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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Mitos e verdades sobre o diabetes – informações falsas afastam pacientes do tratamento

Freepik
Na luta contra os estigmas às pessoas com diabetes, a Novo Nordisk esclarece principais dúvidas para instruir a população sobre a doença


Considerado uma doença crônica, ou seja, que exige tratamento e acompanhamento contínuos, o diabetes atinge cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo e deve chegar a 643 milhões até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, são 16,8 milhões de adultos, 10,2% da população, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023). 

Conforme a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o diabetes mellitus é caracterizado pela elevação da glicose no sangue, sendo que a maioria dos casos diagnosticados está dividida em diabetes tipo 1 (DM1), quando o corpo não produz insulina, e geralmente identificado na infância; e diabetes tipo 2 (DM2), caracterizado pela resistência à insulina ou produção insuficiente - representa cerca de 90% dos casos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Os sintomas que indicam um descontrole dos níveis de açúcar no sangue em ambos os tipos variam entre fome e sede constantes, diurese frequente, fraqueza, perda de peso, fadiga, náusea, formigamento nos pés e mãos, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas. Estar atento aos primeiros indícios e contar com acompanhamento médico adequado é fundamental para tratar essa condição, que pode ser silenciosa e quando os sintomas surgirem, a doença já pode estar avançada. 

Embora seja uma enfermidade amplamente conhecida, os pacientes com diabetes ainda enfrentam estigmas sociais devido à equivocada associação da doença a uma dieta pouco saudável ou a um estilo de vida ocioso, entre tantos outros mal-entendidos espalhados, principalmente, nas redes sociais. Para a gerente médica de diabetes da Novo Nordisk, empresa líder global em saúde, Dra. Mônica Palmanhani, a disseminação de informações falsas e a propagação de preconceitos fazem com que os pacientes se afastem do tratamento adequado, colocando em risco a própria saúde. 

"Na internet, nem todos os profissionais que falam sobre o assunto são especialistas e buscar fontes confiáveis e a opinião médica é fundamental antes de seguir qualquer dica ou tratamento milagroso", afirma. 

Pensando nisso, a Novo Nordisk, juntamente com a especialista, listou os principais mitos e verdades sobre a doença com o objetivo de propagar o conhecimento, prevenir complicações e salvar vidas. Confira abaixo:

 

Só tem diabetes quem come doce

Mito. Muitas pessoas acreditam que os dois fatores estão conectados. Pacientes diagnosticados tendem a se assustar e questionar o resultado justificando que não consomem muito doce, porém, o excesso de açúcar não é a única condição para a manifestação da doença. Pessoas com diabetes tipo 1, por exemplo, já nascem com a doença, sem qualquer relação com a ingestão de doces. Já o mais comum, tipo 2, tem relação com vários fatores de risco que favorecem o surgimento da doença, como idade, sobrepeso, herança genética, obesidade, sedentarismo e até mesmo síndrome de ovários policísticos. 

É fato que a má alimentação influencia e contribui para o aparecimento de doenças, mas, em se tratando de diabetes, o consumo de doces não é o único fator determinante para o diagnóstico. Todas as pessoas devem evitar o excesso de açúcar e manter uma dieta balanceada para a preservação de sua saúde.

 

Estresse descontrola a glicemia

Verdade. Embora não seja responsável por ocasionar o diabetes, o stress, seja ele causado pelo cansaço, ansiedade, frustração ou qualquer outra razão é capaz de descompensar a glicemia, e deve ser um ponto de atenção aos pacientes. Por isso, possuir uma rede de apoio auxilia muito o tratamento. Estar rodeado de pessoas queridas proporciona confiança, momentos de descontração, alívio de preocupações e suporte afetivo, o que contribui na manutenção da saúde mental e torna a jornada do paciente mais leve.

 

O diabetes está controlado se uma ferida cicatriza

Mito. Relacionar o diabetes apenas à cicatrização acarreta um risco muito grande ao paciente. A falta de cicatrização de uma ferida e o perigo de amputação são os últimos e mais alarmantes sinais de que o diabetes está completamente descontrolado há muito tempo. 

Antes da dificuldade de cicatrização, é imprescindível estar atento aos primeiros sinais, como o aumento da frequência de urina, perda de peso, dormência nos pés, visão embaçada entre outros. Pequenos indícios já são indicativos de diabetes descontrolado e demandam o acompanhamento profissional adequado. 

A prudência faz parte de todo tratamento, e aguardar a situação chegar nesse ponto para iniciar mudanças efetivas é colocar a vida em risco.

 

Pessoas com diabetes não podem doar sangue

Verdade, mas quando nos referimos a pessoas com diabetes tipo 1, dependentes de insulina, esses pacientes podem ter alterações do sistema cardiovascular e, em decorrência disto podem apresentar problemas durante ou logo após a doação. 

Porém, para a maior parte das pessoas diagnosticadas com o tipo 2, essa afirmação é um grande mito. Para os pacientes com DM2 que não utilizam insulina no tratamento, que mantêm os níveis de glicemia controlados e não apresentam alterações vasculares, a doação pode ser realizada sem impedimentos. 



Novo Nordisk
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1º de abril - Dia Nacional da Segurança do Paciente

  Um em cada dez pacientes pode ser vítima de erros; confira ações para minimizar riscos e danos


Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética destaca que a valorização dos profissionais de saúde colabora para a segurança dos pacientes

 

Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que um em cada dez pacientes pode ser vítima de erros ou eventos adversos durante a assistência à sua saúde. Em geral, danos a pacientes têm consequências de ordem física ou psicológica, além de um alto custo social. 

Para transformar esse cenário e contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todo o território nacional, há 11 anos foi definido o Dia Nacional da Segurança do Paciente (1º de abril), em alusão ao Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituído por meio da Portaria n.o 529. 

