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sábado, 16 de setembro de 2023

Deixar a criança "brincar" com a comida pode ajudar no vocabulário e em uma melhor introdução alimentar; saiba mais

 Carla Deliberato, fonoaudióloga especializada em casos de recusa alimentar, explica como a "bagunça" dos pequenos na hora da alimentação pode ser bastante benéfica


Deixar as crianças experimentarem os alimentos com total independência pode ser um desafio. Durante os primeiros momentos da introdução alimentar, elas não sabem manusear os talheres, pratos e copos com facilidade e a bagunça é certa. No entanto, mãos e rostos sujos não devem ser tratados como um pesadelo. Isso porque, ao contrário do que se pode pensar, deixar os pequenos "brincarem" com a comida pode promover aprendizados de vocabulário e melhor aceitação do alimento.

As refeições não precisam ser um momento de tortura. Tanto para os pais e responsáveis, quanto para as crianças. "Esse momento pode e precisa ser prazeroso. Refeições em família devem ser tranquilas para que as crianças possam aprender sobre os alimentos e gradualmente desenvolver preferências alimentares saudáveis. A interação com os alimentos é importante para o aprendizado alimentar", explica a fonoaudióloga Carla Deliberato.

De acordo com a profissional, estimular o ato de se alimentar, de uma forma prazerosa, criativa e autônoma para os pequenos, é a melhor saída. Comida pela mesa, boca, queixo, bochechas e nariz melecados é algo completamente normal - e ajuda no desenvolvimento da criança!

"É uma fase em que a criança ainda está aprendendo a se alimentar e se ela ficar com uma sensação ruim, muito provavelmente vai começar a não levar mais aquilo na boca, porque causa um desconforto", complementa a profissional que enfatiza a atenção dos pais e responsáveis nessa tarefa.

Se não houver um esforço para que as refeições sejam prazerosas e divertidas, casos de recusa e seletividade alimentar podem ter mais facilidade de se instaurar na sua casa. "Deixe que seu filho descubra o alimento, faça sujeira, brinque, estimule ele a conhecer o que ele vai ingerir. Conforme ele for crescendo, utensílios divertidos, de personagens, brincadeiras na hora da alimentação e até a elaboração de receitas em conjunto podem criar uma ótima relação dele com essa área da vida", aconselha a profissional.

Além disso, um estudo da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, mostrou que a interação direta entre os bebês e o alimento os ajuda a sentirem melhor a textura e, assim, conseguem reconhecer e aprender as palavras mais rapidamente. 

É um ótimo método para alimentos que não são sólidos, como leite, sopa e papinha. O ideal é que eles sintam a textura de cada um deles independentemente do recipiente o qual estão inseridos. "Ao usar as mãos para entrar em contato com os materiais, percebem melhor cada um", explica Carla.

No entanto, a especialista aconselha que, se esse comportamento se estender por tempo demais, é necessário atenção. Se a criança só brinca e nunca come, há algum problema de alimentação que deve ser investigado.

 

Carla Deliberato - fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz. Tem passagem pelo Instituto do Desenvolvimento Infantil, Clínica Sainte Marie, Hospital Israelita Albert Einstein, Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (AVAPE), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADefAV), Unidade de Vivência e Terapia (UVT), entre outras instituições.


Muito se fala dos filhos, mas e dos pais de crianças com transtorno do espectro autista?

Psicóloga explica sobre a importância de se atentar à preocupação dos pais que chegam até a fragilidades do casamento 

 

Muitas vezes a atenção é concentrada nos sintomas e nas necessidades da criança acometida com o TEA, os pais e cuidadores são deixados de lado. No entanto, essas pessoas também têm características peculiares.

 

Desde a descrição do transtorno do espectro autista, conhecido hoje no DSM-5 e autismo infantil, conhecido no CID-10, o psiquiatra Dr Leo Kanner já tinha observado características inusitadas dos pais dessas crianças.

Características como obsessividade, tendência a manutenção de rotina e dificuldades na socialização são comuns e atualmente, observa-se que esses pais têm alguns sintomas bem parecidos com o seu próprio filho. Hoje, a denominação desses sintomas abrandados nas famílias das pessoas com autismo recebe o nome de Fenótipo Ampliado do Autismo, ou seja, a pessoa apresenta algumas características que parecem bastante com o transtorno, porém não fecha todos os critérios para ser diagnosticado. Não significa que algum pai ou alguma mãe tenha realmente este diagnóstico.

A psicóloga Patrícia Lorena, especialista e estudiosa do assunto, afirmou que uma característica importante das genitoras e dos genitores também é o processo de luto. Quando uma criança é diagnosticada com  Síndrome de Down, essa deficiência  é uma síndrome genética, que vai acometer o nível intelectual da criança. Logo que  os pais recebem a notícia, passam pelo  processo de luto e já sabem que o pequeno   terá esse rebaixamento intelectual.

No caso dos pais das crianças com autismo, a psicóloga ressalta que o luto é praticamente interminável, porque existe uma variabilidade muito grande nesse transtorno: autistas que falam e autistas que nunca vão falar; autistas com inteligência acima da média, dentro ou muito abaixo; autistas com comorbidades de epilepsia; às vezes a pessoa tem um nível cognitivo preservado que são acometidos com depressão e ansiedade; autistas que são brilhantes em algumas áreas e outros tem uma dificuldade enorme nas atividades da vida diária.

Por isso, a psicóloga explicou que quando esse diagnóstico é recebido, sabe-se que a criança vai ter dificuldade, mas nunca se consegue mensurar que tipo de dificuldade é essa. O pai passa por muitos profissionais até chegar no diagnóstico, logo após, ocorre o processo do luto. Depois, surgem as dúvidas “será que meu filho vai falar?” e se isso não ocorrer, ocorre mais um processo de luto. Portanto, o pai e a mãe precisam receber uma atenção especial da equipe de saúde para lidar com esses conflitos.

Em capítulo de livro que a psicóloga Patrícia escreveu juntamente com o doutor Francisco Baptista Assumpção Junior e o doutor José Alberto del Porto, uma pesquisa extensa foi realizada em literatura estrangeira. A conclusão foi que cerca de 25% dos pais chegam ao divórcio, uma faixa bem menor do que os pais com crianças com outra deficiência. 

Embora a família  permaneça junta, provavelmente por causa da grande dificuldade de encontrar atendimento, um dos pais tem que parar de trabalhar para ficar a cargo dos cuidados da criança, e o outro tende a trabalhar  mais. Assim, muitos casais permanecem juntos por causa dessas dificuldades, porém o casamento e a união vão se tornando cada vez mais quebradiças. Passam por inúmeras insatisfações conjugais, podendo até levar a transtornos de humor e a conflitos.

Outro ponto interessante é que a taxa de depressão entre pais e crianças diagnosticadas com autismo é três vezes maior do que a de pais de crianças com outras deficiências como a Síndrome de Down. 

Por isso, a psicóloga reforça a necessidade também de um trabalho com estas famílias, para acolher tanto os pais, quanto as crianças, a fim de encaminhar melhor os cuidados e preservar a saúde mental de quem tanto se preocupa.



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Uma terapia que vem da natureza

Que estar em sintonia com a natureza é fonte de bem-estar, tenho certeza de que você já leu sobre isso por aí. O que você provavelmente não sabe é que tem uma nova terapia corporal sendo ofertada aqui no Brasil ,mas que na Nova Zelândia existe há mais de 12.000 anos, e que pede conexão com os elementos e com as respostas que a natureza dá. Conheça a Terapia Corporal Maori.

 

Se você assistiu à animação Moana, da Disney, teve ao menos algum contato com a importância que a natureza e a conexão com ela tem para os povos polinésios. Entender o que o oceano diz através de suas marés , na navegação, escutar o vento e preservar os mananciais naturais das ilhas é só uma parte da cultura polinésia, da qual os Maōris são originários.

Além dessa conexão “visível”, para os Maōris , a espiritualidade e a saúde estão totalmente integrados com a natureza e grande parte das dores e doenças que sentimos vêm exatamente da desconexão. Para Celia Fadul, uma das únicas representantes da Terapia Corporal Maori no Brasil, essa desconexão pode, e deve, ser curada, para que possamos atingir a saúde plena. Seja ela física, espiritual ou energética.

“Para os Maōris, a natureza ‘fala conosco’ e é nessa integração entre nosso corpo e os elementos que residem o princípio da cura. Célia explica: “para os Maōris, a natureza sempre tem as respostas para o que precisamos saber, nós só temos que fazer as perguntas certas. E abrirmos nosso coração para ouvir”.

Para eles, o corpo é que fala, “contando” ao terapeuta, o que guardou e acabou se tornando um trauma, uma dor ou os sintomas de uma doença e que precisam ser encontrados para que a pessoa se cure ]. Na Terapia Corporal Maori, há uma conexão profunda entre terapeuta e paciente, e a natureza faz parte desse processo. São usadas pedras, água, música e folhas na terapia.

O ambiente é tão importante para os Maōris que a única formação que existe para se tornar um terapeuta Maōri fica na própria Nova Zelândia. Celia lembra que viajou para  lá depois de muita reflexão: “eu estava com outros planos, mas ficava ouvindo essa voz e outras sincronicidades , de que eu devia ir pra onde estavam os Maōris”.

Ela foi e teve sua vida mudada. “De buscadora, me tornei terapeuta”. Hoje, Celia atende, na cidade de São Paulo, pacientes que vêm de todo o Brasil em busca de bem-estar, mais saúde e que acabam tendo suas vidas transformadas e reconectadas com o fluxo da natureza.

Segundo os Maōris, não é só a palavra que ensina, mas o vento, a água, a mãe Terra, o pai Céu, o avô Fogo, todos contêm sua sabedoria. No início dos períodos de formação, em todos os anos em que foi para a Nova Zelândia, Celia passou pela limpeza na água do mar com um cerimonial: “quando necessário, durante  a formação, se uma pessoa não estiver se sentindo bem ou entrar em contato com algum trauma, leva-se para uma limpeza no rio, onde ela coloca seus pés, tendo duas pessoas ao seu lado e mais quatro, atuando como protetores, na floresta”, revela Celia.

Ela conta: “o que aprendi lá é que perdemos, pouco a pouco, essa conexão com a natureza e, com isso, perdemos contato com nosso próprio interior. Então, estar em sinergia com as forças naturais ajuda a lembrar quem somos, de onde viemos e a criar uma dinâmica mais saudável, que vai gerar mais saúde.”

“Estamos sempre rodeados pelas forças da natureza, o que precisamos é nos reintegrar”, lembra Celia. A Terapia Corporal Maori ajuda a mudar os rumos da própria vida porque nos coloca em contato direto com nosso próprio eu. “Em tempos de desconexão, nada é mais necessário”, finaliza.

 

@healingyou_by_celiafadul


Estigma e preconceito: os desafios do TDAH em adultos

Médico explica que tratamento do transtorno inclui medicação e psicoterapia

 

Assim como acontece com outros problemas de saúde mental, as maiores barreiras que o adulto com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) enfrenta são o preconceito e o estigma. A demora no diagnóstico faz com que, muitas vezes, os sintomas clássicos de desatenção, impulsividade e hiperatividade sejam confundidos com comportamentos inadequados, como preguiça, desinteresse e até mesmo falta de compromisso. “Quando descobri o diagnóstico, muitos aspectos da minha vida passaram a fazer sentido. A dificuldade em lembrar de datas especiais; a eterna corrida contra o tempo para terminar tarefas; a dificuldade de administrar dinheiro e a impulsividade que me provocaram vários problemas de relacionamento, tanto pessoais, quanto no trabalho, tinham uma explicação. Mas, para muita gente que convive comigo, isso é encarado, até hoje, como uma desculpa para os meus erros”, comenta um paciente diagnosticado com o problema aos 45 anos.

O TDAH é um transtorno de neurodesenvolvimento da região frontal do cérebro, que é a responsável pela execução de tarefas, planejamento, organização, além das emoções. Estima-se que entre 5% e 8% da população mundial viva com o transtorno. Entre os adultos, a estimativa da Academia Americana de Psiquiatria é de que 2,5% tenham o transtorno.

O diagnóstico é clínico e o tratamento inclui medicação e psicoterapia. “Não há cura para o TDAH, os casos de remissão são raros e muito provavelmente a pessoa precisará usar medicação por toda a vida, esse é um dos principais estigmas. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, a pessoa consegue ter uma vida normal”, afirma o psicanalista, médico pós-graduado em Psiquiatria e membro da Associação Brasileira de Médicos com Expertise em Pós-Graduação (Abramepo), Fernando Negri.

O médico explica que o apoio e participação da família são fundamentais para o sucesso do tratamento. “É preciso fazer o que chamo de psicoeducação da família no início do tratamento, que é mostrar o que realmente significa ter TDAH. Essa informação inicial ajuda a mudar a forma como as pessoas mais próximas enxergam o transtorno. Os pacientes medicados relatam uma grande mudança na vida, como se a medicação removesse os sintomas e os tornassem mais produtivos, concentrados e organizados. Isso melhora as relações familiares, profissionais e até com os amigos”, comenta.

TDAH em adultos: tratamento do transtorno inclui medicação e psicoterapia
Freepik

Ansiedade e depressão

Vencida essa etapa inicial, é preciso definir o tratamento, e isso pode ser uma tarefa delicada, já que, em muitos casos, o TDAH está relacionado a outras condições clínicas, como a ansiedade, a depressão e o transtorno bipolar. “É indispensável um diagnóstico completo da saúde física e mental do paciente porque, muitas vezes, será necessário combinar medicamentos para tratar duas ou mais condições associadas, como ansiedade, depressão e transtorno bipolar, o que torna a tarefa ainda mais desafiadora. Escolher a medicação correta é determinante para o sucesso do tratamento”, explica.


Cuidados coadjuvantes

Assim como a psicoterapia, alguns hábitos podem contribuir para o sucesso do tratamento. A prática de atividade física e a alimentação adequada são indispensáveis para controlar os níveis de ansiedade e, portanto, podem ajudar também no tratamento do TDAH. “Um ambiente organizado e com menos estímulos ajuda na concentração para estudar ou trabalhar. Usar listas de tarefas e lembretes no celular são outras opções que ajudam organizar as tarefas do dia e a não esquecer compromissos e datas especiais. São pequenos ajustes que, combinados com todo o resto, podem surtir efeito”, completa.


Abrangente

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 2 milhões de brasileiros sofrem os sintomas do TDAH. Essas pessoas têm um nível baixo de dopamina, neurotransmissor que controla habilidades cognitivas da memória, atenção, ansiedade e humor. Ainda segundo a ABDA, as comorbidades associadas, como ansiedade e depressão, atingem 70% das crianças com o transtorno.


No climatério, mulheres precisam de atenção à saúde mental

Ginecologista Loreta Canivilo explica quais são os sintomas, causas e tratamentos para o período de climatério na vida das mulheres

 

Na vida de mulheres entre 40 a 55 anos surge o climatério, que não é uma doença, mas pode ocasionar algumas alterações psíquicas.

O climatério é o período na vida da mulher entre a fase de reprodução e a não reprodutiva. Geralmente nessa etapa surgem alguns sintomas como ciclos menstruais irregulares, sudorese noturna, fogachos, transformações emocionais e psíquicas.

Com essas movimentações no corpo feminino e a queda do estrogênio, o sistema nervoso é alterado, o que aumenta a possibilidade de vivenciar momentos depressivos e ansiosos, ocasionando transtornos do humor.

Suas causas ocorrem devido a mudanças hormonais. “Envelhecimento ovariano, diminuição da reserva ovariana, fatores genéticos e flutuações hormonais também são algumas das causas do climatério” diz a médica ginecologista Loreta Canivilo.


Tratamento

Não existe um tratamento universal para a saúde mental no climatério. “A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e os antidepressivos são alguns dos tratamentos indicados. Além de procurar manter um estilo de vida saudável, como ter uma alimentação balanceada e atividade física regular" diz Loreta Canivilo que ressalta a importância de procurar uma avaliação médica para indicar os tratamentos corretos que devem ser seguidos de acordo com cada causa especifica.

 

Loreta Canivilo - Médica ginecologista, obstetra e ginecoindócrino Loreta Canivilo, especialista em reposição hormonal feminina. A profissional possui diversas pós-graduações em instituições de referência como: Reprodução, Ginecologia Endócrina no Hospital Sírio Libanês e Medicina em Estado da Arte no Hospital Albert Einstein. É especialista em Nutrologia e Endocrinologia pela Faculdade BWS, referência em educação em medicina.Nas redes sociais, Loreta já possui mais de 30 mil seguidores - @draloreta, e oferece conteúdo explicativo sobre assuntos relacionados à saúde da mulher, gestação, reposição hormonal e implantes. Loreta Canivilo também é idealizadora de projeto social, em parceria com o Instituto BWS – onde também ministra aulas -, que promove atendimento de saúde feminina gratuito a mulheres em situação de vulnerabilidade.


Masculinidade tóxica: psiquiatra do CEUB explica alta taxa de autoextermínio entre homens

Prevalência de ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais estão entre as implicações na saúde mental dos homens, que ainda relutam em buscar ajuda 

 

O machismo estrutural não apenas torna as mulheres vítimas de abusos, mas também deteriora a saúde física e mental dos homens, por meio da masculinidade tóxica. Com expectativas projetadas para alcançarem um padrão, muitos se sentem na obrigação de se comportar da forma imposta pela sociedade. A Organização Mundial de Saúde aponta que 78% dos casos de autoextermínio tiveram homens como vítimas. Psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides aponta as implicações desse ideal masculino histórico, especialmente nos relacionamentos e na saúde emocional. 

A masculinidade é uma construção social complexa e multifacetada, que pode variar com base em fatores como cultura, classe, raça, orientação sexual e outros. Para Lucas Benevides, muitos dos ideais tradicionais enfatizam força, independência e controle emocional que podem ser prejudiciais para os homens, quando tentam formar e manter relacionamentos saudáveis. Como traço cultural predominante, Benevides cita o modus operandi da resolução de conflitos, baseada na força e no uso da palavra como expressão de submissão.  

Segundo Benevides, estes costumes somam às altas taxas de violência doméstica, feminicídio, encarceramento e suicídio. “Essa mentalidade muitas vezes inibe a expressão de vulnerabilidade e emoções consideradas femininas, como a necessidade de carinho, o desejo de segurança emocional, e a vontade de se conectar emocionalmente com outras pessoas. O estigma associado a essas supostas fraquezas pode levar ao isolamento emocional e relacional”, considera o especialista. 

Com sérios danos à saúde mental e social dos homens, o professor do CEUB afirma que o machismo estrutural é devastador, uma vez que estes estereótipos sociais de gênero passam a ditar e restringir as maneiras como homens e mulheres podem se comportar e expressar suas emoções. “Para os homens, isso frequentemente se manifesta como uma pressão para ser forte e dominante, o que pode levar a atitudes e comportamentos tóxicos tanto em ambientes pessoais quanto profissionais”, alerta.

 

Combate à masculinidade tóxica

A masculinidade tóxica, que desencoraja a expressão de vulnerabilidade e a busca de ajuda, tem sérias implicações para a saúde mental, incluindo uma maior prevalência de ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais. Para combater estes males, grupos são formados para redefinir o que significa ser homem em sociedades ao redor do mundo. O professor de Medicina afirma que, aos poucos, as pessoas tem se tornado mais conscientes dessas questões e buscado formas mais saudáveis e igualitárias de viver e se relacionar. 

Benevides explica ainda que a ideia de uma masculinidade tóxica faz parte do discurso popular e cada vez mais homens buscam formas saudáveis de expressar sua identidade masculina. “Isso inclui falar mais abertamente sobre saúde mental, participar mais igualitariamente nas responsabilidades domésticas e de cuidado, e questionar os papéis tradicionais de gênero em suas vidas pessoais e profissionais”, conclui o professor do CEUB.


AUTOESTIMA E ADOLESCÊNCIA – COMO LIDAR COM OS PERÍODOS DE ALTOS E BAIXOS?

Psicopedagoga, educadora e doutoranda em neurociência, Sueli Conte, analisa cenários e orienta como pais e responsáveis podem proceder diante de alguns sinais 


 

Ao mesmo tempo em que a adolescência é um dos períodos mais incríveis e cheios de descobertas na vida de qualquer pessoa, também acaba sendo uma das fases mais difíceis – tanto para os jovens, quanto para seus pais e responsáveis - justamente pelo volume de mudanças e transições vivenciadas ao mesmo tempo. 

 

Os hormônios são responsáveis por grandes mudanças. O corpo, o comportamento, o humor, os sentimentos, tudo é afetado por essa transição pela qual o organismo passa. Além disso, os adolescentes deixam de ser considerados crianças em algumas situações, porém não são maduros o suficiente para tantas outras, o que normalmente cria uma certa confusão quanto a quem o adolescente é e que lugar ele ocupa na família e na sociedade. Nessa fase, é comum que eles queiram passar muito tempo sozinhos. Alguns desejam se esconder mesmo. Ao mesmo tempo, anseiam por serem notados e reconhecidos. Trata-se de uma confusão importante entre sensações e ações. Os sentimentos ficam desencontrados, os adolescentes se sentem pressionados por si mesmos, por seus pais, pelos amigos, irmãos, professores e por tantas outras pessoas, mesmo que nenhuma palavra do gênero seja direcionada a eles. 

 

Também é normal que tudo gere um certo medo e ansiedade, que exista um grande receio quanto ao futuro, ao mesmo tempo em que fervilham questões importantes ligadas à estética. A aceitação por um determinado grupo de amigos e os relacionamentos ganham uma importância absurda e então a autoestima oscila. Ora está em alta e eles se sentem incríveis, capazes de tudo. Em seguida, são os piores em tudo e já não são bons o suficiente para nada. 

 

De acordo com Sueli Conte - que é doutoranda em Neurociências, Psicóloga, Pedagoga, além de mestre em Educação e fundadora do Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte, localizado na zona sul de São Paulo, destinado a cuidar da saúde emocional e psíquica de crianças, adolescentes e das famílias – é importante entender que autoestima é a junção de vários julgamentos que um indivíduo faz de si mesmo, associados a diversas emoções e sentimentos. Além disso, de acordo com a profissional, a autoestima pode transitar entre o que idealizamos para nós e o que acreditamos que deveríamos ser, ou seja, na comparação com os outros, sejam essas pessoas próximas ou não. “É natural, diante de todas as mudanças vividas durante a adolescência, que esses jovens se sintam inseguros em relação a aparência, ao comportamento e outros pontos. Esses pontos devem ser motivo de preocupação quando limitam as experiências dos adolescentes e os bloqueiem de vivenciar situações típicas da idade, por se sentirem excluídos ou não aceitos pelo seu grupo”, avalia. 

 

Segundo a especialista, adolescentes com autoestima elevada geralmente são confiantes, procuram aprender coisas novas, enxergam o futuro de forma otimista, conhecem seus pontos fortes e fracos, são empáticos e demonstram boa inteligência emocional. Aqueles que manifestam baixa autoestima, por sua vez, demonstram sentimentos de inferioridade, não se sentem respeitados, têm medo de fracassar e por isso deixam de agir, muitas vezes podem se tornar indisciplinados, não assumem responsabilidades, podem ser mais agressivos e se sujeitam a comportamentos ruins para se encaixar no grupo. 

 

A fundadora do Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte explica que algumas estratégias podem ajudar a promover a autoestima nos adolescentes. Entre elas, a profissional destaca a importância da generosidade em relação aos elogios. “Elogie esforços feitos pelo adolescente para atingir um determinado objetivo, não necessariamente o resultado alcançado. Ao fazer isso, mostramos que o esforço é tão importante quanto a meta”, destaca a profissional, que ressalta, ainda, a importância de, ao mesmo tempo, estabelecer expectativas realistas em relação aos resultados que realmente podem ser atingidos. “Ao fazer isso, eles ganham confiança para batalhar por resultados cada vez melhores. Quando estipulamos metas inalcançáveis, podemos acabar provocando um efeito contrário, de desestimulá-los e, pior, de fazê-los acreditarem que não são capazes”, explica. 

 

Por fim, Sueli Conte afirma que é interessante criar um espaço de diálogo com os adolescentes. “Pode ser puxando assunto ou criando um momento especial em família, como um dia ou horário na semana para a prática de uma atividade em conjunto. Além de fortalecer os vínculos, é durante essas conversas que se torna possível identificar o que aflige o adolescente e auxiliá-lo na busca por uma solução inteligente para as situações”, orienta a profissional, que também recomenda a realização de sessões de Barras de Access e ThetaHealing, terapias que auxiliam no desenvolvimento das capacidades de cada indivíduo.  



Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte
www.instagram.com/saudeintegrativa20

 

O Mundo dos Cafés com Leite (Psiquiatria e Fragilização)


Neste final de Inverno foi liberada na Web uma entrevista, desse que vos tecla, para o Podcast PodDoutor, sobre Estresse, Ansiedade, Burnout e Depressão. Necessariamente nessa ordem. A ideia era mostrar que esses quadros clínicos podem, em muitos casos, se estabelecer numa espécie de Continuum, isto é, podem ir se sucedendo e se agravando mutuamente, até que um período de alta carga de estresse ou de estressores acabe virando um Burnout, uma Depressão ou um quadro de Ansiedade. Foi bem legal a conversa, mas não é sobre isso que eu vou falar. O assunto desse artigo vem dos comentários a um corte dessa entrevista, que me gerou umas questões.

Para quem não sabe, os Podcasts permitem entrevistas mais longas, os cortes são pequenos trechos dessas entrevistas que cabem mais no Youtube ou Redes Sociais. Pois bem, num desses cortes, aparece o Dr Spinelli aqui falando: “O melhor Psiquiatra é a Academia”, para enfatizar a importância dos exercícios físicos para a prevenção e melhora de praticamente tudo o que aparece no consultório de um psiquiatra. No final desse trecho, se conclui que a forma melhor de lidar com a fragilidade é cuidando dela. Pois vem uma moça e faz um ataque do tipo, “como assim o melhor psiquiatra é a Academia? Uma coisa não substitui a outra”. Respondi para a moça que eu não sou dono de academia, sou psiquiatra e psicoterapeuta, não personal trainer, e que se ela assistir a entrevista da íntegra, vai poder ver que o tratamento medicamentoso, com a psicoterapia e os exercícios físicos e a higiene de sono produzem os melhores e mais consistentes resultados nos tratamentos. Até aí, tudo bem. O problema é quando outra moça tomou a minha defesa, dizendo que sua vida e seu quadro depressivo melhoraram definitivamente com exercícios físicos. A primeira ficou brava e respondeu que era fácil falar, quando não se sabe o que a pessoa passa, etc. Aí, o pau comeu. Sempre iniciando as ofensas com um “sabe, gata...” foi uma troca de ofensas, uma chamando de vitimista, a outra dizendo que era Autista e que a outra era Capacitista e falsa psicóloga. Eu saí fora do debate, antes que sobrasse para mim. Mas se eu estivesse afim de entrar na mira de alguma patrulha neurodivergente, diria para a moça que se dizia Autista que ela não tinha nada de Autismo e que estava se refugiando num diagnóstico autogerado ou malfeito. Um paciente com características do Transtorno do Espectro do Autismo não consegue, normalmente, ser irônica, usar duplos sentidos ou xingar alguém chamando-a antes de gata. Nem entrar em batalhas de lacração online.

Estamos vivendo uma explosão de diagnósticos psiquiátricos estampados nas Redes Sociais: as pessoas ficam proclamando a própria condição, existente ou imaginária, fazendo vídeos e entrando em comunidades virtuais de algum transtorno. Isso tem a vantagem evidente de se poder falar mais abertamente sobre esses diagnósticos, a informação ajuda muito na procura de ajuda dessas pessoas. O problema é o exagero no sentido contrário, com o diagnóstico ou, no caso da moça do meu Instagram, um pseudodiagnóstico, que acaba colocando a pessoa num lugar de inatacabilidade. Eu tenho Pânico, então não vou visitar quem está no Hospital. Tenho a doença X ou Y, então não consigo dar conta das minhas tarefas. Se me mandam fazer Academia, então são um bando de Capacitistas ( Capacitista, para quem não sabe, é quem discrimina pessoas com deficiência, definindo como “normal” quem tem capacidades produtivas ou sociais. Quem não tem essas capacidades, é “anormal”).

Eu achava que Capacitista é quem acha que, a despeito de sua dificuldade ou condição, todo mundo pode jogar com as cartas que a vida lhe deu. A ideia, em todo tratamento, é restaurar e criar capacidades. Muito me incomoda o discurso em que ter alguma condição, psiquiátrica ou não, possa transformar o portador em alguém sem perspectivas ou afundado em condescendência. E me incomoda que esses diagnósticos vomitados online sirvam para transformar as pessoas em cafés com leite em nosso jogo de desenvolvimento pessoal. Pronto, falei. Mas não coloquei isso no meu Instagram, que não sou besta.

Tratar alguém é restaurar ou criar novas capacidades e habilidades. Aceitar e manejar nossas limitações, em vez de gerar fragilidades, gera força. Esse era o tema da entrevista.

 

Marco Antonio Spinelli - médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação younguiano e autor do livro “Stress o coelho de Alice tem sempre muita pressa”


Um luto, sete histórias: dilemas que atravessam a juventude contemporânea

No romance "Tudo o que dizemos no silêncio", a escritora e filósofa Marta Vasconcelos aborda as marcas do abandono parental e outros temas sensíveis

Quando um grupo de oito amigos universitários perde um integrante, todos comparecem ao velório — mas um mistério instiga o leitor até o final: de quem é o corpo? É nesse cenário que se desenrola a trama de Tudo o que dizemos no silêncio, publicado pela Qualis Editora. A partir de flashbacks, a escritora e filósofa Marta Vasconcelos aborda a história de cada personagem, revelando conflitos que atravessam não só a juventude, mas a sociedade de forma geral.

A autora transforma a dinâmica dos amigos em espaço fértil para discutir questões contemporâneas urgentes. De modo sensível, ela retrata a complexidade das relações abusivas, da dependência química, da elaboração do luto, da descoberta da sexualidade e da aceitação dos diferentes corpos.

Em primeira pessoa, cada personagem narra um pedaço da obra e protagoniza diferentes situações. O enredo se divide nos seguintes focos: Becca e Thiago namoravam, mas a relação ficou abusiva quando ele desenvolveu um vício; Cris se envolveu em uma situação policial pois guardou as drogas de Bernardo; Bruno e Caio iniciaram um relacionamento, mas só um deles tem clareza da própria sexualidade; Amanda e Felipe se apaixonaram, mas por causa do vitiligo ele enfrenta inseguranças em relação ao corpo. Nesse contexto, um deles morre e os outros passam a lidar com o luto.

Tento respirar fundo, mas o ar entra tremido enquanto olho para tela do celular.
Um zumbido agita ainda mais meus pensamentos e,
em menos de um segundo, não consigo ouvir mais nenhum deles.
Eu apenas aperto o aplicativo de uma vez e digito, sem pensar, o destino: cemitério.
(Tudo que dizemos no silêncio, p. 27)

Em uma escrita envolvente, com alertas para prevenir gatilhos emocionais, a história conduz o leitor a uma intensa jornada. Além de perpassar as vivências dos personagens, a narrativa foge da superficialidade ao explorar as raízes e os desdobramentos de cada caso. No âmago da trama, por exemplo, residem as marcas do abandono parental. Depois, é revelada a trajetória de recuperação da dependência química e todas as consequências dessa luta. Por fim, a morte e os preconceitos desafiam os personagens a encontrar formas de resiliência e resistência. Assim, Tudo o que dizemos no silêncio é um convite a refletir profundamente sobre as questões mais delicadas que emergem na atualidade. 

Divulgação
Qualis Editora
FICHA TÉCNICA

Título: Tudo o que dizemos no silêncio
Autora: Marta Vasconcelos
Editora: Qualis
ISBN: 9788570270924
Dimensões: 23 x 16cm
Páginas: 212
Preço: R$ 52,00 (físico), R$ 16,90 (e-book)
Onde comprar: Qualis Editora

 

Sobre a autora: Marta Vasconcelos é escritora e filósofa, atualmente mora em Macaé com o marido e a filha. É autora da série Joquempô, A Trança e assina contos nas antologias Resilientes e Empodere-se.

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5 passos para vencer a timidez na carreira (e na vida)

Por muitos anos, mergulhei nas complexidades humanas, das quais há vários mestres em descrevê-las. E, em uma de minhas reflexões, inspiradas pela prosa de alguns deles, deparei-me com uma angústia universal: a timidez. 

Muitos de nós, profissionais de diferentes áreas, carregamos o fardo silencioso de não conseguirmos expressar plenamente nossos pensamentos e sentimentos. Mas, assim como as montanhas são esculpidas pela paciência do tempo, podemos reconfigurar nossa timidez com pequenos gestos e atitudes. Eis algumas dicas para aqueles que desejam desvendar o silêncio e se expressar com mais confiança: 

  1. Aceitação e autoconhecimento: antes de qualquer ação transformadora, precisamos nos olharmos com a sinceridade das águas calmas de um lago. A timidez não é uma falha, mas uma característica. Ela faz parte de nossa construção como seres humanos e, muitas vezes, é fruto de experiências passadas. Ao aceitá-la, podemos começar a moldar nossa abordagem diante dela. Nunca fui e não alcançarei a maestria nesse tema, mas posso me tornar melhor.
  2. Pequenos passos: como diz o adágio popular, "a jornada de mil quilômetros começa com um passo". Se o desafio de se expressar em grandes grupos parece assustador, comece com pequenas conversas. A confiança é como um músculo, e cada pequeno diálogo fortalece sua habilidade de se comunicar.
  3. Escuta ativa: a timidez, muitas vezes, reside na percepção de que não temos nada valioso a dizer. Porém, a arte de escutar, que alguns autores brasileiros tão bem enfatizam em suas obras, é um presente. Ao ouvir ativamente, não apenas acumulamos sabedoria, mas também criamos conexões genuínas, que podem suavizar nossas inseguranças.
  4. Prática deliberada: tal qual um artesão aprimora sua habilidade a cada obra criada, nós podemos praticar nossa comunicação. Clubes de oratória, aulas de teatro e cursos de expressão vocal são espaços propícios para exercitar nossa voz.
  5. Celebração e reflexão: cada interação, seja ela exitosa ou não, é um aprendizado. Em vez de se ater aos momentos de falha, celebre cada pequeno sucesso. Ao mesmo tempo, reserve um momento de introspecção para refletir sobre as interações e identificar áreas de melhoria. 

Essa pequena coleção de 5 passos foi essencial para sair da timidez patológica para algo controlado. Como disse outras vezes, tenho dificuldade para vencê-la, porém a prática deliberada tem me ajudado. 

Quando comecei a lecionar, senti certa timidez em frente aos alunos e medo do julgamento. Após alguns deslizes, feedback e advertências (por que não?), fui perdendo a paúra de falar e comecei a me soltar. Pensava tal qual um alegre integrante de nosso congresso: "pior que tá, não fica". E seguia. 

Aulas de teatro também me ensinaram técnicas interessantes sobre postura, aquecimento de voz, exercícios para quebrar o gelo e improvisação. Aos poucos, consegui me sentir mais leve e solto na hora de soltar o verbo. Lá, também tive exercícios de escuta ativa. Por meio de perguntas, deveria estender o assunto por mais de 10 minutos, mesmo que o outro integrante tivesse que se mostrar desinteressado. 

Em nosso intrincado tecido social, cada voz é fundamental. Nossa timidez, quando abordada com gentileza e determinação, pode ser transformada em uma ponte para conexões significativas. Não é o volume da voz, mas a sinceridade das palavras que verdadeiramente ressoa nos corações dos outros. 

Aproveite minha pequena contribuição se, assim como eu, sofre de timidez crônica. Acima de tudo, seja sincero - e se prepare, lendo bons jornais e fontes de informação. Quanto mais assunto e repertório temos, mais fácil fica a conversa. 

 


Virgilio Marques dos Santos - um dos fundadores da FM2S Educação e ConsultoriaFM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.


Entenda a Síndrome do Pequeno Poder


Comportamento autoritário no trabalho ou na família pode ser Síndrome do Pequeno Poder, distúrbio psicológico é pouco conhecido 

 

Já viu algum colega de trabalho ou um amigo receber algum tipo de poder em sua esfera e passar a agir de forma autoritária? Esse tipo de atitude é chamada de Síndrome do Pequeno Poder e é caracterizada pelo uso de poder sem preocupação com seus resultados e eventuais danos.

