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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Por que temos desejo por doces e como ter uma relação saudável com o açúcar?

Especialista ensina estratégias para equilibrar o prazer e o cuidado com a saúde  

  

Comer é uma experiência que vai além de simplesmente nos manter vivos. O nosso sistema nervoso central tem um papel fundamental no equilíbrio entre o consumo de alimentos e o gasto energético. No centro desse processo está o hipotálamo, uma estrutura do cérebro que regula a fome fisiológica e ajuda a manter nosso balanço energético.

No entanto, há outro aspecto que pode interferir na forma como nos alimentamos: o apetite hedônico. Ele é influenciado por estímulos externos que despertam o desejo de comer, mesmo sem necessidade física. Muitas vezes, esses estímulos acabam superando nossa fome fisiológica e nos levando a consumir alimentos apenas pelo prazer que eles proporcionam.

O desejo por doces, por exemplo, é quase universal. Mas o que faz com que eles sejam tão atrativos? O açúcar, além de ser nossa principal fonte de energia, está fortemente associado ao sistema de recompensa do cérebro. Seu sabor marcante proporciona prazer imediato, estimulando neurotransmissores como serotonina, dopamina e outros que ativam os centros de prazer no cérebro. Não é à toa que o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura, torna-se tão frequente para muitas pessoas.

Embora não haja evidências conclusivas em humanos sobre o "vício" em açúcar, o comportamento associado ao consumo exagerado dele tem semelhanças com o vício em drogas como a cocaína, devido à ativação dos mesmos circuitos neurais. Esse padrão pode levar à compulsão e até a sintomas de abstinência.


Estratégias para controlar o consumo de doces

O consumo excessivo de açúcar, especialmente os açúcares adicionados durante o processamento de alimentos, está relacionado a diversos problemas de saúde, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, todos fatores que afetam negativamente a saúde cardiovascular. Superar a vontade de consumir doces pode ser desafiador, mas não é impossível. Algumas dicas práticas que podem ajudar.

Evite estocar doces em casa, pois sem acesso fácil, fica mais simples resistir. Substitua doces por frutas, já que elas oferecem um sabor doce natural e são opções saudáveis. Adote refeições equilibradas, com a inclusão de proteínas, fibras e gorduras boas para prolongar a sensação de saciedade. E não pule refeições, porque manter uma rotina alimentar ajuda a prevenir picos de fome que podem aumentar o desejo por açúcar.


É possível incluir doces em uma dieta saudável?

A resposta é sim, mas com moderação. Minha dica é estabelecer limites, como permitir uma sobremesa por semana, escolhendo a que você mais gosta, e aproveitá-la em um ambiente tranquilo e equilibrado. O segredo está na qualidade, na quantidade e no contexto em que os doces são consumidos.

Lembre-se de que o equilíbrio é a chave. Respeitar suas vontades, sem deixar de lado os cuidados com a saúde, é a melhor forma de manter uma relação saudável com os alimentos e com o açúcar.

 



*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.



Maria Augusta Karas Zella - professora de Endocrinologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e presidente da SBEM-PR



Cuidado com a ceia: médico alerta como proteger o aparelho digestivo nas festas de fim de ano


Final de ano é sinônimo de confraternizações repletas de comidas deliciosas e brindes especiais. No entanto, o excesso no consumo de alimentos e bebidas pode sobrecarregar o sistema digestivo, causando desconfortos como azia, refluxo, má digestão e, em casos mais graves, desencadear gastrite ou outros problemas gastrointestinais. 

Para evitar que a comemoração vire preocupação, o médico cirurgião do aparelho digestivo e proctologista, Dr. Rodrigo Barbosa, da capital paulista, alerta sobre os impactos dos excessos e trazem orientações para aproveitar sem abrir mão da saúde digestiva. 

“O consumo elevado de bebidas alcoólicas, comum nessa época do ano, pode causar irritação na mucosa do estômago, aumentando o risco de gastrite e refluxo. Além disso, o álcool estimula a produção de ácido no estômago, piorando quadros de azia e dificultando a digestão”, alerta o médico que indica alternar o consumo de álcool com água para evitar desidratação e reduzir o impacto no aparelho digestivo e dar preferência para bebidas com menor teor alcoólico, como vinho ou espumante, em vez de destilados. 

Os pratos típicos das festas — carnes gordurosas, sobremesas ricas em açúcar e alimentos condimentados — podem ser um gatilho para indigestão, sensação de peso e desconforto abdominal. O consumo exagerado desses alimentos, especialmente durante a noite, dificulta o trabalho do sistema digestivo e pode agravar condições pré-existentes, como refluxo gastroesofágico. 

Na hora da comilança, o médico fala que para evitar desconfortos vale investir em pequenas porções e mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão além de evitar deitar-se logo após a ceia para reduzir o risco de refluxo. “Alguns alimentos podem ainda ajudar no processo digestivo como gengibre, abacaxi e chás como camomila e erva-doce. 