A partir da iniciativa, o Ministério da Saúde definiu seis Protocolos de Segurança do Paciente, que tratam de diferentes temas, como cirurgia segura, cuja finalidade é determinar medidas a serem implantadas para reduzir a ocorrência de incidentes e eventos adversos, e a mortalidade cirúrgica. 

Atualmente, há ainda um esforço para o alcance das metas definidas pela OMS em parceria com a Joint Commission International (JCI), que são: identificar o paciente corretamente e melhorar a eficácia da comunicação e da segurança dos medicamentos de alta vigilância. 

Também estão entre as recomendações do movimento: assegurar cirurgias com local de intervenção, procedimento e paciente corretos, reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde e diminuir o risco de danos associados a quedas.

 

Ações e valorização 

“A data traz uma reflexão e incentiva os profissionais de saúde a buscarem desenvolver ações que reforcem a segurança do ambiente onde estão inseridos, deles próprios e, em especial, dos pacientes”, pontua o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Raul Canal. 

Para o especialista, a segurança do paciente está correlacionada à valorização do profissional de saúde. Recentemente, o Projeto de Lei n.º 1.365/2022, que aumenta para R 10.991,19 o piso salarial de médicos e cirurgiões-dentistas no País, para a jornada de 20 horas semanais, foi tema de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). 

A proposta atualiza a Lei n.o 3.999, de 1961, e aumenta, em ao menos 50%, o valor do adicional noturno e de horas extras. “Sem dúvida essa Lei será de extrema importância para essas duas classes, pois trará mais segurança aos profissionais e, por consequência, à população”, comenta o presidente da Anadem. 

Em 2023, a Anadem enviou nota técnica aos parlamentares da CAE propondo adequação do valor para R 18.709,99.

 


Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética – Anadem
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Doença hepática ultrarrara: mulher sofreu com coceiras incessantes durante 10 anos até receber o diagnóstico de PFIC3

 

Casa Hunter, associação de pacientes, chama atenção para a colestase intra-hepática familiar progressiva (PFIC), doença genética ultrarrara que leva ao acúmulo de bile no fígado podendo causar até mesmo cirrose hepática1
 

Quando tinha apenas 17 anos, a farmacêutica Larissa Cazumbá, hoje com 30 anos, começou a sentir coceiras intensas, principalmente nas mãos e pés, acompanhadas de fadiga persistente. Sem melhora, a jovem recorreu a dermatologistas. “Na época, eu fiz diversos exames que não revelaram anormalidades. As coceiras eram tamanhas que passei a ter feridas pelo corpo, além de prejudicar meu sono e vida social. Os tratamentos prescritos não surtiram efeito. O meu diagnóstico de colestase intra-hepática familiar progressiva do tipo 3 ou PFIC3, que faz parte de um grupo de doenças que causam alteração do fluxo da bile, veio apenas aos 29 anos de idade”, relembra Larissa. 

Após anos convivendo com coceiras, foi somente em uma consulta com um hepatologista, depois de realizar um transplante de fígado devido à cirrose, que Larissa soube da possibilidade da manifestação da PFIC3. Na ocasião, ela mencionou ao médico uma situação que sua irmã passou há 12 anos, no mesmo período que ela começou a sentir coceira. “Durante a gravidez, minha irmã sentiu uma coceira bem intensa. Os exames dela indicavam alguma irregularidade no fígado, porém os obstetras não conseguiam diagnosticá-la”, conta. No sétimo mês de gestação, o estado de saúde de sua irmã se agravou e foi preciso realizar o parto prematuro. “Depois disso, ela nunca mais sentiu nada. Diante deste meu relato, o especialista logo suspeitou que poderia se tratar de PFIC3, pelo fato de, entre outras questões, outros familiares terem manifestado os mesmos sintomas. Fizemos um exame genético que confirmou a doença”, finaliza. 

O médico gastroenterologista e coordenador do Serviço de Gastroenterologia e Hepatologista do Hospital Português da Bahia, Paulo Bittencourt, explica que a falta de diagnóstico preciso ou tardio, semelhante ao relatado por Larissa, infelizmente, é muito comum, principalmente em adolescentes e adultos jovens. “A PFIC3 é mais frequente nos primeiros meses de vida e na infância, mas pode se manifestar tardiamente em jovens e adultos. Os sintomas são inespecíficos e acabam sendo relacionados a outras doenças, como alergia, por exemplo. Por isso, precisamos informar as pessoas e os profissionais de saúde sobre PFIC3 e outras doenças do fígado que se manifestam por coceira ou prurido para que haja conscientização da doença, diagnóstico precoce e tratamento adequado”, explica o especialista.
 

Ele atenta ainda para o quão impactante são os efeitos da doença: “a pessoa afetada sofre com prurido dia e noite, não consegue dormir, estudar ou trabalhar. Sua pele é repleta de escoriações por não parar de se coçar. Essa condição leva muitas pessoas a tentar realizar um transplante de fígado mesmo antes de apresentar cirrose, apenas para se livrar deste sofrimento e do estigma social que ele provoca.” 

A PFIC3 ocorre por conta de uma alteração da composição da bile decorrente de mutação genética que altera a função da proteína MDR3, que altera a função da MDR3, importante para manter a fluidez do suco biliar. Como resultado, ocorre inflamação dos canais biliares (colangite), levando à dificuldade de passagem da bile até o intestino (colestase). Alguns dos sintomas são: coceira, icterícia, cansaço fácil ou sinais de falência do fígado como sangramento digestivo por varizes esofágicas e barriga d’água (ascite).1,2 “Atualmente, já existe tratamento que muda ou posterga a necessidade de cirurgia e procedimentos invasivos, como transplante de fígado. A identificação precoce e o cuidado adequado podem garantir qualidade de vida. E isso pode transformar a vida de quem tem PFIC3”, finaliza o especialista. 



Referências

[1] Gonzales E, Spraul AD, Baussan C, Buffet C et al. Liver diseases related to MDR3 (ABCB4) gene deficiency. Front Biosci. 2009; 14:4242-56.
[2] Jacquemin E. Role of multidrug resistance 3 deficiency in pediatric and adult liver disease: one gene for three diseases. Semin Liv Dis. 2001; 21:551-62.


