Quando
surge um problema vascular, como as varizes, um dos caminhos para a solução do
incômodo pode ser a indicação de um tratamento cirúrgico.
Dados
da Sociedade
Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) dizem que mais de 529 mil brasileiras foram internadas para tratamento
de varizes entre 2013 e 2022. O cálculo aponta que a cada hora, em média, seis
mulheres são submetidas a cirurgias para tratamento do problema pela rede
pública de saúde.
Mas
quais os tipos de tratamentos vasculares existem?
O
cirurgião vascular e angiologista Fábio Rocha explica alguns tipos de
tratamento para varizes: escleroterapia com espuma densa, cirurgia de varizes,
cirurgia a laser e radiofrequência.
Escleroterapia
"A
escleroterapia de varizes é parecida com a secagem de vasinhos", sendo
feita aplicando-se um produto específico (polidocanol em forma de espuma) no
interior do vaso sanguíneo, que desaparece depois de alguns dias, explica o
médico.
Utilizando
uma injeção com agulha bem fina, é injetada uma espécie de espuma que irá
"matar" a veia. Com isso, o sangue irá passar por outra veia saudável
como alternativa para retornar ao coração.
O
procedimento é realizado na própria clínica, sem necessidade de internação ou
repouso, sendo necessário o uso de meias de compressão elásticas.
Cirurgia
de varizes
A
flebectomia de tributárias, havendo a possibilidade ou não da retirada da
safena, é conhecida como cirurgia de varizes e serve para remoção da veia
varicosa. O procedimento é feito em centro cirúrgico com anestesia. Na maioria
das vezes, é uma cirurgia de rápida recuperação e com bons resultados, tanto
funcionais quanto estéticos. O repouso é rápido e o(a) paciente pode voltar à
rotina geralmente depois de 10 dias.
Cirurgia
a laser
Fábio
Rocha explica também que é preciso compreender que existem dois tipos de
tratamento com laser.
"Um
deles é feito com o laser transdérmico na região das varizes. Esse tipo de
laser é aplicado sobre a pele e absorvido pelo sangue, fazendo-o aquecer. Os
tecidos ao redor não aquecem. O sangue quando aquecido causa a contração e,
consequentemente, o fechamento do vaso. Este tratamento é utilizado para
varizes de pequeno calibre.
O
outro tipo de laser é o endolaser. "O procedimento é feito por uma punção
na veia a ser tratada. Com ajuda de um ultrassom, uma fibra óptica é inserida
no local e lança luz infravermelha, que faz as veias contraírem à medida que a
fibra é retirada da veia. Podem acontecer inflamação e coágulos, que são
absorvidos pelo organismo", completa.
Radiofrequência
Este é
um procedimento parecido com o endolaser. Um cateter é colocado na veia a ser
tratada. Guiado por ultrassom, o cirurgião vascular coloca o equipamento na
posição correta e as ondas de radiofrequência fazem a veia fechar, impedindo a
passagem do sangue.
Remoção
da veia safena. É sempre necessária?
Primeiro
é preciso entender que em cada perna existem duas veias safenas. A Safena Magna
ou interna vai do tornozelo à virilha. Já a Safena Parva ou externa está na
panturrilha e vai do tornozelo até a parte posterior dos joelhos.
A
safenectomia, ou seja, retirada das veias safenas, é indicada quando a veia
está muito tortuosa ou dilatada, dificultando o retorno venoso. Se não tratado,
esse problema pode causar úlceras e feridas nos membros inferiores.
E quais os cuidados com a cirurgia vascular?
O
cirurgião vascular Fábio Rocha explica que os cuidados precisam ser tomados
antes e após um procedimento cirúrgico.
Pré-operatório
Após passar por consulta médica e agendar a cirurgia, o paciente precisa se atentar a alguns cuidados. Contudo, lembre-se de que cada situação dependerá do tipo de cirurgia que você fará. Afinal, cada procedimento exige um tipo de cuidado.
Primeiro passo é entender que será necessário um
jejum de pelo menos oito horas. E, nesse jejum, além de não ingerir alimentos,
o paciente também não poderá ingerir água. A água só é permitida em alguns
casos, com pequenos goles, se o paciente tiver que tomar algum medicamento.
Outro
fato que ele deve ficar atento é chegar ao local da cirurgia com pelo menos
duas horas de antecedência. Se for pedido, o paciente deverá levar os exames
que já foram realizados.
Outra
parte do tratamento vascular com cirurgia começa ainda no centro cirúrgico ou
no ambulatório.
Intraoperatório
Os
cuidados intraoperatórios também fazem parte para o sucesso da cirurgia. Porém
não é um tipo de cuidado único para todos os pacientes.
Compreenda
que cada pessoa é única, tem suas necessidades e consequentemente os cuidados
serão individualizados nesta fase do tratamento.
De modo
geral, podemos dizer que três fases devem ser observadas aqui: indução
anestésica, procedimento cirúrgico e recuperação anestésica. Ou seja, o
paciente deve ser anestesiado por um profissional, em centro cirúrgico de
hospital ou clínica com infraestrutura para possíveis intercorrências. A
cirurgia deve ser realizada por médico profissional e logo após o término dela,
a reversão da anestesia deve ser feita pelo anestesista.
Pós-operatório
O
pós-operatório será a parte mais importante, pois é nesta fase, com a ajuda do
paciente, que a cirurgia será realmente um sucesso.
Meia Elástica
As
meias elásticas de compressão são fundamentais no pós-operatório de cirurgia
vascular.O tempo que elas serão utilizadas será indicado pelo cirurgião
vascular.
Hidratação
Não
importa qual o tipo de cirurgia vascular que você fez nas pernas, os
medicamentos podem causar desidratação. Por isso, é essencial que a hidratação
seja feita de forma correta.
Evite sol
Evite
fazer esse tipo de cirurgia estando bronzeado(a). Após a cirurgia, evite se
expor ao sol até que sua pele esteja totalmente recuperada. Quando sei que ela
estará recuperada? O seu médico irá te orientar quanto a isso.
Caminhada
Ficar
totalmente em repouso não é a melhor opção. Fazer uma pequena caminhada dentro
de casa, de até dez minutos a cada duas horas, ajuda a melhorar a circulação e
a evitar problemas como trombose e inchaços.
Drenagem linfática
Apesar
de não ser uma técnica obrigatória, a drenagem linfática é indicada para ajudar
na diminuição de inchaços locais.
Curativo
Certifique-se
de que as mãos de quem irá ajudar com os curativos estejam realmente limpas.
Isso evitará a contaminação e possíveis infecções. Usar álcool 70% é uma boa
alternativa. Outra situação é ficar atento ao micropore e a possíveis
anormalidades, como mudança de cor na pele, dores ou outra situação fora do que
é esperado. Caso aconteça, deve-se informar ao médico imediatamente.
Alimentação
Apesar
de, em alguns casos, os pacientes sentirem náuseas, é preciso se alimentar de
forma correta e o mais saudável possível. Ah, e não se esqueça da hidratação.