“Caso os desconfortos persistam por mais de dois dias ou sejam acompanhados de sintomas como vômitos, dor intensa no estômago, febre ou diarreia, é essencial buscar atendimento médico para avaliação da saúde digestiva”, finaliza.
 

Dr Rodrigo Barbosa - Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link


Mulheres com glicemia não controlada têm maior risco de declínio cognitivo do que homens

O diabetes é uma doença com forte impacto em diferentes órgãos.
 No cérebro, os fatores inflamatórios podem acarretar atrofia,
redução da quantidade de neurônios e alterações em áreas como
 o hipocampo e o córtex pré-frontal, relacionados a domínios cognitivos como
 as funções executivas.
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foto: Tesa Robbins/Pixabay

Estudo realizado com quase 4 mil britânicos mostrou que prejuízos cognitivos provocados pelo diabetes ocorrem de maneira mais acelerada entre mulheres que não têm controle glicêmico adequado. Entre os homens, não foi observada diferença de declínio cognitivo entre indivíduos com glicemia controlada ou não controlada, quando comparados àqueles sem diabetes

 

Ao comparar os dados de quase 4 mil pessoas, pesquisadores identificaram que mulheres são mais suscetíveis do que homens a ter declínio cognitivo mais acelerado quando a glicemia não é controlada. No trabalho, curiosamente não foi identificada perda de memória entre os problemas cognitivos, mas sobretudo prejuízos nas chamadas funções executivas – processos cognitivos que envolvem o controle de emoções, o planejamento e a realização de ações e pensamentos.

“O declínio cognitivo pode ocorrer com o envelhecimento, como resultado de alterações no sistema nervoso central. Mas o que vimos no estudo é que ele se deu de forma mais acelerada em mulheres com diabetes e sem o controle adequado da glicemia. Entre os homens, não foi observada associação entre diabetes e declínio cognitivo, seja com glicemia controlada ou não. Isso mostra a importância de aprofundar o entendimento sobre como as doenças se dão de diferentes maneiras entre homens e mulheres e também, no caso do diabetes, sobre a importância do controle glicêmico adequado”, disse à Agência FAPESP Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e orientador do estudo, que foi apoiado pela FAPESP.

Publicado na revista Journals of Gerontology Series A, o estudo analisou os dados de 3.984 participantes com mais de 50 anos – sendo 1.752 homens e 2.232 mulheres – por oito anos. Os participantes integram o Estudo ELSA (acrônimo em inglês para Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento). O ELSA coleta dados multidisciplinares de uma amostra representativa da população britânica e é conduzido pela University College London - UCL (Reino Unido). A pesquisa sobre diabetes e prejuízo da função cognitiva foi desenvolvida pela pesquisadora Natália Cochar Soares, bolsista da FAPESP, com participação de coautores da Universidade de São Paulo (USP) e UCL, além da UFSCar.

O diabetes é uma doença com forte impacto em diferentes órgãos, como os rins, olhos, músculos, nervos e cérebro. Isso porque o excesso de glicose no sangue causa diversas lesões nos vasos sanguíneos, acarretando o aumento de fatores inflamatórios que podem levar a gangrena, amputação, insuficiência renal, comprometimento da visão e risco aumentado de doenças cardiovasculares. No caso do cérebro, os fatores inflamatórios podem acarretar atrofia, redução da quantidade de neurônios e alterações em áreas como o hipocampo e o córtex pré-frontal, relacionados a domínios cognitivos como as funções executivas.

“O declínio cognitivo nesses casos, portanto, está associado à doença de pequenos vasos cerebrais. Uma possível explicação para a aceleração observada apenas em mulheres sem controle glicêmico adequado são fatores hormonais. O estrógeno é um neuroprotetor conhecido, mas durante a menopausa ocorre uma redução desse hormônio nas mulheres, o que pode acarretar maior vulnerabilidade”, explica Soares.

“Mas há também fatores sociais. No estudo, os idosos britânicos tinham maior escolaridade que as mulheres. Sabe-se que a escolaridade contribui para que haja uma maior reserva cognitiva, mecanismo possivelmente capaz de compensar os efeitos de uma lesão cerebral. Independente do motivo que leva a essa diferença entre homens e mulheres, os resultados chamam a atenção para a necessidade de um controle glicêmico adequado”, completa a pesquisadora.

Soares explica que existem seis domínios cognitivos: função executiva, linguagem, atenção, memória, perceptomotor e cognição social. No estudo, os pesquisadores observaram declínio na cognição global e na função executiva, mas não encontraram prejuízos de memória.

“Isso foi um pouco surpreendente, pois geralmente o início do declínio cognitivo tende a ocorrer na memória e não foi o que aconteceu nos casos estudados. Há uma explicação fisiológica para isso: as estruturas cerebrais que vão ser comprometidas por conta das alterações vasculares inflamatórias do diabetes são as responsáveis pela função executiva e não pela memória. O diabetes afeta áreas cerebrais mais associadas às funções executivas, como o córtex pré-frontal”, diz Soares.

