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quarta-feira, 2 de julho de 2025

ESTUDO INÉDITO REVELA QUE IA DEVOLVE ATÉ 2H30 POR DIA E TORNA O TRABALHO MAIS ESTRATÉGICO

 Pesquisa da Alice mostra que a IA melhora produtividade, bem-estar e engajamento; falta de capacitação é desafio

 

A inteligência artificial (IA) deixou de ser promessa e já transforma profundamente a rotina profissional, mudando a forma como priorizamos tarefas, gerenciamos o tempo e cuidamos da saúde mental e física no trabalho. De acordo com a 4ª edição do Pulso RH, estudo realizado pela Alice em parceria com BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, iFood Benefícios e Grupo Fleury, 65% dos trabalhadores afirmam que o uso das ferramentas de IA tornou suas atividades mais estratégicas, ao mesmo tempo em que ampliou sua satisfação e engajamento no trabalho. Entre os profissionais que utilizam essas tecnologias diariamente, o índice sobe para 77%.  

Os profissionais que relatam maior impacto da IA na rotina destacam ganhos de eficiência: 41,7% apontam a otimização de tarefas repetitivas como uma forma de dedicar mais tempo a atividades estratégicas e criativas. Outros 41,4% dizem ter ampliado o escopo de suas funções com o apoio da tecnologia, enquanto 31,7% relatam uma gestão de tempo mais eficiente, com reflexos diretos na produtividade e qualidade do trabalho. 

A IA também libera tempo na agenda dos profissionais: para 58,6% dos entrevistados, o uso da tecnologia permitiu economizar mais de 30% do tempo que gastariam com tarefas operacionais. Na prática, isso representa 2h30 por dia, em média, que garantem maior produtividade, performance e, eventualmente, progressão na carreira – já que, para 50,2% dos entrevistados que usam IA, o tempo extra é direcionado a estudos e aquisição de conhecimento. Além disso, 41,2% dedicam o tempo extra à família e 34% ao cuidado com a saúde.  

“A inteligência artificial não é só uma questão de eficiência, mas redefine o papel das pessoas no trabalho. Ao assumir tarefas operacionais, a tecnologia permite que profissionais atuem de forma mais estratégica, criativa e conectada com o propósito da organização. O desafio das lideranças e do RH é garantir que essa transição seja feita com responsabilidade, com foco em cultura, capacitação e saúde”, destaca Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice.

 

IA impulsiona hábitos saudáveis e qualidade de vida no trabalho 

Além dos ganhos em produtividade, o estudo aponta uma possível relação entre o uso da IA e melhorias na saúde física e hábitos dos profissionais. Entre os usuários da tecnologia, a prática regular de exercícios físicos é 14% maior, a alimentação saudável aumenta 14,5%, o cuidado com o sono sobe 39,6% e a realização de exames de rotina é 22,7% mais frequente, comparado a quem não utiliza as ferramentas. “A IA bem aplicada pode ser uma alavanca de bem-estar. Nossa hipótese é que, ao reduzir o cansaço mental e dar mais previsibilidade à rotina, ela cria espaço para decisões mais conscientes sobre saúde e autocuidado. Quando o tempo deixa de ser escasso, as pessoas podem priorizar o que realmente importa e isso se traduz em escolhas mais saudáveis no dia a dia”, afirma a CHRO. 

A executiva conta ainda que, na Alice, a inteligência artificial já é parte do dia a dia do RH. “Automatizamos fluxos como onboarding, gestão de performance, people analytics e até aplicamos IA na leitura de e-mails e organização de tarefas. Como resultado, temos menos burocracia e mais tempo para cuidar das pessoas de forma estratégica”, explica Sarita.

 

Desafio de capacitação 

Entretanto, a pesquisa identifica obstáculos importantes para a adoção massiva da IA nas empresas brasileiras. Entre os que não utilizam as ferramentas, 82% afirmam que suas organizações não oferecem treinamentos adequados, 63,8% apontam dificuldades em entender como a IA pode ser útil no dia a dia e 60,2% dizem não ter tempo para aprender. 

“O maior desafio hoje não é ter acesso à tecnologia, mas sim desenvolver as habilidades para usá-la de forma crítica e ética. O RH precisa ser parceiro nessa jornada, criando ambientes seguros para aprender, testar e evoluir. Na Alice, promovemos espaços ativos de experimentação, como o AI Day, onde diferentes áreas se reúnem para resolver problemas reais com IA. Isso acelera o aprendizado e coloca a inovação na mão de quem vive o dia a dia da operação”, ressalta a executiva. 

A pesquisa evidencia que o uso da inteligência artificial no trabalho vai além da automação: ela impacta diretamente na forma como as pessoas produzem, se engajam e pode ainda mudar a forma como cuidam da própria saúde. “O que os dados mostram é que a IA, quando bem implementada, deixa de ser apenas uma ferramenta operacional e passa a ser um elemento estratégico na gestão de pessoas. O RH precisa atuar como catalisador dessa mudança, garantindo não só acesso à tecnologia, mas também preparo e contexto para que ela gere valor real no trabalho das pessoas”, finaliza Sarita. 