TDAH e autismo: quais são as semelhanças e diferenças?

Foto: Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe
 A identificação da manifestação dos sintomas é crucial para o diagnóstico e tratamento adequados e individualizados

 

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno do espectro autista (TEA) são condições do neurodesenvolvimento que podem atingir crianças e adolescentes. Dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) mostram que em torno de 5% a 8% da população mundial tenha TDAH. Já o estudo “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, revela que 4 milhões de brasileiros tenham o diagnóstico do TEA. 

Apesar de suas diferenças de diagnóstico e de manifestação, os distúrbios compartilham algumas semelhanças. Ambos podem afetar significativamente a comunicação social, a capacidade de aprendizado e a adaptação comportamental. Por isso, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado em 2 de abril, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, ressalta a importância da identificação da manifestação dos sintomas para o diagnóstico e tratamento adequados e individualizados.

 

Semelhanças entre TDAH e autismo

Indivíduos com TDAH ou TEA podem encontrar desafios em manter a atenção em tarefas ou interações sociais por períodos prolongados. Além disso, pode-se observar padrões de comportamentos repetitivos ou de fixação em interesses específicos, embora as motivações possam variar. 

Outro ponto em comum é que as características podem mudar amplamente de indivíduo para indivíduo. “Essa sobreposição nos desafios de comunicação e atenção pode, às vezes, complicar o diagnóstico diferencial entre os dois transtornos. Por isso, a importância de uma avaliação detalhada e individualizada com um profissional especializado”, realça o neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe.

 

Diferenças entre TDAH e autismo

O TDAH é primariamente caracterizado por dificuldades na manutenção da atenção, impulsividade e hiperatividade. Além do impasse em concentrar-se por períodos prolongados, os indivíduos costumam agir sem pensar. E isso pode ser observado em todos os ambientes, impactando significativamente a vida social, acadêmica e profissional. 

Já o TEA é caracterizado por déficits nas interações sociais e na comunicação, bem como por padrões de comportamento, interesses e atividades restritos e repetitivos. Além disso, o TEA inclui uma gama de sintomas sensoriais, como hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos visuais, auditivos ou táteis, que não são características do TDAH.

 

Diagnóstico

Os diagnósticos são confirmados por meio de avaliações clínicas. Isso inclui entrevistas com pais ou cuidadores, observações comportamentais e uso de escalas e questionários padronizados. Tudo é realizado por uma equipe multidisciplinar, que reúne pediatras, neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos e terapeutas ocupacionais. O diagnóstico dos dois transtornos segue critérios detalhados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5.ª edição (DSM-5), e na Classificação Internacional de Doenças, 11.ª edição (CID-11).

 

Tratamento

O tratamento é altamente individualizado e deve ser ajustado às necessidades que mudam ao longo do tempo. No TDAH, geralmente são combinados medicamentos que melhoram a atenção e controlam os impulsos, com terapias comportamentais e adaptações pedagógicas de acordo com as necessidades. Para o TEA, o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui terapias comportamentais, terapêuticas e educacionais, além de intervenções psicossociais para desenvolver e melhorar as habilidades. O suporte é estendido também à família da pessoa com TEA, visando a um melhor ajuste social e emocional.

 

Como lidar e apoiar a pessoa com TDAH e/ou TEA?

O neuropediatra Anderson Nitsche ensina como apoiar alguém com TDAH ou autismo. “Trata-se de um compromisso com o desenvolvimento e bem-estar da pessoa, proporcionando-lhe um ambiente que favoreça seu crescimento e aprendizado contínuos. Demanda paciência, compreensão e disposição para adaptar estratégias conforme necessário”, resume. Veja, abaixo, mais algumas dicas do especialista.

 

- Promover um ambiente familiar estruturado: estabelecer uma rotina consistente e um espaço minimamente distrativo ajuda a gerenciar a ansiedade e favorece o foco em tarefas. A comunicação clara e direta, adaptada às necessidades individuais, também é essencial, especialmente para pessoas com TEA. Recursos visuais podem ser úteis.


- Criar um plano educacional individualizado (PEI) na escola: considerar as necessidades específicas do estudante é fundamental. Isso pode incluir ajustes como mais tempo para tarefas e acesso a instrução especializada. Criar um ambiente acolhedor e inclusivo promove a compreensão e aceitação entre todos os estudantes.


- Facilitar a transição entre diferentes ambientes: discutir o que esperar e como agir em novas situações pode ajudar a minimizar a ansiedade associada a mudanças ou eventos desconhecidos. A participação em grupos de apoio ou atividades extracurriculares pode ser encorajada para facilitar a interação social em um contexto estruturado e positivo.


- Realizar acessos e educação contínua: garantir que a pessoa com transtornos de neurodesenvolvimento tenha acesso às adaptações e recursos necessários em todos os contextos é muito importante. Além disso, é essencial para famílias e profissionais buscar constante educação e formação para melhor compreender e apoiar essas pessoas.

 

Número de casos de câncer de colo do útero no Brasil é três vezes maior que meta estabelecida pela OMS

Apesar dos avanços em prevenção, o país registra 13 casos para 100 mil brasileiras, taxa três vezes maior que a estabelecida pela Organização Mundial da Saúde. O Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) ressalta que o aumento da adesão à vacina contra HPV, oferta de testagem molecular do HPV e a ampliação do acesso ao Papanicolau são algumas das medidas importantes para que o Brasil se aproxime das metas da OMS para 2030. Em março foram completados dez anos que a vacina contra HPV está disponível no SUS

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o câncer de colo do útero como sendo um problema de saúde pública e que seria necessário reduzir a incidência abaixo do limiar de quatro casos por 100 mil mulheres por ano em todos os países até 2030. No Brasil, segundo os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 17 mil novos casos para cada ano do triênio 2023-2025, o que equivale a uma taxa ajustada de treze casos para cada 100 mil brasileiras, superando em três vezes a meta estabelecida pela OMS.

