Pesquisar no Blog

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Psiquiatra do CEUB: prevenção do suicídio começa em casa e pede apoio profissiona

Para professor de Medicina do CEUB, a prevenção começa em casa, com apoio das famílias e capacitação adequada de profissionais de saúde

 

Com o tema "Se precisar, peça ajuda", a campanha Setembro Amarelo de 2025 reforça a urgência de abordar o suicídio como um grave problema de saúde pública. Os números são alarmantes: mais pessoas tiram a própria vida anualmente do que a soma de vítimas de HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios. Globalmente, a cada 45 segundos, uma vida é perdida; no Brasil, são, em média, 38 óbitos por dia, conforme dados da OMS. Para Lucas Benevides, psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a prevenção começa com um olhar atento para diferenciar a tristeza passageira de um sofrimento mental persistente. 

Embora as campanhas de conscientização sejam vitais para reduzir o estigma da saúde mental, o reconhecimento dos sinais de alerta é primordial, sinaliza o especialista. Mudanças de humor repentinas, isolamento social, verbalização do desejo de morrer e comportamento impulsivo são indicativos importantes. Em paralelo, Benevides observa um aumento significativo de pessoas que se sentem à vontade para buscar ajuda e compartilhar abertamente suas experiências, o que é um avanço.  

"A tristeza geralmente tem um gatilho específico e tende a melhorar com o tempo ou com mudanças nas circunstâncias, enquanto o sofrimento mental pode persistir e afetar a qualidade de vida de maneira mais abrangente", explica o docente do CEUB. Ele enfatiza que conversas abertas e sem julgamentos são o melhor caminho para auxiliar quem enfrenta desafios emocionais. "O suporte emocional e o encaminhamento para ajuda profissional muitas vezes começam por meio de familiares e amigos", acrescenta.

 O primeiro passo para tratar problemas desordens mentais envolve uma avaliação profissional detalhada para determinar o plano de tratamento mais adequado, que pode incluir psicoterapia, medicação antidepressiva ou estabilizadores de humor. "Terapia e medicação frequentemente funcionam melhor em conjunto, proporcionando estratégias de enfrentamento e correção de desequilíbrios químicos", considera o especialista. 

Já nos casos de autoextermínio, a terapia de luto, grupos de apoio e aconselhamento familiar são recursos indicados para lidar com as complexidades e sensibilidades dessas situações. "Devemos sempre multiplicar essas iniciativas e fornecer ajuda e compreensão a quem precisa. O Estado também precisa aprimorar seu papel, garantindo financiamento adequado para a saúde mental e legislação que apoie o tratamento e a prevenção", reivindica Benevides. 

 

Peça ajuda

O Centro Universitário de Brasília (CEUB) oferece suporte à saúde mental com serviços de psiquiatria e psicologia acessíveis à comunidade. A atendimento é oferecido pelo Centro de Atendimento à Comunidade (CAC), com consultas no valor de R$ 40 que acontecem no Setor Comercial Sul, em Brasília. Já para o atendimento psicológico, a Clínica Escola de Psicologia do CEUB atende crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias, com sessões semanais e mesma taxa por sessão. Os agendamentos podem ser feitos por telefone (61) 3966-1660 ou presencialmente.

 

SERVIÇO

CEUB oferece atendimentos de psiquiatria e psicologia à comunidade

Local: Edifício União - SCS Quadra 01- 12º andar

Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta das 8h às 18h

Informações e marcação de consultas: (61) 3966-1660

Valor da consulta: R$40, com pagamento em dinheiro, cartão de crédito ou débito.


Pesquisa revela que ansiedade afeta mais da metade dos pacientes com a Síndrome do Intestino Irritável

 Estudo reforça a importância da relação eixo cérebro-intestino, mostra a demora até o diagnóstico, o preconceito de quem não conhece a doença e o impacto do absenteísmo na rotina dos pacientes

 


Da direita para a esquerda: Fábio Teixeira, gastroenterologista e Diretor Científico do Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo(NAFAD), Renata Spallicci, Vice-Presidente Executiva da Apsen, Yasmin Brunet, atriz e empresária, e Adriana Bittar, jornalista e moderadora do evento que marcou o lançamento da campanha Pode Ser SII.
Crédito: Junior

 Um levantamento inédito com 667 indivíduos — homens e mulheres a partir dos 18 anos, em todas regiões do país — avaliou a incidência, a prevalência e a jornada da Síndrome do Intestino Irritável (SII) no Brasil, enfermidade crônica que acomete principalmente mulheres e pode afetar 17%1,2 da população, cerca de 36 milhões de pessoas, sendo duas vezes mais as mulheres do que os homens3. 

A pesquisa “Pode Ser SII”, realizada pelo Instituto Inception e pela Apsen, em parceria com o Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo (Nafad), analisou desde os primeiros sinais e sintomas até o diagnóstico da SII. 

Dos entrevistados, 53% apresentaram manifestações de moderadas a graves e 4,6% tinham o diagnóstico confirmado da doença, sendo que as mulheres representaram 80% dos casos. “O estudo mostrou que há uma alta incidência de sintomas moderados a graves. 

Entretanto, notamos um percentual baixo de prevalência, o que pode sinalizar um cenário relevante de subdiagnóstico.

Por isso, conhecer os sinais e sintomas e procurar um médico especialista são questões essenciais para agilizar o diagnóstico, iniciar o tratamento e melhorar a qualidade de vida”, explica Williams Ramos, gerente médico da Apsen. 

A pesquisa indica que o diagnóstico pode demorar até 14 meses — sendo majoritariamente feito pelo gastroenterologista (em 58% dos casos).