A pesquisa completa está disponível para download por meio desse link: https://alice.com.br/evento-pulso-rh 

 

Perfil da pesquisa

O Pulso RH é um estudo longitudinal que acompanha tendências e transformações nas relações entre RH e colaboradores no Brasil. Na 4ª edição, realizada entre 19 de março e 9 de abril de 2025, foram ouvidos 2.023 profissionais de todas as regiões do país, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais. A amostra é composta por 52,5% de mulheres e concentra-se em profissionais entre 30 e 49 anos (52,7%), abrangendo todas as regiões brasileiras, com destaque para o Sudeste (41,9%) e Nordeste (23,9%).


A retomada do agronegócio e da indústria de máquinas necessita de um Plano Safra robusto

O setor de máquinas e implementos agrícolas inicia 2025 com sinais claros de recuperação. Após um ano desafiador em 2024, começamos a colher os frutos de uma retomada consistente. No acumulado do primeiro quadrimestre, o faturamento do setor já supera os resultados do mesmo período do ano anterior, impulsionado pelos quatro meses consecutivos de alta nas vendas. 

Outro indicador relevante é o emprego: já somamos mais de 119 mil pessoas ocupadas no setor, resultado de um aumento de 2,4% no acumulado do ano.

 E se os números do primeiro quadrimestre já apontavam um horizonte mais otimista, a 30ª edição da Agrishow confirmou essa tendência. A maior feira de tecnologia agrícola da América Latina fechou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios, um crescimento de 7% em relação ao ano passado. Um recorde que, sem dúvida, mostra a força e a resiliência do agro brasileiro, além do apetite dos produtores, de todos os perfis, pela modernização e adoção de tecnologia. 

No entanto, é fundamental deixar claro: intenções de negócios não são contratos assinados e a concretização desses negócios e a manutenção desse ritmo de crescimento dependem diretamente das condições de financiamento que serão oferecidas no próximo Plano Safra. Sem financiamento, sem crédito adequado, uma parte significativa desses pedidos não será convertida em vendas efetivas. 

O crédito rural é, historicamente, o principal instrumento de modernização da agricultura brasileira. Ele viabiliza a aquisição de máquinas, tecnologias e implementos que aumentam a produtividade, reduzem custos e tornam o nosso agro mais sustentável e competitivo. E isso vale tanto para o grande produtor quanto para a agricultura familiar, que tem se mostrado cada vez mais presente e relevante nas grandes feiras e no mercado de máquinas. 

Porém, hoje, enfrentamos um cenário de juros elevados, que impactam diretamente a decisão de investimento no campo. Mesmo com demanda aquecida, muitos produtores postergam ou cancelam suas compras por falta de condições de financiamento. Esse gargalo não afeta apenas quem planta e colhe, mas repercute em toda a cadeia industrial, na geração de empregos, na arrecadação e no desenvolvimento econômico do país. 

Portanto, é fundamental que o governo apresente um Plano Safra contemple recursos suficientes, linhas específicas para renovação da frota, modernização tecnológica e condições de financiamento que sejam compatíveis com a realidade do produtor. Mais do que nunca, é necessário garantir taxas de juros acessíveis, que permitam transformar as intenções de negócios em máquinas no campo, tecnologia nas lavouras e desenvolvimento na prática. 

O agro brasileiro já provou, mais de uma vez, sua capacidade de liderar a economia do país. A indústria de máquinas está pronta para atender essa demanda, gerando empregos, inovação e desenvolvimento. Mas essa engrenagem precisa de combustível. E esse combustível, sem dúvida, é o crédito rural fortalecido por um Plano Safra à altura dos desafios e das oportunidades que temos pela frente. 

Seguimos, até aqui, com a previsão de crescimento de 8,2% no faturamento deste ano, frente a 2024. Contudo, há um viés de alta, desde que tenhamos instrumentos de política agrícola à altura das necessidades do setor. O desempenho da Agrishow deixou claro que há demanda, há vontade de investir e há tecnologia disponível. O que precisamos, agora, é que o financiamento acompanhe essa realidade. 

O agro brasileiro não para. E a indústria de máquinas agrícolas segue firme, pronta para atender desde a agricultura familiar até os grandes produtores, com soluções tecnológicas que aumentam produtividade, eficiência e sustentabilidade. A decisão, neste momento, está nas mãos das autoridades responsáveis por definir os rumos do crédito rural.

 

Pedro Estevão – Diretor de relações institucionais na Jacto S/A, membro do Conselho Administrativo da ABIMAQ e presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ.


Após escalada em três meses, endividamento e inadimplência estabilizam em São Paulo em junho, calcula FecomercioSP

Inflação e juros altos desequilibram controle do orçamento doméstico na capital, mas mercado de trabalho aquecido regula contas das famílias

 

Depois de disparar de fevereiro em diante, a relação das famílias paulistanas com as dívidas se estabilizou em junho, mostra a Pesquisa do Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Sete em cada dez lares (71,4%) estão endividados e 21,6% convivem com contas atrasadas. Ainda há um total de 9% sem condições de pagar as dívidas — em maio, as taxas eram de 71,2%, 21,7% e 9,1%, respectivamente.  

