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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Sophos identifica novas táticas usadas por golpistas em aplicativos de relacionamento

Pesquisa da companhia aponta que cibercriminosos inseriram sete novos apps falsos nas lojas da Apple e do Google Play, além de ferramenta de bate-papo de IA, como o ChatGPT, e hacks para contas de cripto

 

A Sophos, líder global em inovação e fornecimento de cibersegurança como serviço, divulgou novas descobertas sobre golpes de CryptoRom um subconjunto de esquemas de pig butchering (shā zhū pán) projetados para induzir usuários de aplicativos de relacionamento a fazer falsos investimentos em criptomoedas em seu último relatório, intitulado “Sha Zhu Pan Scam uses AI chat tool to target iPhone and Android users" 

Desde maio, a equipe do Sophos X-Ops, unidade multioperacional da companhia, vem observando que os golpistas do CryptoRom têm refinado as técnicas e, entre elas, passaram a usar ferramentas de bate-papo de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT. Os criminosos também expandiram as táticas de coerção, dizendo às vítimas que suas contas de criptomoedas foram invadidas e que é necessário transferir mais dinheiro. 

O time ainda descobriu que os golpistas conseguiram infiltrar sete novos aplicativos falsos de investimento em criptomoedas nas lojas oficiais da Apple e Google Play, aumentando o potencial de vítimas. 

Em 2022, as fraudes de investimentos foram responsáveis pelas maiores perdas considerando todos os golpes relatados pelo público ao Centro de Reclamações de Crimes na Internet (IC3) do FBI, totalizando US$ 3,31 bilhões. Incidentes envolvendo criptomoedas, incluindo o próprio pig butchering, representaram a maioria desses casos, que registraram aumento de 183% em relação a 2021 período no qual as perdas chegaram a um montante de US$ 2,57 bilhões. 

Por conta de uma vítima que entrou em contato com a equipe do Sophos X-Ops, os especialistas da companhia identificaram pela primeira vez que os golpistas do CryptoRom estavam utilizando ferramentas de bate-papo de IA provavelmente o ChatGPT. Depois de entrar em contato com a vítima no Tandem aplicativo de intercâmbio de idiomas que conecta potenciais alunos com falantes nativos, mas que também é usado para relacionamento , o golpista a convenceu a transferir a conversa para o WhatsApp. A partir daí, ela ficou desconfiada depois de receber uma longa mensagem escrita por uma ferramenta de chat de IA, que usava modelos de linguagem de larga escala (do inglês, Large Language Models, ou LLMs).

 


Captura de tela que mostra como o atacante usou IA baseada em LLM em respostas no bate-papo.

 

“Desde que a OpenAI lançou o ChatGPT, houve grande especulação de que os cibercriminosos poderiam usar o programa para suas próprias atividades maliciosas. Agora podemos dizer que, pelo menos no caso dos golpes de pig butchering, isso está, de fato, acontecendo. Um dos principais desafios para os fraudadores de CryptoRom é ter conversas convincentes e sustentadas de natureza romântica com os alvos. Essas mensagens são escritas geralmente por 'tecladistas', que vivem principalmente na Ásia e têm uma barreira de idioma. Usar algo como o ChatGPT pode ser uma maneira mais eficiente de manter essas trocas, tornando os golpes menos trabalhosos e mais autênticos. Ele também permite que os digitadores se envolvam com várias vítimas ao mesmo tempo”, explica Sean Gallagher, principal pesquisador de ameaças da Sophos. 

Além disso, o Sophos X-Ops descobriu uma nova tática projetada para extorquir mais dinheiro dos alvos. Tradicionalmente, quando as vítimas de golpes do CryptoRom tentam lucrar com seus “investimentos”, os fraudadores dizem que precisam pagar uma taxa de 20% sobre seus fundos antes de concluir qualquer saque. No entanto, uma vítima recente revelou que, após pagar o tal “imposto” para obter seu dinheiro, os criminosos disseram que o valor foi “hackeado” e precisariam de outro depósito de 20% antes de receber a quantia. 

Após uma investigação mais aprofundada, a equipe encontrou sete aplicativos falsos de investimento em criptomoedas nas lojas oficiais do Google Play e da Apple. Esses apps têm descrições aparentemente apropriadas no marketplace de aplicativos (o BerryX, por exemplo, afirma ser relacionado à leitura). No entanto, assim que os usuários abrem o aplicativo, eles se deparam com uma falsa interface de negociação de criptomoedas. 

Para passar pelo processo de revisão da Apple App Store, os desenvolvedores de aplicativos usam a mesma técnica que a Sophos relatou pela primeira vez em fevereiro de 2023. Eles enviam o app para aprovação usando um conteúdo legítimo da web. Assim, uma vez que a ferramenta é aprovada e publicada, eles modificam o servidor de hospedagem com o código da interface fraudulenta. 

“Antes de conseguir inserir os aplicativos na Apple Store, os fraudadores do CryptoRom tiveram que usar uma solução técnica complicada para atingir os usuários do iOS, o que poderia alertar as vítimas de que algo estava errado. Agora, é muito mais fácil atingir os usuários do iPhone, expandindo o grupo de vítimas. Esses aplicativos também são simples de se reciclar e reutilizar. Na verdade, o BerryX parece ser relacionado aos apps falsos que descobrimos e bloqueamos no início deste ano. Embora tenhamos alertado o Google e a Apple sobre esses mais recentes, é provável que apareçam mais. Hoje, eles dizem às vítimas que suas contas foram invadidas para poderem roubar mais dinheiro, mas, no futuro, é provável que pensem em novos métodos de extorsão inicial e dupla. A melhor defesa contra o pig butchering é a conscientização sobre essas campanhas. Incentivamos os usuários que suspeitam ou pensam que podem ter sido vítimas a entrar em contato conosco”, diz Gallagher. 

Saiba mais sobre as táticas mais recentes usadas pelos golpistas do CryptoRom em “Sha Zhu Pan Scam uses AI chat tool to target iPhone and Android users" no site da Sophos.