Dos pacientes que chegam ao consultório, 80% são mulheres, 60% recebem o diagnóstico do primeiro médico, enquanto 40% passam, em média, por até dois especialistas antes da confirmação. 

A questão do absenteísmo também foi avaliada no estudo: quase metade dos pacientes com SII (46%) já precisou se afastar do trabalho pelo menos duas vezes ao longo da vida. Preconceito e saúde mental.

O levantamento mapeou ainda aspectos mais amplos, como o preconceito e o baixo nível de conhecimento da população sobre a Síndrome do Intestino Irritável.

Metade dos pacientes que têm a doença admite já ter ouvido de amigos próximos reações de incredulidade ou até comentários de “exagero” ao compartilhar sintomas e dificuldades enfrentadas no dia a dia por conta da enfermidade. 

O levantamento também trouxe outra constatação atual: a ansiedade (56%) e a depressão (32%) foram as principais comorbidades associadas aos indivíduos com SII. Essa realidade reforça um cenário que envolve saúde mental e comportamento, destacando a importância da relação entre o eixo cérebrointestino. 

A Campanha Pode Ser SII Para ampliar o conhecimento do público sobre a Síndrome do Intestino Irritável, a Apsen, com apoio do Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo (Nafad), lança a campanha “Pode Ser SII”, com foco na identificação precoce dos sinais, sintomas, diagnóstico precoce e tratamento, fatores essenciais para que os pacientes mantenham a qualidade de vida.

O projeto, focado em conteúdos digitais e redes sociais, adota um tom leve para tratar de um tema que ainda envolve tabus. 

Com o mote “Está na hora de fazer as pazes com o seu intestino. Sua relação complicada com o seu intestino pode ser SII”, a campanha destaca como principal serviço um teste rápido e gratuito disponível em: https://podesersii.com.br/. No site, o participante responde a cinco perguntas clássicas sobre a SII. 

Com base nos critérios Roma IV3, conjunto de diretrizes internacionais usadas para identificar doenças gastrointestinais funcionais4, o sistema indica se os sintomas relatados podem sugerir a necessidade de procurar um especialista.

Sintomas e Diagnóstico da SII Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável são crônicos e recorrentes, podendo variar em intensidade e frequência ou até mesmo desaparecer ao longo do tempo. 

Os principais são: dores abdominais (queixa mais importante e critério central para o diagnóstico), diarreia, prisão de ventre e/ou gases intestinais.

Outros cenários como distensão abdominal, flatulência, sensação de evacuação incompleta, urgência para evacuar e presença de muco nas fezes também podem indicar um quadro de SII. 

O diagnóstico é fundamentalmente clínico, sem a necessidade de uma bateria extensa de exames, e baseia-se nos critérios Roma IV. O Tratamento da SII O tratamento da Síndrome do Intestino Irritável depende da natureza e intensidade dos sintomas, do grau de comprometimento funcional e dos fatores psicossociais envolvidos. 

Existe um consenso, cada vez mais aceito, de que as medidas de atenção primárias são aquelas que refletem o melhor controle dos sintomas. Nesse contexto, a abordagem individualizada, identificando os fatores desencadeantes ou agravantes dos sintomas de cada paciente, é a maneira mais adequada de realizar o tratamento. 

A frequência das evacuações, a consistência das fezes e a satisfação dos pacientes são os melhores indicadores da eficácia clínica. A abordagem também precisa levar em consideração o estilo de vida e hábitos alimentares do indivíduo. 

As opções terapêuticas incluem medicações que ajudam a relaxar os músculos do intestino para reduzir o incômodo, adoção de práticas que auxiliam na regularidade e no controle do trânsito intestinal, inclusão de fibras dentro de uma dieta balanceada, hidratação adequada para os casos de constipação(prisão de ventre) e o uso de probióticos como estratégia para reequilibrar as bactérias boas do intestino. 



Apsen - indústria farmacêutica familiar 100% brasileira, fundada pelo Dr. Mario Spallicci e sua esposa, Dona Irene Spallicci, no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Hoje, sob a liderança de Renato Spallicci e sua filha Renata Spallicci, está entre as dez maiores farmacêuticas nacionais em prescrição médica. Com mais de 55 anos de história, a empresa atua em 12 especialidades médicas (neurologia, psiquiatria, otorrinolaringologia, urologia, ginecologia, reumatologia, ortopedia, gastroenterologia, geriatria, endocrinologia, angiologia e suplementos alimentares). Com foco em inovação, saúde e bem-estar, a companhia se destaca por ampliar seu portfólio com moléculas inovadoras e por gerir uma marca empregadora forte e comprometida com a responsabilidade social e a equidade.
Saiba mais em: https://www.apsen.com.br

 

Isenção de IR: entenda os direitos de aposentados e pensionistas com doenças graves

imagem gerada por inteligência artificial


Aposentados e pensionistas portadores de doenças graves têm direito à isenção do Imposto de Renda (IR) sobre seus proventos. O benefício, previsto na Lei nº 7.713/1988, tem como objetivo aliviar encargos financeiros e garantir que esses recursos sejam destinados a tratamentos de saúde e despesas médicas. 

Entre as enfermidades que dão direito à isenção estão: AIDS, câncer, cardiopatia grave, esclerose múltipla, doença de Parkinson, fibrose cística, nefropatia grave, hepatopatia grave, hanseníase, cegueira (inclusive monocular), paralisia irreversível e incapacitante, entre outras listadas em lei. Também estão isentos os proventos decorrentes de aposentadoria por acidente em serviço e de moléstia profissional. 

Para solicitar o benefício, no caso dos servidores públicos federais, o aposentado ou pensionista deve apresentar um requerimento administrativo ao órgão responsável, acompanhado de documentos médicos, como atestados e laudos. O pedido é analisado pela Junta Médica oficial e, se deferido, a isenção passa a ser aplicada diretamente no contracheque. Em caso de negativa, é possível buscar o reconhecimento do direito pela via judicial. 

O início da isenção depende da data indicada no laudo médico. Se a doença for anterior à aposentadoria, o benefício conta a partir desta; se adquirida depois, vale da data do diagnóstico. Quando o pedido é feito após o surgimento da doença, o aposentado ou pensionista também pode receber valores retroativos. 

É importante destacar que a legislação não estende o benefício a trabalhadores em atividade. Ele é exclusivo de aposentados e pensionistas.

Ainda que alguns pedidos sejam negados sob a justificativa de que a doença não está mais ativa, o Judiciário tem reiteradamente reconhecido que o direito à isenção deve permanecer, considerando a necessidade de acompanhamento contínuo e os custos que a condição de saúde continua a impor. 

Assim, a isenção de IR representa não apenas um amparo legal, mas também um instrumento de proteção social, contribuindo para garantir mais dignidade e segurança financeira a quem enfrenta doenças graves. 




Valmir Floriano Vieira de Andrade e Luiz Antonio Müller Marques - são advogados e sócios de Wagner Advogados Associados.

Fonte: Wagner Advogados Associados


As 5 competências que diferenciam uma empresária na nova economia

 

O ambiente de negócios nunca foi tão dinâmico. Tecnologia, globalização e mudanças no comportamento do consumidor remodelam o mercado a cada instante. Diante disso, liderar um negócio deixou de ser apenas sobre gestão e conhecimento técnico; tornou-se um exercício de visão, resiliência e, sobretudo, estratégia. 

No Brasil, as mulheres já estão à frente de 34% dos empreendimentos ativos, segundo dados recentes do Sebrae. O número é expressivo, mas revela também um contraste: nem todas conseguem transformar esse protagonismo em posições sólidas de liderança e competitividade. O que separa quem sobrevive de quem se destaca? A resposta passa por cinco competências que, mais do que diferenciais, se tornaram vitais. 

A primeira é a visão estratégica. Não se trata apenas de entender o presente, mas de antecipar tendências, construir metas de longo prazo e se posicionar em um mercado cada vez mais saturado. Quem não olha para frente corre o risco de se tornar irrelevante. 

A segunda é a adaptabilidade. Empresas que resistem a mudar simplesmente desaparecem. Num mundo em que uma atualização tecnológica ou uma mudança no comportamento do consumidor pode virar setores de cabeça para baixo, flexibilidade é questão de sobrevivência. 

Em terceiro lugar, está o uso inteligente da tecnologia. Não é exagero dizer que a digitalização deixou de ser escolha para se tornar condição. A McKinsey já mostrou: companhias que adotam soluções digitais têm 42% mais chances de expandir seu faturamento. O recado é claro — inovar é imperativo. 

Mas não basta dominar processos e ferramentas. A inteligência emocional se tornou um ativo essencial para liderar em meio ao caos. Saber lidar com pressões, motivar equipes e manter a clareza em momentos críticos pode definir o rumo de uma organização. 

Por fim, a construção de redes de conexões genuínas. Não se trata de “networking” vazio, mas de “netweaving”: criar relações de confiança que abrem portas, fortalecem reputações e geram oportunidades. No mundo dos negócios, ninguém avança sozinho. 

Essas cinco competências formam hoje o verdadeiro passaporte para a competitividade feminina na nova economia. Mais do que estatísticas ou discursos de empoderamento, o que sustenta a presença das mulheres no comando de empresas é a soma de estratégia, inovação e relações sólidas. 

Se queremos, de fato, um mercado mais diverso e inovador, é hora de valorizar e fomentar essas habilidades. Afinal, não há transformação econômica possível sem o protagonismo feminino.

 

Tatyane Luncah - empresária há mais de 24 anos, Fundadora e CEO da EBEM, Escola Brasileira de Empreendedorismo Feminino, um ecossistema que desenvolve negócios através de mentorias, imersões, eventos e formação empresarial. Engajada com a Nova Era da Economia Feminina, Tatyane é embaixadora de dezenas de grupos femininos, Articulista do Meio & Mensagem, IstoÉ Mulher e Revista Viva Digital. Suas palestras já impactaram mais de 10 mil mulheres, tanto no Brasil quanto internacionalmente. É coordenadora e coautora das obras: Empreendedoras de Alta Performance (2016); Mulheres do Marketing I (2018); Líderes de Marketing (2019); e Mulheres do Marketing II (2022); que foram premiadas pelo Rank Brasil com o recorde de reunir o maior número de mulheres do marketing e empresárias do País.



Bandeira vermelha encarece a conta de luz, mas geração própria solar ajuda proteger o consumidor, diz ABSOLAR

Segundo a entidade, com a manutenção da bandeira tarifária em setembro, a tecnologia fotovoltaica é parte importante da solução para redução de gastos e aumento de competividade nos setores produtivos

 

Com a manutenção da bandeira vermelha patamar 2 na conta de luz dos brasileiros neste mês de setembro, a mais cara do sistema, conforme anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia se torna ainda mais atrativa para reduzir custos e proteger o consumidor contra a inflação energética.
 
Com a vigência da bandeira vermelha desde julho de 2025, muitos consumidores têm encontrado na geração própria solar um alívio na gestão de gastos com eletricidade nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.
 
De julho até a metade de agosto, 115 mil novas unidades consumidoras passaram a ser abastecidas pela tecnologia fotovoltaica em telhados e pequenos terrenos. Neste período, com os 64 mil novos sistemas instalados, foram gerados mais de 19 mil empregos verdes e de qualidade no País.
 
Além de ser uma energia limpa e sustentável, ao calcular custos e benefícios da geração distribuída, estudo da consultoria Volt Robotics concluiu que a geração própria solar proporciona uma economia líquida na conta de luz de todos os brasileiros de mais de R$ 84,9 bilhões até 2031. Estes benefícios abrangem tanto quem tem quanto quem não tem sistema fotovoltaico instalado em seu imóvel.
 
Atualmente o Brasil possui 42 gigawatts (GW) de potência instalada na geração própria, segundo a ABSOLAR. Desde 2012, a modalidade atraiu ao Brasil mais de R$ 191,1 bilhões em novos investimentos e foi responsável por mais de 1,2 milhão de empregos verdes de qualidade.
 
Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, o avanço da energia solar é reflexo do alto potencial da fonte no Brasil, bem como do amplo apoio popular, com pesquisas que indicam que nove em cada dez brasileiros querem gerar a própria energia limpa e renovável. “Embora o crescimento da energia solar demonstre um protagonismo robusto da fonte na matriz elétrica brasileira, a combinação com baterias trará ainda mais economia, segurança e autonomia aos consumidores, ajudando assim no processo de transição energética no País”, diz.
 
Segundo Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR, a fonte solar também fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e eleva a competitividade dos setores produtivos brasileiros. “Ao aproximar a geração de eletricidade dos locais de consumo, a tecnologia reduz o uso da infraestrutura de transmissão, alivia a pressão sobre os recursos hídricos e ajuda a diminuir as perdas em longas distâncias, o que contribui para a confiabilidade e a segurança em momentos críticos”, conclui Sauaia.


 

Freepik

Investimento envolve custos médicos, hospedagem e logística; especialista explica como famílias se organizam para dar este passo


Ter um filho nos Estados Unidos é um desejo cada vez mais comum entre famílias brasileiras que buscam ampliar oportunidades para o futuro. Além de garantir a cidadania americana automática para o bebê, o nascimento no país oferece vantagens que podem impactar toda a vida da criança e da família, como acesso facilitado à educação, possibilidade de trabalho legal nos EUA, benefícios imigratórios no futuro e mobilidade internacional ampliada.

Segundo Guilherme Vieira, CEO da On Set Consultoria, empresa especializada em imigração e visto americano, o primeiro passo é entender que ter um filho nos Estados Unidos exige planejamento financeiro, logístico e legal. “Muitas famílias acreditam que é um processo inacessível, mas, quando organizado com antecedência, pode se tornar viável”, explica.

Os valores variam conforme o estado, a cidade e o hospital escolhido. Em média, o investimento total gira entre US$ 20 mil e US$ 40 mil (cerca de R$ 110 mil a R$ 220 mil, na cotação atual), incluindo:

  • Despesas médicas: honorários médicos, pré-natal, parto e internação;
  • Custos hospitalares: taxas e equipamentos;
  • Hospedagem: aluguel temporário durante a estadia, geralmente de dois a três meses;
  • Passagens aéreas: da gestante e, em alguns casos, de acompanhantes;
  • Despesas extras: transporte local, alimentação, seguros e documentação.

Vieira ressalta que a preparação vai além dos custos médicos. “É fundamental programar a estadia mínima de 90 dias, considerando a chegada antes do parto e o tempo necessário para emissão da documentação da criança, como a certidão de nascimento americana e o passaporte dos EUA”, detalha.

Outro ponto decisivo é a regularidade da viagem e a seriedade do planejamento. De acordo com as recentes publicações do Departamento de Estado e da Imigração Americana, autoridades consulares têm reforçado que o chamado birth tourism (ou “turismo de parto”) pode levar à negativa de vistos B-1/B-2, quando identificado que o principal objetivo da viagem é exclusivamente dar à luz para garantir a cidadania do bebê. “Não há ilegalidade em ter um filho nos EUA, desde que as regras sejam respeitadas, todas as despesas médicas sejam arcadas e a viagem seja conduzida de forma transparente. O que o governo americano reprova é o ‘jeitinho’, e isso faz parte da cultura americana: agir sempre de forma correta, planejada e legal”, afirma o especialista.

Vieira também reforça que antes de tomar a decisão, as famílias devem analisar fatores como:

  • A estabilidade financeira para arcar com todos os custos médicos e de estadia;
  • O impacto logístico da viagem, considerando o último trimestre da gestação;
  • O tempo de permanência mínima nos EUA até a liberação da documentação da criança;
  • E, principalmente, os objetivos de longo prazo da família em relação à educação, carreira e imigração da criança no futuro.

O investimento traz retornos que se estendem por toda a vida do filho. Além do passaporte americano, que garante acesso a mais de 180 países, a criança terá direito à dupla cidadania (brasileira e americana), podendo usufruir das oportunidades e benefícios de ambos os países. Isso inclui estudar e trabalhar legalmente nos Estados Unidos, além de, quando atingir a maioridade, poder patrocinar pedidos de imigração para os pais e familiares diretos, conforme a legislação vigente.

“Para muitas famílias, trata-se de um projeto de legado. Não é apenas o nascimento em outro país, mas a possibilidade de abrir portas para educação de qualidade, segurança e mobilidade internacional. Mas é essencial destacar: o processo deve ser feito dentro da lei, seguindo as diretrizes do Governo Americano e com responsabilidade. É assim que se constrói um legado sem erros, com ganhos expressivos para todas as partes, tornando-se sólido e duradouro”, finaliza o CEO da On Set.