Com o objetivo de mudar este cenário, caminhando em direção ao objetivo de adotar estas medidas e ter a primeira geração brasileira livre da doença, foi criado o Movimento Brasil sem Câncer de Colo do Útero por iniciativa da oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues, primeira presidente e atual diretora de planejamento do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA).

A especialista, em sua participação em episódio especial do EVA CAST, disponível nas plataformas de podcast, comenta que o Movimento Brasil Sem Câncer do Colo do Útero trabalha em total alinhamento com a OMS, mas com um ajuste que leva em conta o perfil epidemiológico e socioeconômico do país. “A OMS defende o rastreamento atualmente com a técnica de HPV DNA, estimando que 70% das mulheres estejam cobertas por este método de rastreamento. No Brasil, a forma de rastreamento disponível no SUS é pelo exame de papanicolau”, ressalta Angélica Nogueira.


Avanço: teste molecular para o HPV no SUS - O Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) celebra a recente incorporação do teste molecular para o HPV no SUS como meio de detecção do papilomavírus humano (HPV) para rastreamento do câncer do colo do útero no SUS. O rastreamento com testes moleculares para detecção da doença é mais eficiente para a identificação de lesões precursoras do câncer do colo do útero e, consequentemente, contribui para a redução de novos casos e da mortalidade pela doença. Além disso, a identificação precoce do câncer e das lesões pré-malignas permite o uso de tratamentos menos invasivos, a melhora da qualidade de vida durante o tratamento e o aumento da possibilidade de cura.

Apesar do teste molecular ser um exame mais caro do que o papanicolau, quando realizado na periodicidade de cinco anos observa-se que ele é custo efetivo, principalmente levando-se em consideração que o tratamento do câncer de colo uterino envolve alta complexidade e custos, além de impacto pessoal e social imensuráveis. “O teste de genotipagem do HPV permite identificar de forma bem mais eficiente a população em risco de vir a desenvolver lesões precursoras ou câncer”, explica o cirurgião oncológico Glauco Baiocchi Neto, presidente do EVA.


10 anos de vacina contra HPV no SUS: queda contínua e retomada em 2023 - Em março de 2024 foram completados dez anos que a vacina contra o vírus HPV para meninas passou a ser oficialmente disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, os dados trazem um importante alerta. Levantamento feito na base DataSUS mostra que, a cada ano, houve uma permanente diminuição da quantidade de doses aplicadas. 

O melhor resultado foi obtido justamente em 2014, quando foram aplicadas quase 8 milhões de doses da vacina contra HPV nas meninas brasileiras. Naquele ano, a imunização foi levada para dentro das escolas públicas. O número caiu para abaixo de 6 milhões de doses no ano seguinte. E, entre 2016 e 2022 o total não superou a marca de 2 milhões de doses. A boa notícia é que em 2023, segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas 5,8 milhões de doses, aproximando-se da marca registrada em 2015.

A imunização contra o HPV é principal forma de prevenção do câncer de colo do útero. A vacina é disponibilizada pelo SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, pessoas imunossuprimidas – indivíduos que vivem com HIV ou AIDS; transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea; pacientes oncológicos; e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade. 

 

Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos - EVA


Embolização: entenda o que é e em que casos é utilizado o procedimento realizado por Fausto Silva, o Faustão

Procedimento é realizado após o transplante para garantir o funcionamento adequado do rim

 

Após ter realizado um transplante renal no fim de fevereiro, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi submetido a um procedimento de embolização, utilizado, nesse caso, para obstruir o fluxo de linfa (líquido que circula no sistema linfático e apresenta uma composição que se assemelha ao plasma sanguíneo). Trata-se da cateterização de um vaso, normalmente uma artéria ou uma veia, mas que também pode ser de vasos linfáticos.

“Em alguns casos, pode ocorrer acúmulo de linfa próximo ao enxerto renal, atrapalhando a cicatrização e às vezes até o funcionamento do rim. Esse excesso de líquidos precisa ser removido e algum procedimento precisa ser realizado para que não haja recorrência. Acredito que a embolização dos linfáticos tenha sido a escolhida para o caso dele”, avalia o nefrologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Eduardo Tibali.

Segundo o especialista, esse é um procedimento que não deve ser realizado em qualquer pessoa. “Isso depende de um diagnóstico bastante preciso do que vai ser tratado, como no caso de um paciente ter uma má-formação artéria-venosa num órgão específico. Nesse caso, um dos tratamentos pode ser a embolização daquele vaso sanguíneo malformado”, detalha ele.

Trata-se, de acordo com o nefrologista, de um procedimento de alta complexidade, uma vez que exige um especialista treinado e um material próprio para a sua realização. “O procedimento pode deixar sequelas, mas depende muito do que está sendo embolizado. No caso da embolização de uma fístula adquirida em um transplante de rim em decorrência de uma biópsia, pode haver uma área de infarto renal ou até mesmo algum tipo de sangramento, então é um procedimento delicado”, afirma.

Segundo o médico, não há um tempo definido para que uma pessoa fique em embolização. “Uma vez que eu selecionei a estrutura a ser tratada, ela é embolizada e ela é, eliminada, isso é definitivo. Uma embolização não pode ser desfeita, por isso é um procedimento que precisa ser muito bem indicado, avaliado e depois feito”, ressalta.

Tibali lembra ainda que é comum que os pacientes que tenham feito um transplante com doador falecido levem um tempo um pouco mais prolongado para que o órgão funcione. “Isso tem vários fatores que estão relacionados. O tempo que o órgão demorou para chegar no paciente e a própria condição do paciente também determinam a demora no funcionamento”, diz.