No total, havia quase 3 milhões de famílias endividadas na capital paulista em junho, das quais 882,8 mil estavam inadimplentes.

 

Na leitura da FecomercioSP, vários fatores explicam o contexto endividado das famílias paulistanas, como a inflação. Em um ano, os preços acumulam alta de 6% na cidade, segundo o IBGE, o que fez com que muitas perdessem o controle do orçamento doméstico. 

 

Quando isso acontece, a saída é sempre o crédito como complemento da renda. Os juros altos contribuem para essa situação — a Selic foi a 15% ao ano (a.a.) na última reunião do Copom, do Banco Central (BC), segunda maior taxa nominal do mundo.

 

Na verdade, como o mercado de trabalho segue aquecido (o desemprego foi de 5,8% no primeiro trimestre na capital, o menor resultado da série histórica do IBGE), serve como um freio para um endividamento mais profundo e capilarizado. Um terço dos lares (32,7%) diz que está pouco endividado. Mas, ainda assim, os dados da Federação mostram que somente isso não é suficiente para estancar o fenômeno.

Não é à toa que o endividamento subiu entre as casas cujos rendimentos são menores que dez salários mínimos — ou seja, estratos baixos e médios. A taxa em junho foi de 76%, a maior desde janeiro de 2023. 

Esses lares são mais suscetíveis a momentos como esse, dependendo de crédito complementar.

 

[GRÁFICO 1]

Famílias inadimplentes na Cidade de São Paulo (2023–2025)

Fonte: FecomercioSP




 [GRÁFICO 2]

Famílias sem condições de pagar as dívidas na Cidade de São Paulo (2023–2025)

Fonte: FecomercioSP



 

A pesquisa ainda aponta que alguns aspectos que abrangem o fenômeno do endividamento e da inadimplência retraíram em junho. Um deles, por exemplo, é o tempo comprometido com dívidas não atrasadas, que, agora, ficou em 7,2 meses. Em maio, eram 7,4 meses, enquanto no mês anterior chegou a 7,6. No entanto, vale observar como as despesas de curto prazo (até 3 meses) cresceram e, hoje, formam as contas de 29,7% entre as famílias endividadas. É outra indicação de descontrole financeiro imediato.

 

Mais do que isso, houve até uma redução no prazo de atraso das despesas que estão atrasadas (de 62,7 para 61,6 dias). Mas isso pode significar, se lido em paralelo à disparada da inadimplência, a chegada de novos lares ao grupo. Para a FecomercioSP, se a inflação seguir alta nos próximos meses, é esperado que haja uma migração para os períodos de atraso mais longos já nas pesquisas seguintes.

Isso se explica pelo fato de grande parte das dívidas na cidade serem de cartão de crédito: 78,6% das famílias endividadas citam essa fatura como a despesa a ser paga no horizonte próximo. Financiamentos imobiliários (15,7%) e os de carros (11,3%) são os outros dois tipos mais comuns de despesas. 

 

[GRÁFICO 3]

Famílias endividadas na Cidade de São Paulo (2023–2025)

Fonte: FecomercioSP



 

Por outro lado, o montante da renda comprometida com dívidas segue em baixa histórica. Em junho, 27,7% dos rendimentos dos lares em São Paulo estavam direcionados para pagar contas do tipo. Em fevereiro, esse número ainda passava dos 29%. Trata-se do menor nível desde fevereiro de 2015, o que vai na contramão da análise do descontrole financeiro.

 

[TABELA 1]

Tempo do atraso da dívida (entre famílias com contas atrasadas)

Junho de 2025

Fonte: FecomercioSP



 

[TABELA 2]

Tempo de comprometimento com uma dívida (entre famílias endividadas)

Junho de 2025

Fonte: FecomercioSP



O quadro é preocupante. Embora o mercado de trabalho evite um endividamento mais amplo, a inflação segue alta e, com os juros elevadíssimos, a tendência é que o poder de compra seja cada vez mais corroído. Essa é a receita para que as famílias se desequilibrem e entrem no grupo dos inadimplentes.

 


FecomercioSP
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"A culpa é do CEO": até onde isso é verdade?

No tabuleiro de xadrez corporativo, a peça do CEO, muitas vezes, é a que cai primeiro. Afinal, quando uma empresa enfrenta cenários difíceis como uma crise, queda nos lucros ou um projeto que fracassa, é a cabeça deste executivo que costuma ficar na mira como o culpado pela situação. É claro que alguns erros podem levar à demissão de um profissional, porém, em uma cadeira tão importante como essa para comandar o sucesso do negócio, ter uma gestão mais rígida nesse sentido pode dificultar seu progresso e conquistas, algo que precisa ser repensado para aquelas que quiserem alcançar resultados cada vez melhores.