 

On Set Consultoria Internacional


People Analytics: como transformar dados em estratégia?

 

As pessoas são o principal capital que as organizações têm e, em tempos de crise, se tornam peças-chave para solucionar desafios. Por isso, a análise de seus indicadores, desde a aprendizagem inicial até a curva de desempenho, é uma ação de extrema importância. É nesse contexto que o People Analytics ganha protagonismo, tanto na gestão de pessoas quanto em tomadas de decisões estratégicas. Mas, será que as empresas compreendem, de fato, como transformar dados em estratégia?

Não é novidade que o RH deixou, há muito tempo, de ser uma área meramente operacional e burocrática, focada apenas em folha de pagamento e rotinas administrativas. Sua participação tem se tornado, cada vez mais, um agente estratégico para o crescimento da companhia. Neste sentido, o People Analytics é um recurso que contribui para este movimento de transformação do setor, uma vez que se trata de uma abordagem que, com base nos dados dos colaboradores, torna possível entender o perfil das pessoas que trabalham na organização, identificar pontos fortes e fracos, bem como localizar gargalos que prejudicam o crescimento da empresa.

Olhar esses indicadores permite não apenas conhecer melhor a equipe, mas também mensurar a satisfação do colaborador e analisar se há diversidade do time, ou seja, se há equilíbrio entre gêneros, etnias entre outros fatores. Ter esse conhecimento é o que contribui para que a organização aplique medidas que garantam desde uma maior retenção de talentos, até promover um melhor clima organizacional.

Como prova do impacto do People Analytics, uma pesquisa da HR Strategy mostrou que 67% das empresas que utilizam a ferramenta já perceberam ganhos na retenção de talentos e redução da rotatividade. Isso mostra que investir na análise de dados não é mais algo opcional, mas essencial para garantir a sobrevivência do negócio. Não à toa, outro estudo do Infojobs com 520 profissionais de RH revelou que 95,5% dos entrevistados consideram essencial ou muito relevante o uso de informações estruturadas para melhorar processos e construir experiências.

Corroborando ainda mais com esta tendência, um levantamento do LinkedIn com mais de 7 mil profissionais consultados em 35 países indicou que 73% das companhias pretendem priorizar soluções de análise comportamental e de movimentação de funcionários nos próximos cinco anos.

Os estudos citados ajudam a elucidar que o analytics, sem dúvidas, é o recurso com maior capacidade de mudar as realidades organizacionais. Isso é, de nada adianta investir em estratégias, sem conhecer, a fundo, o seu negócio. Em se tratando das equipes, analisar os indicadores de cada membro é crucial, uma vez que, mesmo diante da atual era da transformação digital, as pessoas continuam sendo o centro do negócio.

No entanto, mesmo diante dos ganhos e vantagens do People Analytics, em muitas empresas, ainda falta adquirir maturidade neste tema. A pesquisa da HR Strategy também apontou que, das empresas que utilizam a análise de dados, 27% ainda dependem de planilhas e 23% operam com funcionalidades limitadas nos sistemas. Isso mostra o desafio ainda enfrentado pelas organizações em utilizar o máximo potencial deste recurso.

É preciso enfatizar que nenhuma solução consegue sozinha mudar a realidade da companhia. Para isso, é necessário que a empresa abandone hábitos errôneos e esteja aberta a mudança de mindset. Certamente, essa não é uma tarefa fácil, sendo assim, ter o apoio de uma consultoria especializada não apenas no sistema, mas em executar análises comportamentais, bem como financeiras, métricas de ganhos e perdas, é um importante diferencial na hora de transformar dados em estratégias.

Em um mercado que exige agilidade e precisão, as análises e interpretações erradas de dados se tornam um luxo que nenhuma empresa pode mais se dar. O People Analytics, embora não seja uma ferramenta nova, continua se mostrando um recurso indispensável para promover uma melhor gestão de custos e equilíbrio entre os membros da equipe. Afinal, as pessoas são o centro do negócio e, quando bem monitoradas, garantem o crescimento da organização.

 

Alexandre Kuntgen - Partner da SolvePlan.

SolvePlan

 

5 motivos para colocar Neuquén na sua lista de viagens

As termas de Copahue, no Parque Provincial Copahue-Caviahue.
 Crédito: divulgação


Entre lagos cristalinos, vulcões ativos, dinossauros gigantes e vinhos, a província de Neuquén surge como um destino surpreendente na Patagônia argentina. Menos explorada que outras regiões da área, oferece experiências que combinam aventura, natureza, história e cultura em um só roteiro. 

 

Aqui estão cinco motivos para você incluir Neuquén em sua próxima viagem:

 

A Rota dos Sete Lagos  


O caminho que liga Villa La Angostura a San Martín de los Andes é uma das rotas mais bonitas da Argentina. Ao longo de cerca de 110 km, o viajante encontra sete lagos principais: Lácar, Machónico, Falkner, Villarino, Escondido, Correntoso e Espejo. O passeio pode ser feito de carro, moto, bike ou em excursões guiadas. Em qualquer caso, a sensação é a de atravessar um cenário de filme, com paisagens que mudam a cada curva.  

 

Esqui em vulcão ativo 


Na estação de esqui em Caviahue, a aventura ganha contornos únicos: as pistas ficam aos pés do vulcão Copahue, ainda ativo. Além da adrenalina da neve, o cenário vulcânico torna a experiência inesquecível.  

