Testes com uso tópico e oral da melatonina apresentaram resultados promissores na melhora do melasma; especialista reforça os impactos que o melasma pode causar nas pessoas e como a melatonina pode beneficiar a saúde da pele e do corpo
A melatonina é um hormônio produzido naturalmente
pelo corpo humano e que desempenha várias funções importantes no organismo,
sendo o seu benefício mais conhecido o da regularização do sono, já que ela é a
responsável por induzir a sonolência e, assim, contribuir com um sono mais
profundo e reparador.
Mas pesquisas recentes descobriram que os
benefícios da melatonina também estão relacionados com a melhora do melasma. “É
sabido que a melatonina é um antioxidante poderoso, que ajuda a neutralizar os
radicais livres no corpo e isso pode ajudar a proteger as células do dano
oxidativo, reduzindo o risco de envelhecimento precoce, inflamação da pele e
melhora da proteção UV. Porém, por conta desse seu caráter antioxidante, alguns
estudos apontam que seu benefício pode estender-se também para o tratamento de
distúrbios pigmentares, como o melasma”, explica Dr. Maurizio Pupo,
farmacêutico e professor especialista em cosmetologia.
Estudos apresentam resultados
promissores
Em um estudo publicado pela University
of Miami Miller School of Medicine, em 2022, apontou que pacientes
com melasma que fizeram uso de melanina tópica (5%) e oral (3 mg/dia) tiveram
efeitos significativos de clareamento da pele, além de maior proteção contra o
fotoenvelhecimento.
Outro estudo desenvolvido em Mumbai, pela DY Patil
University, em 2023, avaliou de forma comparativa a eficácia da
melatonina oral em combinação com ácido tranexâmico oral (TXA) versus o uso de
TXA oral sozinho no tratamento do melasma. Foram selecionados 20 pacientes,
sendo que 10 pacientes foram tratados com uma combinação de melatonina oral e
TXA oral (Grupo A) e os outros 10 pacientes restantes foram tratados apenas com
TXA oral (Grupo B).
Nos resultados, o Grupo A apresentou uma melhoria
acentuada entre o 15º dia e os 2 meses de tratamento. Já o Grupo B apresentou
uma melhoria mais lenta ao longo desses 2 meses. Desta forma, o estudo concluiu
que a melatonina oral juntamente com o ácido tranexâmico oral tiveram melhores
resultados no tratamento do melasma.
“É preciso ressaltar que o aumento da pigmentação
da pele ocorre devido a vários fatores, como idade, alterações hormonais,
desequilíbrios endócrinos, inflamação e exposição ambiental, como é o caso
radiação ultravioleta (UV), luz azul e infravermelha, resultando em condições
dermatológicas, como o melasma. E hoje em dia já existem diversos tratamentos
para este problema, tanto tópicos, quanto clínicos. Mas a descoberta de que a
melatonina também pode beneficiar a melhora do melasma, com certeza é um avanço
significativo para os cuidados dermatológicos”, afirma o especialista.
Impacto na população
brasileira
De acordo com a Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD), a estimativa é que o melasma acometa de uma em cada três
mulheres brasileiras (cerca de 35% deste público). “Este é um número alto e o
problema é reconhecido como uma preocupação significativa na saúde da pele no
Brasil, já que temos intensa exposição solar em grande parte do país durante
todo o ano. Por isso, toda descoberta nesta área é de extrema importância,
especialmente, para as mulheres que possuem sua autoestima afetada por conta do
melasma”, diz Dr. Maurizio.
Além da autoestima, o melasma também pode causar
estresse emocional, devido à preocupação com a aparência, complicações
psicológicas, como ansiedade e depressão, além de alguns riscos de danos à pele,
por conta de tratamentos caseiros que podem tanto dar errado, quanto contribuir
ainda mais com a sensibilidade da pele. “Ou seja, é um problema que vai muito
além da estética e, por isso, deve-se dar atenção necessária para o assunto e
tratá-lo de forma séria e urgente para tratamentos eficazes e seguros”,
ressalta o farmacêutico.
Benefícios da melatonina além
do sono e melasma
“A descoberta de que a melatonina pode contribuir
com a melhora do melasma é positiva de diversas formas, já que a substância
também contribui com outros benefícios para o nosso organismo e, desta forma,
será possível aliar a saúde da pele com a saúde do nosso corpo”, explica Dr.
Maurizio.
Entre os principais benefícios da melatonina, além
da já conhecida regulação do sono, destacam-se:
- Propriedades
antioxidantes: Como citado anteriormente, a melatonina é um antioxidante
poderoso, que ajuda a neutralizar os radicais livres no corpo e, desta
forma, contribui com a prevenção do envelhecimento precoce da pele.
- Suporte
ao sistema imunológico: Suas propriedades antioxidantes também podem
desempenhar um papel na melhora do sistema imunológico, ajudando a
fortalecer as defesas do corpo.
- Regulação
do humor:
Alguns estudos ainda sugerem que a melatonina pode ter efeitos benéficos
no humor, contribuindo com a redução dos sintomas de ansiedade e depressão
em algumas pessoas.
- Proteção
cardiovascular: Existem evidências de que a melatonina pode ter efeitos protetores
sobre o coração e os vasos sanguíneos, ajudando a regular a pressão
arterial e reduzindo o risco de doenças cardiovasculares.
- Benefícios
para a saúde cerebral: A melatonina também pode ter efeitos
neuroprotetores e, desta forma, contribui com a proteção do cérebro contra
o estresse oxidativo e inflamação, reduzindo potencialmente o risco de
doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
“Como vimos, estudos desenvolvidos tanto com a
melatonina oral, quanto tópica, trouxeram resultados positivos para o
tratamento do melasma. Além disso, seu uso oral ainda pode contribuir com a
nossa saúde de forma geral. De qualquer forma, sempre aconselhamos que o uso de
suplementação deve ser acompanhado de um médico e tratamentos caseiros para
melasma também não são indicados. Consulte sempre um profissional especializado
para garantir os melhores resultados para a saúde do seu corpo e pele”,
finaliza o especialista.
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