A famosa frase de que “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” se encaixa perfeitamente ao CEO. Isso porque, se alguma meta é batida pelas equipes, a boa liderança e comando por parte deste executivo é celebrada. Entretanto, se um prejuízo é notado, ele é quem costuma ser o primeiro questionado e responsabilizado pela falha. Uma saia justa de todos que ocupam essa ponte solitária da pirâmide.

Para piorar, segundo uma pesquisa da Harvard Business Review, 55% dos CEOs reconhecem vivenciar crises moderadas, porém significativas, de solidão. Ou seja, além de muitos não sentirem que têm uma rede de apoio internamente em sua jornada, o fato de estarem inseridos em um ambiente corporativo com uma cultura organizacional rígida que não tolera o erro cria enormes barreiras para a progressão empresarial, gerando receios em estabelecer estratégias e processos diferentes que possam gerar danos bastante negativos que levem à sua demissão.

Se uma organização deseja registrar bons resultados, seu mindset de gestão deve ser o oposto, permitindo e incentivando que o CEO inove, arrisque e tente, mesmo sabendo da possibilidade de que não dê certo. Uma cultura que estimula o risco em função de resultados extraordinários e busca alternativas para isso, sabendo que terão acertos ou erros, pode registrar um crescimento muito mais significativo e destaque frente aos concorrentes.

Assim, mesmo que, no final do dia, o executivo acabe, de fato, sendo cobrado pelo que pode não ter sido o resultado esperado, ainda haverá uma maior chance de que construa estratégias e resoluções mais eficazes em conjunto com suas equipes, sem barrar ideias criativas por medo de fortes represálias. Algo que deve ser alinhado com máxima clareza e transparência desde o primeiro contato entre as partes.

Ao mesmo tempo em que existem executivos com um perfil mais audacioso, sempre há aqueles mais conservadores em suas tomadas de decisão. Nenhum deles está mais certo do que o outro, uma vez que cada um encontrará um ambiente mais propício e adequado ao seu estilo para que se sinta confortável em realizar suas funções.

Por isso, é fundamental que, ao receber uma nova proposta, o CEO busque compreender, ao máximo, a cultura dessa empresa, seu estilo de gestão e se há um alinhamento e coerência com o seu próprio perfil e anseios profissionais. É preciso ter muita sagacidade neste momento inicial, conversando, também, com aqueles que trabalham no local para analisar a maior quantidade possível de percepções sobre aquela organização.

O próprio executivo precisa ser proativo em descobrir essas respostas, assegurando que os ideais de ambas as partes estão alinhados e evitando, com isso, um choque de perfil que traga insatisfações para todos os envolvidos. Desta forma, as chances de ter um melhor rendimento em seu cargo serão, certamente, maiores, estando em um local que tenha aderência ao seu estilo e no qual consiga se flexibilizar para atingir as metas desejadas.

Nenhuma empresa deseja ver que seus resultados estão sendo prejudicados, mas, nem sempre, um erro cometido deve justificar uma demissão de um CEO. Cada caso deverá ser muito bem analisado e ponderado, para que saibam como se recuperar diante de um cenário preocupante tendo um bom capitão que guie frente aos novos horizontes a serem explorados para o crescimento corporativo próspero.

 


Ricardo Haag - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.

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A saúde fiscal do Brasil respira com ajuda de aparelhos

Thinkstock

‘A solução para reverter esse cenário e gerar um crescimento econômico sustentável consiste em realizar um maior controle de gastos, aumento da eficiência pública, menos privilégios, redução de custos operacionais e desburocratização tributária’


A questão caótica fiscal do Brasil assemelha não ter solução e fim. Parece que estamos assistindo àquelas séries em que a temporada nos apresenta novos episódios com enredo jamais imaginado e longe de ser solucionado.

O déficit primário de 2024 atingiu a cifra de R$ 47,6 bilhões e a dívida pública, representada por 76,1% do PIB. Esses números se mantêm mesmo após importantes reformas realizadas pelo governo federal, como a Reforma da Previdência e a Tributária. Mas essas reformas não foram suficientes para diminuir a dívida pública do País. Pelo contrário, a má gestão de recursos, a alta dos juros, a insegurança jurídica, o pouco incentivo fiscal e os novos escândalos, como a descoberta da fraude no INSS, são os reflexos negativos de um País mal administrado e que não possui gestão suficiente para alocar os recursos recebidos, que não são poucos.

Ao final sexto mês do ano, o Impostômetro já registra R$ 1,967 trilhão de impostos recolhidos pela União, estados e municípios. O Gasto Brasil, ferramenta de transparência inaugurada recentemente pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que apura os gastos públicos da União, estados e municípios, contabiliza, nesse mesmo período, um dispêndio de R$ 2,589 trilhões de gastos.  

Em meio a essas exorbitantes cifras de arrecadação de impostos e gastos públicos, vemos que a conta não fecha. Não há contabilidade que consiga fazer milagre com esse superavit de gastos. É como no orçamento doméstico: tudo precisa ser planejado e direcionado para as despesas do mês, que não devem ultrapassar os ganhos da família.