No trabalho, o controle glicêmico foi avaliado por meio dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) no sangue – parâmetro que reflete a quantidade de açúcar circulante. Nos indivíduos com diabetes, a meta glicêmica é atingida quando os níveis de HbA1c estão entre 6,5% e 7%, o que caracteriza o adequado controle glicêmico. Já níveis de HbA1c acima de 7% correspondem a um pior controle glicêmico.

Um estudo anterior, realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores mostrou que um controle glicêmico não adequado acarreta um maior declínio da velocidade de caminhada em pessoas idosas (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/52183).

“Com esses dois trabalhos mostramos a importância do bom controle glicêmico para a cognição e mobilidade de pessoas idosas. Isso mostra a necessidade de um controle glicêmico mais rigoroso, independente da condição. Defendemos que o valor de HbA1c precisa ser mantido entre o 6,5%, que é o ponto de corte da normalidade, e o 7%, que é o bom controle da glicemia. O descontrole contínuo da glicemia pode gerar lesões a longo prazo nos vasos sanguíneos que resultam em uma série de problemas em diversos órgãos, inclusive de cognição e mobilidade”, diz Alexandre.

O pesquisador ressalta que o prejuízo cognitivo ocasionado pela falta de controle adequado da glicemia em brasileiras pode ser ainda maior que o observado no estudo.

“O estudo populacional foi realizado com pessoas idosas britânicas, mas acredito que no Brasil os dados poderiam ser um pouco piores do que o observado no Reino Unido por causa da questão da escolaridade. A média de escolaridade das pessoas idosas no Brasil é muito mais baixa que no Reino Unido e isso faz com que a reserva cognitiva, que seria um efeito protetor contra as lesões vasculares no cérebro, também seja menor”, afirma Alexandre à Agência FAPESP.

O artigo intitulado Sex Differences in the Trajectories of Cognitive Decline and Affected Cognitive Domains Among Older Adults With Controlled and Uncontrolled Glycemia pode ser lido em: https://academic.oup.com/biomedgerontology/article/79/7/glae136/7679609.

 

Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/mulheres-com-glicemia-nao-controlada-tem-maior-risco-de-declinio-cognitivo-do-que-homens/53532


Verão no Rio: cuidados essenciais para aproveitar a estação sem sustos

Especialista alerta sobre principais riscos à saúde e dá dicas práticas para preveni-los


Sol, calor e diversão. O verão carioca é sinônimo de praia, encontros ao ar livre e muita atividade física. Mas, para aproveitar a estação mais esperada do ano sem sustos, é preciso atenção redobrada à saúde.

Dr. Bruno Caldas, médico coordenador da CER Ilha, unidade de emergência do Hospital Municipal Evandro Freire, no Rio de Janeiro, reforça que o calor intenso e o aumento da exposição ao sol elevam os riscos à saúde da população.

“O verão no Rio é marcado por problemas como desidratação, insolação, intoxicações alimentares e afogamentos, situações que tornam as emergências médicas mais movimentadas”, explica o especialista.

Em 2024, o Rio de Janeiro registrou recordes históricos de calor durante o verão, com temperaturas que chegaram a 41,8°C e sensação térmica de até 59,5°C, evidenciando a necessidade de medidas preventivas contra a insolação. Vale destacar, ainda, que de acordo com um estudo conduzido por um time de cientistas liderados pelo Departamento de Meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o calor extremo já causou mais de 48 mil mortes no Brasil durante o período de 2000 a 2018.

Além disso, os períodos de calor excessivo vêm sendo intensificados pelo fenômeno El Niño, e favorecem um aumento significativo de casos de insolação e outras condições relacionadas ao calor. Em situações graves, a insolação pode levar a complicações como desidratação severa e falência orgânica, demandando atendimento médico imediato.

Caracterizada pelo aumento extremo da temperatura corporal, a insolação é um quadro perigoso que requer atenção imediata. “Os sintomas incluem tontura, pele quente e seca, náuseas, confusão mental e, em casos mais graves, perda de consciência. É uma emergência médica que deve ser tratada rapidamente”, destaca o especialista.

O médico explica que ela acontece quando a temperatura corporal ultrapassa os 40°C, fazendo com que o mecanismo de transpiração falhe e o corpo não consiga se resfriar. Para prevenir o problema, é fundamental evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, sempre usar protetor solar, roupas leves e chapéus, e priorizar locais com sombra ou climatizados.
 

Desidratação: um risco silencioso

Outro problema recorrente nesta época do ano é a desidratação, que ocorre quando o calor excessivo provoca uma maior perda de líquidos e sais minerais através do suor. “Quem pratica atividades físicas ao ar livre ou passa muito tempo exposto ao sol é especialmente vulnerável”, pontua.

A principal recomendação para evitar o problema é manter-se hidratado, ingerindo água, sucos naturais ou isotônicos. Também é importante moderar o consumo de álcool e cafeína, que pode agravar a desidratação.
 