O transplante de rim

O nefrologista destaca que o transplante de rim é uma cirurgia complexa, em que o paciente precisa ser submetido a anestesia geral e ser intubado para ter suporte respiratório adequado, além de também precisar haver monitoramento constante dos sinais vitais.

“O novo rim é implantado no sítio previamente escolhido (geralmente nas fossas ilíacas), havendo a ligação da veia, da artéria e do ureter; este último pode ser ligado diretamente na bexiga ou no ureter do receptor. Essas conexões são sempre vigiadas para observar ocorrência de vazamentos”, afirma.

Após o fim da cirurgia, o paciente segue para o setor de cuidados pós-operatórios (UTI ou unidade especializada) e deve receber medicamentos imunossupressores.

 

Hospital Edmundo Vasconcelos
Site: www.hpev.com.br


Mitos e verdades sobre o HPV

 Infectologista do Grupo Alliança esclarece as principais dúvidas sobre o assunto e reforça a importância de vacinação


Após Ana Maria Braga ter revelado que o câncer no ânus que enfrentou em 2001 foi proveniente do HPV, muitas dúvidas surgiram sobre a doença. O papilomavírus humano, também conhecido por HPV, é um vírus que pode ser transmitido por via sexual e atingir pele e mucosas de homens e mulheres. Por isso, a vacinação contra o HPV antes de iniciar a vida sexual é fundamental para evitar complicações futuras e reduzir a incidência do câncer, que segundo a OMS, o câncer de colo de útero chega a até 90%. A infectologista e diretora médica do Grupo Alliança, Dra. Lorena Faro, explica que o vírus do HPV, que é sexualmente transmissível, também está relacionado a outros tipos de câncer, como vagina, vulva, ânus e pênis. A seguir, a especialista esclarece as principais dúvidas sobre a vacinação e a doença.
 

Só se contrai HPV através de relações sexuais

MITO. Mesmo sem haver relação com penetração, o HPV pode ser transmitido também através do contato de região pubiana com lesão, por exemplo, com uma verruga genital, as formas de transmissão do HPV incluem qualquer tipo de contato íntimo.
 

Quem já teve HPV precisa se vacinar

VERDADE. O paciente que já teve a doença pode e deve se vacinar. A Dra Lorena Faro ressalta que, muitas vezes, não se sabe qual o tipo do vírus afetou o paciente, por isso é importante tomar a vacina para estar protegido com anticorpos contra outros subtipos, que também podem causar câncer. “Nossa recomendação é que todos tomem a vacina o quanto antes, para que possam gerar uma melhor resposta imune para produção de anticorpos. Essa é a forma mais eficaz para prevenir o câncer e as verrugas genitais, pois o uso do preservativo por si só pode não ser capaz de proteger contra a doença”.
 

A vacina do HPV é apenas para meninas e mulheres

MITO. De acordo com a infectologista, esse é um ponto importante, já que muitos homens não têm esse cuidado e prevenção. “A vacina HPV Quadrivalente é indicada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e homens de 9 a 26 anos de idade. Fora dessa faixa de idade, é possível se vacinar com prescrição médica”, explica Dra. Lorena, que também ressalta que nos postos de saúde, o imunizante é fornecido até 14 anos, mas na rede particular está disponível para os demais casos, com a aplicação de duas ou três doses, de acordo com a faixa etária.
 

A vacina do HPV estimula a vida sexual das mulheres

MITO. A vacinação contra o HPV não tem nenhuma relação com o incentivo à atividade sexual. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), diversas pesquisas já mostraram que adolescentes imunizados contra o vírus não são mais propensos a começar a vida sexual precocemente do que aqueles não vacinados. Para a infectologista Lorena Faro, a aplicação da vacina não seria uma forma de incentivo e sim de proteção e segurança para esses jovens: “A vacina é um imunizante seguro, com grande eficácia e poucos efeitos colaterais observados, como eventual dor e vermelhidão no local da aplicação, dor de cabeça, febre. E é importante lembrar que, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), tirando o câncer de pele não melanoma, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás apenas do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres no Brasil relacionada à doença. A vacinação é muito importante para evitar a doença.”, aponta.

 

O paciente sabe que tem HPV ao verificar feridas na região genital

MITO. A infectologista afirma que a doença pode ser subclínica, ou seja, sem lesões, verrugas ou outros aspectos perceptíveis a olho nu. Dessa forma, ela reforça a importância da consulta de rotina ao médico para a realização de exames preventivos, entre eles o Papanicolau.
 

Há opções de tratamento para a doença

Verdade. O tratamento do HPV depende do tipo de lesão e da gravidade da infecção, sendo que as principais opções incluem o uso de medicamentos tópicos, laser e cirurgia de alta frequência com utilização de um bisturi elétrico (CAF/ LEEP), assim como o monitoramento das lesões. “Muitas vezes antes de decidir qual a opção de tratamento, pode ser necessário realizar exames complementares como colposcopia, vulvoscopia e biopsias”, complementa Dra. Lorena Faro, que informa também que as lesões podem voltar ou aparecer novas, causadas por diferentes subtipos, por isso é essencial esse acompanhamento do ginecologista e o rastreio.


Alliança Saúde
site: Link


Ômega 3 na infância ajuda no desenvolvimento do cérebro e melhora a concentração

 

Divulgação

Ômega 3 é um tipo de ácido graxo essencial que não é produzido pelo corpo em quantidades adequadas e, portanto, deve ser obtido através da alimentação. Existem três principais tipos de ômega 3: ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). O ALA é encontrado em fontes vegetais, como sementes de linhaça, nozes e óleo de canola, enquanto o EPA e o DHA são encontrados principalmente em peixes de água fria, como salmão, sardinha e atum. 

Muito se ouve sobre a importância de incorporar Ômega 3 na vida adulta, mas o que muitos não sabem é que introduzi-lo na dieta das crianças pode contribuir significativamente para o seu crescimento saudável e bem-estar geral. 

