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sexta-feira, 6 de outubro de 2023

América Andina é tema de exposição fotográfica de Daniel Castellano

Daniel Castellano
Mostra gratuita de um dos principais nomes da fotografia brasileira ocorre no NH Curitiba The Five e reúne dezenas de imagens inéditas


Reconhecido como o poeta dos cenários curitibanos, em um trabalho que envolve caminhar pela cidade e registrar o cotidiano urbano com fotografias inspiradoras e de ângulos geométricos inesperados, Daniel Castellano anuncia sua nova exposição fotográfica batizada de “América Andina”. A mostra foi idealizada após sua viagem à icônica região e reunirá 20 imagens exclusivas, representando uma jornada visual pelas paisagens, culturas e histórias locais. 

“Essa exposição oferece uma oportunidade única para os visitantes se conectarem com a riqueza e a diversidade dessa região fantástica”, explica o fotógrafo. As imagens foram feitas em incursões do fotógrafo pela América do Sul desde 2016 e transportam os visitantes para maravilhas naturais como o Deserto do Atacama, Lago Titicaca, Deserto de Sal de Uyuni, cidades históricas como Machu Picchu e Cusco, além de manifestações culturais e a vida cotidiana da região. “Minha motivação é proporcionar uma experiência visual e emocionalmente envolvente que celebre a América Andina, suas comunidades e suas paisagens. É importante que a gente conheça mais sobre nossos países vizinhos, sua diversidade cultural e questões sociais pertinentes à região”, complementa. 

Daniel Castellano
"Abrir espaço para artistas locais, como é o caso do Castellano, é muito gratificante. As fotografias são inspiradoras e ele conseguiu captar fotos únicas, que são verdadeiros presentes aos curitibanos e turistas. Oferecer acesso livre à arte é uma excelente oportunidade de melhorar o dia de todos que passam pelo hotel, sejam colaboradores, hóspedes e pessoas que trabalham no nosso complexo, além é claro, de quem passa por nossas instalações diariamente”, incentiva o diretor do NH Curitiba The Five, Antonio de Albuquerque. 

As obras ficarão expostas até o dia 30 de outubro no lobby do hotel. Os trabalhos também estarão disponíveis para compra. 


Serviço:

Exposição “América Andina” - Daniel Castellano

Entrada gratuita

Até 30 de outubro

NH Curitiba The Five

Endereço: Rua Nunes Machado, 68 - Batel | Curitiba - PR 

Telefone: +55 41 3434-9400

Instagram: @nhhotelsbrasil e @fivelounge

Site: www.nh-hoteles.pt/


Centro Cultural FIESP recebe a Mostra Rios e Ruas

Córrego Pirarungáua. no Jardim Botânico de São Paulo. Que foi
reaberto depois de mais de 70 anos canalizado.  
© Acervo Rios e Ruas


Um novo olhar para a realidade hídrica presente sob o tecido urbano de São Paulo


A cidade de São Paulo receberá a partir do dia 12 de outubro de 2023 uma experiência cultural única que promete ampliar a percepção dos paulistanos sobre a relação entre os elementos naturais e urbanos em meio ao cenário metropolitano. A Mostra Rios e Ruas que ocorrerá no Centro Cultural FIESP, na Avenida Paulista, tem por objetivo estimular uma transformação cultural profunda e sensibilizar a população para a rica hidrografia da cidade, explorando as possibilidades de harmonia entre a natureza e o ambiente urbano.


Uma Nova Perspectiva

O coração da exposição busca transmitir a mensagem de que mesmo em uma metrópole densa e movimentada como São Paulo, os elementos naturais continuam presentes e podem coexistir de maneira harmônica com a paisagem urbana. Segundo José Bueno, arquiteto e urbanista social, cofundador do Rios e Ruas: "Nossa intenção é semear uma nova maneira de perceber a cidade, para podermos enfrentar nossos atuais desafios climáticos e socioambientais”.

A mostra visa reacender os vínculos entre as pessoas e os cursos d'água que cruzam a cidade, convidando o público a refletir sobre as relações afetivas entre a população e os rios. Ao evidenciar a hidrografia da cidade e revelar a presença ainda viva de centenas de rios, abertos ou canalizados, a exposição busca inspirar a retomada de laços perdidos ao longo do tempo.


Elementos e Duração

A exposição será composta por três elementos distintos, cada um contribuindo para um olhar multifacetado sobre a relação entre a cidade e seus rios:


Cartografia dos Sentidos - Mapa Gigante de São Paulo    

Uma representação cartográfica imponente de uma grande área da cidade de São Paulo. O mapa destaca a presença dos rios e cursos d'água que atravessam a paisagem urbana, convidando os visitantes a caminhar como gigantes pela cidade observando por onde passam riachos despercebidos pela maioria da população. Com base nos 7Cs (conhecer, cuidar, conservar, cambiar, criar, compartilhar e celebrar) do programa de educação patrimonial do Instituto Casadágua, a iniciativa incentiva o público a interagir, criar e refletir sobre suas próprias realidades territoriais, destacando as narrativas cotidianas e memórias afetivas dos participantes.


Projeção de Filmes na Galeria Digital FIESP

A partir do dia 12 de outubro, a fachada de LED do prédio da FIESP, na Avenida Paulista, vai projetar animações relacionadas à temática da Mostra. Essas projeções ocorrerão de forma randômica, surpreendendo pedestres e motoristas que circulam no entorno, envolvendo-os numa narrativa visual surpreendente.


Cubo Interativo de LED

Do dia 12 de Outubro até 12 de Novembro, um cubo de LED estará em exposição oferecendo uma experiência interativa em uma de suas faces por meio de sensores de movimento, onde os visitantes poderão "Varrer” a cidade e se divertir ao “Descobrir” rios e riachos que compõem a rede hidrográfica do nosso município.

Em suas duas outras faces será veiculado um vídeo que mostra brevemente momentos da evolução da cidade com o objetivo de transformar a percepção cidadã sobre a relação que São Paulo estabeleceu com seus corpos d’água. Estimulando os visitantes a imaginar novas maneiras de abordar as relações com os elementos naturais dentro de grandes centros urbanos. 


O projeto Cartografia dos Sentidos

O projeto "Cartografia dos Sentidos", criado pelo antropólogo e artista multimídia Maurício Panella, diretor do Instituto Casadágua, propõe um mapeamento imersivo de questões relacionadas à territorialidade, diversidade/identidade e sustentabilidade socioambiental. O projeto envolve a colaboração do público em atividades e criações coletivas, convidando as comunidades a refletirem e sonharem juntas sobre seus territórios, culturas, natureza e cotidiano. Lançado em 2010 em Natal, tem mais de 10 anos de experiência e foi replicado em várias cidades latino-americanas.

Na Mostra Rios e Ruas 2023, a edição de São Paulo do projeto "Cartografia dos Sentidos" convida o público a explorar a rica hidrografia da cidade e a descobrir a rede de afetos líquidos que ela abriga.


Um Convite à Reflexão

A Mostra não apenas apresenta a realidade histórica e atual da relação entre a cidade e seus rios, mas também convida os visitantes a sonhar com o futuro da metrópole. Oferece um convite a refletir sobre a coexistência harmoniosa entre o ambiente urbano e a natureza, uma realidade possível e desejável, e que a transformação cultural é um passo fundamental para viabilização de projetos de urbanismo mais sustentáveis.

Estará localizada no Centro Cultural FIESP, na Avenida Paulista, um local de fácil acesso e relevante para a identidade cultural da cidade. A exposição estará aberta a todos os interessados em explorar a relação entre São Paulo, sua gente e seus rios, contribuindo para a construção de uma visão mais integrada e consciente da cidade que habitamos.


Mostra Rios e Ruas 

de 12/10 a 15/01/2024
Horário: das 10h00 às 20h00
De terça-feira a domingo 
Entrada Gratuita

Para mais informações sobre horários, programação acesse as redes:
https://www.instagram.com/rioseruas/
https://www.facebook.com/rioseruas/

https://www.instagram.com/cartografia_dos_sentidos/
https://www.institutocasadagua.org/


Prédio das secretarias da Pessoa com Deficiência e de Políticas para a Mulher fica iluminado de rosa no mês de outubro

Sede das Secretarias de Estado dos Direitos da Pessoa
 com Deficiência e de Políticas Para a Mulher

Cor reforça a importância do Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre o câncer de mama


O prédio em que ficam localizadas as secretarias estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD) e de Políticas Para a Mulher (SP Mulher), no Memorial da América Latina, no centro da capital, ficará iluminado na cor rosa no mês de outubro. 

A iluminação reforça o Outubro Rosa, uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. 

"É com grande entusiasmo que anunciamos a iluminação do nosso prédio em rosa, como um gesto simbólico de solidariedade e apoio à campanha Outubro Rosa. Este gesto não apenas reforça nosso compromisso com a conscientização sobre o câncer de mama, mas também representa a união das secretarias estaduais na luta pela saúde e igualdade de gênero", destaca o secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 

Criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, a data é celebrada anualmente em todo o mundo com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença. 

"Estamos orgulhosas de iluminar o nosso prédio de rosa neste Outubro Rosa. Esta ação representa nosso compromisso contínuo em promover a saúde e o bem-estar das mulheres em São Paulo, bem como aumentar a conscientização sobre o câncer de mama. Juntas, podemos criar um ambiente mais acolhedor, inclusivo e saudável para todas as mulheres do nosso estado", reforça a secretária de Estado de Políticas Para a Mulher, Sonaira Fernandes.

 

Carretas da Mamografia

Para incentivar a realização de exames para o diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mama, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-SP) oferece o programa Mulheres de Peito, que conta com duas carretas da mamografia itinerantes que percorrem todo o estado de São Paulo. De janeiro ao dia 2 de outubro deste ano, foram atendidas 19,3 mil pacientes pelas carretas da mamografia para a realização de exames. 

O público-alvo são mulheres de 50 a 69 anos. Para ter acesso ao serviço, basta apresentar RG e cartão SUS. As mulheres com idade entre 35 e 49 anos e acima de 70 anos também podem passar por consultas, desde que apresentem a solicitação médica do exame, RG e cartão do SUS. 

As mamografias nas carretas são gratuitas e sem a necessidade de agendamento. Mais informações no site www.saude.sp.gov.br.


5 curiosidades sobre hormônios e menopausa

Para grande parte do publico feminino, a menopausa ainda é um tabu e um assunto de pouco conhecimento. Até hoje, alguns métodos que são moderadores e facilitadores da vida da mulher nessa fase ainda são vistos com maus olhos por pura falta de informação.

Um clássico exemplo, é que muitas mulheres continuam resistentes ao tratamento com hormônios na menopausa porque existe uma construção cultural de que hormônios fazem mal. Assim, acabam excluindo um método muito eficaz de tratamento.   

A ginecologista Dra. Beatriz Tupinambá (@drbeatriztupinamba), que também é especialista em Modulação Hormonal, Medicina Ortomolecular, Reprodução Humana e Longevidade da mulher, cita cinco fatos sobre hormônios na menopausa: 

Mioma não é contraindicação de reposição hormonal;

Um comprimido ou um creme de hormônio não vai resolver o problema de libido. Não existe tratamento mágico. Depositar grandes expectativas em uma única receita médica não é o ideal;

Quanto mais tempo a mulher estiver na menopausa, menos receptor pra hormônio o corpo dela apresenta. Quanto mais cedo ela iniciar o tratamento preventivo, melhores e mais rápidos serão os resultados. A eficácia do tratamento hormonal em mulheres que estão há mais tempo na menopausa é naturalmente mais demorada, mas vale a pena ser iniciado.

O estradiol por via oral não é recomendado. O uso aumenta o risco de câncer de mama, trombose e não apresenta benefícios;

A falta de estradiol deixa o corpo feminino com características mais masculinas com o aumento da cintura e diminuição de nádegas e coxas.


Novo estudo comprova que a COVID-19 grave é uma doença trombótica

 

Pesquisadores da USP analisaram tecidos de nove
pacientes que morreram de COVID-19
(ilustração: Elia Caldini)

Em artigo publicado no Journal of Applied Physiology, pesquisadores da USP mostram que o dano causado pelo SARS-CoV-2 ao revestimento de pequenos vasos pulmonares é um fenômeno determinante para o agravamento da doença

 

 A trombose em pequenos vasos (capilares) do pulmão é uma das primeiras consequências da COVID-19 grave, precedendo até mesmo a dificuldade respiratória decorrente do chamado dano alveolar difuso. Foi o que comprovou um estudo brasileiro publicado este mês no Journal of Applied Physiology. A partir da autópsia de nove pacientes que morreram após desenvolver a forma grave da doença, foi possível observar um quadro muito característico, envolvendo alterações na vascularização pulmonar e trombose.

No trabalho, os pesquisadores descrevem, pela primeira vez, aspectos relacionados ao dano endotelial e à formação de trombos ocasionados pela infecção. As descobertas – entre elas a constatação de que a COVID-19 tem como caráter central a formação de trombos na microcirculação pulmonar – contribuem para o entendimento da fisiopatologia da enfermidade e o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.

“Esse estudo foi a prova final do que vínhamos alertando desde o comecinho da pandemia: a COVID-19 grave é uma doença trombótica. O vírus SARS-CoV-2 tem um tropismo pelo endotélio [é atraído para esse tecido], a camada de células que reveste os vasos sanguíneos. Portanto, ao invadir as células endoteliais, ele afeta primeiro a microcirculação. O problema começa nos capilares do pulmão, para depois ir coagulando os vasos maiores, podendo atingir qualquer outro órgão”, explica a pneumologista Elnara Negri, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), coautora do artigo e uma das primeiras pesquisadoras do mundo a trabalhar com essa hipótese (leia mais em: agencia.fapesp.br/33175).

No estudo, apoiado pela FAPESP, os autores observaram por microscopia eletrônica o efeito do vírus nas células endoteliais do pulmão de pacientes que morreram com COVID-19 grave no Hospital das Clínicas (HC) da FM-USP.

A partir de autópsia minimamente invasiva, foi possível observar em todas as amostras a alta prevalência de microangiopatia trombótica – oclusão generalizada na microcirculação por trombose. As amostras analisadas são oriundas de pacientes que foram hospitalizados entre março e maio de 2020. Todos os pacientes foram intubados, necessitaram de terapia intensiva e morreram de hipóxia refratária (insuficiência respiratória). Vale destacar que nenhum paciente incluído no estudo foi tratado com anticoagulantes, pois essa não era a diretriz para o tratamento de COVID-19 naquele momento. Também não existiam vacinas disponíveis na época.


Endotélio descamado

Negri explica que, revestindo o endotélio, existe uma camada glicoproteica denominada glicocálix, que faz com que o sangue passe naturalmente pelas artérias, veias e capilares sem coagular.

“Alguns estudos anteriores realizados por Helena Nader na Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] mostraram que, para invadir a célula, o vírus se liga principalmente ao receptor ACE-2 [proteína encontrada na superfície de diversas células do corpo, inclusive nas do epitélio e endotélio do sistema respiratório]. No entanto, antes disso, ele se liga ao heparan sulfato [um polissacarídeo] associado à membrana das células endoteliais, que forma justamente o glicocálix. Portanto, quando o SARS-CoV-2 invade o endotélio, ele o descama e destrói o glicocálix. Isso resulta em exposição tecidual e na coagulação intravascular, começando na microcirculação”, detalha Negri.

Como a ação inicial do vírus é na microcirculação pulmonar, os exames contrastados para investigação de presença de trombos em vasos maiores, realizados em pacientes com COVID-19 grave na época, nunca detectaram o problema precocemente.

No entanto, explica Negri, a disfunção endotelial é um fenômeno-chave na COVID-19, pois está diretamente associada à ativação da resposta inflamatória característica da doença. “A invasão massiva do vírus e a destruição do endotélio promovem a ruptura da barreira endotelial e o recrutamento de células imunes circulantes, ativando vias relacionadas à trombogênese e à inflamação”, diz.

No trabalho, os pesquisadores observaram que o dano causado no endotélio tende a preceder duas características comuns a casos de desconforto respiratório: o vazamento significativo da membrana alvéolo-capilar dos pulmões e o acúmulo de polímeros de fibrina (proteína associada à coagulação e ao processo de cicatrização) nos alvéolos pulmonares.

Um trabalho do mesmo grupo da FM-USP, liderado por Thais Mauad, incluindo análise do transcriptoma (conjunto de moléculas de RNA expressas em um tecido), demonstrou que diversas vias associadas à coagulação, à ativação de plaquetas e à formação de trombos já estavam ativadas precocemente nos pulmões de pacientes com dano alveolar, precedendo a inflamação.

A análise confirmou ainda que não se trata de uma coagulação comum, desencadeada pela ativação dos fatores de coagulação. “Na COVID-19, a coagulação se dá por lesão endotelial e é potencializada por netose [mecanismo imune que consiste na saída do material genético contido no núcleo dos neutrófilos em forma de redes – as NETs – na tentativa de prender e matar o patógeno] e pela lesão das hemácias com dimorfismo [uma alteração morfológica das células vermelhas do sangue] e ativação plaquetária. Portanto, existe toda uma estrutura para que o sangue fique mais denso e provoque tantas complicações”, afirma.

A pesquisadora ressalta ainda que, nesse cenário, onde o sangue se torna muito viscoso e altamente trombogênico, o paciente precisa ser mantido hidratado, diferentemente do que é preconizado para o tratamento do dano alveolar difuso. “Além disso, o timing e o controle rigoroso da anticoagulação são fundamentais”, alerta.

Não por acaso, outro estudo do mesmo grupo, com a participação das pesquisadoras Marisa Dolhnikoff e Elia Caldini, demonstrou que o dano pulmonar em casos graves de COVID-19 está associado ao nível de netose. Ao analisar amostras de tecido de autópsia pulmonar, os cientistas observaram que, quanto mais elevado era o nível de NETs, maior era o dano pulmonar dos pacientes.

Negri conta que começou a desconfiar da relação entre COVID-19 e trombose no começo da pandemia, quando identificou um quadro muito parecido com o de pacientes cardíacos que havia tratado há mais de 30 anos. Após a cirurgia cardíaca, esses pacientes, na época, também apresentavam microcoagulação vascular, no entanto, isso ocorria por eles serem submetidos a um tratamento denominado circulação extracorpórea com oxigenadores de bolha – equipamento que não é mais utilizado na medicina justamente por causar dano endotelial.

“Era uma técnica muito utilizada há 30 anos, mas que provoca uma lesão pulmonar muito parecida com a da COVID-19. Então, eu já tinha visto isso. Além da lesão pulmonar, outra semelhança entre os dois casos é a ocorrência de fenômenos trombóticos periféricos, como o dedo do pé roxo, por exemplo”, conta.

“Como na COVID-19 grave a queda inicial da oxigenação no sangue é secundária à trombose dos capilares pulmonares e não há inicialmente acúmulo de líquido no pulmão, o órgão não fica ‘encharcado’ nem perde sua complacência. Isso quer dizer que o pulmão do paciente com COVID-19 grave inicial não se parece com uma esponja cheia de líquido, como é o caso de pacientes com síndrome de desconforto respiratório. Pelo contrário, na instalação da insuficiência respiratória associada à COVID-19 grave, o pulmão está desidratado e, apesar de o ar chegar até o alvéolo pulmonar, ele não consegue passar para a circulação por causa da formação de coágulos”, explica.

Negri conta que, nesses casos, o paciente consegue facilmente encher o pulmão de ar, mas o oxigênio não consegue passar para o sangue, pois os capilares estão obstruídos. “Isso explica a chamada happy hipoxia [hipóxia feliz], ou seja, o paciente não sente que sua oxigenação está baixa e não tem falta de ar”, diz.

Ao presenciar a intubação de uma paciente com COVID-19 grave, a pesquisadora constatou que era necessária uma proposta de tratamento diametralmente diferente do que se fazia no começo da pandemia.

“O segredo para tratar o paciente com COVID-19 grave é mantê-lo hidratado e usar anticoagulante na dose certa, checando o nível adequado de anticoagulação em ambiente hospitalar assim que ele começa a dessaturar, ou seja, ter baixa de oxigênio no sangue. Depois disso, é preciso manter controle diário dos níveis terapêuticos de anticoagulação por meio de exames de sangue, sempre em ambiente hospitalar para não haver risco de sangramento, e a profilaxia de quatro a seis semanas em média após a alta, que é o tempo de o endotélio se refazer”, comenta.

A pesquisadora explica que esse protocolo com hidratação e o uso de anticoagulantes se dá porque, diferentemente das outras síndromes agudas respiratórias (SARS), nas quais o problema da falta de passagem de oxigênio dos pulmões para o sangue está principalmente relacionado com a inflamação nos alvéolos pulmonares, na COVID-19 grave inicial o dano endotelial dos capilares pulmonares é predominante.

“Era justamente essa diferença entre a COVID-19 e as outras síndromes respiratórias agudas graves que não se sabia lá no comecinho da pandemia. Por isso, inclusive, que tantos pacientes morreram nas UTIs [unidades de terapia intensiva] da Itália, por exemplo. O protocolo de tratamento usado naquele momento era outro”, lembra.

Antes do trabalho publicado no Journal of Applied Physiology, o grupo de Negri já havia observado, ainda em 2020, que o uso de heparina (um anticoagulante) melhorou a oxigenação de pacientes críticos. No ano seguinte, em colaboração com colegas de vários países, eles realizaram um ensaio clínico randomizado em que puderam demonstrar que o tratamento com heparina diminuiu a mortalidade em casos graves de COVID-19. Os resultados foram divulgados no British Medical Journal (leia mais em: agencia.fapesp.br/37076).

“O estudo contribuiu para mudar as diretrizes de tratamento da COVID-19 no mundo, pois pudemos demonstrar uma redução de 78% no risco de mortalidade quando a anticoagulação foi iniciada em pacientes que necessitavam receber oxigenação, mas ainda não estavam na UTI”, conta a pesquisadora.

Negri destaca que existe uma pressa em reverter a disfunção endotelial nos casos de COVID-19 grave com o uso de anticoagulantes. “É preciso tratar a coagulação o quanto antes, pois isso é crucial para evitar o desenvolvimento de síndrome respiratória aguda e outras decorrências da doença, como é o caso da chamada COVID longa”, diz.

Outro estudo recém-publicado na Nature Medicine por cientistas britânicos reforça o caráter de formação de trombos do SARS-CoV-2. No trabalho, os únicos marcadores de prognóstico para COVID longa identificados foram fibrinogênio e dímero D – duas proteínas associadas à coagulação.

“O estudo mostra que a COVID longa resulta de trombose que não foi tratada adequadamente. O problema na microcirculação pode persistir em diversos órgãos, inclusive no cérebro, coração e músculos, como se o paciente sofresse pequenos infartos”, explica Negri.

O artigo Ultrastructural characterization of alveolar microvascular damage in severe COVID-19 respiratory failure pode ser lido em: https://journals.physiology.org/doi/abs/10.1152/japplphysiol.00424.2023.

 

Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/novo-estudo-comprova-que-a-covid-19-grave-e-uma-doenca-trombotica/49914


Digitalização impulsiona maturidade nos negócios

Cada vez mais digitais, os consultórios odontológicos
têm utilizado recursos avançados, como a ortodontia 3D
e os planejamentos digitais
Divulgação/Neodent
Presença digital e avanços tecnológicos proporcionam soluções que beneficiam profissionais e consumidores, abrangendo diversas áreas, inclusive a odontologia


Construção civil, varejo, mercado financeiro, educação, recursos humanos, medicina - são diversas áreas que têm se beneficiado das tendências e processos de digitalização. Diretamente vinculada às tecnologias em constante atualização, essa demanda por transformação também é impulsionada pelos próprios consumidores.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Tecnologia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia) mostrou que o Brasil está entre os países mais digitalizados do mundo. O levantamento trouxe um retrato do mercado de tecnologia da informação no país, indicando que existem atualmente 447 milhões de dispositivos digitais em uso doméstico ou corporativo, no Brasil. Entre eles, estão computadores, notebooks, tablets e smartphones. Além disso, as empresas brasileiras investem cerca de 8,7% de suas receitas em Tecnologia da Informação, aproximando-se dos números da China, um dos países mais inovadores do mundo.

Avaliando o mercado e percebendo a necessidade de acompanhar essas revoluções, um setor que tem se reinventado é o da odontologia. Cada vez mais digitais, os consultórios odontológicos têm utilizado recursos avançados, como a ortodontia 3D e os planejamentos digitais, que proporcionam tratamentos mais precisos, rápidos e confortáveis aos pacientes, que antes sofriam com o desconforto nas cadeiras dos dentistas. 

Conhecidos como fluxos digitais, os processos nos consultórios passam pelas etapas de escaneamento, planejamento, design, produção e até cirurgias guiadas pela tecnologia. Isso também visa garantir eficiência para os profissionais. “É importante estarmos atentos às mudanças contínuas. Na odontologia, a implementação de ferramentas digitais possibilitou diagnósticos mais precisos e eficazes. Além disso, o uso de técnicas pouco invasivas permitiu também um maior conforto e segurança aos pacientes”, analisa Sérgio Bernardes, dentista e diretor de Novos Produtos e Práticas Clínicas da Neodent. 


Revoluções da área

Um equipamento que trouxe essa transformação para dentro dos consultórios é o chamado scanner intraoral. Ao possibilitar a captura precisa de todos os detalhes da boca dos pacientes, sem a necessidade de utilizar moldeiras muitas vezes desconfortáveis, o aparelho realiza escaneamentos tridimensionais que fornecem uma visão mais clara da posição dos dentes.

André Bezerra, cirurgião dentista há 25 anos, conta que alguns pacientes que passaram por processos manuais, e agora são apresentados aos processos digitais, percebem que o tratamento era muito mais complexo há cerca de dez anos atrás. Com seu consultório quase 100% digitalizado, Bezerra analisa que essa é uma revolução na saúde bucal. “Utilizo o Virtuo Vivo em meu consultório, que apresenta imagens extremamente precisas. Com ele, diagnósticos e planejamentos são muito mais rápidos, e ainda poupo os pacientes de desconfortos. Além disso, trabalhar com menos chances de erros também aumenta a qualidade do nosso trabalho”, avalia. 

Desenvolvido pelo Grupo Straumann, o Scanner Intraoral Virtuo Vivo tem funções que vão além das necessidades dos ortodontistas para a correção do posicionamento e alinhamento dos dentes, podendo entregar soluções para todas as especialidades da odontologia. “O dispositivo tem o benefício de mostrar uma imagem clara ao paciente. Quando ele vê sua boca em 3D, com tanta precisão, acaba entendendo a necessidade de outros tratamentos, que talvez não fossem o foco inicial da visita ao dentista”, relata Bernardes, da Neodent. 

Outra vantagem do scanner é a otimização do tempo. O dentista Lucas Soares Rezende utiliza o Virtuo Vivo no dia a dia em sua clínica e conta que agora consegue planejar tratamentos com margens mínimas de erros. “O maior benefício é poder visualizar tudo o que foi planejado antes de qualquer intervenção na boca do paciente, evitando retrabalhos. Ou seja, não causa desgaste nem para a equipe nem para o paciente”, explica. 

Com toda essa transformação digital, a segurança e a confiabilidade dos dados se tornaram cruciais. Por isso, os consultórios odontológicos estão investindo em sistemas de segurança robustos para proteger as informações dos pacientes. As imagens digitais e os registros médicos são armazenados em ambientes seguros, que garantem a privacidade e a integridade dos dados.

 

Neodent 

 

Dia Mundial da Paralisia Cerebral

Especialista fala sobre a importância do Cirurgião-Dentista no cuidado integral dos pacientes com paralisia cerebral

 

Embora não seja uma doença, a paralisia cerebral (PC) caracteriza-se por alterações neurológicas permanentes que prejudicam o desenvolvimento motor e cognitivo, envolvendo o movimento e a postura do corpo. A PC pode impactar significativamente a saúde bucal dos indivíduos, tornando o papel do Cirurgião-Dentista muito importante no cuidado integral. 

A Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (OPNE) do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Profa. Dra. Tatiane Marega, explica que a paralisia cerebral é um distúrbio do cérebro imaturo que acontece na infância. “Ela pode ter causas pré-natais (antes do nascimento) perinatais, (no momento do nascimento), que são as mais comuns, e pós-natais (depois de 30 dias do nascimento até os 8 ou 12 anos no máximo), período em que o cérebro termina de se desenvolver. O diagnóstico de Paralisia Cerebral é feito neste momento, enquanto o cérebro é imaturo e ainda não está formado”.

A especialista detalha a atenção do Cirurgião-Dentista junto a esses pacientes em diferentes momentos. 


Na identificação precoce

Dra. Tatiane explica que o Cirurgião-Dentista pode identificar sinais precoces de problemas dentários que são comuns em pessoas com paralisia cerebral, como má oclusão e problemas de articulação temporomandibular. 


Na prevenção e tratamento

De acordo com a especialista, pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldade em manter uma boa higiene bucal, tornando-se mais suscetíveis a cárie, gengivite e outras condições. 

“O Cirurgião-Dentista pode desenvolver métodos de adaptação aos instrumentos de higiene bucal de forma a promover a independência do paciente para o momento da escovação. O profissional pode também fornecer tratamentos preventivos e restauradores adequados”, explica a Dra. Tatiane.


Na educação e orientação

O Cirurgião-Dentista também orientará os pacientes e cuidadores sobre práticas de higiene bucal adequadas. 

No que diz respeito ao atendimento e tratamento, Dra. Tatiane detalha que é preciso pensar e realizar um atendimento que leve em conta fatores como:

  • Abordagem Individualizada - Cada paciente com paralisia cerebral tem necessidades únicas; portanto, os planos de tratamento são altamente individualizados.
  • Manejo Comportamental - Algumas pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades comportamentais iniciais de adaptação durante as consultas odontológicas; técnicas de manejo comportamental podem ser utilizadas.
  • Acessibilidade - Os consultórios devem ser adaptados para acomodar pacientes com mobilidade reduzida. 


Orientações para os cuidadores 

A higiene bucal regular é um fator importante para o qual os cuidadores devem estar atentos, de acordo com a Dra. Tatiane. “Os cuidadores devem ser orientados sobre como auxiliar na escovação e no uso do fio dental, com instrumentos adequados, que podem ser até adaptados, garantindo que todos os dentes sejam limpos corretamente”. 

Outro ponto de atenção refere-se à dieta equilibrada. Segundo a Dra. Tatiane, é preciso orientar os cuidadores a manterem uma dieta equilibrada e limitarem o consumo de açúcares para reduzir o risco de cárie.

Quanto às consultas regulares ao Cirurgião-Dentista, a especialista explica que é necessário estabelecer e manter um regime de consultas regulares para exames de rotina e tratamentos que sejam necessários. Contudo, ela pontua que, para pessoas com paralisia cerebral, pode ser necessária uma frequência maior de consultas, as quais podem ser efetuadas a cada 3 meses, dependendo das necessidades individuais e da presença de problemas dentários específicos. 

“O acompanhamento regular é vital para monitorar e tratar problemas de saúde bucal e para adaptar as estratégias de manejo à medida que o paciente cresce e suas necessidades mudam. Dado o impacto significativo que a paralisia cerebral pode ter na saúde bucal, é essencial que os Cirurgiões-Dentistas estejam envolvidos no cuidado multidisciplinar desses pacientes, trabalhando em conjunto com outros profissionais de saúde e cuidadores para proporcionar o melhor atendimento possível”, conclui a Dra. Tatiane.



Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br


Alerta em São Paulo: Hepatite A registra aumento de 55%, saiba como prevenir

Doença causa inflamação aguda do fígado; vacinação é uma importante aliada para prevenir a doença, assim como hábitos de higiene e saneamento básico  


Na última semana de setembro o município de São Paulo emitiu um alerta para aumento de casos de hepatite A na cidade.

 

De acordo com o boletim do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs SP), neste ano foram notificados 225 casos, contra 145 em 2022, uma alta de 55%.

Além disso, em 73,8% dos casos notificados em 2023, não há informação da provável fonte de infecção.

 

A hepatite A é uma doença que causa inflamação aguda do fígado. “Na maioria dos casos há uma evolução positiva e espontânea da doença, no entanto, uma porcentagem dos pacientes pode evoluir para quadros fulminantes, quando o fígado para funcionar”, explica Fernando de Oliveira, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do São Luiz Morumbi.

 

O fígado desempenha funções essenciais para o organismo, como filtrar substâncias tóxicas e microrganismos prejudiciais e também auxiliar a digestão com a produção da bile, sendo uma conexão importante entre o sistema digestivo e o sangue.

 

O especialista destaca que um dos desafios relacionados à hepatite A é a fase assintomática. Após a infecção, o paciente pode levar 30 dias para apresentar os primeiros sintomas, ou até mesmo ser assintomático, mas já transmitir a doença desde o primeiro dia.

 

“Geralmente os sintomas é que dão o sinal de alerta. Na ausência deles, a pessoa segue sua rotina normalmente, e no caso da hepatite A, transmitindo a doença sem saber, já que não adota medidas de prevenção”, destaca Dr. Fernando. “Caso tenha qualquer suspeita é essencial buscar atendimento médico para investigação, diagnóstico e notificação do caso”, complementa. 

 

As principais formas de transmissão da hepatite A são:

 

- Fecal- oral: relacionada às más condições de higiene e saneamento básico;

- Consumo de alimentos ou água contaminados;

- Contato pessoal próximo com uma pessoa infectada;

- Prática sexual com contato oral-anal (entre pessoas infectadas);

 

“Traduzindo para o cotidiano, o contágio ocorre por atitudes como consumo de água não tratada e de alimentos não higienizados ou mal preparados e contato com esgoto ou água de enchentes”, explica o infectologista do São Luiz Morumbi, unidade da Rede D’Or localizada na zona Sul da capital paulista.

 

Sintomas e prevenção

 

Entre os sintomas da hepatite A estão febre, fraqueza, perda do apetite, dor no abdômen, vômito e diarreia. Também pode causar clareamento das fezes, olhos amarelos (icterícia) e alteração na cor da urina (escura). 

 

“A prevenção consiste em reforçar hábitos de higiene, como lavar as mãos frequentemente, higienizar corretamente louças e alimentos, evitar contato com água contaminada (como enchentes e esgoto) e evitar o compartilhamento de itens pessoais”, destaca o médico.

 

Além disso, sexo com preservativo e higienização da genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais também são indicados como medidas de prevenção.

 

A vacinação também é uma importante aliada na prevenção, e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI).

 

A dose única integra o esquema vacinal primário para crianças a partir de 15 meses e menores de cinco anos. 

Para pessoas que estão fora desta faixa etária, mas apresentam fatores de risco como doenças crônicas do fígado ou imunológicas, e, portanto, maiores riscos de evolução para quadros graves da doença, a vacina também está disponível em locais especiais pela cidade de SP. 


Você conhece a relação entre surdez e Alzheimer?

Especialista do CEJAM explica como um quadro pode impactar o outro e suas formas de prevenção


À primeira vista, a relação entre a surdez e o Alzheimer parece não fazer muito sentido. Afinal, como o fato de não escutar pode influenciar no aparecimento de um transtorno neurodegenerativo como o Alzheimer ou vice-versa? Apesar das duas condições terem características bastante diferentes, ambas podem, sim, estar diretamente ligadas.

