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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Impostômetro: em menos de dois meses arrecadação chega aos R$ 500 bi

Este é o montante que entrou nos caixas dos governos federal, estaduais e municipais desde o início do ano segundo o painel da ACSP


O Impostômetro, ferramenta da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que estima a arrecadação de impostos, taxas e contribuições nas esferas federal, estadual e municipal, chega aos R$ 500 bilhões nesta quinta-feira, 23/02.

Este ano, o montante foi registrado com quatro dias de antecedência na comparação com 2022, o que mostra que a arrecadação acelerou seu ritmo.

De acordo com Marcel Solimeo, economista da ACSP, houve crescimento na arrecadação em razão do aumento nos preços e inflação acumulada para o período.

“A alta de impostos que tivemos aconteceu pelo aumento da inflação, que incide diretamente nos preços dos produtos e eleva a arrecadação”, explica Solimeo.

Vale lembrar que o arranjo tributário brasileiro é voltado para onerar o consumo, o que causa distorções sociais pois a tributação sobre o consumo acaba comprometendo um percentual maior da renda dos pobres.

A tributação sobre o consumo envolve o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte e Comunicação (ICMS), o Imposto Sobre Serviços (ISS), a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). 

 

Redação DC
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/impostometro-em-menos-de-dois-meses-arrecadacao-chega-aos-r-500-bi


Em um ano com muitos feriados, jovens devem se organizar para estudar

 

Professora do Colégio Sigma dá dicas de como manter o ritmo com a quebra na rotina de estudos


 

O ano de 2023 chegou e trouxe com ele nove feriados nacionais, sendo que quatro deles poderão ser prolongados por caírem,  em sua maioria, na sexta ou na segunda-feira. Com isso, os estudantes precisam se organizar para manter o ritmo dos estudos e ainda aproveitar a folga dos feriados.

 

Juliana Gaspar, coordenadora do Avante – curso preparatório do Colégio Sigma – e professora de Química, afirma que esse é o momento dos jovens criarem estratégias de estudos, ter foco e disciplina para evitar acumular conteúdo. “Tudo é uma questão de equilíbrio! O aluno precisa saber o que funciona melhor dentro da sua rotina e se organizar para estudar e descansar”, comenta. 

 

Na escola, a equipe pedagógica realiza um trabalho em conjunto com os estudantes, principalmente com os que estão se preparando para o Enem e para a última etapa do PAS/UnB. “Nós temos a Secretaria de Cursos, que oferece todo apoio ao vestibulando, que os auxilia no cálculo de notas e na construção de um planejamento para o ano”, afirma Gaspar. “Nós conversamos muito com esse jovem e identificamos quais são os seus interesses. Se for, por exemplo, uma carreira que possui alta demanda, indicamos mais intensidade nos estudos e o ajudamos a se organizar, mas sempre prezando pelo bem-estar físico e mental”.

 

Algumas dicas podem parecer clichês, mas elas são essenciais para garantir resultados mais positivos. "Prestar atenção às aulas e dedicar algumas horas de estudo em casa, investindo um pouco mais de tempo nas matérias nas quais tem mais dificuldade, realmente fazem a diferença", comenta Juliana. "O estudante precisa aproveitar que a memória ainda está 'fresca', então a chance de conseguir fixar o conteúdo é maior", afirma.

 

Segundo Juliana, outra sugestão que os jovens podem levar em consideração é a realização de provas e exames de anos anteriores. “É uma forma de eles conhecerem e entenderem o estilo de avaliação e ainda aprenderem a controlar o tempo de resolução das questões”, aponta. “Além disso, eles vão conseguir enxergar onde eles estão tendo mais dificuldade, para, ao longo do ano, ir ajustando e revisando os conteúdos”. 

  

A professora também afirma que os alunos devem aproveitar as oportunidades oferecidas pela escola. “Durante o ano são realizados aulões, mentorias, plantões especiais e outros. É nessa hora que o estudante deve procurar o professor para sanar dúvidas persistentes”. Além disso, é preciso manter uma constância nos estudos. “Claro que os feriados são bons para descansar, mas eles também podem usar esses dias ‘livres’ para revisar um conteúdo que tem mais dificuldade”, comenta. “Se o estudante tiver uma rotina  desde o início do ano, ao final não precisará revisar tantos conteúdos”, finaliza. 


 

Mudanças no mercado de trabalho com ChatGPT

Crédito: Envato
Áreas de suporte técnico e administrativas estão entre as mais ameaçadas pela tecnologia, alerta especialista


A ferramenta virtual ChatGPT, que opera com inteligência artificial, tem chamado a atenção. Capaz de realizar conversas extremamente realistas com os usuários, o programa utiliza algoritmos para analisar uma grande quantidade de dados disponíveis na internet e, a partir deles, gera respostas para as perguntas que lhe são feitas. Por ser capaz de compreender perguntas, comparar informações e sintetizá-las, produzindo respostas em linguagem humana e de maneira muito fluida, a nova ferramenta tem tirado o sono de profissionais de diferentes áreas.