“O ômega 3 é essencial para o desenvolvimento do cérebro em crianças e pode ajudar a melhorar a concentração, a memória e o desempenho acadêmico. Além disso, tem sido associado à redução do risco de condições inflamatórias e alérgicas. Incorporar alimentos ricos em ômega 3, como peixes gordurosos, sementes de linhaça e nozes, pode ser transformador na execução de atividades diárias da criançada”, destaca a médica e professora do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras, Polyana Sena.

 

Conheça alguns benefícios: 

-Desenvolvimento Cognitivo: ácidos graxos Ômega-3, como o DHA, são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro e da visão em crianças, sendo especialmente crucial nesse aspecto, pois constitui uma parte significativa dos fosfolipídios presentes nas membranas celulares do cérebro. Essas membranas desempenham um papel crucial na comunicação entre as células cerebrais, facilitando processos como a transmissão de sinais nervosos e a formação de sinapses, que são essenciais para aprendizado e memória

 

-Saúde Cardíaca: o Ômega-3 pode ajudar a promover a saúde cardiovascular, inclusive em crianças. O ácido EPA e o ácido DHA, podem auxiliar na redução dos níveis de triglicerídeos no sangue, o que pode ajudar a diminuir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose, mesmo em idades mais jovens.

 

-Redução da Inflamação: Pode auxiliar na redução da inflamação no corpo, contribuindo para um sistema imunológico mais forte, além de possui propriedades anti-inflamatórias, que podem ajudar a reduzir a inflamação nos vasos sanguíneos, diminuindo assim o risco de formação de placas de gordura e de coágulos sanguíneos 

Por fim, a médica salienta que peixes como salmão, sardinha e atum, são ótimas fontes de Ômega-3 e que alternativas vegetarianas incluem sementes de linhaça, chia e nozes. Agora, é só colocar em prática e cuidar da saúde!

  

Faculdade Pitágora
Para mais informações, acesse o site


Sociedade Brasileira de Anestesiologia celebra o Dia Nacional da Segurança do Paciente

SBA reforça a importância da qualidade na assistência à saúde

 

No dia 1º de abril é celebrado o Dia Nacional da Segurança do Paciente, data que permite que todos os serviços promovam localmente ações para fortalecer a segurança do paciente, dos profissionais e os ambientes de assistência à saúde. A data foi instituída pelo Ministério da Saúde em 2013, por meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), com o propósito de melhorar a qualidade do atendimento em todos os estabelecimentos de saúde do país. Fundada há 75 anos, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) reforça a relevância dessa iniciativa, enfatizando a necessidade contínua de minimizar os riscos de danos associados à assistência à saúde. 

Como uma das principais entidades médicas do país, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia desempenha um papel crucial na promoção da segurança do paciente. A SBA destaca a importância da formação e atualização contínua dos profissionais de saúde, da implementação de protocolos de segurança rigorosos e do apoio à pesquisa para desenvolver melhores práticas na área. “A segurança é fundamental na prestação de cuidados em qualquer sistema de saúde. Garantir a segurança do paciente não apenas protege os indivíduos que recebem assistência médica, mas também promove a confiança do público nos serviços de saúde e contribui para a eficácia geral do sistema”, ressalta o presidente da SBA. Dr. Luis Antonio Diego. 

Um dos objetivos primordiais da segurança do paciente é a minimização dos riscos de danos durante a prestação de cuidados. Isso envolve a identificação e a mitigação de potenciais ameaças à segurança do usuário em todos os níveis de assistência médica, incluindo a análise de indicadores, feedback dos pacientes e profissionais de saúde, e revisão de incidentes. Esse não é um objetivo estático, mas sim um processo contínuo de melhoria. “É fundamental que os sistemas de saúde estejam comprometidos com a busca constante da excelência na sua segurança, por meio da revisão de práticas, implementação de melhores estratégias e adoção de tecnologias inovadoras”, analisa o presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia. 

A Comissão de Qualidade e Segurança em Anestesiologia (CQSA), área que integra o Departamento de Defesa Profissional da SBA, busca melhorar a qualidade e segurança nos cuidados aos pacientes durante todo o processo cirúrgico. A comissão visa promover educação e capacitação para cuidado interdisciplinar ao paciente, impulsionar a qualidade e segurança na anestesiologia com base em gestão e gerenciamento de riscos, colaborar em eventos da SBA sobre segurança em anestesia, estimular o intercâmbio com organizações similares nacionais e internacionais, e opcionalmente indicar membros habilitados para eleições dentro do comitê. 

Diretor do Departamento de Defesa Profissional da SBA, Dr. Jedson Nascimento reafirma que experiência e habilidades são fundamentais para garantir a segurança e o sucesso dos procedimentos: "nós desempenhamos um papel crucial em todas as fases, desde a avaliação pré-operatória até o acompanhamento pós-anestésico. Nossa expertise em gerenciar a dor, monitorar os sinais vitais e garantir a estabilidade do paciente durante a cirurgia é essencial para o sucesso do procedimento e para a sua segurança. Isso é feito incentivando os anestesiologistas a adotarem práticas eficazes de gestão de riscos, promovendo o conhecimento, realizando pesquisas, agindo com ética e responsabilidade social. Neste dia, reconhecemos e valorizamos o papel dos anestesiologistas na prestação de cuidados de saúde de alta qualidade e na promoção da segurança do paciente", finaliza.


Dia Mundial da Saúde: o que empresas e trabalhadores podem fazer a mais

 

Seconci-SP faz recomendações para a prevenção e a qualidade de vida

 

Trabalhadores e empresas da construção civil podem ser mais pró-ativos nos cuidados com a saúde. Esta é a mensagem do dr. André Oliveira Jardim, clínico geral do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), por ocasião do Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril.