Não bastasse isso, recentemente, o Ministério da Fazenda informou que incluirá no orçamento do próximo ano um crédito de R$ 2 bilhões para conceder benefício fiscal para empresas de saúde que se comprometerem a atender pacientes do SUS. Além disso, há, também, um edital de transação tributária lançado pelo governo, neste ano, que será uma base para as empresas deste setor reduzirem suas dívidas com o Fisco quando houver prestação de serviços à rede pública de saúde.

Essas duas iniciativas contemplam o programa “Agora Tem Especialistas”, que foi lançado pelo governo federal nos últimos dias. Ou seja, mais uma ação do presidente Lula para mostrar trabalho e melhorar sua popularidade que está cada vez mais em decadência, e não sou eu quem está dizendo. Segundo a pesquisa Quaest, divulgada no dia 4 de junho, 57% dos brasileiros estão descontentes e desaprovam a gestão Lula.

Já para tentar impactar e retomar a confiança da população de baixa renda, foi criada a ampliação de gratuidade nas contas de energia (luz) para mais de 22 milhões de pessoas. Quem vai pagar mais essa conta? Além disso, a isenção de Imposto de Renda para Pessoa Física que recebe até R$ 5 mil também será custeada por nós.

Tudo isso só reforça o desespero de uma má gestão em busca de popularidade por meio de “subsídios fiscais” que já sabemos que comprometem ainda mais o orçamento adstrito.

De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil está muito abaixo no ranking dos melhores países para a realização de negócios/investimentos. E isso se deve a alguns dos fatores que mencionei acima, bem como, por conta do complexo e caótico sistema tributário, altos custos com logística, possível exclusão do Simples Nacional para micro e pequenos empresários, que vai comprometer expressivamente o desenvolvimento sustentável das empresas e aumentar o desemprego e a informalidade no País, entre outros aspectos, ultrajando o sistema fiscal brasileiro.

A solução para reverter esse cenário e gerar um crescimento econômico sustentável consiste em realizar um maior controle de gastos, aumento da eficiência pública, menos privilégios, redução de custos operacionais e desburocratização tributária, são alguns dos recursos que podem ser aplicados para a saúde fiscal do Brasil.

Produtividade e competitividade são atributos essenciais para o crescimento do País e, para isso, sabemos que uma ampla mudança na gestão pública é necessária. Portanto, a responsabilidade fiscal precisa deixar de ser apenas um discurso político e se tornar uma tática eficiente no equilíbrio das contas.

 

 Roberto Mateus Ordine - Advogado e presidente da ACSP

Fonte: https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/a-saude-fiscal-do-brasil-respira-com-ajuda-de-aparelhos

 

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

 

Brasileiros se preocupam mais com dinheiro do que com saúde e família, aponta pesquisa da Onze e Icatu

Em sua 4ª edição, estudo revela que 72% dos brasileiros têm a saúde mental afetada pelas finanças e que metade da população ainda planeja se aposentar apenas com o INSS

 

O dinheiro é a principal preocupação dos brasileiros à frente da saúde, da família e da violência, como revela a 4ª edição da pesquisa Raio-X da Saúde Financeira dos Brasileiros (estudo Estresse Financeiro) realizada pela Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, em parceria com a Icatu Seguros – companhia 100% brasileira líder entre as independentes em Seguro de Vida, Previdência e Capitalização.

O estudo ouviu 8.701 pessoas nas cinco regiões do país e traça um retrato sobre o impacto da instabilidade financeira na vida dos brasileiros. Além disso, revela um cenário crítico de desinformação, falta de planejamento e sobrecarga emocional.

Entre os entrevistados, 49% apontam o dinheiro como sua maior fonte de preocupação, superando temas historicamente sensíveis como saúde (19%), família (15%), trabalho (7%), violência (7%) e política (3%).

Dos entrevistados que assinalaram a preocupação com as finanças em primeiro lugar, 61% afirmaram não ter dinheiro suficiente para emergências com saúde, como acidentes ou para ajudar amigos e familiares.

“Historicamente, o déficit na educação financeira dos brasileiros impacta diretamente sua saúde financeira. Este estudo é um exemplo – há mais de 4 anos, vemos o dinheiro despontando como a maior preocupação na vida das pessoas e o impacto do estresse financeiro está cada vez maior. Esse vilão silencioso gera problemas emocionais, notadamente está impulsionando a ansiedade da população, além de impactar as relações interpessoais e o desempenho no trabalho. Ele não pode mais ser ignorado”, destaca Antonio Rocha, CEO e cofundador da Onze.  

A pesquisa também revela que a situação financeira das famílias piorou no último ano: 51% afirmam que a renda mensal não cobre os gastos – um aumento de 10 pontos percentuais em relação à edição anterior da pesquisa, realizada em 2023. Ao mesmo tempo, 63% não possuem qualquer reserva de emergência e 15% estão endividados e sem poupança.

O impacto emocional dessa instabilidade é direto: 72% dos entrevistados dizem que a saúde financeira afeta a saúde mental e emocional, e muitos relatam sintomas graves como ansiedade (65%), insônia (50%) e até depressão (21%).

A sondagem destaca que o desenvolvimento de ansiedade gerada por estresse financeiro cresceu: o percentual aumentou 12% em relação à edição anterior do levantamento.

Para Henrique Diniz, Diretor de Produtos de Previdência da Icatu, a pesquisa reforça a urgência de um olhar mais estruturado sobre a planejamento financeiro no Brasil dado seu impacto positivo para a vida das pessoas. Como companhia comprometida com a proteção financeira de longo prazo, a Icatu tem o propósito de ampliar o acesso a produtos que garantam segurança para os brasileiros e suas famílias, oferecendo soluções acessíveis e estruturadas, educação e parcerias estratégicas.


Outros dados da pesquisa: 

  • 49% indicaram o dinheiro como maior fator de preocupação;
  • 51% dos entrevistados afirmaram que a renda não cobre todos os gastos mensais;
  • 28% disseram que a renda consegue cobrir apenas os gastos;
  • 12% responderam que a renda cobre os gastos e poupam dinheiro;
  • 9% afirmaram que não fazem controle financeiro;
  • 61% afirmaram não ter dinheiro suficiente para emergências com saúde, como acidentes ou para ajudar amigos e familiares; (sobre os que assinalaram a preocupação com as finanças em primeiro lugar)
  • 31% disseram que não conseguem pagar as contas do mês;
  • 14% afirmaram não ter dinheiro suficiente para aposentadoria;
  • 63% disseram que não possuem reserva de emergência;
  • 15% responderam que não possuem reserva de emergência e estão com dívidas;
  • 72% responderam que as preocupações financeiras afetam a saúde mental e emocional;
  • 65% disseram que desenvolveram ansiedade por preocupações financeiras;
  • 50% revelaram que costumam ter insônia por preocupações financeiras;
  • 76% disseram que não recebem algum tipo de benefício financeiro fora salário ou bônus;

 

Onze - fintech de Previdência Privada e Saúde Financeira do Brasil.

Icatu Seguros


O Brasil está doente, mas tem cura

O Brasil está doente. Sofre de doenças múltiplas, todas de ordem ética, moral, política, institucional e comportamental. No entanto, não padece de nenhum mal de ordem financeira e ainda não apresenta quadro de metástase. 

Para compreender como o gigante chegou a esse ponto, é preciso olhar para trás e analisar o passado não muito distante. Nos últimos 35 anos, o país elegeu democraticamente, pelo voto popular, cinco presidentes da República. Dois deles, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, sofreram impeachment por corrupção ou improbidade. Nesse período, o país teve também dois presidentes (Collor e Luiz Inácio Lula da Silva) investigados, denunciados, condenados e presos. Um vice-presidente, Michel Temer, alçado à Presidência pelo impeachment de Dilma Rousseff, foi detido para prestar depoimento na Polícia Federal, e o último presidente da República, Jair Bolsonaro, foi investigado, denunciado, tornado inelegível e responde a processo no Supremo Tribunal Federal, com possibilidade de ser preso. Dos seis presidentes empossados nos últimos 35 anos, apenas dois, Itamar Franco – que assumiu com o afastamento de Collor -e Fernando Henrique Cardoso – que governou por dois mandatos consecutivos -, não tiveram problemas com a Justiça. 

O problema se repetiu no Legislativo, pois três ex-presidentes da Câmara dos Deputados foram presos, todos envolvidos com casos de corrupção: Eduardo Cunha, João Paulo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Um quarto, José Genoíno, foi condenado e preso em razão do escândalo do Mensalão, embora sem relação à sua atividade como presidente da Câmara, mas como deputado, e depois teve a pena extinta. 

Nessas três décadas e meia o Brasil foi comandado por políticos de quatro partidos diferentes, de distintos espectros ideológicos: PT, PSDB, PMDB e PL. Com os dois primeiros mandatos de Lula e o terceiro em andamento (10,5 anos) e com o mandato e meio de Dilma (5,7 anos), o PT acumula o mais longo período de governo, 16 anos até agora, o correspondente a 47,5% desse período histórico. O segundo partido com mais tempo no poder é o PSDB (22,88% do total), com os dois governos de FHC. Já o PMDB governou o país por 4,4 anos, sendo dois anos com Itamar Franco e 2,4 anos com Michel Temer, ambos complementando o mandato por afastamento dos presidentes. E o PL governou por quatro anos, no único mandato de Jair Bolsonaro. 

As últimas eleições, em 2022, confirmaram o quadro de um Brasil dividido e registraram amplo protesto dos eleitores. No segundo turno, o vencedor, Lula, teve 38,08% dos votos; o perdedor, Bolsonaro, recebeu 36,74%, e abstenção, votos brancos e nulos somaram 25,18% (isto é, mais de um entre quatro brasileiros mostrou não querer nenhum dos candidatos). 

Para além disso – e do que a população consegue enxergar -, há uma crise velada entre os poderes. A Constituição diz que os três poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário – são autônomos e independentes, porém os fatos atuais sugerem desrespeito a esse preceito. Competências vêm sendo questionadas e apontadas como interferências entre eles. 