Intoxicações alimentares: cuidados na escolha e armazenamento dos alimentos

Com as altas temperaturas, os alimentos perecíveis como laticínios, frutos do mar e carnes estragam com mais facilidade, aumentando os casos de intoxicação alimentar. “Os sintomas mais comuns são vômitos, diarreia e dor abdominal”, explica o Dr. Caldas.

Ele recomenda verificar as condições de armazenamento dos alimentos, optar por locais confiáveis para refeições e manter geladeiras e freezers em temperaturas adequadas.
 

Afogamentos: prevenção salva vidas

O aumento da frequência em praias, piscinas e cachoeiras torna os afogamentos mais comuns. “O consumo de álcool é um fator de risco importante, pois reduz a percepção de perigo e prejudica a coordenação motora”, salienta o médico.

Para evitar acidentes, é essencial respeitar os próprios limites, supervisionar crianças e evitar nadar em áreas desconhecidas ou profundas, especialmente após o consumo de álcool.
 

Prevenção à dengue: um cuidado adicional no verão

Dr. Caldas também chama a atenção para os riscos de dengue, agravados pelo aumento de mosquitos na estação. “Eliminem focos de água parada e mantenham-se vigilantes. A prevenção é o melhor remédio contra a doença”, reforça.

Por fim, o médico ressalta a importância de buscar atendimento médico imediato diante desses casos. “Prevenção e cuidado são as chaves! Afinal, o verão é para ser aproveitado com segurança e saúde”, finaliza.
 


Hospital Municipal Evandro Freire


CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejamoficial



Diagnóstico tardio do câncer de pele em idosos pode ser um desafio para a redução da mortalidade

O câncer de pele é uma das condições oncológicas mais comuns no Brasil, representando um desafio significativo para a população idosa. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia apontam que mais de 50% das mortes relacionadas ao câncer de pele ocorrem em pessoas com mais de 65 anos, destacando a necessidade de atenção especial a esse grupo etário.

Um estudo recente, intitulado Neoplasia Maligna da Pele em Idosos Brasileiros: Análise Descritiva das Taxas de Morbidade Hospitalar em 2023, revelou importantes dados sobre a incidência do câncer de pele em idosos no Brasil. Entre os resultados, destacou-se que a faixa etária mais afetada foi de 60 a 69 anos (41,65%), seguida por 70 a 79 anos (36,64%). Em termos de gênero, 53,02% dos casos envolveram homens, e 66,58% dos pacientes eram brancos. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção e diagnóstico precoce, além de ações educativas específicas para grupos mais vulneráveis.


Fatores que dificultam o diagnóstico precoce

Entre os principais obstáculos ao diagnóstico precoce em idosos, estão as características específicas das lesões e as limitações associadas ao envelhecimento. O melanoma, por exemplo, pode apresentar um crescimento lento e uma aparência benigna, especialmente em pessoas mais velhas. Em alguns casos, essas lesões assumem a forma de manchas na face, confundindo-se com alterações comuns da pele envelhecida. Há também melanomas mais agressivos que surgem como lesões rosadas ou inofensivas, dificultando ainda mais sua identificação.

Além disso, fatores como deficiência visual, dificuldades de mobilidade e limitações para realizar o autoexame contribuem para o diagnóstico tardio. Essas dificuldades são agravadas pelo isolamento social de muitos idosos, que vivem sozinhos ou em instituições, o que dificulta a observação e a notificação de lesões suspeitas.


Estratégias para detecção e monitoramento

A consulta regular com dermatologistas, especialmente por meio de dermatoscopias anuais, é uma recomendação importante para idosos com histórico familiar de câncer de pele ou características de risco. A observação de mudanças em lesões pré-existentes, como alterações de cor, tamanho ou bordas, também é essencial.

De acordo com a oncologista Dra. Nathália Naves, do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, as consultas periódicas com especialistas podem evitar que lesões alcancem estágios avançados, quando os tratamentos se tornam mais complexos. Ela enfatiza que o acompanhamento regular, aliado à conscientização de familiares e cuidadores, pode ser crucial para o diagnóstico precoce.


Tratamento e cuidados multidisciplinares

O tratamento do câncer de pele varia conforme o estágio da doença. Em casos precoces, a cirurgia pode oferecer alta taxa de cura, com recuperação mais rápida e menos invasiva. Em estágios avançados, terapias como imunoterapia e terapias-alvo podem ser eficazes, mas demandam monitoramento cuidadoso, devido às condições de saúde geral dos pacientes idosos. “Carcinomas basocelular e espinocelular da pele raramente dão metástase, mas podem se infiltrar localmente, causando dor, infecção e outros sintomas. Já o melanoma tem maior potencial de metástase”, alerta a oncologista.

O papel do geriatra é fundamental na preparação de idosos para procedimentos invasivos, como explicou o Dr. Marcos Alvinair, da Linha de Cuidado do Idoso do Hospital Mater Dei Santa Genoveva. Essa preparação inclui avaliar riscos cirúrgicos, ajustar medicações e otimizar a saúde global do paciente. Ele destaca que o esclarecimento sobre os riscos e benefícios é essencial, tanto para o idoso quanto para seus familiares.


Aderência ao acompanhamento e ao autoexame

A adesão ao acompanhamento regular pode ser incentivada por meio de orientações claras e envolvimento ativo de cuidadores e familiares. Durante consultas, médicos podem realizar avaliações gerais da pele e reforçar a importância do autoexame, especialmente após o banho, momento em que lesões em áreas mais visíveis podem ser identificadas. “Nós recomendamos sempre que os cuidadores e/ou os próprios pacientes olhem para a sua pele em busca de lesões de risco, principalmente nas áreas expostas ao sol. A ceratose actínica, decorrente da exposição solar, se caracteriza por algumas lesões, por manchas que, muitas das vezes, desenvolvem pequenas escaras, cascas ou feridas. Então, o geriatra, como médico que acompanha a saúde geral dos idosos, deve estar sempre fazendo a sua avaliação em consultório, durante a consulta por outras causas”, orienta Alvinair.

Embora o câncer de pele apresente desafios específicos na população idosa, a combinação de diagnóstico precoce, tratamentos adequados e cuidados multidisciplinares pode melhorar significativamente os desfechos clínicos. A conscientização de pacientes, familiares e cuidadores desempenha um papel central nesse processo, reforçando que a idade não deve ser um impeditivo para o tratamento eficaz dessa condição.

 

Saiba o que é vaginose bacteriana: causa mais comum de corrimento vaginal

A vaginose bacteriana é uma das infecções mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva. Embora o nome possa parecer alarmante, a condição é, na realidade, um tipo de corrimento vaginal frequente, que muitas mulheres terão ao longo de suas vidas. 

Essa infecção é causada por um desequilíbrio na flora vaginal, levando à proliferação de bactérias que alteram o pH da região íntima. Embora possa ser uma condição desconfortável, é importante entender seus sintomas e as formas de prevenção para manter a saúde vaginal em dia.
 

Quais são os sintomas da vaginose bacteriana?  

O principal sintoma da vaginose bacteriana é um corrimento vaginal de coloração branca ou acinzentada, sem sinais de inflamação ou coceira. No entanto, um dos aspectos mais marcantes dessa infecção é o odor desagradável, frequentemente descrito como semelhante ao de peixe podre. Esse odor se destaca do cheiro habitual da região íntima, especialmente após a menstruação ou uma relação sexual, momentos em que o pH vaginal tende a se alterar, favorecendo o crescimento bacteriano.
 

O que causa a vaginose bacteriana?  

A vaginose bacteriana é um reflexo de um desequilíbrio na flora vaginal, que pode ser desencadeado por diversos fatores. Entre os mais comuns estão:

  • Uso de antibióticos
  • Contraceptivos orais
  • Duchas vaginais
  • Estresse
  • Roupa íntima sintética e roupas apertadas
  • Gravidez
  • Relação sexual sem proteção

Esses fatores podem alterar o equilíbrio natural das bactérias presentes na região íntima, favorecendo a proliferação das bactérias que causam a infecção.
 

Como evitar a vaginose bacteriana?  

A prevenção da vaginose bacteriana começa com cuidados simples, mas eficazes, como evitar duchas vaginais ou o uso de produtos perfumados para a região íntima. Além disso, o uso de roupas íntimas de algodão e o acompanhamento regular com o ginecologista são medidas importantes para manter a saúde vaginal em dia. 

Produtos específicos, como o sabonete líquido Intimus® Defesas Naturais e os lenços umedecidos Intimus® Defesas Naturais, foram desenvolvidos para respeitar a flora vaginal e proporcionar uma sensação de frescor sem prejudicar a proteção natural da região íntima. O absorvente Intimus® com Tecnologia Antibacteriana também é uma excelente opção durante o período menstrual para garantir cuidados extras.
 

Como tratar a vaginose bacteriana?  

O tratamento da vaginose bacteriana é simples e geralmente envolve o uso de medicação prescrita por um médico. Como qualquer outra infecção, é fundamental seguir as orientações do profissional para garantir uma recuperação completa e segura. 

Manter uma boa higiene íntima, evitar fatores de risco e buscar orientação médica são as melhores formas de lidar com a vaginose bacteriana, assegurando o bem-estar e a saúde da região íntima.
  
 

Intimus®


Menopausa: médica destaca a importância do olhar sobre metabolismo ósseo nessa fase

 Ela ressalta preocupação com as mulheres que adotam dietas restritivas

 

“A deficiência de estrogênio durante a menopausa leva a perturbações nos processos de renovação óssea. O ciclo normal de regeneração óssea é prejudicado, causando aumento da reabsorção óssea sem reposição adequada. Ao longo do tempo, esse desequilíbrio resulta no desenvolvimento de osteoporose, caracterizada por ossos enfraquecidos e porosos, propensos a fraturas mesmo com impactos leves”, explica Dra. Maria Lucia Fleiuss Farias, endocrinologista da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).

 

A deficiência de estrogênio durante a menopausa interfere com o aproveitamento de nutrientes essenciais ao osso, como o cálcio, o fósforo e a vitamina D. Mudanças na microbiota intestinal após a menopausa contribuem para esses distúrbios.

 

“Embora a ingestão calórica possa precisar de ajustes devido às mudanças metabólicas durante a menopausa, há uma preocupação com as mulheres que adotam dietas restritivas, especialmente aquelas que optam por estilos de vida veganos ou vegetarianos (excluindo ovos e lácteos). Leites vegetais precisam ser enriquecidos em cálcio para atingir o teor adequado deste nutriente. É importante ter uma dieta equilibrada, incorporando proteínas tanto de origem animal quanto vegetal. Dietas restritivas, incluindo eliminações desnecessárias como a lactose podem afetar adversamente a saúde óssea e o bem-estar geral”, explica a endocrinologista.

 

Como prevenir a osteoporose? Considerar a reposição dos hormônios femininos, que evitam todas essas alterações enquanto são mantidos. Além disso, para prevenir a osteoporose, é preciso investir em:

 

- Cálcio: É um importante componente de nosso esqueleto, e cerca de 99% desse mineral fica nos ossos, que funcionam como um reservatório para manter os níveis de cálcio no sangue — essencial para a função saudável de nervos e músculos. Alimentos e bebidas à base de leite são as principais fontes de cálcio para saúde dos ossos.

 

- Exercício físico regular: Praticado regularmente, o exercício físico ajuda o corpo a manter uma boa massa óssea e os músculos fortalecidos contribuem para uma melhor sustentação dos ossos.

 

- Vitamina D: Desempenha papel fundamental no desenvolvimento e manutenção de ossos saudáveis; auxilia a absorção de cálcio do alimento no intestino e assegura a renovação e mineralização correta dos ossos. Dependemos quase exclusivamente da exposição ao sol para obter a vitamina D em quantidades adequadas, já que ela não é muito disponível nos alimentos. Por isso, muitas vezes, a suplementação é necessária.

 

- Consumir proteínas e praticar atividade física contribuem para fortalecer os músculos e proteger os ossos. O fortalecimento dos músculos é muito importante, pois eles dão sustentação aos ossos. Para fortalecer os músculos, é preciso fazer os chamados exercícios resistidos, ou seja, movimentá-los contra alguma resistência, usando o peso do corpo ou pesos livres. Conforme o tempo vai passando, os exercícios vão ficando mais fáceis e os músculos mais fortes.

 

ABRASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo
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Fotofobia pode indicar complicações nos olhos e na saúde

Entenda quais as causas da intolerância à claridade e como prevenir danos maiores à sua visão.

 

A fotofobia ou intolerância à claridade não é só um desconforto nos olhos intensificado no verão pelo aumento da radiação ultravioleta. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, o sintoma pode estar associado a alterações na saúde ocular, doenças sistêmicas como lúpus, fibromialgia, hipovitaminose A, alterações hormonais ou neurológicas e ao uso contínuo de alguns medicamentos. Ocorre em todas as faixas etárias com maior frequência em pessoas de olhos claros e albinos que têm maior sensibilidade à luz nas células da córnea e da retina.

 

 Membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), o especialista ressalta que na maioria das pessoas a condição vem acompanhada de visão embaçada, vermelhidão, ardência, dor nos olhos e dor de cabeça, sintomas que indicam necessidade de acompanhamento para prevenir maiores prejuízos à saúde ocular.

 

Principais alterações nos olhos

Astigmatismo: É a causa número 1 da fotofobia, sobretudo entre crianças, afirma Queiroz Neto. “As mais atingidas são as alérgicas que de tanto coçar os olhos fazem o formato redondo da córnea se tornar ovalado” pontua. Quando a córnea é esférica, explica, as imagens penetram no olho pela córnea, atravessam o cristalino e são projetadas sobre a retina. Em olhos com astigmatismo, a córnea ovalada ora projeta as imagens na frente da retina, ora atrás.  “Esta flutuação do foco provoca fotofobia e visão desfocada para perto e longe. A criança não sabe que enxerga o mundo fora de foco. Por isso, a recomendação é que passem por um exame oftalmológico nas férias, principalmente porque há muitas evidências de que o excesso de telas é uma causa importante do aumento da miopia na infância”, afirma

 

Sinais e tratamento: Uma dica de Queiroz Neto aos pais é observar se a criança ou adolescente tem hábito de esfregar ou apertar os olhos em ambientes com bastante claridade. Isso porque, deve ser educada a não levar as mãos aos olhos para evitar a progressão do astigmatismo para ceratocone. O astigmatismo é diagnosticado pelo exame de refração e pode ser corrigido pelo uso de lente de contato tórica ou óculos com lente tórica e fotossensível que corrige o astigmatismo e reduz a fotofobia por escurecer quando exposta ao sol, pontua. 

