O estudo destaca como o tema sexualidade ainda é cercado de tabus entre homens, mulheres e diferentes gerações
Em pleno século XXI, a sexualidade ainda é um tema
que carrega preconceitos e estereótipos. Mesmo sendo apenas mais um aspecto do
desenvolvimento das pessoas, o assunto traz dúvidas e chega a ser proibido,
reprimido e visto com certa estranheza nos espaços da sociedade.
É o que mostra o levantamento de 2023 “Sexo sem
Tabus” realizado pela MindMiners, empresa de tecnologia
especializada em pesquisa digital. De acordo com o estudo, além do estágio de
vida em que os indivíduos estão, outras características influenciam o modo como
a sexualidade é vivida: o gênero, o quanto a família é liberal ou
conservadora, se houve acesso ou não a uma educação sexual efetiva, entre
tantos outros aspectos.
A pesquisa considerou o recorte geracional e
regional - trazendo pontos importantes como “Vida sexual: comportamentos e
opiniões”, “Explorando desejos e necessidades”,
“Sexo Seguro”, “Pais & Filhos: vencendo tabus”,
entre outras abordagens.
Para a Coordenadora de Insights da MindMiners,
Juliana Tranjan, a sexualidade humana é um tema que merece destaque pois é,
cada vez mais, foco do mercado e das empresas. “Esse segmento de saúde e
bem-estar sexual tem crescido bastante nas últimas décadas, seja nos valores envolvidos,
seja na quantidade de produtos lançados. Vemos cada vez mais empresas criando
coragem para tornar a sexualidade um tabu distante, não apenas com os inúmeros
métodos contraceptivos, mas com lançamentos de sex toys de todos os tipos e
diferentes produtos de “sexcare”.”, explica.
Vida sexual: comportamentos e
opiniões
No passado, em nossa cultura, falar sobre temas
sexuais era visto como algo errado. Havia muita repressão, desconhecimento,
vergonha, medo e culpa. As relações íntimas eram apenas permitidas após o
casamento. E, mesmo após o matrimônio, havia pouca liberdade entre o casal para
descobertas, experiências e prazeres.
Hoje, pensamentos como esses são considerados
antiquados, atrasados, ultrapassados. Sexo e sexualidade ganharam espaço na
sociedade. Pessoas podem ter
vidas sexuais ativas independentemente do seu
status de relacionamento, isto é, encontros casuais já são vistos como algo
normal.
Entretanto, mesmo com essas evoluções, o assunto
continua sendo um tabu para muitas pessoas. Na pesquisa, a MindMiners buscou
entender a dinâmica dos relacionamentos e as opiniões dos mais de 2 mil
respondentes sobre o tema do estudo.
Quando o estudo pergunta sobre a vida sexual dos
respondentes:
- 76% afirmam ser sexualmente ativos.
Esse percentual é significativamente maior entre aqueles que estão
atualmente em um relacionamento (93%) e muito menor entre os que não têm
um parceiro fixo (52%);
- 50% dos respondentes revelaram ter tido a
primeira relação sexual até os 18 anos de idade;
- Ao
longo de suas vidas, os respondentes revelaram ter tido poucos parceiros
sexuais. 41% se relacionaram sexualmente com até três
pessoas e 25% de 4 a 10 parceiros.
Sobre a utilização de aplicativos, o estudo destaca
que:
- 38% dos entrevistados afirmaram já ter utilizado canais
de relacionamento. E, dentre eles, 35% utilizam atualmente;
- 71% dos usuários ativos dessas plataformas
afirmam gostar de conhecer pessoas por meio de aplicativos e 59%
procuram parceiros com frequência nesse tipo de canal.
Pela pesquisa, podemos dizer que a prática sexual
começa já a partir da adolescência. Por isso, é tão fundamental discutir o
tema, trazendo informações completas sobre sexualidade, saúde reprodutiva e
prevenção de doenças, como as chamadas IST’s - infecções sexualmente transmissíveis.
Inclusive, para 74%, falar sobre sexo é uma questão de segurança.
No estudo, os respondentes revelam como
obtiveram as primeiras orientações sobre o tema sexualidade:
- 30% com amigos;
- 30% na escola;
- 27% com familiares;
- 26% pela internet;
- 9% com médicos.
Como apontado no levantamento, nem sempre a
primeira fonte de informação é confiável. Os amigos e a internet, por exemplo,
podem trazer ideias equivocadas. Entretanto, na maior parte das vezes as
famílias não estão preparadas ou munidas de informação correta, o que também
pode ser prejudicial.
“Por esse motivo, é tão importante discutir o tema
em escolas e ter sempre profissionais da saúde orientando. Além disso, as
marcas também podem exercer o papel de mediadoras, sendo responsáveis por
ampliar o debate e levar informação precisa a mais pessoas, principalmente aos
jovens”, ressalta Flávia Rodrigues, responsável pela condução da pesquisa.
Quando se trata do diálogo por parte dos familiares, a mãe é a figura mais
presente, com 64% - mais do que o dobro da participação paterna (27%).
Desejos e necessidades
Sabendo que o sexo apresenta uma série de
benefícios para a saúde física e mental, o estudo “Sexo sem
Tabus” buscou compreender como os respondentes experimentam a
sexualidade, quais são suas principais vontades, necessidades e dificuldades.