O descrédito da população na classe política não é sem motivo. A falta de comprometimento com a verdade vem sendo a tônica no comportamento de muitos dos nossos líderes políticos, incluindo chefes dos poderes. 

Durante as campanhas eleitorais, as promessas são infinitas, mesmo aquelas sabidamente impossíveis de serem cumpridas, e, apesar disso, repetidas desavergonhadamente. Merece reflexão o pensamento do economista e filósofo político norte-americano Thomas Sowell: “O fato de tantos políticos bem-sucedidos serem mentirosos e descarados não é apenas uma reflexão sobre eles, é também uma reflexão para nós. Quando as pessoas querem o impossível, apenas os mentirosos podem satisfazê-los”. Isso diz muito sobre a sociedade brasileira.

Nas campanhas presidenciais tornou-se comum os candidatos, na propaganda do Horário Eleitoral Gratuito e nos debates na televisão, fazerem muitas promessas. Nada incomum também o vencedor, durante o mandato, ignorar quase integralmente o que foi dito na campanha, sem constrangimento. Tudo fica mais grave porque grande parte da imprensa não noticia e não cobra, deixando o governante em posição muito confortável. 

Pode parecer exagero, mas não é. Entre as clássicas promessas não cumpridas está o compromisso de unir o Brasil e governar para todos os brasileiros. O que se vê, anos após a posse, é o aprofundamento da divisão do país, inclusive com incentivos ao comportamento de ódio. 

Outro exemplo é o posicionamento contra a reeleição, dito em palanque, porém desmentido na prática. Poucos meses depois de empossado, o eleito muda o discurso, sob a justificativa de que não pode permitir que a direita ou a esquerda volte ao poder e destrua todo o que foi feito. Assim, há 28 anos o Brasil mantém o instituto da reeleição, instrumento que contamina qualquer mandato. 

Os candidatos também prometem não aumentar impostos nem criar novos tributos. Garantem que os recursos existentes são suficientes e creditam a situação à má gestão e incompetência do gestor anterior. No entanto, depois da posse os gastos do governo são aumentados e mantêm-se ou se acrescem privilégios como forma de governar e garantir apoios para a reeleição. Com déficits maiores, a saída mais fácil é aumentar os impostos, medida muitas vezes acompanhada de novos tributos. 

A conta, é claro, será paga pela população. O Brasil terá maior alíquota mundial de tributos sobre o consumo de bens e mercadorias, mas o apetite é insaciável. Recentemente, novos tributos foram criados sob a forma de impostos seletivos (impostos do bem) e a carga tributária sofreu aumento superior a 2 pontos percentuais, garantindo mais de R$ 240 bilhões por ano. A justificativa, agora, foi que é necessário tributar os ricos, os super-ricos e o pessoal da Faria Lima (personificação do mercado financeiro). Agora, surge nova denominação – ‘o pessoal da cobertura’ - alimentando ainda mais a divisão do país, o discurso de pobres versus ricos. O governo atual alardeia não ter sido eleito para governar para os ricos, e sim para reduzir a fome, a pobreza e melhorar a qualidade de vida dos 50% mais pobres. Justifica que os ricos recebem benefícios fiscais (gastos tributários da União) de R$ 800 bilhões/ano, lançados como “investimento”, enquanto o valor do Bolsa Família – total de R$ 180 bilhões – fica na rubrica de “despesas” e precisa ser cortado para reduzir o déficit fiscal. 

Coincidência ou não, o presidente da República não revela a fonte dos R$ 800 bilhões em renúncias fiscais. A Secretaria da Receita Federal, por sua vez, aponta que corresponde a 5% do PIB, o que corresponderia a R$ 600 bilhões. A diferença, não se sabe. 

Tampouco diz quais presidentes concederam mais benefícios fiscais, ou no seu linguajar, deram aos mais ricos e super-ricos. Mas isso os dados históricos registram. Os gastos tributários correspondiam a 1,47% do PIB ao final do governo de Fernando Henrique, em 2002. Quando Lula transmitiu a faixa para Dilma Rousseff, em 2010, esse valor representava 3,33% do PIB, ou seja, aumento de 1,86 ponto percentual, o equivalente a R$225 bilhões/ano. Ao final do governo Dilma, havia crescido mais 1 ponto percentual, correspondendo a 4,33% do PIB. No governo Bolsonaro o acréscimo foi de 0,32 p.p., fechando em 4,65% do PIB e, nesses dois anos do terceiro mandato do presidente Lula, houve crescimento de 0,35 p.p., com o montante representando 5% do PIB. O maior percentual histórico, portanto, foi registrado no atual governo. 