 

Informações adicionais

·       Operações de pig butchering em grande escala no Sudeste Asiático;

·       Os primeiros aplicativos falsos para esquemas de CryptoRom encontrados na Apple App Store;

·       Golpes de CryptoRom e como eles visam usuários de iOS;

·       Mineração de liquidez e como ela contribui para crimes com criptomoedas;

·       O cenário de ameaças e as tendências que devem afetar a segurança cibernética no Sophos 2023 Threat Report;

·       Sophos X-Ops e sua pesquisa inovadora sobre ameaças no blog do Sophos X-Ops.


Sophos
www.sophos.com


Aumento da expectativa de vida: como se preparar para desafios e oportunidades da terceira idade?

Crédito: Envato

Desde o início do século, a expectativa de vida em todo o mundo vem aumentando. No Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, a expectativa de vida média no país era de 77 anos, enquanto em 2020 era de 76,8 anos. Em um intervalo de 10 anos, a expectativa de vida no Brasil teve um aumento de quase 3 anos, considerando que em 2011, esse número estava em 74,08 anos.

Nesse contexto, os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel fundamental na redefinição da velhice, prolongando a qualidade de vida dos idosos e impactando diretamente as dinâmicas sociais da terceira idade. Entretanto, para o antropólogo e professor do mestrado e doutorado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), Mario Sergio Michaliszyn, envelhecer no Brasil continua sendo um desafio, pois a sociedade brasileira não está preparada para enfrentar o envelhecimento da população. "O país carece de políticas públicas eficazes que atendam significativamente as demandas dos idosos, e, além disso, a sociedade como um todo age de forma preconceituosa e discriminatória em relação a qualquer tipo de diferença, e o envelhecer não foge a essa regra", relata o antropólogo.

No âmbito da saúde, a tecnologia trouxe inúmeros benefícios aos idosos, melhorando a vitalidade e promovendo a independência dessa população, aponta a doutora em Ciências da Saúde e professora do curso de Medicina da UP, Mariane Rigo Laverdi. "Além de equipamentos como aparelhos auditivos e dispositivos de mobilidade, que ajudam a prevenir acidentes, a tecnologia aprimorou questões como o monitoramento remoto, a telemedicina e aparelhos de ginástica adaptados para os mais idosos, auxiliando na promoção e manutenção da saúde e bem estar", destaca. Em contrapartida, Mario acredita que, no Brasil, as pessoas são consideradas idosas desde muito cedo, com apenas 60 anos de idade. E, mesmo ainda tendo saúde e disposição para manter-se ativos, são facilmente descartados em vários setores da sociedade, que negligencia a importância das experiências e vivências dos mais velhos. “O escritor Ivan Illich fazia uma correlação entre a capacidade produtiva, econômica e o envelhecimento, no qual os idosos são vistos como improdutivos, e, por conta disso, lidam com a negação do mercado e das políticas públicas”, analisa.

A doutora ainda ressalta que esse aumento da expectativa de vida, aliado à queda nas taxas de natalidade, têm contribuído para o envelhecimento da população e que isso traz desafios em diversas áreas da sociedade, com impactos no mercado de trabalho, na previdência social e na necessidade de distribuição de recursos, especialmente na área da saúde. "É preciso distribuir esses recursos de forma justa, considerando a demanda e a capacidade financeira dos sistemas de saúde, até porque a necessidade de leitos hospitalares e profissionais especializados é maior para os idosos", detalha a médica, salientando que, ao mesmo tempo, esses desafios trazem oportunidades de negócio, abrindo espaço para empresas que desenvolvem produtos e serviços para a população mais velha.

O envelhecimento populacional é uma realidade, e a expectativa é que a população continue a viver cada vez por mais tempo. Por isso, Michaliszyn defende que é fundamental que a sociedade se prepare para esse fenômeno, aprendendo a reconhecer o valor do idoso e suas contribuições ao longo da vida. Isso inclui revisar políticas públicas relacionadas às condições de vida da população, como segurança, educação, trabalho e previdência, e reconhecer que todos têm um papel importante, desde o nascimento até o último dia de vida. "Tudo isso implica em revisar nossos padrões culturais sobre o envelhecimento e enfrentar o etarismo, que, infelizmente, está cada vez mais presente na população", alerta o antropólogo.

A médica destaca que, para alcançar a "melhor idade" nas melhores condições possíveis, é necessário um planejamento com foco nos cuidados com a mente e o corpo. "Esses cuidados são essenciais para que o indivíduo possa combinar longevidade com qualidade de vida, já que, com o avanço da idade, é normal perder massa muscular, flexibilidade e ter queda na função dos órgãos, além do declínio das funções cognitivas", enfatiza Mariane. Ela reforça a importância de bons hábitos alimentares e atividades físicas para alcançar o objetivo de envelhecer de forma saudável.

 

Universidade Positivo

up.edu.br/

 

Substituição de espécies sensíveis por tolerantes ‘equilibra’ ecossistemas em áreas agrícolas, diz estudo

 

O experimento foi feito em uma área da fazenda experimental
da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA),
em Brotas, no interior de São Paulo. Os pesquisadores dividiram
o local em 15 parcelas (
plots) de 50 por 50 metros
(
foto: Edmar Mazzi)

Ao estudar práticas de manejo sustentáveis para a agricultura, particularmente canaviais, pesquisadores brasileiros demonstraram que corpos d’água, como pequenas lagoas e mesmo poças, podem manter serviços ecossistêmicos, desde que existam nos arredores espécies animais tolerantes que substituam as mais sensíveis às práticas agrícolas.

Em um trabalho inovador, no qual áreas de cultivo em larga escala foram manipuladas, o grupo testou as consequências da intensificação do uso da terra comparando pastagens extensivas e intensivas e plantações de cana-de-açúcar, com simulações de lagoas e poças de 4 mil litros. Apesar de as áreas canavieiras terem recebido aplicação de inseticidas e de vinhaça, a biomassa no hábitat [quantidade de matéria orgânica animal] ficou estável nos três cenários.

Isso somente foi possível porque, após a aplicação dos produtos, a extinção local de um predador sensível (no caso a libélula) foi compensada pela colonização de um conjunto de outros mais tolerantes, como besouros e percevejos. Com isso, a estabilidade da comunidade evidenciou um efeito “portfólio” da biodiversidade, ou seja, a entrada de espécies compensando o desaparecimento de outras.