“O acompanhamento médico regular é relevante não somente para o tratamento de doenças agudas ou crónicas, mas principalmente para a promoção e a prevenção da saúde. No caso da indústria da construção, isto implica criar condições para se ter uma alimentação adequada, atividade física frequente, cessar alcoolismo e tabagismo, e cuidar da saúde mental, um assunto que se tornou prevalente após a pandemia, mas que para muitos ainda é encarado como tabu”, afirma o dr. Jardim.

De acordo com o clínico geral, o trabalhador da construção enfrenta o desafio de manejar uma rotina estressante: acorda cedo, às vezes alimenta-se de forma inadequada, chega tarde e cansado em casa, sem disposição para uma simples atividade física que poderia lhe proporcionar um sono reparador e um bem-estar no dia a dia.

“Nos fins de semana, em encontros com amigos podem ocorrer vícios como alcoolismo e tabagismo, comportamentos compulsivos que por sua vez também acontecem como uma reação ao estresse e a sintomas ansioso-depressivos. Tudo isso tem tratamento, daí a importância de também se olhar para a saúde mental e para a mudança de hábitos”, prossegue.


Recomendações

O dr. Jardim observa que o trabalhador deve ser estimulado à alimentação saudável. A empresa que não oferece refeições deveria, por exemplo, disponibilizar refrigeração para aqueles que queiram trazer uma salada de casa.

Outro cuidado é se observar o disposto da Norma Regulamentadora (NR) 24, que trata das condições de higiene e disponibilidade de água potável, em relação à disposição de água filtrada nas obras. “A hidratação farta é muito importante na construção civil, portanto, além de facilidade no acesso à água, também deve ser proporcionado acesso próximo dos trabalhadores aos banheiros, para a micção”, recomenda.

Encarregados, engenheiros e técnicos de segurança devem incluir o hábito de observar o comportamento dos trabalhadores, identificando, acolhendo e orientando para tratamento aqueles que apresentarem sintomas de transtornos mentais. “O médico do trabalho também poderia incluir, nas observações em canteiro e nos exames periódicos, a prática de identificar esses transtornos e indagar do paciente sobre como se sente no trabalho e no entorno familiar e de amigos”.

“As recomendações ao trabalhador incluem cuidar melhor da alimentação, incluindo saladas e proteínas nas refeições e evitando salgados em bares; não deixar de se encontrar com os amigos, mas limitar ao mínimo o consumo de cerveja e cessar o tabagismo; fazer uma atividade física em casa ou caminhadas aos finais de semana; hidratar-se, e procurar ajuda, caso tenha sintomas relacionados à saúde física ou mental”, destaca o dr. Jardim, lembrando que o Seconci-SP tem um corpo clínico que pode contribuir bastante para a saúde do trabalhador e de seus familiares.

 

02 de abril – Dia Mundial da Conscientização do Autismo

Diagnóstico de autismo aumenta nos consultórios e muitos adultos estão descobrindo que têm o transtorno 

Cenário avançou nas últimas décadas, mas ainda faltam políticas públicas eficientes para promover a verdadeira inclusão dos autistas na sociedade

 
 

O crescimento expressivo na quantidade de indivíduos diagnosticados com autismo no mundo, que hoje já representa cerca de 2% da população do planeta, traz à tona uma discussão importante: os casos de autismo estão aumentando ou os números atuais são reflexo de uma evolução no diagnóstico do transtorno, tanto em crianças quanto em adultos? 

Pesquisas científicas demonstram que o autismo tem uma forte base genética, que pode chegar a mais de 90% de herdabilidade. Nos últimos 20 anos, houve grande evolução no diagnóstico devido aos avanços das técnicas de sequenciamento. Mas no Brasil, ainda há precariedade na adoção de políticas públicas que permitam o acompanhamento e o tratamento de todos os brasileiros nessas condições. O Censo escolar registrou um aumento de 280% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares do país, apenas no período entre 2017 e 2021. E a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o Brasil tenha entre 2 e 4 milhões de pessoas com TEA. 

“É preciso investir em políticas públicas de Estado, que permaneçam mesmo com as mudanças de governo. Desde setembro passado, a atenção aos autistas consta na Política Nacional de Saúde da Pessoas com Deficiência (PNSPD). Mas apesar de avanços na legislação, é preciso que as leis e as iniciativas governamentais “saiam do papel” e atinjam, de fato, uma dimensão real de proteção e de inclusão”, afirma o Defensor Público Federal André Naves, especialista em direitos humanos e inclusão social. 

O número de diagnósticos aumentou vertiginosamente, mas ainda há muito a ser descoberto. Pesquisas sobre as causas e características do TEA são hoje um tema primordial da área de neurodesenvolvimento. De acordo com especialistas, o TEA envolve, na verdade, uma condição multifatorial, uma relação ainda desconhecida entre fatores genéticos e ambientais. O transtorno pode apresentar diferentes graus: desde o TEA de alto funcionamento, caracterizado por dificuldades de interação social, mas sem prejuízos cognitivos; até distúrbios mais severos, marcados não só por problemas de socialização, mas também por dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos. 

Por falta de um diagnóstico preciso, muitas pessoas só descobriram recentemente, na fase adulta, que têm TEA. Antes disso, percorreram diversos médicos em busca de tratamento para suas dificuldades. Algumas vezes, o diagnóstico só ocorreu quando o paciente decidiu buscar ajuda porque pretendia casar ou ter filhos. Outras vezes, a descoberta veio por meio de um filho com TEA, quando o pai ou a mãe percebeu que tinha características e comportamentos parecidos, ainda que leves. Esse, inclusive, foi o caso da advogada Barbara Moura Teles, atuante na área de direitos dos Autistas, mãe de uma criança com TEA e ela mesma, autista. 

“Eu só descobri que era autista após ter recebido o diagnóstico de autismo de meu filho. É importante destacar que o TEA é definido pela ciência como uma condição neurológica genética. Isso significa que boa parte ou quase todos os autistas herdaram isso em seus genes, da carga genética de seus pais. Diversos estudos apontam que a carga genética masculina é predominante, mas eu estou aqui para discordar disso. Eu, mãe do Antônio, fui recém-diagnosticada autista, aos 40 anos, nível 1 de suporte com altas habilidades. Então a carga genética do Antônio também é minha”, pontua Barbara. 