 

Termas de Copahue 


As águas termais de Copahue são famosas por suas propriedades terapêuticas. Localizadas dentro do Parque Provincial Copahue-Caviahue, oferecem fontes naturais, banhos de lama, vapor e algas em meio a uma paisagem de vulcão e montanhas. É um destino que combina relaxamento, saúde e natureza selvagem.  

 

Vinhos 


Neuquén pode ser considerada uma das regiões vitivinícolas mais novas do mundo, praticamente surgida no século XXI. Suas vinícolas modernas, com foco em tecnologia e qualidade, produzem rótulos premiados, principalmente de uvas Pinot Noir e Merlot. Os vinhedos estão concentrados no centro oeste da província de Neuquén, com clima frio e seco, ideal para vinhos elegantes. A “rota do vinho” da região já atrai viajantes interessados em enoturismo e experiências gastronômicas harmonizadas.  

 

Turismo Paleontológico  


Na região da cidade de Neuquén, capital da província homônima, é possível fazer uma Rota Neuquina dos Dinossauros, em um local com enorme quantidade de fósseis, museus e exibições que a tornam o circuito paleontológico mais importante da América do Sul. No total, são 17 regiões naturais da Argentina que conferem experiências e aventuras singulares para se descobrir. 

 

Bônus: menor fluxo turístico 


O destino recebe menos turistas em comparação a outras áreas da Patagônia. Isso significa estradas mais tranquilas, cidades e vilarejos menos cheios, além de maior contato com a natureza sem grandes aglomerações. O ritmo mais calmo permite que visitantes explorem a região de forma independente e aproveitem as paisagens, os lagos e os parques com maior privacidade e menos interferência urbana. 

 

Neuquén

O vasto distrito de Neuquén, localizado na Patagônia argentina, com uma extensão territorial de 94.078 km², possui a maior superfície de neve do país e é permeado por majestosas montanhas, vulcões ativos e inativos, termas medicinais, lagos imponentes, bosques, vinhedos, entre outros inúmeros espetáculos que a farta natureza local oferece. A província é um prato cheio para amantes de esportes radicais e natureza, mas também de gastronomia, turismo rural, bem-estar, viagem a dois ou em família. Sua capital homônima, fundada em 1904 e com atualmente aproximadamente 300 mil habitantes, é a cidade mais povoada da Patagônia e um importante centro econômico e cultural. Outras atrações importantes da província incluem San Martin de los Andes, Chapelco, Vila Angostura, Vila Traful, Rota dos Sete Lagos, Caviahue, Lago Hermoso.

Para mais informações, acesse: https://turismo.neuquen.gob.ar/

 

Interamerican Network


Desempenho dos pequenos negócios incentiva crescimento do PIB, destaca Sebrae

O Produto Interno Bruto do país avançou 0,4% no 2º trimestre, segundo o IBGE, com alta de 0,6% no setor de Serviços, onde as MPEs são protagonistas


O Produto Interno Bruto do país avançou 0,4% no 2º trimestre, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao 2º trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%. O presidente do Sebrae, Décio Lima, celebrou o crescimento e destacou o papel dos pequenos negócios. 

“Em julho, os pequenos negócios foram responsáveis por oito em cada 10 empregos gerados no país. É um apoio essencial no fortalecimento da economia nacional”, disse o presidente do Sebrae. “Representamos 27% do PIB e mais da metade da mão de obra formal do país. O aumento do PIB é um dos resultados do trabalho integrado coordenado pelo governo federal, e os pequenos negócios são parte fundamental desse sucesso”, analisa. 

No total, o PIB somou R$ 3,2 trilhões no trimestre, alcançando o maior nível da série histórica iniciada em 1996. Nos Serviços, onde pequenas e médias empresas são protagonistas, apresentaram crescimento as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (2,1%), informação e comunicação (1,2%), transporte, armazenagem e correio (1,0%), outras atividades de serviços (0,7%) e atividades imobiliárias (0,3%). 

Pela ótica da produção, houve alta nos Serviços (0,6%) e na Indústria (0,5%) Foi justamente o setor de Serviços o principal gerador de novos postos de trabalhos entre as MPEs em julho. 

“Em 2025, a abertura de novos pequenos negócios segue forte, com mais de 3 milhões de novos empreendimentos até julho, sendo 77% MEIs. Isso reflete o dinamismo e a capacidade de adaptação desses empreendedores. O envolvimento ativo do Sebrae em políticas de capacitação, inovação e acesso a crédito tem estimulado o empreendedorismo orientado à oportunidade”, conclui o presidente. 

A estabilidade na taxa Selic e a expectativa de redução gradual dos juros, a partir de 2026, aumentam a confiança dos empreendedores e consumidores, o que potencializa o consumo e o investimento em pequenos negócios. De acordo com o presidente do Sebrae, o estímulo à capacitação dos empreendedores se torna ainda mais relevante. 

“Vamos promover ainda mais a inovação tecnológica, o acesso a mercados digitais e a formação de redes de colaboração entre micro e pequenos empreendedores. Só assim conseguiremos oportunidades de crescimento sustentável e a promoção do desenvolvimento social e econômico, com uma visão integradora que valorize o papel fundamental dos pequenos negócios na economia inclusiva do Brasil”, afirma.


Calor pode inviabilizar cultivo de alface em campo aberto no Brasil até o fim do século

 

Lavoura de alface da cultivar BRS Mediterrânea
 em São José do Rio Pardo (SP).
 Foto: Rodrigo Baldassim

  • Cenários de clima futuro indicam risco alto ou muito alto para cultivo de alface em campo aberto até o fim do século.
  • Embrapa desenvolve mapas de risco climático com base em dados do INPE e projeções do IPCC.
  • Calor excessivo pode causar desordens fisiológicas graves na alface, como florescimento precoce e morte da planta.
  • Cultivares mais resistentes ao calor e sistemas de cultivo protegidos estão entre as alternativas apontadas.
  • Nova fase da pesquisa usará dados mais precisos e inteligência artificial para ampliar mapeamentos.

 

Plantar alface ao ar livre no Brasil pode se tornar cada vez mais difícil nas próximas décadas. Isso é o que revelam mapas de risco climático elaborados por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF), com base em projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em modelos utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Os dados indicam que, até o fim do século, praticamente todo o território brasileiro enfrentará risco alto ou muito alto para a produção da folhosa mais consumida pelos brasileiros. 

A pesquisa considerou dois cenários climáticos: um otimista, com controle parcial das emissões de gases de efeito estufa, e outro pessimista, em que as emissões continuam crescendo até 2100. Em ambos, as perspectivas não são animadoras para o cultivo tradicional da hortaliça. O verão é a estação mais crítica, com temperaturas que podem ultrapassar os 40°C em boa parte do País — patamar bem acima do ideal para o desenvolvimento da alface, que exige clima ameno e umidade equilibrada. 

“Compreender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface, em um país tropical como o Brasil, é essencial para desenhar estratégias de adaptação. Isso permite antecipar impactos e evitar prejuízos”, explica o engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador em Mudanças Climáticas Globais da Embrapa. 

Diante disso, as duas principais frentes de atuação da pesquisa têm sido o desenvolvimento de cultivares de alface com maior tolerância ao calor e de sistemas de produção para garantir a sustentabilidade do cultivo diante de condições climáticas adversas. Entre os exemplos estão os sistemas regenerativos, que restauram a fertilidade do solo e a biodiversidade - como o sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH) e o cultivo orgânico com compostagem e uso de bioinsumos; e os sistemas adaptados ao clima, que utilizam tecnologias e estratégias para evitar perdas por estresses climáticos - como o cultivo em ambientes protegidos ou controlados e o zoneamento agroclimático.

 

Projeções até 2100: cenário de alerta 

Os mapas de risco climático foram construídos a partir da base de dados ‘Projeções Climáticas’, do Inpe, com resolução espacial de 20 km². O modelo dinâmico ETA, já validado para o Brasil e América Latina, foi utilizado para projetar o comportamento da temperatura (mínima, média e máxima) em diferentes estações do ano, ao longo de quatro intervalos de tempo: até 2040, de 2041 a 2070, de 2071 a 2100, e o período histórico de 1961 a 1990, como referência. 

Para simular cenários futuros, os pesquisadores utilizaram os Caminhos de Concentração Representativos (RCPs, na sigla em inglês), criados pelo IPCC. O cenário otimista adotado foi o RCP 4.5, com aumento de temperatura global entre 2°C e 3°C até 2100. Já o cenário pessimista foi o RCP 8.5, com elevação de até 4,3°C e emissões de gases de efeito estufa em crescimento contínuo.

Os dados mais alarmantes aparecem nas projeções para o verão entre 2071 e 2100. No melhor cenário (RCP 4.5), 79,6% do território nacional apresenta risco climático alto para a alface em campo aberto, e 17,4% apresenta risco muito alto. Já no pior cenário (RCP 8.5), 87,7% do território entra na categoria de risco muito alto, e apenas 11,8% permanece com risco alto. 

“Os mapas evidenciam a urgência de pensarmos em sistemas produtivos adaptados ao clima, especialmente para hortaliças, que são mais sensíveis do que as grandes culturas como milho ou soja”, destaca Pacheco.

 

Os cenários futuros para o clima 

“Nós utilizamos um cenário otimista e outro pessimista para verificar qual seria o nível de comprometimento das regiões produtoras de alface em função do aumento da temperatura ao longo do tempo”, explica Pacheco. O cenário otimista utilizado é o RCP 4.5 (mapa abaixo), que considera um aumento da temperatura global entre 2°C e 3°C e emissões estáveis de gases de efeito estufa até 2100. Para fins de comparação, também foram gerados mapas a partir dos dados do pior cenário projetado para as mudanças do clima – o RCP 8.5. Nesse cenário pessimista, a previsão é que as emissões de GEE sigam em elevação e haja um aumento da temperatura em 4,3°C até o fim do século. 

A avaliação dos pesquisadores também considerou quatro intervalos de tempo para acompanhar a evolução da inviabilidade de plantar alface em campo aberto no País com o passar das décadas. Os períodos mapeados vão do momento atual até o fim do século, sendo divididos em: dias atuais até 2040, de 2041 a 2070, e de 2071 a 2100. Todos esses intervalos foram comparados com o período histórico que, no modelo utilizado, corresponde à era pós-industrial, de 1961 a 1990.

 


Do melhor ao pior cenário 

Considerando o fim deste século, a consulta aos mapas de temperatura máxima projetada mostra que no verão - a estação do ano mais desafiadora para o plantio da folhosa em campo aberto, em função do calor e das chuvas – o melhor cenário (RPC 4.5) indica que todas as regiões do Brasil apresentam risco climático alto, com exceção de uma área diminuta no Sul do País, com risco moderado indicado pela cor azul. No pior cenário projetado para o verão (RCP 8.5), o território brasileiro é todo tomado pela cor vermelha, como indicativo o risco climático muito alto, somente com a faixa litorânea pintada de amarelo para apontar o risco alto (mapa abaixo).