 

Ceratocone: A condição que responde pelo maior número de transplantes de córnea no País e atinge mais de 100 mil brasileiros, a maioria crianças e adolescentes. Queiroz Neto explica que o ceratocone pode ser confundido com astigmatismo, mas é mais grave. Isso porque, enfraquece e afina a córnea, fazendo com que progressivamente tome o formato de um cone.  O diagnóstico no início da condição só e possível pela tomografia, um exame detalhado da superfície anterior e posterior da córnea.

 

Sintomas, tratamento e prevenção: Além da fotofobia, a troca frequente dos óculos, visão de halos noturnos, maior fadiga no uso de telas, coceira e vermelhidão sinalizam o ceratocone. “Por ser uma doença progressiva, o tratamento de primeira linha para ceratocone é o crosslink, único que interrompe a evolução em 85% dos casos e elimina o risco do transplante”, afirma Queiroz Neto.  A cirurgia é ambulatorial. “Associa a aplicação de vitamina B2 (riboflavina) e radiação ultravioleta (UV) para fortalecer a reticulação do colágeno da córnea”, salienta. O problema, comenta, é que muitos pacientes adiam o procedimento e quando decidem operar a córnea já afinou mais que o permitido para uma cirurgia segura.

Uveite: Inflamação da úvea, revestimento interno do globo ocular formado pela íris, corpo ciliar e coroide, a uveite pode atingir pessoas de todas as idades. É causada por doenças infecciosas, inflamatórias ou autoimunes. Pior: “Frequentemente é confundida com conjuntivite pela população por apresentar alguns sintomas semelhantes – vermelhidão, dor e fotofobia” afirmam Queiroz Neto. Por isso, ao sentir um desconforto no olho a recomendação do oftalmologista é consultar um especialista. “Tratar uveite como colírio para conjuntivite pode levar à perda da visão” alerta.

Catarata: Queiroz Neto esclarece que todos os tipos de catarata - senil, traumática, secundária por medicamentos, diabética ou congênita - causam a opacificação do cristalino, lente interna do olho. Isso provoca a dispersão da luz no globo ocular e resulta em fotofobia intensa. “É esta dispersão da luz, explica, que aumenta a fotofobia a ponto de causar cegueira momentânea durante a condução noturna por motoristas com catarata, explica.

A boa notícia é que a catarata é eliminada pela cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular que também corrige os erros de refração, incluindo a presbiopia.


Outras condições oculares e sistêmicas

Queiroz Neto esclarece que a fotofobia pode ser causada pela síndrome do olho seco, uma alteração na quantidade ou qualidade da lágrima, cicatrizes na córnea causadas pelo uso abusivo de lente de contato, conjuntivite mal cuidada, ceratite (inflamação da córnea), e condições neurológicas como enxaqueca, encefalite ou meningite.

 

Mulheres e medicamentos.

“As oscilações hormonais na mulher, independente da faixa etária, somada ao frequente contato da mucosa ocular com cosméticos ou maquiagem e a redução dos hormônios sexuais após a menopausa fazem com que elas tenham 3 vezes mais olho seco e consequentemente mais fotofobia”, destaca. A mulher, ressalta também está exposta ao uso de anticoncepcional que também piora o ressecamento da lágrima e a fotofobia. Além dos anticoncepcionais, outros medicamentos que podem provocar a fotofobia Queiroz Neto destaca os antibióticos, antialérgicos, antiarrítmicos, anti-hipertensivos, corticoides e  os indicados para acne como a Isotretinoína. Para diminuir o desconforto e proteger os olhos a recomendação é usar óculos escuros que filtrem 100% da radiação UV, finaliza.

 

Dezembro Vermelho: ainda é preciso falar sobre HIV/Aids no Brasil

Com números crescentes, entre 2007 e 2023 foram quase 500 mil casos de infecção por HIV no país

 

O Dezembro Vermelho, campanha nacional de conscientização, destaca a importância da prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento, é uma data criada para conscientizar a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acesso à diversas formas de prevenção e tratamento disponibilizados. 

De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2023 publicado pelo Ministério da Saúde, entre 2007 e junho de 2023, foram registrados 489.594 casos de infecção por HIV no Brasil, número que avança principalmente entre os jovens. Para o infectologista Julio Onita, do Hospital IGESP, os avanços significativos na medicina permitiram que o HIV deixasse de ser uma sentença de morte para se tornar uma condição crônica tratável, o que proporciona um ambiente favorável aos descompromisso com as medidas de proteção. 

“O uso de medicamentos antirretrovirais é fundamental para controlar a carga viral e prevenir a transmissão, garantindo que as pessoas diagnosticadas possam viver com qualidade de vida. Apesar disso, a prevenção continua sendo um dos maiores desafios, especialmente entre jovens e populações vulneráveis”, comenta o médico. 