Henrique Vitorino, autor do livro “Manual do Infinito – Relatos de um autista adulto”, é outro que teve o diagnóstico tardio de autismo. “Sou um homem cisgênero, branco, de 32 anos. Fui diagnosticado autista somente aos 29 anos. O diagnóstico pode vir tarde, no entanto, o autismo nos acompanha desde sempre. Eu, particularmente, tenho muita dificuldade com imprevisto, mudança. Então, mesmo antes do meu diagnóstico formal, eu já percebia e falava dessas dificuldades”. 

A boa notícia é que atualmente e, cada vez mais, os casos de autismo estão sendo diagnosticados precocemente e com mais facilidade. Com o advento da internet, dos sites e redes sociais, o acesso à informação é bem maior e muitas pessoas que sempre se sentiram “deslocadas”, “sem ambiente”, “diferentes”, começaram a escutar e a ler sobre autismo e se identificaram. Hoje em dia, também, os profissionais têm um olhar mais aguçado para diagnosticar o TEA. 

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 02 de abril, destacamos a importância do diagnóstico adequado, do acompanhamento especializado e da inclusão social das pessoas com TEA. O diagnóstico não é simples. Não existe um biomarcador que aponte que alguém tem ou não tem autismo. Assim, é fundamental que neurologistas, pediatras e psiquiatras estejam cada vez mais preparados e atualizados para dar o diagnóstico com maior precisão e o mais cedo possível, a fim de garantir melhor qualidade de vida à essa parcela da população.


Erotomania, crescente transtorno delirante é estudo de caso contado por neurocientista

 Dr. Fabiano de Abreu explica sobre as fraudes românticas online que induzem erotomania, um distúrbio delirante raro.

 

Em um estudo recente publicado na BMC Psychiatry, pesquisadores abordaram um caso singular de erotomania induzida pela Internet. O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências com especialização em genômica e diretor do Projeto GIP, RG TEA e Neurogenomic, oferece uma perspectiva única, mergulhando nos complexos meandros neurobiológicos e cognitivos associados a este distúrbio.

Esta síndrome fascinou médicos e estudiosos, com as suas raízes remontando às reflexões de Hipócrates e aos estudos detalhados do psiquiatra francês Gaëtan de Clérambault no início do século XX.


Etiologia e Patogênese: Uma Perspectiva Neurogenômica

A erotomania, também conhecida como síndrome de Clérambault, é caracterizada por uma crença delirante e persistente de ser amado por alguém de status social mais elevado. O Dr. Fabiano de Abreu Agrela explica que “a erotomania representa um desvio fundamental na interpretação de sinais sociais e cognitivos, possivelmente decorrente de anormalidades nos circuitos neurais associados ao processamento de recompensas, percepção social e autoconsciência”.

Segundo o especialista, as redes neurais envolvidas incluem o córtex pré-frontal, o sistema límbico e a amígdala, com implicações potenciais no desequilíbrio dos neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina. “Os avanços na genômica permitem agora identificar variantes genéticas que podem predispor a esses desequilíbrios neuroquímicos”, acrescenta.


O Caso: Uma Confluência de Fatores Biopsicossociais

O caso em questão envolve uma mulher húngara de 70 anos, vítima de um golpe de romance online. Aposentada, previamente isolada e emocionalmente vulnerável, a senhora iniciou uma jornada delirante após desenvolver uma admiração pelo trabalho de um músico nas redes sociais. Essa admiração evoluiu para um envolvimento emocional intenso, alimentado por interações fraudulentas com um impostor que se passava pelo músico. 

Ao longo de um ano, o golpista estabeleceu uma profunda conexão emocional com ela, convencendo-a de um interesse romântico mútuo. Isso levou a mudanças pessoais significativas e sacrifícios financeiros por parte dela, culminando em conflitos familiares e uma tentativa grave de suicídio quando as demandas financeiras se tornaram insustentáveis. 

Admitida em um departamento psiquiátrico após a tentativa de suicídio, uma avaliação revelou a complexidade de fatores cognitivos, emocionais e psicológicos que contribuíram para seu diagnóstico de delírio erotomaníaco, induzido pela fraude do romance online e exacerbado por suas vulnerabilidades pré-existentes.

Dr. Fabiano de Abreu destaca: “Este caso exemplifica a interseção de vulnerabilidades preexistentes, como isolamento social e transtornos de humor, com a exposição a estímulos digitais enganosos, levando a um agravamento do quadro clínico”.

Ele enfatiza a importância de considerar os aspectos biológicos e psicossociais na avaliação de tais casos. “Precisamos avaliar como os fatores cognitivos, emocionais e ambientais interagem, contribuindo para a manifestação da erotomania”, explica.


Tratamento e Recuperação: Abordagem Integrativa

O tratamento deste caso específico combina psicofarmacologia com terapia cognitivo-comportamental. “A abordagem terapêutica deve ser holística, abordando não apenas os sintomas psiquiátricos, mas também fatores como a alfabetização digital e a resiliência emocional”, aconselha o Dr. Fabiano de Abreu.

Ele ressalta a importância de um acompanhamento longitudinal, dada a complexidade da condição. “Monitorar os avanços na cognição e comportamento ao longo do tempo é crucial para avaliar a eficácia do tratamento e prevenir recaídas”, afirma.


Prevenção e Conscientização: Desafios e Estratégias

O Dr. Fabiano de Abreu conclui ressaltando a necessidade de aumentar a conscientização sobre a erotomania induzida pela Internet e seus riscos associados. “Precisamos de estratégias preventivas direcionadas, particularmente para indivíduos com vulnerabilidades psicopatológicas, e aprimorar nossa compreensão dos mecanismos subjacentes a esses distúrbios”, enfatiza.


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