 

  

Os mapas gerados para a cultura da alface consideram as temperaturas (máxima, mínima e média) para cada cenário futuro, apontando em quais regiões o cultivo ficaria prejudicado e demandaria novas tecnologias para permanecer viável. “Os mapas tornam mais fácil a visualização do impacto da temperatura na cultura da alface e evidencia a urgência em se pensar não mais sobre mitigação, e sim sobre adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças do clima”, enfatiza Pacheco. 

Ainda no intervalo de tempo de 2071 a 2100, para a estação do verão, o cenário RCP 4.5 mostra uma faixa de temperatura que vai de 23,4°C a 41,2°C. No cenário RCP 8.5, os valores vão de 25,4°C a 45°C. “Do ponto de vista evolutivo, a alface depende de temperatura amena e boa umidade para se desenvolver plenamente. Esses números projetados são preocupantes porque a adaptação da espécie às altas temperaturas é mínima, especialmente se considerar que as sementes de alface exigem temperaturas inferiores a 22°C para haver germinação”, explica o engenheiro-agrônomo Fábio Suinaga, pesquisador em Melhoramento Genético da Embrapa Hortaliças. 

Ao antever os cenários futuros, as pesquisas da Embrapa priorizam materiais genéticos mais tolerantes ao calor. “Temos atualmente em nosso portfólio cultivares com diferentes mecanismos para resistir melhor ao calor, como a alface BRS Mediterrânea que, por ser mais precoce, fica menos dias no campo até obter um padrão comercial, ficando menos exposta às oscilações da temperatura”, esclarece Suinaga. Ele ainda destaca que o sistema radicular vigoroso da cultivar contribui para o aproveitamento de água e nutrientes do solo, indicando também uma potencial tolerância ao estresse hídrico. 

O produtor rural Rodrigo Baldassim, de São José do Rio Pardo, em São Paulo, atesta as vantagens da alface BRS Mediterrânea: “atualmente essa cultivar representa 80% do material de alface crespa que eu planto. Ela é meu carro-chefe por conta de aguentar melhor as altas temperaturas quando se compara com outros materiais comerciais”. Ele ainda enumera outras vantagens da cultivar, especialmente para quem comercializa pelo quilo: “essa alface entrega maior volume de folhas com padrão comercial, demora mais para pendoar e não tem queimadura de borda”.

 

As próximas fases da pesquisa 

Há carência de estudos sobre o impacto de cenários climáticos futuros para hortaliças, tanto no Brasil quanto no mundo. “Geralmente esse tipo de levantamento considera somente grandes culturas como milho e soja. Contudo, as hortaliças são espécies mais vulneráveis às altas temperaturas que os grãos”, pontua Pacheco. 

Há também um predomínio de análises dos impactos do ponto de vista econômico e, para o pesquisador, as dificuldades impostas pela crise climática na produção de hortaliças dialogam muito com desafios acerca de segurança e soberania alimentar – em estreita relação com o conceito de Saúde Única (veja quadro no fim desta matéria). 

Os mapas de risco climático são ativos cartográficos que integram um estudo de vanguarda sobre inteligência climática para subsidiar as pesquisas com hortaliças. Eles estão disponibilizados na Geoinfo, a plataforma de gestão da informação geoespacial na Embrapa. “É preciso olhar para esses mapas e seus dados como uma ferramenta estratégica para o delineamento de novas pesquisas em resposta à crise climática”, opina Pacheco. 

Os próximos passos do mapeamento incluem o uso de uma base de dados com resolução espacial 20 vezes mais precisa – a WorldClim – e um conjunto de modelos usados no Sexto Relatório de Avaliação (AR6), o mais recente lançado pelo IPCC. Os novos mapas para a cultura da alface irão considerar como parâmetros os índices de precipitação e a necessidade hídrica da cultura em diferentes cenários futuros. 

“A expectativa é expandir o mapeamento para outras espécies de hortaliças, como tomate, batata e cenoura, em função da importância socioeconômica e da sensibilidade desses cultivos ao clima”, adianta Pacheco, que também tem adotado o uso de inteligência artificial para automatizar o processo de geração dos mapas de risco climático a fim de obter maior escala e agilidade no desenvolvimento dos estudos.

 

Desordens causadas por altas temperaturas 

A queima de borda, também conhecida como tipburn, é uma desordem relacionada à deficiência do mineral cálcio nas folhas, responsável pela manutenção da integridade das células das plantas. Em condições climáticas desfavoráveis como altas temperaturas e excesso de umidade, como acontece nos cultivos de verão, as folhas crescem rapidamente e o deslocamento de cálcio na planta fica comprometido, o que ocasiona manchas escuras na borda das folhas.

No caso do florescimento (ou pendoamento) precoce, temperaturas médias acima de 25º Celsius causam estresse climático na planta, o que faz com ela emita o pendão de forma antecipada para iniciar a produção de sementes. Com isso, a alface perde qualidade e o padrão comercial, pois há o alongamento do caule, a redução do número de folhas e maior produção de látex, uma substância que confere o sabor amargo à alface.

 

O que é Saúde Única? 

É uma abordagem integradora que reconhece a interdependência entre a saúde dos seres humanos, dos animais domésticos e selvagens, das plantas e dos ecossistemas. Traduzido do termo “One Health” (OH), cunhado pela Organização Mundial da Saúde, o conceito incentiva uma visão múltipla entre disciplinas e instituições para o alcance de soluções mais abrangentes e efetivas para desafios globais complexos que ameaçam a saúde como um todo

 

Posts mais acessados