“Demonstramos experimentalmente que o funcionamento de ecossistemas aquáticos em ambientes agrícolas pode ser mantido, apesar de práticas danosas, desde que haja espécies tolerantes vindas de fora da plantação para substituir as mais sensíveis. Na pesquisa, usamos como indicador do funcionamento ecossistêmico a produção de biomassa, ou seja, quantos gramas de animais estão sendo observados em cada ecossistema ao longo do tempo. Percebemos que [a produção de biomassa] permaneceu constante até mesmo no canavial. Isso é muito interessante do ponto de vista da discussão dos diversos valores que a biodiversidade tem, entre eles a manutenção de funções ecossistêmicas de um local”, avalia o biólogo Luis Cesar Schiesari, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor correspondente do artigo publicado no Journal of Applied Ecology, uma das mais prestigiadas revistas científicas na área de ecologia.

O trabalho foi conduzido no âmbito de um Projeto Temático vinculado ao Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e liderado pelo engenheiro agrônomo Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP. Também recebeu financiamento por meio de um projeto coordenado pelo biólogo Victor Satoru Saito, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ambos são coautores do artigo.


Sustentabilidade

Estudos anteriores mostraram que esse suprimento de espécies não está disponível em campos agrícolas reais, onde ecossistemas aquáticos têm diversidade bastante empobrecida. Por isso, os cientistas sugerem no artigo agora publicado a inclusão das práticas de manejo para a proteção de brejos, pântanos e lagoas nas bordas de campos agrícolas, que serviriam de provedores de biodiversidade para colonizar poças formadas naturalmente ou artificialmente nessas áreas.

“Esses organismos são benéficos para o próprio cultivo já que, além de retroalimentar o ecossistema, servem de predadores para pragas agrícolas. Insetos e anfíbios colocam ovos nessas poças temporárias, que eclodem em larvas. Elas se alimentam no ambiente aquático e, depois, metamorfoseiam em adultos terrestres. Esses adultos eventualmente morrem no ambiente terrestre, ‘exportando’ a matéria acumulada dentro da poça, inclusive o nitrogênio, o fósforo e o potássio, de volta para a plantação. Essas funções ecossistêmicas satisfazem as premissas da agricultura sustentável e de precisão”, diz Schiesari à Agência FAPESP.

Com a agenda global indicando a crescente necessidade de reduzir impactos ambientais nas cadeias produtivas e mitigar os efeitos das mudanças climáticas para promover o desenvolvimento sustentável, a produção agropecuária e a transição energética (com o uso de fontes limpas e renováveis para combustíveis) têm sido focos de atenção no mundo.

Maior produtor mundial de cana-de-açúcar e um dos principais de etanol, o Brasil vem discutindo há alguns anos a sustentabilidade da cadeia de produção e o custo socioeconômico do uso da terra. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana-de-açúcar na safra 2023/24 deve crescer 4,4% em relação a 2022/23, sendo estimada em 637,1 milhões de toneladas.

“Em minha linha de pesquisa busco entender as vias pelas quais as alterações do ambiente por ações humanas impactam a biodiversidade. Especificamente nos últimos 15 anos, tenho procurado compreender as consequências da conversão de hábitats nativos, como florestas e cerrados, para pastagens e a intensificação das pastagens em áreas de plantios agrícolas monoculturais, como soja e cana. Esse processo de conversão e intensificação do ambiente implica alterações estruturais, físicas e químicas”, complementa o biólogo.

As pastagens são o principal uso dado ao solo brasileiro, ocupando 154 milhões de hectares, com presença nos seis biomas, segundo relatório do MapBiomas. A área equivale praticamente a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares.


As etapas

Os cientistas trabalharam em uma área da fazenda experimental da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Brotas, no interior de São Paulo. Dividiram o local em 15 parcelas (plots) de 50 por 50 metros.

Cinco foram mantidas com pastagem extensiva, onde não existe cuidado específico com o solo e o capim cresce naturalmente, de acordo com a fertilidade da área. A mesma quantidade de parcelas foi convertida em pastagem intensiva – com gradagem do solo usando tratores, mistura de calcário para elevar o pH (processo chamado calagem), fertilização e plantio de braquiária, um dos tipos de capim mais usados no país. Tanto na extensiva como na intensiva houve manejo de gado.

Nas outras cinco parcelas, o cultivo foi de cana-de-açúcar, com práticas de manejo semelhantes às utilizadas por produtores no Brasil, incluindo tecnologias e insumos, visando intensificar os resultados. Foram usadas mudas adequadas ao solo e ao clima, além da aplicação de fertilizantes, inseticidas e vinhaça – resíduo obtido após a destilação fracionada do caldo de cana fermentado, para a obtenção do etanol, que promove o crescimento bacteriano e consumo do oxigênio quando lançado em ecossistemas aquáticos.

Foram montados 18 mesocosmos aquáticos, de 4 mil litros de água cada um. Eles são ecossistemas construídos para simular os naturais – no caso, as poças temporárias encontradas dentro de pastagens e plantações no Brasil todo. O monitoramento dos mesocosmos levou em consideração parâmetros físico-químicos, nutrientes, pesticidas, fitoplâncton e a biodiversidade que colonizou espontaneamente o local.

“Nossa pesquisa foi conduzida em uma única estação do ano em um ecossistema modelo inerentemente transitório, isto é, poças temporárias. Estudos futuros devem testar no longo prazo as consequências do uso da terra, explorando efeitos do contexto da paisagem e, portanto, isolamento espacial e limitação de dispersão, na capacidade das comunidades de lagoas para manter a produção de biomassa estável, apesar de práticas de manejo de terras perigosas”, escrevem os cientistas no trabalho.

O artigo Community reorganization stabilizes freshwater ecosystems in intensively managed agricultural fields pode ser lido em: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1365-2664.14423.

 

Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/substituicao-de-especies-sensiveis-por-tolerantes-equilibra-ecossistemas-em-areas-agricolas-diz-estudo/42036/


A importância do ESG nos estágios

Entenda como o tema impacta nesta modalidade

 

As práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance), têm ganhado cada vez mais destaque no mundo dos negócios e na sociedade em geral. Esses critérios visam avaliar o desempenho das empresas em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança, sendo uma referência importante para investidores, consumidores e outras partes interessadas.

