Ginecologista
explica que o climatério, iniciando aos 40 anos, pode elevar o risco de
depressão nas mulheresEnvato
O climatério é um período que toda mulher passa,
geralmente a partir dos 40 anos, e traz uma série de mudanças no corpo e na
mente. Com a chegada dessa fase, conhecida como transição para a menopausa, o
organismo começa a sofrer alterações hormonais significativas. Essas mudanças
podem causar desconforto físico, como ondas de calor, insônia e dores
articulares, além de problemas emocionais, como irritabilidade e, em muitos
casos, depressão.
Segundo a médica Alexandra Ongaratto, especializada
em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o
primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, essas transformações afetam diretamente
a qualidade de vida das mulheres. “O climatério não envolve apenas sintomas
físicos, mas também mexe muito com o emocional. As oscilações hormonais podem
provocar tristeza, ansiedade e até depressão, afetando profundamente a rotina
das mulheres”, explica a médica.
De acordo com um estudo publicado pela Universidade
Estadual do Ceará, as mudanças hormonais dessa fase têm impacto em três áreas
principais da vida da mulher: física, emocional e social.
Além dos sintomas físicos, como as ondas de calor e
a falta de sono, questões emocionais, como a irritabilidade e a baixa
autoestima, são comuns. “Essas emoções muitas vezes passam despercebidas ou são
tratadas como algo natural, mas é importante entender que elas podem ser um
sinal de que algo não vai bem”, alerta Alexandra.
Outro fator que pode piorar o quadro emocional é a
situação familiar ou profissional. Muitas mulheres, durante o climatério,
enfrentam mudanças na estrutura de suas vidas, como filhos saindo de casa ou
novos desafios no trabalho. “Essas transições, somadas às mudanças no corpo,
podem gerar sentimentos de perda, solidão e depressão. É uma fase de muitas
transformações, e o peso emocional disso tudo pode ser muito grande”, destaca a
ginecologista.
Depressão e a rede de
comunicação interna do cérebro
Um estudo recente, publicado na revista Nature,
revelou que a depressão pode alterar a comunicação interna do cérebro antes
mesmo do surgimento dos primeiros sintomas. Utilizando a ressonância magnética
funcional (fMRI), os pesquisadores identificaram uma expansão da "rede de
saliência", uma área cerebral crucial para a motivação e atenção.
Essa descoberta é especialmente relevante ao
considerar o climatério, uma fase em que muitas mulheres já são vulneráveis a
desequilíbrios emocionais e hormonais. As mudanças neurológicas precoces
associadas à depressão podem potencializar os desafios emocionais enfrentados
pelas mulheres durante essa transição, aumentando a incidência de sintomas como
irritabilidade, insônia e flutuações de humor.
Alexandra ressalta que essa nova evidência sobre as
alterações cerebrais traz uma perspectiva fundamental para entender a relação
entre climatério e depressão.
"Durante o climatério, as oscilações hormonais
já provocam uma série de sintomas físicos e emocionais. Compreender que a
depressão pode causar modificações na rede de saliência nos permite ver por que
algumas mulheres apresentam quadros depressivos mais severos nesse
período", explica. Ao identificar precocemente essas mudanças no cérebro,
podemos desenvolver estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes,
contribuindo para uma melhor qualidade de vida das mulheres nessa fase tão
desafiadora.
O Instituto GRIS oferece um atendimento
especializado para mulheres em todas as fases da vida, incluindo o climatério.
“Existem formas de minimizar esses sintomas, tanto com tratamentos hormonais
quanto com acompanhamento psicológico. O importante é que as mulheres saibam
que não estão sozinhas e que podem melhorar sua qualidade de vida”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário