Receber o dinheiro do
13° salário e utilizá-lo para pagar dívidas. Esse é o objetivo de grande parte
da população brasileira e, por trás dessa medida compreensível, está um grande
erro, pois, ao sair imediatamente pagando o que se deve, se esquece de um
princípio fundamental da educação financeira: planejamento para se atingir
objetivos.
Eu sei que essa é a recomendação da maioria das pessoas e que o dinheiro extra
é um grande alívio para a população, mas tratá-lo de maneira impulsiva só
mostrará que não se aprendeu sobre educação financeira.
Então, ao receber o dinheiro, o que se deve fazer? O primeiro passo é fazer um
diagnóstico de sua situação financeira. É certo que não dará para fazer isso de
forma ampla, que seria anotando por um mês todos os gastos, mas dá para saber
qual sua situação financeira e a partir dessa tomar o melhor caminho. Veja
orientações:
Endividado e inadimplente
Se a situação for de endividamento, ainda é necessário saber se está sob
controle ou se já está descontrolado, ocasionando a inadimplência. Mas,
qual a diferença?
Funciona da seguinte forma: inadimplência ocorre depois que o consumidor se
compromete com o pagamento de algum valor em uma data, contudo, não consegue
realizar dentro do prazo. Em função disso, ocorrem cobranças, tendo até o risco
de o consumidor ter seu nome em lista de devedores de alguns órgãos, como
Serasa e SPC. Nesse caso, é interessante que, dentro de um planejamento, se
utilize o dinheiro extra para esse pagamento.
Mas as ações vão muito além, já que a situação é muito arriscada, podendo
refletir em diversos pontos do seu cotidiano, como relação familiar e
profissional. Assim, é necessário fazer uma ação de guerra, repensando toda a
vida financeira para não agravar cada vez mais a situação.
O inadimplente tem que tomar a ação mais difícil, que é negociar os valores com
os credores. É importante ter em mente que as pessoas querem receber esse
valor. A partir daí, é a hora de buscar um consenso. Nunca esquecendo que o
valor definido terá que caber dentro do orçamento mensal. Fora isso, é
necessário readequar o padrão de vida para que, no futuro, o problema não se
repita.
Já no grupo dos endividados, também estão os inadimplentes, mas abrange um
número muito maior de pessoas. Nele, ainda estão as pessoas que compram um
produto e parcelam, quem financia carro ou casa, pega dinheiro emprestado e tem
que pagar parcelas desse empréstimo, dentre outros. Em resumo, essas são as
pessoas que já se comprometeram com um valor a ser pago.
Se estes compromissos estiverem sob controle, recomendo que
o décimoterceiro seja utilizado para sonhos e objetivos de curto,
médio e longo prazos, no qual pode estar o de quitar as dívidas. Para quem está
endividado, mas não inadimplente, a obrigação é honrar com seus compromissos e,
para que isso ocorra, os valores devem estar no orçamento mensal.
Pagando tudo dentro do prazo e, se possível, adiantando o pagamento dos valores
e eliminando as dívidas o mais rápido possível, essa pessoa nunca terá
problema. Além disso, para quem já está endividado, é preciso entender que
só se deve pagar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja,
após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação.
Portanto, só se deve procurar um credor, quando já souber quanto terá
disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar.
Equilibrados financeiramente e poupadores
Aos que não devem, mas também não poupam, o educador recomenda muita cautela,
pois qualquer descontrole poderá fazer com que se torne um endividado e até
inadimplente, da noite para o dia. Pelo menos uma parte do 13º deve ser poupado
e investido, com o objetivo de formar uma reserva financeira. Assim, começará a
criar o hábito de poupar para realização de sonhos também.
Para os poupadores, mesmo que em pequenos valores, a melhor opção para utilizar
o 13º é continuar investindo, tendo sempre um objetivo, seja ele comprar uma
casa, trocar de carro ou fazer uma viagem, ou outro sonho que tenha,
possibilitando a compra desses à vista, utilizando o juros a favor e ainda
obtendo descontos. A conclusão que podemos tirar é que dinheiro extra na
economia, sem dúvida nenhuma, é muito positivo, desde que utilizado de maneira
consciente, planejamento e com educação financeira.
Reinaldo Domingos - educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
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