 

O que significa o ESG? 

Na parte ambiental, os pensamentos concentram-se em como as empresas lidam com questões relacionadas à sustentabilidade, eficiência energética, mudanças climáticas, gestão de resíduos, conservação de recursos naturais e outras preocupações. Corporações comprometidas com esse tema tentam reduzir a emissão de carbono, adotar energias renováveis, minimizar a poluição e implementar estratégias de conservação. 

No âmbito social, é levado em consideração o impacto das companhias nos locais onde operam, bem como nas partes interessadas internas e externas. Isso inclui assuntos como diversidade e inclusão, direitos humanos, relações trabalhistas justas, saúde e segurança dos colaboradores, bem-estar dos usuários e envolvimento com a comunidade. Negócios com esse olhar promovem a equidade, igualdade de oportunidades e respeito. 

Por fim, a governança organizacional refere-se à estrutura de tomada de decisão e administração adotadas. Isso envolve transparência, prestação de contas, ética nos negócios, qualidade na gestão de riscos e independência do conselho. Isso garante a integridade em suas operações, minimiza conflitos de interesse e protege os acionistas e demais envolvidos. 

Essas medidas trazem uma série de benefícios para as organizações. Além de serem mais resilientes, também estão melhor posicionadas para atrair investimentos e garantir a confiança do público. Ou seja, reflete em um desempenho financeiro superior a longo prazo, além de serem menos propensas a enfrentar escândalos e crises reputacionais. Ademais, essas resoluções também contribuem para a construção de uma sociedade melhor. Ao abordar esse tema, as instituições assumem um papel de liderança na promoção de mudanças positivas. Essas práticas encorajam a inovação, a colaboração e a responsabilidade coletiva, levando a um futuro mais próspero. Por isso, é fundamental inserir os estagiários nesse contexto desde já, para ficarem preparados e familiarizados com essa tendência.

 

Os estudantes brasileiros estão engajados na questão da sustentabilidade 

De acordo com o relatório “Crianças e Mudanças Climáticas”, realizado pelo Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI) do Grupo Marista, a Clínica de Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR, Umbrasil e a Província do México Central, produzido a partir de percepções de jovens sobre o tema, 79% dos brasileiros se mostraram preocupados com o futuro do meio ambiente. No México, esse percentual chegou a 94%.

O objetivo era ouvir a opinião de crianças e adolescentes de diferentes países. O documento traz não apenas declarações impactantes de meninos e meninas, mas também uma série de dados sobre a percepção deles sobre o planeta nos próximos anos, além de refletir sobre o quanto suas vozes são levadas a sério. É cada vez mais determinante envolvê-los em discussões e debates. Como adultos, temos a responsabilidade de fornecer informações de qualidade, em linguagem acessível e provenientes de fontes confiáveis, além de garantir um espaço onde eles possam expressar seus sentimentos, conhecimentos e desejos, sendo verdadeiramente ouvidos. 

Ainda, 90% dos entrevistados afirmaram já ter ouvido falar sobre seus direitos, como à educação, ao acesso à água limpa e de serem escutados. No entanto, quando questionados se suas opiniões eram consideradas pelos responsáveis ​​por tomar decisões, apenas 64% responderam afirmativamente. Não apenas na escola ou faculdade, mas em todos os lugares, eles devem ter espaço para se expressar. Nesse sentido, o estágio surge como uma solução essencial. 

A modalidade é uma forma de inserir os estudantes com essas ideias no mercado de trabalho. Afinal, para participar, é necessária a matrícula em uma instituição de nível superior, profissional, médio, de educação especial, ou nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos - EJA. Quem faz pós-graduação, MBA, mestrado e doutorado também têm essa possibilidade. Para isso acontecer, basta constar no projeto pedagógico. 

Devido a essa exigência, ajuda a evitar a evasão escolar. Em um país com altas taxas de desemprego como o nosso, essa chance é valiosa. O indivíduo adquire experiências pessoais e profissionais únicas em sua vida. Portanto, é crucial para a construção de sua carreira. Ainda, coloca insere novos consumidores no mercado, fazendo girar a roda da economia. Isso ocorre pois os integrantes têm direito a receber uma bolsa-auxílio. Não há um valor pré-determinado por lei, mas é interessante oferecer uma quantia compatível com o custo de vida no local, os requisitos exigidos e as demandas do cargo. Afinal, esse dinheiro é utilizado, muitas vezes, para arcar com os estudos, ajudar nas contas de casa ou até mesmo sustentar um lar. Inclusive, esse fator é um diferencial para atrair os melhores aspirantes. 

Para otimizar ao máximo essa vivência, a carga horária é limitada em seis horas diárias e 30h semanais. Dessa forma, o aluno concilia o ambiente acadêmico com o laboral. Ainda, existe o direito a um período de recesso remunerado de 30 dias a cada 12 meses (ou proporcional). Aconselho sempre os estudantes a combinar esse momento com as férias escolares, para a garantia de um descanso completo ou realizar uma viagem com a família, passear com os amigos, colocar em prática algum projeto pessoal, entre outros. 

Visando a sustentabilidade, a diminuição da desigualdade social e a oferta de oportunidades para todos, o modelo remoto surge como uma ótima alternativa. As companhias obtêm um leque maior de opções para encontrar o perfil ideal e habitantes de cidades pequenas ganham a chance de atuar em grandes centros. Nesse caso, é interessante proporcionar um auxílio home office ou equipamentos de qualidade para o indivíduo otimizar seu rendimento, demonstrar seu potencial, evoluir cada dia mais e entregar bons resultados. 

Portanto, abra as portas do seu negócio para essa juventude motivada, ávida por mostrar seu potencial e contribuir para o desenvolvimento. Dessa forma, além de fortalecer sua equipe, você estará colaborando com a economia e a educação do Brasil. Essa luta é de todos nós. Conte com a Abres!

