Deixar as crianças experimentarem os alimentos com
total independência pode ser um desafio. Durante os primeiros momentos da
introdução alimentar, elas não sabem manusear os talheres, pratos e copos com
facilidade e a bagunça é certa. No entanto, mãos e rostos sujos não devem ser
tratados como um pesadelo. Isso porque, ao contrário do que se pode pensar,
deixar os pequenos "brincarem" com a comida pode promover
aprendizados de vocabulário e melhor aceitação do alimento.
As refeições não precisam ser um momento de
tortura. Tanto para os pais e responsáveis, quanto para as crianças. "Esse
momento pode e precisa ser prazeroso. Refeições em família devem ser tranquilas
para que as crianças possam aprender sobre os alimentos e gradualmente
desenvolver preferências alimentares saudáveis. A interação com os alimentos é
importante para o aprendizado alimentar", explica a fonoaudióloga Carla
Deliberato.
De acordo com a profissional, estimular o ato de se
alimentar, de uma forma prazerosa, criativa e autônoma para os pequenos, é a
melhor saída. Comida pela mesa, boca, queixo, bochechas e nariz melecados é
algo completamente normal - e ajuda no desenvolvimento da criança!
"É uma fase em que a criança ainda está
aprendendo a se alimentar e se ela ficar com uma sensação ruim, muito
provavelmente vai começar a não levar mais aquilo na boca, porque causa um
desconforto", complementa a profissional que enfatiza a atenção dos pais e
responsáveis nessa tarefa.
Se não houver um esforço para que as refeições
sejam prazerosas e divertidas, casos de recusa e seletividade alimentar podem
ter mais facilidade de se instaurar na sua casa. "Deixe que seu filho
descubra o alimento, faça sujeira, brinque, estimule ele a conhecer o que ele
vai ingerir. Conforme ele for crescendo, utensílios divertidos, de personagens,
brincadeiras na hora da alimentação e até a elaboração de receitas em conjunto
podem criar uma ótima relação dele com essa área da vida", aconselha a
profissional.
Além disso, um estudo da Universidade de Iowa, nos
Estados Unidos, mostrou que a interação direta entre os bebês e o alimento os
ajuda a sentirem melhor a textura e, assim, conseguem reconhecer e aprender as
palavras mais rapidamente.
É um ótimo método para alimentos que não são
sólidos, como leite, sopa e papinha. O ideal é que eles sintam a textura de
cada um deles independentemente do recipiente o qual estão inseridos. "Ao
usar as mãos para entrar em contato com os materiais, percebem melhor cada
um", explica Carla.
No entanto, a especialista aconselha que, se esse
comportamento se estender por tempo demais, é necessário atenção. Se a criança
só brinca e nunca come, há algum problema de alimentação que deve ser
investigado.