Outro aspecto essencial é a luta contra o estigma. O preconceito em relação às pessoas que vivem com HIV/Aids prejudica tanto sua saúde mental quanto o acesso a recursos necessários para o tratamento e a prevenção. Falar abertamente sobre o tema, promover campanhas educativas e incluir a discussão em diferentes espaços sociais são formas de reduzir esse impacto e construir uma sociedade mais acolhedora.  

“O cuidado começa com a adoção de medidas preventivas eficazes, como o uso consistente de preservativos, a testagem periódica e o acesso a estratégias de prevenção, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a profilaxia pós-exposição (PEP). Além disso, a educação é uma ferramenta indispensável para desmistificar o vírus e incentivar a procura por informações e cuidados adequados”, ressalta Júlio. 

“Neste Dia Mundial do HIV/Aids, nosso compromisso é reforçar a importância da solidariedade e do acesso às informações e recursos, lembrando que cuidar da saúde é também uma forma de cuidar da vida em comunidade”, finaliza.
 


Hospital IGESP Paulista
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Obesidade X a relação do brasileiro com a alimentação: um alerta necessário

Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida, faz um importante alerta na relação entre obesidade e o comportamento dos brasileiros 

 

Considerada uma das grandes epidemias do século XXI, a obesidade é uma doença crônica que atinge mais de 60% dos brasileiros adultos, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2022. E muito além do excesso de peso, a obesidade está diretamente associada a complicações graves, entre eles doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até mesmo alguns tipos de câncer.

Fatores genéticos e do metabolismo contribuem para a doença, mas o fato é que o comportamento social e cultural dos brasileiros desempenha um papel crucial. “A relação dos brasileiros com a comida vai além da nutrição; é uma forma de socialização. São almoços de domingo com a família, reuniões de trabalho que acontecem em restaurante e até a famosa ‘pausa para o café’ durante o  dia de trabalho são parte da nossa identidade. O problema é que esses momentos envolvem excessos alimentares e, quase sempre, escolhas pouco saudáveis”, fala Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e especializada em Medicina do Estilo de Vida pela Harvard Medical School. “O problema não está apenas ao comer demais, mas ao comer automático quando estamos em reuniões familiares ou profissionais. Estudos já mostraram que nessas ocasiões podemos ingerir até 25% mais calorias do que o necessário pelo simples fato de não estarmos atentos à alimentação, mas ao ambiente”, completa a médica. 

Este comportamento enraizado contribui para que os números da obesidade cresçam cada vez mais, mas a boa notícia é que podemos mudar esse caminho. E mudar essa realidade inclui alterar os nossos hábitos culturais. “A primeira coisa a se compreender é que não precisamos tirar os encontros à mesa da nossa rotina; precisamos apenas melhorar a qualidade do que é servido. Trocas simples como os salgadinhos industrializados de aperitivos por palitos de pepino e cenoura já fazem uma grande diferença na nutrição e na saúde. Os encontros em restaurantes podem acontecer, mas que tal escolher um que sirva ‘comida de verdade’ no lugar do fast food? A verdadeira mudança começa no simples”, explica a doutora.

Outros hábitos também devem ser revistos: a televisão ligada no horário das refeições, o se alimentar enquanto mexe no celular são outras mudanças que devem ser promovidas. “A hora de se alimentar é hora de se alimentar. Televisão, celular, livros devem ser deixados de lado e a atenção plena ao prato deve ser praticada. Quando nos concentramos nas texturas, nos sabores do prato, mandamos ao nosso corpo um sinal de que estamos carregando a nossa energia e isso, acredite, impacta na sensação de saciedade e até na quantidade de comida que ingerimos”, continua Fernanda.

Importante dizer que não é o happy hour da sexta-feira ou a confraternização de final de ano que vai fazer com que uma pessoa se torne obesa, mas a somatória de sua relação com a alimentação ao longo do ano. “O alerta está sendo dado neste momento de intensa celebração social, mas a atenção ao que se come e ao desenvolvimento da obesidade é assunto a ser falado e cuidado ao longo dos 365 dias do ano”, finaliza a especialista.

 


Dra Fernanda Weiler - formada em medicina pela Universidade de Brasília (UNB) com residência em cardiologia pela mesma Universidade. É membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida. Entre 2014 e 2015 foi professora da UNB, mesma Universidade em que se formou. Sua extensão em Medicina do Estilo de Vida, feita na Harvard Medical School (EUA) fez com que Dra Fernanda passasse a olhar a saúde cardíaca como resultado também (e principalmente) das escolhas de vida de cada pessoa. Defensora da atividade física e da promoção dos bons hábitos, dedica parte de sua carreira a incentivar seus pacientes e seguidores das redes sociais a adotarem melhores hábitos no que tange aos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida. Dra Fernanda é também co-fundadora do grupo “Mais uma D.O.S.E (dopamina, ocitocina, serotonina, endorfina)”, que visa a melhora na qualidade de vida através da Medicina do Estilo de Vida.

 

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