 

Carlos Henrique Mencaci - presidente da Associação Brasileira de Estágios – Abres


Controle das moscas-das-frutas agora pode ser feito por armadilhas inteligentes

Dotada de IA, ferramenta desenvolvida pela startup Tarvos é a mais recente alternativa aos fruticultores, auxiliando no controle dos insetos-pragas, principalmente no cultivo de uva, manga e melão

 

Com a produção de cerca de 40 milhões de toneladas de frutas por ano, o Brasil está entre os destaques da atividade a nível mundial, atrás apenas da China e da Índia. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), são mais de 940 mil estabelecimentos agropecuários distribuídos em todas as regiões do país, empregando 193 mil trabalhadores formais. Essa excelência e diversidade têm conduzido o setor a uma escalada de crescimento no mercado internacional, mas para expandir ainda mais os embarques, os fruticultores têm como principal gargalo problemas de ordem fitossanitária, entre eles os causados pelas moscas-das-frutas.

Atualmente existem algumas espécies que são consideradas pragas-chaves na fruticultura brasileira e que causam prejuízos milionários todos os anos. Trata-se de diferentes espécies do gênero Anastrepha, como por exemplo Anastrepha fraterculus, Anastrepha oblíqua, dentre outras. Há também a Ceratitis capitata, comumente chamada de mosca-das-frutas do mediterrâneo. Todas pertencem à família Tephritidae e geram danos diretos e indiretos em diversas culturas.

Para ajudar os fruticultores a vencer essa batalha, a startup Tarvos apresenta uma novidade. A empresa, que já disponibiliza suas armadilhas inteligentes no controle de insetos-praga como a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) e a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), agora poderá oferecer a tecnologia para o cultivo de uva, manga, melão e outras fruteiras hospedeiras de Tephritidae.

De acordo com a bióloga Nathalia Silva, coordenadora de entomologia na Tarvos, tanto Anastrepha spp quanto a Ceratitis capitata geram muita dor de cabeça aos produtores por suas características. “As fêmeas desses insetos fazem a oviposição dentro do fruto, através de perfurações feitas por seu aparelho ovipositor, lá ocorre a eclosão das lagartas que se desenvolvem, consumindo e danificando a polpa do fruto durante sua movimentação”, diz.

Além disso, as fêmeas ao introduzirem seu ovipositor, provocam ferimentos nos frutos, facilitando a entrada de patógenos causadores de podridões, reduzindo a produtividade e a qualidade deles, tornando-os impróprios para consumo, comercialização e a industrialização. “O ciclo biológico completo da praga é variável de acordo com o hospedeiro, ou seja, a cultura em que o inseto se desenvolve, e fatores climáticos (temperatura e umidade relativa), podendo ter diferenças entre os dias para a alternância de estágio”, destacou a bióloga.


Monitoramento eficiente

Para ser eficiente, o monitoramento de culturas perenes precisa ser contínuo e deve ser feito em todos os pomares com plantas hospedeiras das espécies de moscas-das-frutas. Com isso, o uso de armadilhas automatizadas da Tarvos permite, por meio de dados diários de captura, detectar o momento e região de chegada do inseto no pomar, conhecer a flutuação populacional da praga em diferentes épocas do ano, além de identificar os focos de maior infestação, facilitando a tomada de decisão e aplicação de estratégias de controle com maior assertividade.

Segundo Carolina Suffi, diretora de negócios estratégicos da Tarvos, com a digitalização do monitoramento a ideia é ter um impacto social-econômico dentro da região, ajudando a classe produtora a acessar novos mercados, que embora sejam mais exigentes, melhor remuneram pela qualidade dos frutos. Para ampliar essa tecnologia para um número maior de produtores, a empresa acaba de firmar parceria com o Sebrae da Bahia. “Eles nos procuraram com o objetivo de escalonar o monitoramento e incentivar a digitalização dos processos dos pequenos produtores de frutas, como uva, manga e melão com foco na exportação. Como esse mercado já vinha sendo estudado por nossa equipe, conseguimos atender a essa demanda”, destacou.

Os monitoramentos nas lavouras em parceria com o Sebrae/BA se iniciam em agosto, mas a meta da empresa é até dezembro colocar 300 armadilhas no Vale do São Francisco. Em um segundo momento, a previsão é de mais 150 armadilhas para as diferentes espécies de moscas-das-frutas. “A nossa relação com o Sebrae é muito boa e devemos ampliá-la para outras unidades no Brasil. Além disso, essa união nos abre também portas para atendermos produtores particulares”, reforçou a diretora de negócios estratégicos da Tarvos.

Além da tecnologia das armadilhas, a empresa contratou um Engenheiro Agrônomo especialista em moscas-das-frutas. O profissional, com mais de 17 anos de experiência, ajudará a auditar pequenas e médias propriedades que exportam. “O monitoramento digital não existia em frutas, por isso estamos montando uma equipe e operação em Juazeiro/BA e Petrolina/PE para absorver toda essa demanda, tanto de instituições públicas, quanto para acessibilizar a tecnologia aos produtores particulares. Temos uma base física dentro do Centro de Excelência em Fruticultura-CEF/SENAR, e isso irá agilizar o andamento de toda a operação na região”, completou Suffi.


A tecnologia

A armadilha digital da Tarvos, além de utilizar inteligência artificial (IA) e alta tecnologia, consegue medir produtividade e economia no uso de defensivos agrícolas. O equipamento atrai, identifica e contabiliza diariamente exemplares dos insetos-pragas, tornando-se uma aliada altamente eficiente para identificação preventiva de manejo e janela de aplicação de produtos, gerando mais assertividade.

Na prática, estas armadilhas inteligentes atraem os insetos através de um feromônio sexual sintético, atrativo alimentar ou cor, a depender da espécie a ser monitorada, contam com uma câmera que faz o registro e transmite os dados via satélite. “Os algoritmos de reconhecimento de imagem permitem o monitoramento em tempo real e on-line, medindo a dinâmica populacional dos insetos-praga de forma constante e simultânea”, explica Nathalia Silva. “Com as informações em mãos, acertar qual medida adotar se torna mais fácil principalmente pelo fato da armadilha fornecer dados diários em relação à chegada da praga e seu nível populacional”, completa a especialista.