Enquanto algumas pessoas podem considerar o sexo como fundamental, outras podem
se sentir completamente satisfeitas sem ele.
Existem diversos fatores que influenciam na forma
como as pessoas enxergam e lidam com esse tema. A insegurança sobre o corpo,
problemas de saúde física ou mental e desejos ou vontades sexuais reprimidos
pelo medo do julgamento são alguns exemplos. Abaixo, alguns destaques:
- 70% dos respondentes consideram o sexo importante;
- 59% se dizem satisfeitos com a sua vida sexual;
- 39% das
pessoas entrevistadas já fingiram orgasmo, sendo que entre as mulheres
esse número é de 54% e entre
os homens é de 23%;
- 53%
consideram que a saúde mental impacta diretamente no desejo sexual;
- 21% não se sentem confortáveis para ficar sem roupa na hora do sexo. Esse desconforto se mostra um pouco maior entre as mulheres (24%). Entre os homens o valor é de (18%).
Pela pesquisa, vemos que mais da metade das pessoas
sente que a saúde mental impacta diretamente no desejo sexual delas. Esse é um
número bastante expressivo que deve ser melhor analisado. Observamos que, entre
uma lista de condições, a ansiedade, o estresse e a depressão são as que mais
se destacam.
Não é coincidência que sejam conhecidas como as
doenças do século XXI. De acordo com dados do IBGE, de 2019, 10% dos
brasileiros sofrem de depressão - e esse número pode ter
aumentado após a pandemia. Por esse motivo, as pessoas estão cada vez mais
conscientes da importância do tema e procurado cuidar melhor de si mesmas.
Saúde sexual
Falar sobre sexo é importante, mas falar sobre
saúde sexual é tão importante quanto.
Um dos objetivos do estudo “Sexo sem
Tabu” é trazer o questionamento: quantas pessoas realmente se
preocupam em manter uma rotina médica com especialistas nesta área?
É fundamental que essa prática seja incorporada
desde cedo para garantir uma orientação correta sobre prevenção de doenças e
uma possível gravidez indesejada. Lembrando que existem diversas opções de
métodos contraceptivos e de prevenção de ISTs disponíveis, cada um com suas
próprias vantagens e desvantagens. Mas e aí, como a população tem
se comportado em relação ao tema?
De acordo com a pesquisa:
- 38% dos entrevistados não possuem o hábito de ir
ao médico para checar aspectos da saúde sexual;
- 46% utilizam métodos contraceptivos;
- 14% das mulheres já engravidaram mesmo fazendo o
uso correto de métodos contraceptivos;
- 38% costumam sempre ter camisinhas dentro da
bolsa/bolso/carteira e em casa para que o sexo seja sempre seguro. Esse
comportamento é mais comum entre os homens (48%) do
que entre as mulheres (33%);
- 73% são a favor do anticoncepcional masculino para
que não seja uma responsabilidade apenas das mulheres, sendo uma vontade
maior entre as mulheres (80%) do que entre os homens (66%);
- 46% não utilizam nenhum método para prevenção de
ISTs .
A educação sexual é uma ferramenta de orientação e
autoconhecimento que, por meio do diálogo, leva as pessoas a refletirem e
elaborarem sentimentos sobre conhecimentos e comportamentos relacionados à
sexualidade humana. É por meio dela que os indivíduos podem se livrar de
preconceitos, sanando dúvidas sobre o corpo e as formas de obter prazer, além
de mostrar os riscos de alguns comportamentos, promovendo saúde e exploração da
sexualidade de maneira responsável.
“O objetivo da MindMiners, por meio desta e outras
pesquisas, é ser um fio condutor para as pessoas e empresas que desejam se posicionar
com responsabilidade, com base em informações reais e corretas. Sabemos
que existe uma complexidade que vai além dos perfis demográficos. Os insights
obtidos neste estudo são o primeiro passo, mas é possível ir além com estudos
de teor mais comportamental ou de segmentação, que identificam grupos com
distinções comportamentais e os dimensionam”, finaliza Juliana Tranjan.
De onde surgem os dados da
MindMiners?
O MeSeems é o painel de respondentes proprietários
da MindMiners e uma plataforma de recompensas para as pessoas que o utilizam.
Atualmente, conta com mais de 4 milhões de contas cadastradas e possui
representatividade em todas as faixas etárias, classes sociais e regiões do
país.
Diariamente, são disparados questionários com
perguntas sobre diferentes categorias e hábitos de compra, perfil
sociodemográfico, comportamento, consumo de mídia, interesses e atitudes. Todas
essas respostas dão origem aos dados disponibilizados nos Clusters da
MindMiners.
A plataforma permite que as marcas clientes da
MindMiners estejam 24 horas conectadas a consumidores reais. Por meio do
MeSeems, é possível mapear, visualizar, explorar e traduzir em dados diversos
aspectos do comportamento humano. Sempre de forma rápida, fácil e confiável.
O MeSeems existe para garantir que os dados da
MindMiners sejam capazes de entregar aos clientes um retrato fiel, e em
tempo real, da vida dos mais diversos perfis de pessoas ao redor de todo o
Brasil.