa tendência com o Programa Mulheres Preciosas, que em 2026 trará novos roteiros para Turquia, Marrocos, Dubai, Peru e Serra Gaúcha, unindo cultura, bem-estar e experiências transformadoras.


  1. Viagens com significado

Sustentabilidade, inclusão, diversidade e espiritualidade são palavras-chave do novo turismo. Destinos como Bali, Foz do Iguaçu, Fernando de Noronha, São Francisco e Chapada dos Veadeiros aparecem como lugares que unem propósito e prazer. Ideais para quem busca uma jornada única e marcante.

Mais do que prever tendências, a Abreu quer inspirar as pessoas a viajarem com consciência, emoção e propósito. Com curadoria especializada e quase dois séculos de atuação no mercado de turismo, cada roteiro da Abreu é pensado para oferecer experiências que reflitam o estilo e os valores de cada viajante.



Abreu
www.abreutur.com.br


Vivendo em Portugal: mitos e verdades da vida dos brasileiros no país

Língua parecida, mas cheia de diferenças, custo de vida variado e uma rotina que vai além dos estereótipos
 

De acordo com o mais recente Relatório de Migrações, Fronteiras e Asilo (RIFA) da AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo), a comunidade brasileira se mantém como a maior população estrangeira residente no país, representando 35,3% do total de imigrantes, que passam de 1 milhão. Com esse êxodo crescente, no entanto, proliferam os mitos e a desinformação sobre o que é, de fato, a vida em terras lusitanas. 

A semelhança da língua e as conexões históricas criam uma impressão equivocada de que a adaptação será fácil e livre de choques culturais. Na verdade, a convivência diária frequentemente revela diferenças sutis e significativas. Apesar de o idioma ser o mesmo, expressões, gírias e sotaques podem resultar em mal-entendidos divertidos ou, em alguns casos, complicações na comunicação. A culinária, por exemplo, vai muito além do famoso pastel de Belém, apresentando uma variedade de sabores regionais que podem surpreender. 

Outro tema que gera discussões acaloradas é o custo de vida. A ideia de que "tudo é mais barato" ou "tudo é mais caro" é um mito arriscado. Embora seja verdade que alguns bens e serviços, como transporte público e vinho, possam ser mais em conta, os gastos com moradia e energia em grandes cidades podem ser bastante elevados. A chave está em um planejamento financeiro prático, que considere a valorização da moeda e o poder aquisitivo local, muitas vezes diferente da realidade salarial de muitos brasileiros. Recebendo na moeda local — ou seja, trabalhando e residindo no país — esses custos tornam-se mais acessíveis, permitindo um orçamento mais equilibrado. 

Uma outra questão que chama a atenção é a cidadania e os direitos dos brasileiros. Nos últimos anos, houveram alterações legais que tornaram mais fácil o processo de regularização e obtenção de cidadania para descendentes de portugueses. Justamente por conta de possíveis mudanças futuras, é fundamental conversar com especialistas que possam analisar cada caso individualmente e indicar a melhor forma de conduzir o processo, garantindo segurança e eficiência. 

De acordo com o especialista em cultura e imigração, viver em Portugal é uma experiência rica e gratificante, mas exige uma preparação mental. "O sucesso na adaptação vem de ir além dos estereótipos e compreender a cultura, os costumes e o estilo de vida português. A familiaridade inicial pode ocultar as sutilezas que fazem de Portugal um lugar único, e essa descoberta é a parte mais bela da jornada", afirma Fábio Pereira, CEO da Cidadania e Visto, assessoria jurídica especializada em cidadania portuguesa e vistos. 

Ao desmistificar preconceitos e estereótipos, percebe-se que viver em Portugal requer ajustes, planejamento e curiosidade cultural, além de proporcionar novas vivências e oportunidades de integração, aprendizado e bem-estar.


 Cidadania e Visto


Artificial: sua empresa está preparada?

 

Você provavelmente já ouviu falar da Indústria 4.0 – a nova era da produção que conecta máquinas, pessoas e sistemas por meio de tecnologias avançadas como IoT, Big Data, Cloud Computing, automação e robótica inteligente. Hoje, esse conceito ganha ainda mais força ao se integrar de forma simbiótica à Inteligência Artificial (IA), tornando os processos produtivos não apenas digitais, mas autônomos, preditivos e escaláveis.

