Em entrevista,
poetisa Elisa Marques relata como transformou as dores de um rompimento amoroso
repentino em arte
Com textos curtos, potentes e repletos de emoções
diversas e nada lineares, a escritora Elisa Marques formou a coletânea Até minha terapeuta sente falta de você, um compilado de 72
poemas de inspiração autobiográfica, explorando o término entre duas mulheres
pelo ponto de vista da autora.
A escrita sempre foi presente em sua vida, mas em
entrevista a poetisa conta que o primeiro livro nasceu de forma um tanto
espontânea, num fluxo natural e sincero. Confira:
1. Escrever sobre si mesmo nem
sempre é uma experiência confortável. Como foi para você o processo de escrita
de seu primeiro livro, com tantos traços autobiográficos?
Meu primeiro livro foi um trabalho muito
inconsciente. Não sei até que ponto eu consigo responder à pergunta porque
escrever até então era apenas uma ferramenta terapêutica. Eu não tinha medo nem
vergonha, porque não sabia que estava escrevendo um livro. Essa inconsciência
talvez seja o que tenha tornado a obra tão honesta, tão visceral. A dor e o
desconforto são quase palpáveis.
2. A poeta contemporânea Rupi
Kaur é uma de suas inspirações. Como ela, você acredita no poder da cura pela
escrita?
Eu acredito nos poderes das artes. Acho que a arte
não só cura, mas também te dá prazer de viver.
3. Pretende escrever outros
livros também autobiográficos? Pode dar um spoiler para os leitores sobre
possíveis temas que você abordaria?
Arrisco dizer que seja impossível, enquanto autor,
se distanciar tanto dos próprios textos que eles não sejam nem um pouquinho
sobre si mesmo. Gosto do termo “autoficção” e é por esse caminho que eu sigo no
meu próximo livro. Meu tema favorito é o amor romântico e acho que ainda tenho
muito a dizer sobre.
4. Seu avô tem grande
influência em seu gosto pela leitura e pela escrita. A escolha por escrever
poesias, especificamente, veio da leitura dos trabalhos dele? Você tem vontade
de seguir escrevendo poemas ou pretende também se aventurar na escrita de
outros gêneros?
A influência do meu avô no meu trabalho vai além do
profissional, está no sangue. Não acho que escrever poesias foi uma escolha
consciente, tanto que hoje estou me arriscando em outros gêneros, como a
crônica. De uma forma ou de outra, acredito que teria chegado à poesia, mas
admito que esse primeiro contato na escrita de Até minha terapeuta sente
falta de você
foi quase automático.
5. A poesia contemporânea dá
muitas possibilidades ao autor. Por que decidiu utilizar inícios de frases em
letras minúsculas e pontos finais em seus poemas? Há algum significado especial
nessas escolhas, que possa compartilhar?
O ponto final foi uma coisa pela qual eu lutei
durante a edição do livro. Sinto que a formação em jornalismo me tornou uma
poeta mais rígida. O ponto final para mim é um lugar de respiro e esse livro
exigia isso. A escolha pelas letras minúsculas foi uma tentativa de lutar
contra essa rigidez e, esteticamente falando, acho mais bonito dentro da
métrica do poema.
6. Você estudou nos Estados
Unidos. Há intenção de traduzir a obra atual ou escrever outras diretamente na
língua inglesa?
Tenho planos de traduzir este primeiro livro em
2024. Entretanto, meu primeiro contato com a poesia na escrita veio depois da
minha formação no exterior, onde eu escrevia matérias para jornais e revistas,
então escrever poesia em inglês é algo que ainda não tive o desejo de fazer.
7. Tem algum novo projeto em
vista? Se sim, pode contar um pouco sobre ele?
Meu segundo livro, também de poesia, será lançado
em breve. Junto a ele pretendo retomar um projeto audiovisual que iniciei anos
atrás. Misturar literatura com cinema é meu hobby favorito e os leitores podem
esperar muito isso de mim no futuro.
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