Nesse artigo, o sócio-diretor da Tour House, Gian Terhoch, traz importantes insights sobre evoluções tecnológicas e sua aplicabilidade no setor, após sua participação no GBTA Conference, em Atlanta (EUA).
Passadas algumas semanas desde o GBTA Conference em Atlanta, esta é a principal pergunta que trazemos na bagagem e eu lhe explico o porquê.
Já há alguns anos observamos a penetração de tecnologias extremamente disruptivas nos mais diversos mercados, transformando drasticamente a experiência de consumo dos usuários, embarcando segurança de dados e armazenamento de informações sensíveis, detectando as rotinas, preferências, perfis e variadas nuances de personalidade do indivíduo, mas para sermos sinceros o mercado do turismo corporativo ainda não foi arrebatado por uma tecnologia de IA que traga aquele “woow moment” na jornada de compra do usuário final, mas nos dedicaremos a falar sobre isso mais adiante.
Voltando ao GBTA, duas coisas receberam muita luz e atenção neste momento do mercado: A primeira, a relevância do ESG no turismo corporativo, como, por exemplo, os temas relacionados à SAF (Sustainable Air Fuel) e a corrida que nosso mercado enfrenta nos desafios de diminuição severa nos impactos ao planeta, visto que atualmente mais de 2,5% dos gases de efeito estufa já são provenientes da aviação global.
O segundo traz uma mensagem muito direta. IA é o tema a se discutir, ponto final.
Isso ficou nítido pela imensa quantidade de sessões dedicadas ao tema nas plenárias e workshops e pela quantidade de exibitors no expocenter da conferência. Aos que não estão familiarizados com a estrutura do GBTA trago aqui brevemente um resumo.
O GBTA é dividido em três principais frentes, a primeira ocupa toda a manhã e traz sessões de letramento, workshops, rodas de discussão, palestras e grupos de trabalho sobre os mais variados temas pertinentes ao mercado. A segunda traz o expocenter com os estandes dos expositores e toda a estrutura de “feira” em si, é ali que as novidades, produtos e marcas são apresentadas. A terceira é composta pelas agendas “extrafeira” que se espalham por toda a cidade durante a noite.
Quando falamos da primeira, a expectativa era sobre quais seriam os campeões de audiência. NDC ainda seria amplamente discutido? ESG teria uma pauta relevante? Ou a IA de fato lideraria a agenda? A quantidade de sessões dedicadas não apenas à inteligência artificial, mas à tecnologia em si era enorme e o calendário estava repleto de exemplos, divido aqui com vocês uma pequena perte deles:
·
IA for non techies: Cases, Risks and Opportunities in the
travel industry.
·
Good News or Bad news? AI and the |Future of your job in
the travel industry.
·
How AI is Changing Everything, peoples, programs and
market.
Isto já nos dava
uma ideia da força que o tema teria na edição deste ano. Mas foi ao adentrar no
pavilhão de exposições que pudemos validar a tese. Mais do que nunca a
proporção entre “soluções e tecnologias entrantes” era absoluta maioria frente
ao “mercado tradicional”. Estamos falando de uma porção de traveltechs,
empresas de tecnologia, desenvolvedores, ferramentas de gestão online, IAs e
bots frente aos poucos stands das já conhecidas TMCs, companhias aéreas e redes
hoteleiras.
Chamou a atenção
a força e relevância que o mercado da Oceania vem ganhando quando o assunto é
IA para o mercado do turismo corporativo, pudemos nos deparar com empresas que
sabem o que estão fazendo e prometem trazer barulho para o mercado muito em
breve. Uma delas, da Nova Zelândia está usando IA na essência para transformar
a jornada do viajante corporativo. Ela levou para a feira seu BOT de
atendimento ao viajante, representada por uma figura humana feminina
extremamente simpática e com uma capacidade de entender diversas línguas numa
conversa próxima à perfeição (mesmo em meio a um pavilhão lotado e extremamente
barulhento). Durante a interação me identifiquei como um viajante que precisava
de hospedagem em São Paulo na semana seguinte e numa conversa extremamente leve
a IA dos neozelandeses me levou numa experiência extremamente disruptiva de
abertura do meu pedido de viagem entre momentos onde discutirmos em que bairro
eu deveria ficar, como seria o fluxo de aprovação daquela missão, dentre outros
pontos. Ao sentar pra conversar com os desenvolvedores e contar que somos do
Brasil veio a resposta rápida: “Brasil? Que legal! Mercado gigante, mas
bastante desafiador no acesso ao conteúdo, né?".
Isso traz
algumas reflexões do tipo “não adianta mirarmos em temas mais complexos como IA
ou tecnologia preditiva se ainda tivermos desafios primários com conteúdo, NDC,
etc. Todos concordamos neste ponto, certo?”
Aquela breve
interação com a IA desta empresa de tecnologia abre um mar de possibilidades no
que diz respeito ao customer experience do mercado corporativo nas mais
variadas esferas… será que teremos em breve de fato um concierge
de viagem que interaja conosco visceral e integralmente durante nossa jornada
desde a concepção dela (realizando uma conversa por voz ou vídeo como a que
realizamos no GBTA) ou até mesmo durante nossa viagem?
Seria loucura
pensarmos em interações online & realtime como:
“Hey
Gian, vi que você optou por se hospedar na região norte da cidade e seu voo de
retorno decola na sexta às 19:00. Isso me faz acreditar que você deva pegar
trânsito carregado para chegar no aeroporto. Na sexta passada este trajeto
levou quase duas horas para acontecer no final da tarde, talvez possamos
procurar juntos outra opção de hotel mais próxima ao aeroporto, o que acha?” (Com acesso simultâneo aos mapas, informações de trânsito
e minha agenda de voos e hospedagens a IA está indicando trocas na minha
logística e missão profissional).
Ou então:
“Hey
Gian, pude ver pela nota de consumo de seu almoço de hoje (que eu havia acabado de subir na plataforma de expense) que talvez
seu consumo calórico tenha ficado um pouco acima do normal para uma única
refeição, que tal um jantar mais leve hoje? Posso procurar por restaurantes
naturais perto do seu hotel, tudo bem pra você?” (Com acesso
inteligente aos consumos / prestações de contas e conhecendo minha rotina de
alimentação e consumo calórico via smartwatches, por exemplo, a IA pode
auxiliar em melhores escolhas de alimentação e cuidar da minha saúde).
Ou temais usuais
como:
“Olá
Gian, tudo bem por aí? Sua viagem para Curitiba que abrimos mais cedo ainda não
foi aprovada pelo João da Silva e expirará no final do dia de hoje, mas vi que
vocês participarão juntos de uma reunião às 14:00 na Sala Jacarandá, quer que
eu coloque um lembrete cerca de 3 minutos antes desta reunião para que você
possa falar com ele? Talvez você possa lembrá-lo de aprovar sua viagem.” (Leitura da política de viagens da minha empresa junto
com acesso ao calendário de reuniões da minha agenda, trazendo antecipação de
soluções para futuros problemas, neste caso uma viagem não aprovada).
São INFINITAS
possibilidades que hoje podem parecer distantes da realidade do mercado de
viagens corporativas, mas que, na verdade, já estão dobrando a esquina e devem
desembarcar muito em breve em nosso dia-a-dia.
Voltando
brevemente às plenárias, uma destas sessões ao qual eu pessoalmente participei
o tema era “Whats’s next? A pragmatista & A Futurist on Managing Generational
Business Travel Expectations” e o VP de Business Development da
Spotnana, Johnny Thorsen falava sobre como as tecnologias disruptivas e
inovação com IA poderão mudar drasticamente nosso mercado para uma plenária
LOTADA e foi aí que através do aplicativo da conferência a seguinte pergunta
foi feita aos presentes:
Em
quais aspectos/temas o ecossistema do turismo corporativo deve priorizar
investimento e atenção para o futuro do mercado?
A)
Uso de blockchain para transações mais seguras.
B)
Investimento em meios de transporte e hospedagens “eco-friendly”.
C)
Investimento em IA para uma melhor experiência do usuário.
D)
Investimento em plataformas de viagens para realização de reservas e gestão
mais simples e melhores.
Adivinhem qual
foi a opção mais votada pelos presentes?
Pois é, você
acertou rs.
E foi juntando
todas estas peças durante os três dias de conferência no Georgia Conference
Center que voltamos para o Brasil com um turbilhão de pensamentos relacionados
a IA generativa, preditiva, bots de CX e tudo o que este universo pode trazer
para o mercado e é por isso que a pergunta que lhes fiz no início deste artigo
se mostra tão pertinente.
Enfim, chegou a
hora da IA nas viagens corporativas?
A gente se reúne muito em breve para respondermos juntos!