 

Tarvos S.A.


O apocalipse da Internet, estaremos preparados?


Em um mundo cada vez mais digitalizado, a internet se tornou uma parte de nossa vida diária, sendo quase inimaginável viver sem ela. Seja para trabalhar, estudar, fazer compras ou socializar, nossa dependência é tão profunda e abrangente que a mera sugestão de uma interrupção soa como uma sinopse de um filme de ficção científica distópico. No entanto, por mais aterrador que pareça, a ameaça de um “apocalipse da internet”, um cenário em que a rede deixe de funcionar por completo, é uma possibilidade muito mais real e iminente do que a maioria de nós gostaria de acreditar. Isso levanta uma questão pertinente: estamos verdadeiramente preparados para as implicações devastadoras que tal cenário catastrófico poderia ter em nossas vidas cotidianas e na infraestrutura da sociedade como um todo? 

Recentemente, a NASA, renomada agência espacial dos Estados Unidos, despertou preocupações globais ao chamar a atenção para a possibilidade real de um apocalipse da internet. Segundo eles, um fluxo de vento solar extremo, um fenômeno natural relativamente comum, poderia potencialmente afetar a integridade dos cabos submarinos que atuam como a espinha dorsal da conectividade global. Efetivamente, isso resultaria na interrupção do fornecimento de conexão à internet na fonte, algo que poderia ser comparado ao ato de desligar o suprimento de água de uma casa residencial ao danificar o cano principal que fornece água para a casa na rua. Mas qual seria o verdadeiro impacto, as ramificações de longo alcance para nós, os meros cidadãos, que dependemos tão intensamente do sistema para quase todos os aspectos de nossas vidas, desde a comunicação básica até as transações financeiras mais complexas?

 

Economia 

Para compreender plenamente o impacto catastrófico que um apocalipse da internet poderia ter, é crucial começar considerando a economia. No Brasil, como em muitos outros países ao redor do mundo, a digitalização dos serviços financeiros é uma tendência em franca ascensão, impulsionada por avanços tecnológicos rápidos e pela demanda dos consumidores por conveniência e eficiência. Um exemplo claro disso é o Pix, um sistema de pagamento instantâneo pioneiro lançado pelo Banco Central do Brasil. Este sistema revolucionou completamente a forma como realizamos transações financeiras, permitindo-nos transferir dinheiro para qualquer pessoa ou empresa em questão de segundos, a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias por semana, sem a necessidade de um banco ou outra instituição financeira como intermediário. Além disso, a utilização de cartões de crédito e débito, assim como a de plataformas de pagamento digital, tem aumentado de maneira exponencial.

Agora, imagine um cenário em que todos esses sistemas inovadores e convenientes fossem desligados de uma só vez. A possibilidade de fazer compras online, pagar contas, transferir dinheiro para amigos e familiares ou receber salários e outras formas de renda desapareceria instantaneamente. Empresas de todos os tamanhos, desde pequenas startups até corporações multinacionais, perderiam a capacidade de vender seus produtos ou serviços online, uma fonte crucial de receita na era digital. A economia, cada vez mais dependente de transações digitais e da infraestrutura tecnológica que a sustenta, enfrentaria um colapso catastrófico. Considerando que o uso de dinheiro físico está diminuindo em uma taxa acelerada, como poderíamos nos adaptar para continuar pagando nossas contas, fazer compras e, em última análise, manter a roda da economia girando?

 

Comunicação 

No entanto, os impactos de um apocalipse da internet iriam muito além da economia. Nossas infraestruturas críticas, aquelas que sustentam a vida cotidiana como conhecemos, como o fornecimento de energia e água, também são cada vez mais gerenciadas e controladas por sistemas digitais. Uma interrupção do sistema de proporções apocalípticas poderia potencialmente deixar cidades inteiras sem energia elétrica ou água, criando um cenário de caos e crise. Estamos realmente tomando medidas adequadas para proteger essas infraestruturas vitais contra tal ameaça? 

Além disso, é importante reconhecer que a internet se tornou uma ferramenta essencial para a liberdade de expressão e a democracia. Nós, como cidadãos, utilizamos a rede para nos informar sobre eventos atuais, expressar nossas opiniões, participar de debates políticos e sociais e, em última análise, moldar o curso da sociedade. Mas, e se o sistema fosse repentinamente desligado? Seríamos capazes de preservar nossa liberdade de expressão e manter a democracia sem a sua presença? A internet se tornou a praça pública do século XXI, permitindo uma troca de ideias e opiniões sem precedentes. Sua ausência certamente afetaria nossa capacidade de comunicação e participação democrática.
 

Proteção 

A ideia de um apocalipse da internet pode parecer um pesadelo aterrador. No entanto, em vez de nos assustar ou causar pânico, devemos usar esse cenário potencial como um lembrete agudo da importância de proteger nossa rede e nos preparar para qualquer eventualidade. Afinal, ela deixou de ser apenas uma ferramenta conveniente para nossas vidas diárias e se tornou uma parte essencial e indissociável de nossa sociedade moderna. E, como tal, devemos empregar todos os esforços possíveis para protegê-la, preservando sua integridade e funcionalidade. 

Portanto, a pergunta que precisamos fazer não é se um apocalipse da internet poderia acontecer, mas se estamos preparados para enfrentá-lo quando ocorrer. Existem planos para caso isto ocorra em âmbito governamental? Ou estamos caminhando inconscientemente para um apagão global da internet, uma situação que pode ter implicações devastadoras para a sociedade como a conhecemos? Mais importante ainda, o mundo está realmente pronto para enfrentar um apagão total da internet? E, se o dinheiro físico se tornar cada vez mais raro, como poderemos manter nossa economia funcionando sem a infraestrutura da rede para apoiá-la? 

É fácil afirmar com segurança que a necessidade de segurança cibernética nunca foi tão vital. A infraestrutura de internet é frágil e, ao mesmo tempo, o quão intrinsecamente estamos todos ligados a ela. Precisamos nos perguntar se estamos fazendo o suficiente para proteger nossa internet, ou se estamos avançando para um apagão global sem o devido preparo. Mais importante ainda, estamos prontos para lidar com as implicações de um mundo sem internet? Agora é o momento de nos prepararmos para um mundo no qual este sistema, por mais incrível que pareça, pode não estar sempre ao nosso alcance.