É fato também que a carga tributária no Brasil teve aumento brutal a partir da instituição da reeleição para os cargos do Executivo. Em 1997, correspondia de 26% a 27% do PIB. Em 2024, já era 27% maior, correspondendo a 34,24% do PIB. Em 2025, deve superar 35,5% do PIB, e o governo quer mais para 2026, buscando dispor de um colchão de cerca de R$ 60 bilhões. Não é difícil imaginar que o objetivo final seja agradar setores já beneficiados – os modernos donatários do poder -, enquanto, em contrapartida, se distribui migalhas eleitorais aos brasileiros menos favorecidos. 

Benesses de um lado, fracassos sociais de outro. Basta atentar para o mais recente estudo Atlas da Mobilidade Social, o qual mostra que apenas 1,8% das crianças pertencentes às famílias incluídas entres as 50% mais pobres do país têm chance de obter ascensão social e, quando adultas, se colocarem entre os 10% mais ricos. 

O comprometimento do futuro de uma geração está anunciado, pois o levantamento também aponta que dois terços (66,6%) dessas crianças provavelmente permanecerão entre os 50% dos brasileiros mais pobres, na fase adulta. 

A perspectiva não é nada boa quando se analisa o presente. O modelo de governo de coalisão naufragou. Transformou-se em um governo de cooptação, contaminado pela política do “é dando que se recebe”, e praticamente refém de um Congresso cada vez mais corporativo e alheio aos interesses verdadeiramente republicanos. 

O Brasil é hoje um país doente. Por sorte, o mal ainda não contaminou todo o organismo institucional a ponto de levar à falência irreversível. A salvação ainda é possível, porém para evitar o pior há a necessidade de se recorrer, com urgência, a remédios que desagradam grande parte da classe política e governantes, a começar pelo fim da reeleição, imprescritibilidade dos crimes contra a administração publica, redução dos privilégios dos donos do poder e a revisão dos insuportáveis e inaceitáveis gastos tributários da união de 5% do PIB para no máximo 2%, redução que liberaria cerca de R$ 360 bilhões/ano para mitigar as brutais e intoleráveis desigualdades regionais e sociais. 

Medidas paliativas não surtem mais efeito, apenas mascaram os sintomas. Tem-se o diagnóstico. Falta o tratamento. 



Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br


De competências a habilidade

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Vivemos um momento em que o panorama do trabalho mudou drasticamente e as organizações que não acompanharem esse ritmo correm o risco de se tornarem obsoletas. A era das competências rígidas, desenhadas para cargos fixos e funções bem delimitadas, está ficando para trás.

O novo mundo do trabalho exige fluidez, adaptabilidade e, sobretudo, habilidades como ativo estratégico.

Não por acaso, empresas mais pragmáticas já perceberam que modelos baseados em competências fixas, tão populares nas décadas de 1980 e 1990, não dão mais conta da realidade atual.

Em seu lugar, surgem estruturas mais horizontais, com equipes multifuncionais, projetos colaborativos e profissionais que transitam entre diferentes funções e desafios. A relação entre indivíduo e cargo se tornou mais maleável. A mesma pessoa pode contribuir em diversas frentes, de forma simultânea e estratégica.

Essa transformação não é apenas operacional, mas cultural. Ela exige uma nova mentalidade sobre o papel da aprendizagem nas organizações. Não basta trocar um modelo pelo outro; é necessário adotar uma cultura de desenvolvimento contínuo, orientada por dados, conectada à performance real das pessoas e aos objetivos de negócio.

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É aqui que surge a provocação feita por Esther Wojcicki, educadora e jornalista americana, ao defender que a educação, inclusive a corporativa, precisa de “moonshots”.

O termo, inspirado pelo programa Apollo que levou o homem à Lua, representa metas ousadas, quase impossíveis à primeira vista, mas que, com visão, inovação e determinação, tornam-se realizáveis. É essa ambição que falta à maior parte da Educação Corporativa atual.

Apesar dos investimentos crescentes em treinamento e desenvolvimento, os resultados nem sempre acompanham. Os métodos continuam, em muitos casos, obsoletos: excesso de palestras, conteúdos genéricos, avaliações engessadas e pouca conexão com os desafios reais dos aprendizes. O resultado? Profissionais desmotivados, aprendizado superficial e impacto quase nulo na performance.

Precisamos, portanto, de um “moonshot” na Educação Corporativa. Uma virada completa de chave. Uma revolução que coloque o aprendiz no centro do processo, valorize a autonomia, promova o engajamento por meio de projetos reais, colaboração e tecnologias aplicadas com inteligência.

Não se trata apenas de entregar conteúdos, mas de criar experiências significativas, que desenvolvam habilidades essenciais para o presente e o futuro do trabalho.

Na prática, isso significa abandonar o modelo baseado em conteúdo e controle e adotar uma cultura de confiança. Acreditar no potencial do aprendiz. Transformar o instrutor em facilitador. E construir um ambiente que inspire curiosidade, ousadia, troca e transformação contínua.

O futuro do trabalho já está em curso, mas o futuro da aprendizagem ainda precisa de coragem para decolar. E talvez a pergunta mais importante seja: você e a sua organização estão prontos para conquistar a Lua também? 

 

Flora Alves - especialista em educação corporativa e autora de Revolução da Aprendizagem (DVS Editora)


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