A Quarta Revolução Industrial vai além da automação. Ela permite que empresas tenham monitoramento em tempo real do chão de fábrica, análise instantânea de KPIs críticos como o OEE (Overall Equipment Effectiveness) e tomada de decisão baseada em dados. Com a IA, esses sistemas aprendem continuamente, identificando padrões, prevendo falhas, otimizando setups e elevando os níveis de eficiência a patamares antes inimagináveis.

Segundo o Observatório Nacional da Indústria, com base em dados da IMARC, a Europa lidera a adoção da Indústria 4.0 ao incorporar robótica, IA e IoT em seus processos. No Brasil, o cenário ainda é de expansão, com projeção de crescimento de 21% até 2028. Apesar do potencial, o país enfrenta desafios como a adaptação cultural, a integração de sistemas e a resistência de gestores que ainda enxergam a digitalização como algo “distante” ou “não para nós”.

Mas a realidade é clara: não se trata de tendência, mas de sobrevivência. Empresas que não se adaptarem correm o risco de perder competitividade. A integração de ERPs com sistemas como APS (Advanced Planning and Scheduling) e MES (Manufacturing Execution System) cria a espinha dorsal da gestão digital. Essa combinação gera um fluxo inteligente de dados, transformando informações em decisões ágeis, eliminando gargalos e elevando a produtividade.

Os benefícios vão desde a redução do tempo de setup até o aumento da eficiência operacional, impactando diretamente os custos, a qualidade e o crescimento das equipes. Porém, a transição exige mudança cultural e equipes capacitadas, capazes de aplicar metodologias sólidas para localizar e solucionar pontos críticos do processo.

Num mundo marcado por instabilidades econômicas e pelo avanço do protecionismo global, a automação, a digitalização e a IA se tornam armas estratégicas. Empresas que investem nessas tecnologias conseguem prever cenários, antecipar decisões e conquistar resiliência competitiva.

O Brasil ainda está nos primeiros passos dessa jornada, mas as tecnologias já estão ao nosso alcance. O primeiro movimento não depende das máquinas, e sim das pessoas: é abraçar a mudança. Indústria 4.0 com IA não é futuro. É presente. A pergunta é: sua empresa está pronta para liderar essa transformação?

 


Claudio Montes - Executivo de contas da ABC71.

Fábio Bosnic - COO da Aloee, startup da ABC71.


Tecnologia impulsiona produção de lúpulo no Brasi


Ingrediente é responsável pelo aroma e sabor da cerveja
foto: Levi Pompermayer Machado/Unesp
Projeto desenvolvido no Vale do Ribeira (SP) permite extrair compostos aromáticos e bioativos com alta eficiência, reduzindo custos logísticos e aumentando a qualidade da cerveja

 

 Apesar de ser o terceiro maior produtor e consumidor de cerveja do mundo, o Brasil ainda depende quase que completamente da importação de lúpulo. Isso porque menos de 1% do ingrediente responsável pelo amargor, aroma e sabor da cerveja é cultivado localmente. No entanto, um novo projeto com cientistas e produtores do Vale do Ribeira (SP) busca mudar esse cenário e tornar a produção nacional de lúpulo mais eficiente e viável, além de impulsionar o desenvolvimento de novos bioprodutos.

O projeto, que nasceu dentro do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, com sede na Universidade Estadual Paulista (Unesp) –, está apostando na extração supercrítica com dióxido de carbono (CO), uma tecnologia já consolidada em países como Alemanha e Estados Unidos. O método permite extrair compostos aromáticos e bioativos do lúpulo com alta eficiência, reduzindo custos logísticos e aumentando a qualidade da cerveja.

“Normalmente o lúpulo brasileiro é vendido em pellets [flores desidratadas e prensadas] para cervejarias. No entanto, com essa tecnologia, o lúpulo pode ser comercializado no formato de óleo, o que, além de ganhos logísticos, confere resultados na produção da cerveja muito superiores aos métodos convencionais”, explica Levi Pompermayer Machado, professor da Unesp e um dos pesquisadores envolvidos no projeto.