Marco Tulio Chaparro - Presidente do Sindicato das Empresas de Serviço de Informática do Distrito Federal (Sindesei/DF)


Manipulação emocional em pirâmides financeiras e a exploração das fases do luto

Pirâmides financeiras são formas astutas de fraude que devastaram inúmeras vidas e famílias. Insustentáveis por natureza, esses esquemas dependem de novos participantes para pagar valores aos anteriores e, inevitavelmente, entram em colapso. A tragédia financeira é apenas um aspecto. O dano mais profundo reside na exploração cruel das emoções humanas. 

Os organizadores de pirâmides financeiras astutamente manipulam as fases do luto, comumente associadas à perda de entes queridos, na gestão das expectativas e comportamentos de suas vítimas. 

E essa manipulação segue um roteiro definido por algumas fases programadas. 

Negação: A primeira fase é a negação, onde os organizadores lançam desculpas como ataques hackers, bloqueios bancários ou judiciais para ocultar a real situação. Simultaneamente, eles prometem resoluções rápidas e o retorno dos pagamentos, mantendo a confiança das vítimas e prolongando a fraude. 

Raiva: Na fase da raiva, as vítimas percebem o engano, mas a frustração é desviada erroneamente. Advogados tornam-se alvos, vistos como exploradores, uma narrativa frequentemente promovida pelos golpistas. Essa manipulação da raiva distrai as vítimas da busca por justiça real. 

Barganha: A Barganha é particularmente insidiosa. Vítimas são induzidas a acreditar que evitar ações legais trará compensações ou benefícios. Os fraudadores exploram essa esperança com promessas vazias, prolongando o esquema e ganhando tempo. 

Depressão: A depressão emerge como desesperança e humilhação. Muitas vítimas sentem-se isoladas, desestimuladas a buscar ajuda legal ou denunciar o crime. Essa paralisia emocional é frequentemente exacerbada pelos fraudadores, criando barreiras adicionais à justiça. 

Aceitação: A aceitação beneficia a resignação, com menos de 20 por cento das vítimas buscando seus direitos. Esse desfecho permite que os golpistas se beneficiem da fraude, reforçando a baixa busca por justiça. 

Desmantelar esses esquemas é complexo e o estigma de ser vítima torna a responsabilização desafiadora. Proteger as pessoas exige educação sobre os sinais de tais esquemas, assistência emocional e legal às vítimas, e implementação de leis rigorosas. 

A exploração dessas fases emocionais é uma arma insidiosa nas mãos dos organizadores de pirâmides financeiras e esquemas Ponzi. 

Entender e combater essa manipulação é vital para proteger as vítimas e responsabilizar os criminosos. A realidade desses esquemas sublinha a necessidade de uma resposta coordenada e abrangente para enfrentar esta forma devastadora de crime contra a economia popular.

 

Jorge Calazans - advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias e especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras

 

Projeto de escola integral deve mapear inteligência das crianças para melhorar práticas de ensino, recomenda entidade global de alto QI

 Na avaliação da Mensa Brasil, estabelecer políticas públicas de identificação dos chamados superinteligentes, tanto em escolas públicas quanto privadas, é estratégico para melhorar o desenvolvimento do potencial intelectual em prol da sociedade brasileira

 

As propostas apresentadas nesta semana pelo presidente Lula durante o lançamento do programa de escolas integrais no Brasil, que sinaliza ações voltadas para o acolhimento e desenvolvimento intelectual dos alunos, poderiam incluir um sistema nacional e estruturado de avaliação da inteligência das crianças matriculadas nos ensinos infantil e fundamental. A recomendação é da Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas com altas capacidades intelectuais no País e representante oficial da Mensa Internacional, principal organização de alto Quociente de Inteligência (QI) do mundo.
 
Na visão da entidade, esse modelo estruturado de avaliação deve servir de base para a identificação dos chamados superinteligentes já nos primeiros anos de vida escolar, seja em instituições públicas ou privadas e independente do período escolar vigente, no sentido de promover o direcionamento e o desenvolvimento dos potenciais intelectuais no Brasil, garantindo atendimento e educação apropriados desses indivíduos.  
 
Segundo Rodrigo Sauaia, presidente da Mensa Brasil, a promoção de políticas públicas nesta área é estratégica para a evolução social, econômica e ambiental do País. “Além de melhorar os indicadores educacionais, tais medidas auxiliam na identificação de indivíduos com potencial cognitivo excepcionalmente elevado e que, com o adequado suporte socioeducacional, vão oferecer relevantes contribuições ao desenvolvimento da nação, em diversas áreas”, explica.
 
“O Brasil é uma potência intelectual ainda adormecida e subaproveitada. Temos uma das maiores populações do planeta. E cerca de 2% dos habitantes no País podem apresentar sinais de altas habilidades, com um QI muito acima da média, mas ainda não há um mapeamento abrangente destes indivíduos. Um um bom caminho seria começar pelas crianças e adolescentes a partir de políticas públicas estruturadas, em linha com as já utilizadas na China, Estados Unidos e diversos países europeus”, aponta Sauaia.
 
Assim, para a Mensa Brasil, identificar as características da superinteligência em uma criança, adolescente ou até num adulto é extremamente importante. Isso ajuda no autoconhecimento e aceitação da pessoa, permite melhor ajustar as atividades escolares, pessoais e profissionais às suas habilidades e competências, contribui para o desenvolvimento de oportunidades adequadas ao seu perfil cognitivo, fortalece sua identidade, facilita na busca de relacionamento com pares que tenham interesses e perfis semelhantes, entre outros benefícios.


 
Mais de 500 crianças superinteligentes já identificadas
 
Atualmente, a Mensa Brasil, possui mais de 500 crianças e adolescentes superinteligentes já identificados no território nacional. A primeira criança entrou na entidade em setembro de 2006, quando tinha 9 anos. Já em setembro de 2011, ingressou na associação um membro ainda mais novo, com 7 anos de idade. Os identificados mais novos atualmente pela Mensa Brasil possuem 2 e 3 anos de idade. Para a entidade fazer a identificação de menores e integrar no quadro de associados, basta os pais ou responsáveis submeterem laudos de testes de inteligência, feitos de maneira particular com profissionais credenciados oficialmente para tal.   
 
