Quando
a ansiedade se torna crônica e persistente, pode afetar o cotidiano da mulher e
exigir intervenção
De
acordo com a Anxiety & Depression Association in America,
aproximadamente 264 milhões de pessoas no mundo são acometidas por transtornos
de ansiedade, sendo que as mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver
transtornos de ansiedade em relação aos homens. No último ano, a prevalência
foi maior para as mulheres (23,4%) do que para os homens (14,3%).
No
Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 19 milhões de
pessoas possuem algum tipo de transtorno de ansiedade, ou seja, quase 9,3% da
população brasileira.
Já uma
pesquisa do DataFolha revelou que três em cada dez brasileiros se sentem
ansiosos, sendo que 27% das mulheres já tiveram diagnóstico de ansiedade e 20% de
depressão — o dobro da taxa registrada para homens (14% e 10%,
respectivamente).
“Mesmo
com a alta prevalência, a ansiedade na mulher ainda é um tema velado na
sociedade, assim como qualquer transtorno mental que a envolva”, afirma Juliana Santos Lemos, psicóloga clínica, especialista em
Psicopatologia e Terapia Cognitivo-Comportamental pela PUC/RS.
Segundo
a psiquiatra Danielle H. Admoni, pesquisadora e supervisora na
residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e
especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); quando a
ansiedade se torna crônica e persistente, pode afetar o cotidiano da mulher e
exigir intervenção.
Gatilhos
comuns de ansiedade na mulher incluem: fatores biológicos, altas expectativas sociais e
profissionais, assédio e discriminação em ambientes dominados por homens,
pressão para manter o equilíbrio entre as tarefas domésticas e a carreira,
instabilidade financeira, flutuações hormonais durante os estágios da vida,
como menstruação, gravidez e menopausa.
Sintomas
de ansiedade:
abrangem uma série de manifestações emocionais e físicas, como: constante falta
de ar e tontura, pensamentos negativos persistentes, sintomas físicos (dores de
cabeça, desconforto gástrico, acidez e dor no peito), dificuldade de
concentração, inquietação, irritabilidade e agitação; dificuldade de dormir
devido à mente hiperpensante.
Portanto,
para proteger seu bem-estar emocional e evitar impactos negativos na sua
rotina, as especialistas citam estratégias, com base em estudos, para reduzir
seus níveis de ansiedade:
Adicione
“Weightless” na sua playlist: segundo uma pesquisa feita por cientistas do Mindlab
International, voluntários que foram expostos à música “Weightless”, do grupo
Marconi Union, tiveram uma redução de 65% na ansiedade geral. Produzida por
especialistas terapeutas de som, a canção, que pode ser encontrada nas
principais plataformas de música, foi criada especificamente com o objetivo de
minimizar os sintomas estressores.
“As
harmonias e os ritmos foram estrategicamente selecionados para gerar um efeito
calmante, ajudando a desacelerar a frequência cardíaca, reduzir a pressão
arterial, os níveis de cortisol, além de aumentar a liberação de endorfina,
promovendo sensação de prazer e bem-estar”, conta Danielle Admoni.
Pise
mais o pé na grama:
“Há um motivo pelo qual a natureza é chamada de ‘Vitamina N’. Pesquisas comprovam que o
contato com o verde e a terra relaxam corpo e mente, ajudando a lidar com a
tensão à medida que ela surge”, conta a psicóloga Juliana Santos Lemos.
Seja
uma artista (mesmo que amadora): uma revisão de estudos constatou que desenhar,
trabalhar com argila, pintura ou outras atividades artísticas podem reduzir
significativamente a ansiedade e provocar uma sensação de calma, conforme
medido pela diminuição do cortisol, da frequência cardíaca e da pressão
arterial. “O que vale aqui não é talento. O que você produz é menos importante
do que apenas o processo de criação em si”, frisa a psicóloga.
Dormir
bem é obrigação: uma
pesquisa realizada pela Universidade de Maryland e pela Universidade
Chinesa de Hong Kong comprovou que as taxas de distúrbio do sono
são mais elevadas nas mulheres, estimando um risco 40% maior em comparação aos
homens.
Já um
estudo feito pela National Sleep Foundation mostrou que quase 70% das
entrevistadas alegaram ter tido problemas para dormir durante algumas noites,
no decorrer do mês anterior à pesquisa, o que significa uma taxa bem
significativa. Uma das razões pelas quais as mulheres têm menos qualidade de
sono é o fato de terem que lidar com maiores demandas, conciliando trabalho,
família, casa e vida pessoal.
“É
durante o sono que o cérebro entra em um estado de atividade reduzida, se
refaz, consolida memórias e se prepara para absorver novas informações, além de
promover o equilíbrio dos sistemas endócrino, imunológico e neurológico”,
ressalta Danielle Admoni.
Encare
a água gelada no rosto:
mergulhe seu rosto em uma tigela de água gelada por 15 a 20 segundos. Parece
estranho, mas funciona! “Estudos evidenciam que o
contato do rosto com temperaturas frias ativa um mecanismo de neutralização em
resposta ao estresse. Vale também tomar uma ducha fria, ou colocar no rosto um
cubo de gelo, ou uma bebida gelada”, explica Juliana Santos Lemos.
Elimine,
ao menos, uma pendência da sua lista: escolha uma coisa que esteja adiando e faça, seja passar a
pilha de roupas acumulada ou ter a reunião com seu contador. “Tarefas
procrastinadas ocupam espaço em nosso cérebro, causando um nível subjacente de
estresse. Aliás, só de riscar uma pendência da lista mental já diminui a
ansiedade”, pontua Danielle Admoni.
Varie
o cardápio: toda
mulher passa por diferentes fases ao longo da vida que afetam tanto a saúde
física como mental. Para amenizar os sintomas, nada melhor do que apostar numa
aliada eficaz: a alimentação equilibrada.
De
acordo com o estudo Evaluation of the Triptolife Product,
publicado no Scientific Journal of Health, alimentos ricos em triptofano
(como banana, ovo, leite, chocolate amargo, sementes, grãos, entre outros)
ajudam na síntese e no controle da serotonina no organismo, auxiliando a
regular o bem-estar da mulher.
“Também
é importante incluir na dieta alimentos ricos em potássio, magnésio e vitaminas
do complexo B, controladores do equilíbrio iônico, necessário às reações
orgânicas. Quando esses elementos estão estáveis, promovem relaxamento e um
sono tranquilo, condição ideal para a liberação de mais serotonina”, ressalta
Juliana Santos Lemos, que também é especialista em Comportamento Alimentar e
Obesidade pela FAECH/MG.
Aposte
na terapia:
“Vale lembrar que a ansiedade é uma resposta humana inata que surge quando
enfrentamos circunstâncias incertas ou percebemos uma ameaça iminente. Mas,
quando a ansiedade se agrava, e as situações ultrapassam nossa capacidade de
gerenciamento, é hora de buscar ajuda”, finaliza Danielle Admoni.