 

É um fato que existe uma crise de saúde mental no mundo, as doenças vêm em diversas formas. Da ansiedade à depressão, uma pesquisa da OMS mostra que 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental, incluindo também a Síndrome do Pequeno Poder, que não é considerada menos que as demais.

 

Segundo a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, Vanessa Gebrim, a síndrome está diretamente ligada ao autoritarismo. “A Síndrome do Pequeno Poder, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta, imperativa e exagerada sem se preocupar com as consequências e problemas que podem ocasionar nas relações”, explica.

 

Causas da Síndrome do Pequeno Poder 

 

O alerta da Síndrome do Pequeno Poder é entender que ela não é apenas um ato de autoritarismo e sim um problema de saúde mental. “Pode ser identificada através de alguns sintomas como: arrogância, impulsividade, inquietude, excesso de confiança em si mesmo, mas que revela uma grande insegurança disfarçada. Isso acaba gerando conflitos graves, contribuindo para o desinteresse pelo trabalho se for no ambiente profissional e se for nas relações familiares e sociais, acaba ampliando a falta de interesse por essas relações, desenvolvendo quadros de depressão e ansiedade por quem sofre a opressão”, revela.

 

A Síndrome do Pequeno Poder tem origem em relações emocionais desequilibradas que geram uma baixa autoestima e necessidade de autoafirmação, mas possui tratamentos. “A psicoterapia ajuda a fazer com que a pessoa tenha consciência de como esse comportamento pode afastá-las das outras pessoas. Também pode mostrar como as atitudes da pessoa estão sendo inconvenientes, além de trabalhar a insegurança que está disfarçada por uma autoconfiança que não existe”, indica.

 

É fácil de identificar a situação em nosso cotidiano, no trabalho ou em casa. “O exemplo mais comum é aquele em que alguém que era apenas um colega de trabalho, mas que bastou ter recebido uma pequena promoção, mesmo não sendo o chefe  começa a tratar com arrogância o colega e a se vangloriar de seu “novo cargo”. Muitas vezes  as avaliações de perfis tidos como “enérgicos”, para exercer liderança e obter o respeito dos subordinados, podem ter características dessa síndrome. Neste caso, a avaliação do perfil comportamental e psicológico deve ser extremamente eficiente para detectar esta situação, de forma rápida, antes de exercer a opressão e não afetar toda a equipe”, exemplifica.

 

Por fim, é primordial que não seja vista com normalidade, mas conversada e tratada. “O importante é que a síndrome do pequeno poder não passe a ser vista como normal. A opressão não deve ser aceita e nem alimentada, mas também é importante tomar cuidado com reações muito agressivas. Se estiver muito presente procure ajuda psicológica”, finaliza Vanessa Gebrim.

  



Vanessa Gebrim - Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.



Como o casal pode saber se é o momento certo para se separar?

Contar com a ajuda de profissionais experientes pode contribuir de forma positiva para a decisão 


Não existe receita para identificar o momento certo em que um casal deve se separar, mas alguns pontos podem indicar que é preciso ao menos pensar na questão. Por exemplo, se o interesse pela vida do companheiro deixa de existir, se não há mais atração física, nenhum desejo, nem prazer na convivência, é claro que há problemas no casamento. 

Segundo Luiz Fernando Gevaerd, especialista na área de Direito da Família com mais de 40 anos de carreira, mais de 10 mil casos atendidos e diretor do escritório Gevaerd Consultoria Jurídica, se a relação está desgastada é preciso refletir sobre a vida em comum. “Talvez a separação seja inevitável e o relacionamento não suporte uma avaliação, mas nem sempre é assim. Pode haver outras soluções que melhorem o casamento”, afirma.

O advogado explica que muitas formas de apoio podem ser usadas para salvar uma união, mas para haver chance de sucesso é preciso que ambos realmente queiram ter a oportunidade de uma nova experiência. “Às vezes, a crise serve para revelar todo o desinteresse, de um dos dois, em tentar a reconciliação. Ainda assim, qualquer tentativa pode ter reflexos positivos para o casal. Essa etapa pode durar anos, com muitas indefinições, medos e fantasmas, até chegar o momento em que uma reconciliação verdadeira seja conseguida, ou que a separação comece a ser encarada seriamente, com todas as suas consequências, positivas e negativas”, diz. 

Para  o Dr. Gevaerd, caso ambos se propuserem, com sinceridade e boa-fé, a uma avaliação do casamento, ainda que não haja reconciliação, o processo de separação será menos traumático para os dois e para os filhos. “Muitas vezes é difícil resolver a crise somente na conversa a dois. Neste caso, existem algumas formas de ajuda, que podem ser muito valiosas e vale a pena procurá-las. O cuidado principal que se deve ter nesse sentido é o de buscar a ajuda de pessoas que sejam comprovadamente experientes, sensatas, e que possam, de fato, dar uma contribuição positiva”, recomenda.

Uma das alternativas sugeridas pelo advogado para um casal que ainda não sabe se deve se separar ou não, é buscar um bom terapeuta de casal, especializado em situações de conflito familiar. “Ele pode prestar assistência psicológica às duas pessoas nos momentos difíceis de sua vida em comum. Esse apoio profissional pode ajudá-las a pensarem objetivamente sobre seu relacionamento conjugal e a tomarem decisões essenciais para o futuro, sem culpas ou precipitações”, diz. 

Outra sugestão é procurar o apoio de padres, pastores, rabinos e outros sacerdotes ou conselheiros espirituais caso o casal tenha formação religiosa. “O importante é buscar  sempre um conselheiro. Em um momento como esse é muito importante dividir com alguém os sentimentos e aconselhar-se nas decisões”, sugere o Dr. Gevaerd.

A compreensão da família também é muito importante, segundo o especialista, além dos amigos mais próximos e, eventualmente, colegas de trabalho. Ele explica que nesses casos, porém, é preciso tomar cuidado e estar sempre atento às indiscrições. “Os profissionais, como terapeutas e advogados, têm seu código de ética e comprometem-se a zelar pelo sigilo profissional, mas nada garante que os amigos comuns, ou mesmo parentes, conseguirão guardar confidências e desabafos. E é sempre importante preservar fatos que possam comprometer a sua imagem e também a imagem do outro”, orienta. 



Luiz Fernando Gevaerd - Especialista na área de Direito de Família, o advogado Luiz Fernando Gevaerd possui 40 anos de carreira e mais de 10 mil casos atendidos. Gevaerd é graduado em Direito, Economia, Administração de Empresas, Contabilidade e especialização em Mediação de Conflitos. Por sua grande expertise, o profissional é fonte constante das grandes mídias (programas de TV, rádios, revistas, jornais e sites) em assuntos diversos. Um de seus diferenciais é a experiência em outras áreas relacionadas com o Direito de Família: Economia, Contabilidade e Negócios, permitindo-lhe falar sobre as repercussões do divórcio em grandes patrimônios.

Gevaerd Consultoria Jurídica
https://gevaerd.com.br/


Por onde andam os seus filhos?

Com grande acesso à internet, muitos adolescentes e crianças estão entrando virtualmente em lugares que jamais iriam fisicamente.


São inúmeras as notícias que mostram jovens sendo manipulados e envolvidos, através de conversas e conteúdos da internet, a fazerem o que provavelmente não fariam, por não terem idade para isso. Segundo Silvia Tocci Masini, educadora, psicanalista e psicopedagoga, a pandemia permitiu que jovens e crianças permanecessem mais tempo nas telas, em celulares ou computadores, pois com muito tempo ocioso, devido a redução das atividades, e os pais trabalhando, ainda que estivessem juntos na mesma casa, estavam isolados em mundos separados. Um ano e meio depois disso, a conta da saúde emocional e mental ainda cobra um preço alto de muitos estudantes e suas famílias.

A especialista conta que iniciou um trabalho na Escola do Futuro, no ano passado, focado justamente na saúde mental de crianças e jovens que ainda sofrem com as marcas deixadas pela pandemia. “Percebemos que quando criamos um ambiente de escuta e acolhimento, os alunos se abrem e podemos ajudar. Isso é urgente no momento atual. Esse período de isolamento trouxe luz sobre uma situação que já havia se iniciado. Atualmente um dos temas que mais trago à tona é ‘Onde os jovens ficaram durante a pandemia?’. Muitos pais estavam tranquilos por terem seus filhos em casa, na segurança do seu quarto, mas não percebiam que eles estavam submersos na internet, vendo coisas e tendo acesso a lugares que não têm condições de absorver”, explana.

Silvia explica que criou dentro da instituição particular uma Escola de Pais, voltada para o Ensino Fundamental II e Médio, onde realiza Rodas de Conversas com o objetivo de conscientizar a família, com temas como ‘Onde o seu filho anda?’. “Alguns reagem dizendo que eles necessitam de privacidade, mas é fundamental proteger sem controlar e monitorar por onde andam e o que estão fazendo. Para auxiliar as famílias, criamos uma rede de apoio. Nas salas há um professor tutor e dois conselheiros, que observam os alunos e quando necessário, essa rede de apoio é acionada, para buscar a melhor ação, e, em muitos casos, informar a família. Não é muito difícil perceber que um adolescente ou jovem está com problemas. Os sinais são evidentes e pode ser na mudança de comportamento, com isolamento, uso de roupas diferentes ao habitual - como capuz ou roupas escuras, com mangas compridas - e até na mudança alimentar. Na Escola, quando percebemos sinais como depressão ou crise de ansiedade, acionamos a família e encaminhamos para um profissional especializado”, detalha.

Segundo ela, tanto o jovem como a criança necessitam de rotina e precisam sentir-se importantes em casa, tendo a sensação de pertencimento e, por isso, a família deve monitorar, estar presente, se interessar pelo que fazem, trazendo-os para perto. “Os pais devem participar da vida dos filhos, compartilhando momentos juntos, proporcionando atividades que eles gostam e não o que os adultos preferem. Como, por exemplo, assistir a filmes, ouvir música, praticar algum esporte, ir a shows, parques e propor atividades diferentes. No começo o jovem pode até resistir, pois ele passa por um momento em que está criando identidade, quer ser diferente. Com jeito e cuidado, a família pode se aproximar; trazer amigos em casa, viajar, entre tantas outras coisas. Os pais devem lembrar-se de como eram nessa fase e exercitarem a empatia, para que seus filhos não se isolem. É preciso substituir o celular de forma criativa e interativa”, alerta.

Os jovens e adolescentes necessitam ser vistos e ouvidos e, em alguns casos, muitos dos problemas que os pais enfrentam com os filhos são porque não estiveram atentos na infância. “É fundamental dar atenção à criança enquanto ela é pequena, para que quando entre na adolescência, época em que irá se desgarrar um pouco, não perder o vínculo já criado. Estar perto na infância é plantar uma semente para a juventude”, alerta Silvia.

Para a psicanalista, a escola realiza um trabalho de parceria com as famílias, mas os pais têm a responsabilidade total, são o modelo e precisam estar perto, mesmo sendo trabalhoso, é um processo prazeroso. “Por terem profissionais capacitados, as instituições de ensino, muitas vezes, percebem os sinais primeiro e podem auxiliar no direcionamento do caminho destes estudantes. O jovem precisa de limite para adquirir segurança, por isso, me preocupo quando um dos pais diz que é muito amigo dos filhos. Isso é muito bom, mas quem está fazendo o papel de pai? Esse lugar está vazio? Muitas das frases que nos lembramos a vida toda, foram aquelas ditas pelos pais com amor. É muito triste quando hoje no consultório pergunto a um jovem ‘por que você faz isso', e ele me responde: ‘Ninguém nunca me parou. Ninguém nunca me disse não’. Em alguns casos, os pais precisam primeiro ressignificar algumas questões das suas próprias vidas, para então ajudarem os filhos. Os adultos também precisam de autoconhecimento, pois muitas vezes a família toda está precisando de ajuda. E é preciso agir rápido, pois as coisas acontecem de repente na vida dos jovens e temos que estar atentos para tirá-los de alguns lugares ruins onde estão entrando”, completa.


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