Além do CBioClima, integram o projeto o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), a incubadora Aquário de Ideias, com startups do Vale do Ribeira, além da Bioativos Naturais e a Kalamazoo – duas empresas apoiadas pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. Os produtores integram o programa SP Produz 2025, do Governo do Estado de São Paulo, que oferece apoio estratégico ao fortalecimento de cadeias produtivas locais.

No estudo, publicado na revista Biomass Conversion and Biorefinery, os pesquisadores compararam a extração do lúpulo da empresa Atlântica Hops, localizada em Juquiá (SP), pelo método convencional e pelo método supercrítico por CO2. Enquanto a extração tradicional – feita com solventes orgânicos ou por uma técnica conhecida como arraste a vapor – rende cerca de 15% de extrato com 9% de α-ácidos (compostos responsáveis pelo amargor da cerveja), a técnica com CO2 alcança até 72% de α-ácidos. Além disso, o processo resulta em menor volume, melhor conservação e aumento de até 20% na produtividade da cerveja.

“Cada lúpulo tem uma peculiaridade de sabor, que é definido pelo que chamamos de terroir, e é isso que a indústria procura. No estudo, também realizamos análises sobre o perfil sensorial do extrato do lúpulo em pellets e do extrato que a gente produziu. Houve uma pequena alteração de sabor, mas se manteve mais ou menos a mesma assinatura sensorial do produto. Portanto, com toda essa melhora de eficiência e qualidade, as características do terroir são quase que inteiramente mantidas", conta.

Machado ressalta que a tecnologia testada no Vale do Ribeira também se destaca por seguir os princípios da química verde. Isso porque, nos métodos tradicionais, utiliza-se grande quantidade de água ou solventes derivados do petróleo para separar os óleos essenciais do lúpulo.

Já a extração supercrítica utiliza o dióxido de carbono em condições de alta pressão e temperatura, em que ele assume um estado entre o líquido e o gasoso (estado supercrítico). É dessa forma que o CO2 atua como solvente natural, penetrando profundamente na matéria-prima e extraindo seus compostos com alta eficiência.

“Fora isso, o CO2 utilizado na tecnologia supercrítica é recapturado ao final do processo, evitando emissões atmosféricas e eliminando resíduos químicos no extrato. Isso torna o método não apenas mais eficiente, mas também ambientalmente responsável", afirma Machado.

Segundo o pesquisador, o objetivo principal do projeto é oferecer aos produtores opções de cultivo com menor impacto ambiental e maior valor agregado (como é o caso do lúpulo) no lugar de expandir fronteiras agrícolas com commodities de baixo retorno, como soja e cana.

“Estamos falando em produzir mais em uma área cultivada muito menor, com uma cultura que responde bem às mudanças climáticas e oferece múltiplas possibilidades de mercado”, destaca o pesquisador.


Economia circular

Outro diferencial é que os extratos obtidos com a tecnologia não se limitam à indústria cervejeira, podendo também atender o setor de cosméticos e de farmacêuticas. Além dos extratos, os pesquisadores também analisaram os resíduos que sobraram após a extração (spent hop).

De acordo com Johana Marcela Concha Obando, bolsista de pós-doutorado no INCT NanoAgro da Unesp e envolvida no projeto, o rejeito do lúpulo ainda carrega compostos bioativos com alto potencial antioxidante, como fenólicos e flavonoides. “Como a técnica não utiliza reagentes, esses resíduos não se perdem no processo, podendo ser utilizados para outros propósitos”, explica.

No trabalho, a análise bioquímica revelou que, mesmo após a retirada dos principais ativos, a biomassa residual mantém propriedades que podem ser aproveitadas em novos produtos. “Com o extrato, deixamos de atender apenas o nicho cervejeiro e passamos a alcançar cinco, seis, até dez setores diferentes”, comemora Machado.

O artigo Chemical and biotechnological characterization of supercritical CO2 extracts and residual Humulus lupulus biomass from the Brazilian Atlantic Forest pode ser lido em: link.springer.com/article/10.1007/s13399-025-06903-z.

 



Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/tecnologia-impulsiona-producao-de-lupulo-no-brasil/56314

 

Posts mais acessados