"Nós ouvimos com a ajuda dos nossos cérebros, portanto, o ato de ouvir, em si, já é uma forma de exercitar as nossas vias neurais. Patologias neurodegenerativas, como o Alzheimer, afetam não só as vias cerebrais que controlam a memória, mas também as vias auditivas”, afirma a Dra. Mayra Magalhães Silva, neurologista do Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Dessa forma, a pessoa com Alzheimer pode ter a sua função auditiva afetada de maneira precoce ou profunda. E, da mesma forma, o inverso pode acontecer, ou seja, uma pessoa com audição alterada e sem nenhum cuidado pode ter mais chances de desenvolver problemas cognitivos, como o Alzheimer, em um estágio posterior da vida.

Um recente estudo publicado pela revista
The Lancet Public Health indica que pessoas entre 40 e 69 anos têm um risco 42% maior de desenvolver degeneração neurocognitiva, caso tenham perda auditiva e não usem aparelho, comparadas às que utilizam os dispositivos.

“Com o uso do aparelho auditivo, o paciente que tem alguma dificuldade de escuta passa a utilizar as suas vias cerebrais auditivas que antes não estavam sendo usadas, estimulando atividade na região e evitando maiores complicações de demência, por exemplo”, explica a médica.

Um outro estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, mostra ainda que, a cada dez decibéis perdidos na audição, o risco de desenvolver doenças cerebrais, como o Alzheimer, aumenta em 27%.

Segundo a neurologista, além dessas estimativas, existem outros fatores que podem estimular ainda mais o aparecimento do quadro. “Muitas vezes, pessoas com perda auditiva não tratada têm tendência a se isolar socialmente e, consequentemente, a sentir solidão e depressão. E esses quadros, por sua vez, intensificam o risco de estagnação mental, aumentando ainda mais o risco de desenvolver demência”, explica.

De modo geral, hoje, já são cerca de 1,2 milhão de pessoas que vivem com algum tipo de demência no Brasil, além de existir uma estimativa de 100 mil novos casos a serem diagnosticados todos os anos, segundo o Ministério da Saúde. No mundo, já são 50 milhões de pessoas com o quadro, mas acredita-se que até 2030 esse número salte para 74,7 milhões e, em 2050, a enfermidade deva atingir 131,5 milhões de pessoas, em razão do envelhecimento da população.

O Alzheimer é uma doença progressiva sem cura que afeta a memória e a linguagem. A ciência ainda não sabe exatamente o que motiva o seu aparecimento no organismo humano, mas os aparelhos auditivos devem ser considerados uma forma de cuidado, especificamente com os idosos que querem evitar complicações nesse sentido.

Além do uso do objeto, existem outras formas de se prevenir que também merecem atenção: “É necessário, antes de tudo, manter bons hábitos de vida, que incluem desde alimentação saudável e rotina de atividade física até bons relacionamentos sociais com família e amigos”, conclui a médica.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Cejamoficial 


Estresse: os cabelos podem revelar como está o bem-estar mental

A queda de cabelo é um problema que afeta muitos homens e mulheres em todo o mundo. Suas causas podem ser variadas e complexas, com um impacto significativo na autoestima e na qualidade de vida das pessoas, motivo pelo qual deve ser abordado de modo funcional.  

O estresse psicológico, cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas, pode desencadear a queda de cabelo, uma vez que leva à liberação de hormônios, como o cortisol, que podem alterar o ciclo de crescimento dos fios, levando à queda excessiva. A queda de cabelo pode ser influenciada por uma série de fatores, e o estresse é um dos mais importantes entre eles.  

O estresse é um dos importantes fatores que pode causar a queda de cabelos, é uma resposta natural do corpo às situações desafiadoras, mas quando se torna periódico, pode ter efeitos adversos em vários sistemas do organismo, incluindo os anexos cutâneos. Quando prolongado, pode desencadear o eflúvio telógeno, uma condição em que muitos folículos capilares entram prematuramente na fase de reparação, resultando na queda dos cabelos afetados. Esse tipo de queda pode ser temporário e os cabelos geralmente crescem novamente, uma vez que o estresse é controlado. 

Porém, ao ser associado a outros fatores, o problema pode ser agravado. Alguns desses fatores incluem a genética (alopecia androgenética), quando existe uma predisposição genética para a calvície e o estresse pode acelerar o processo de queda de cabelo; a má alimentação, que inclui uma dieta desequilibrada e pobre em nutrientes essenciais; problemas de saúde, como doenças autoimunes e desequilíbrios hormonais; e, medicamentos como aqueles usados para tratamento de câncer, pressão alta e depressão. 

Além disso, a exposição frequente a produtos químicos usados em tratamentos capilares, alisamentos e colorações, pode danificar os cabelos e contribuir para a sua queda. Assim como a exposição a ambientes poluídos e os danos causados pelo sol também podem enfraquecer os cabelos, tornando-os mais suscetíveis à queda. 

É importante destacar que a queda de cabelo causada pelo estresse pode ser tratada com adoção de medidas simples como: a meditação, yoga, exercícios regulares, terapia ou mudanças no estilo de vida. Ao notar a persistência do problema, deve-se buscar o auxílio de profissionais de saúde e de especialistas em terapias capilares como os tricologistas, para assim ter um diagnóstico preciso e orientação sobre o tratamento capilar adequado. São recomendações essenciais para a recuperação da autoestima e o bem-estar mental. 

 

Patrícia Rondon Gallina - farmacêutica, mestre em Ciências Farmacêuticas e professora do Centro Universitário Internacional Uninter. 

 

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