 
Alguns sinais de alto QI em crianças:
 

  • Raciocínio rápido para resolver problemas.
  • Boa memória de longo prazo: capta as informações e as recupera com facilidade quando necessário (lembra-se de nomes ou rostos de pessoas que não vê há muito tempo, datas históricas, imagens, números etc.).
  • Boa memória operacional: capta e processa diferentes tipos de informações ao mesmo tempo.
  • Consegue diferenciar sons e visualizar detalhes em imagens com muita facilidade.
  • Rápida curva de aprendizado, apresentando habilidades avançadas para a sua idade cronológica: crianças que aprendem a ler aos 3 anos ou antes; crianças que conseguem compor uma música sem nunca ter estudado para isso etc.

 
Mais características:
 

  • Vocabulário avançado para a sua idade;
  • Alfabetização precoce;
  • Excelente desempenho em uma ou mais disciplinas em comparação a seus pares;
  • Grande interesse por um assunto e especial dedicação a ele;
  • Alto grau de curiosidade;
  • Criatividade;
  • Habilidade para adaptar ou modificar ideias;
  • Facilidade em fazer observações perspicazes;
  • Persistência ao buscar um objetivo;
  • Comportamento que requer pouca orientação do professor;
  • Liderança e autoconfiança.

 

Associação Mensa Brasil - Fundada em 2002, a Associação Mensa Brasil é a afiliada brasileira oficial da Mensa Internacional, a maior, mais antiga e mais prestigiada organização de alto quociente de inteligência (QI) do mundo. Ela congrega pessoas com altas capacidades intelectuais, tendo como único requisito de ingresso possuir QI acima de 98% da população em geral, comprovado por teste referendado de inteligência. A entidade coordena, representa e mobiliza seus associados, com foco em três objetivos principais: (i) identificar e promover a inteligência humana em benefício da humanidade; (ii) estimular pesquisas sobre a natureza, características e usos da inteligência; e (iii) prover um ambiente intelectual e socialmente estimulante para seus associados.


Mensa Internacional - Fundada em 1946, no Reino Unido, a Mensa Internacional é a maior, mais antiga e mais prestigiada organização de alto QI do mundo. Foi criada com o objetivo de promover a inteligência como ferramenta estratégica para o desenvolvimento e a evolução da humanidade. A palavra Mensa significa “mesa”, em Latim, em referência à natureza de mesa-redonda da organização, representando a união de iguais, independentemente de características como etnia, cor, credo, nacionalidade, idade, visão política, histórico educacional ou socioeconômico.


Conheça 5 benefícios do ensino plurilíngue desde o ensino infantil

 Investir na aprendizagem de mais idiomas melhora o desenvolvimento cognitivo, a memória e a atenção de crianças

 

A infância é uma fase rica para o processo de aprendizagem. Nos primeiros anos de vida, o desenvolvimento neurológico é intenso e favorece o ensino de habilidades importantes, como a expressão por meio da linguagem. Em tempos de rápidas mudanças e globalização, aprender novos idiomas desde a alfabetização e estudar em escolas internacionais pode contribuir de forma decisiva para o futuro das crianças.

A educação intercultural desenvolve o olhar para o mundo e para o outro, para aprender a conviver, cooperar, respeitar e valorizar outras culturas. “Esse tipo de ensino tem resultados impactantes para o futuro do estudante que sai da escola com uma qualificação acadêmica muito boa, com habilidades culturais, cognitivas e sociais muito fortes. É um aluno que consegue se adaptar em qualquer lugar em que ele estiver”, destaca Selma Moura, diretora brasileira da St. Nicholas School e especialista em ensino plurilíngue.

Confira alguns benefícios do ensino plurilíngue e de uma educação internacional desde a infância:


1. Aumenta repertório cultural e cria mais oportunidades 

Ao aprender diferentes idiomas, a criança tem contato com diversidade cultural, amplia a sua visão de mundo e pratica uma postura de cidadania global. A abertura para o novo é uma competência socioemocional que aumenta as oportunidades ao longo da vida, seja acadêmica, profissional ou pessoal.

 

2. Melhora o desenvolvimento cognitivo, a memória e a atenção 

De acordo com pesquisa Instituto de Psicologia da USP (2011), crianças plurilíngues possuem mais habilidade para controlar respostas impulsivas ao receberem estímulos. Ou seja, os mecanismos de foco e tomada de decisão são mais eficazes em quem recebe alfabetização em mais de uma língua simultaneamente, melhorando o desenvolvimento cognitivo, a memória e a atenção.


3. Considera o aluno como centro do seu processo de aprendizagem 

As chamadas metodologias ativas colocam o estudante no centro do seu processo de aprendizagem e são grandes aliadas do ensino plurilíngue. A participação dos alunos de maneira colaborativa aumenta o engajamento e facilita o aprendizado de novos idiomas e de diferentes conteúdos.


4. Estimula pensamento criativo e crítico 

O ensino plurilíngue também facilita o pensamento crítico, a criatividade e a solução de desafios. Os estudantes são estimulados a um aprendizado multicultural e autêntico: aprendem a expressar as suas ideias e criam projetos com auxílio da tecnologia.


5. Incentiva a comunicação oral e escrita 

Desenvolver o vocabulário, a compreensão de vários idiomas e a capacidade de escuta, fala e escrita contribui para que alunos se comuniquem de forma clara e objetiva, promovendo mais segurança frente a diferentes públicos.

Escolher uma instituição de ensino internacional e plurilíngue qualificada é investir no futuro das crianças e contribuir com o desenvolvimento de habilidades que fazem a diferença. Referência na cidade de São Paulo desde 1980, a St. Nicholas School oferece ensino totalmente em inglês para ensino infantil, fundamental e ensino médio – neste último com até seis opções de idiomas – e já formou alunos aceitos em 149 universidades ao redor do mundo.


 St Nicholas


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