“Não se pode desprezar que a novidade anuncia mudanças significativas no mundo do trabalho já no curto prazo. Isso vai ocorrer porque, com a capacidade de responder perguntas e realizar tarefas de maneira autônoma, muitas funções que atualmente são realizadas por humanos podem ser otimizadas ou completamente substituídas pela tecnologia. Desse modo, quanto menos especializado e mais repetitivo for o trabalho, maior a chance da atividade ser rapidamente extinta”, destaca o doutor em Administração e coordenador do programa de mestrado e doutorado em Administração da Universidade Positivo (UP), Luiz Gustavo Alves de Lara.

Algumas áreas de suporte técnico e tarefas administrativas estão entre as mais ameaçadas com a vinda da inteligência artificial com interface de uso simples e intuitiva como o ChatGPT. “No entanto, isso não para em tarefas rotineiras, pois profissionais de áreas como Marketing, Relações Públicas e Jornalismo devem estar cientes de que a tecnologia pode ser utilizada para gerar conteúdo mais facilmente e com mais velocidade, o que pode impactar na demanda por esses profissionais”, opina.

Além delas, a produção de conteúdo didático, como livros ou questionários de avaliação, deve ser atingida, diminuindo significativamente a demanda de atuação profissional e abrindo oportunidades para quem conseguir construir práticas a partir da tecnologia e levar o ensino e a aprendizagem a outro patamar de interação. “O ensino escolar e universitário deverá deixar, definitivamente, de ser operado na lógica de transmissão de conteúdo com avaliação para uma forma de aprender que é relacional e tem foco em utilizar o conteúdo disponível para criar soluções para demandas do nosso tempo, enfrentando melhor as contradições da sociedade, em especial na construção de um futuro efetivamente sustentável”, afirma de Lara.

A ferramenta já foi usada até mesmo na área do Direito. Na Colômbia, um juiz resolveu um caso sobre o direito à saúde de uma criança autista com a ajuda do ChatGPT, algo inédito no país. Sendo testado a todo o momento, grandes empresas de tecnologia fizeram uma série de perguntas ao ChatGPT e, com base nas respostas, chegaram à conclusão que a inteligência artificial poderia ser contratada como engenheiro nível três, com salário anual bruto de R$ 942.779,40.

No entanto, o professor ressalta que a inteligência humana ainda é insubstituível por ser capaz de ser criativa. “Devemos entender o ChatGPT e outras ferramentas que surgirão na sequência como expressões da eficiência da técnica, mas que, ao menos por enquanto, não substituem a capacidade de pensar criticamente, ter empatia e estabelecer uma relação com o outro”, explica.

E o uso de inteligência artificial deve seguir crescendo. "O Google planeja lançar uma nova ferramenta para enriquecer os recursos de pesquisa da plataforma. As mudanças devem ser disponibilizadas gradualmente, sendo semelhantes ao LaMDA, modelo já desenvolvido pelo Google", afirma o especialista.

 

Universidade Positivo
up.edu.br/

 

1 ano de guerra: "Não está descartada a utilização de armas nucleares táticas contra a Ucrânia", avalia especialista do CEUB

Luciano Munõz traça um panorama da guerra entre a Rússia e Ucrânia, avaliando os desdobramentos e principais impactos para a política internacional

 

Em 24 de fevereiro de 2022, o mundo se deparou com o início de uma guerra que perdura até hoje entre a Ucrânia e a Rússia. O pedido do governo ucraniano para ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), devido às movimentações russas ao longo de sua fronteira, transformou as ameaças por parte da Rússia em invasão ao território ucraniano, contra o atual presidente Volodymyr Zelenskyy. Luciano Muñoz, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB), avalia os impactos e desdobramentos causados pela guerra em todo o mundo. Segundo ele, o atual cenário indica que o conflito deve escalar e se prolongar.

“A Rússia está preparando uma nova ofensiva na região do Donbas. É possível que ocorram novos ataques no norte da Ucrânia a partir de Belarus. Por sua vez, a Ucrânia está recebendo tanques da Alemanha e dos Estados Unidos para a contra-ofensiva. A Ucrânia almeja retomar todos os territórios ocupados”, afirma.

Sobre o pedido da Ucrânia para entrar na OTAN, considerado o estopim do conflito, Luciano explica que o país busca o princípio da segurança coletiva: se um membro da aliança for atacado, os demais devem vir em seu socorro. Motivo pelo qual a guerra em curso pode ser considerada uma “guerra por procuração”. A OTAN enfrenta a Rússia indiretamente a partir do auxílio em dinheiro e armamentos que envia à Ucrânia, sem os quais ela já teria sido derrotada. Até então, a Ucrânia recebe apenas equipamentos necessários à sua defesa e eventual recuperação dos territórios invadidos.

Já no âmbito da segurança internacional, o especialista acredita que a guerra minou a confiança construída entre o Ocidente e a Rússia desde o fim da Guerra Fria. Ele afirma, que desde a década de 1990, a OTAN tem expandido seu guarda-chuva de segurança em direção à Europa Oriental, incluindo antigos países da “cortina de ferro” e ex-repúblicas soviéticas. Em 2008, a Rússia invadiu a Geórgia como tentativa de recuperar sua antiga área de influência. “Em 2014, houve a anexação da Crimeia. Nos dois casos, o Ocidente efetuou uma política de apaziguamento, quase não reagindo ao avanço russo na suposição de aquele fosse o limite”, ressalta.

“A guerra pode ser um primeiro passo em direção ao estabelecimento de uma nova ordem mundial defendida por Rússia e China. Ambos os países defendem o fim da unipolaridade norte-americana na segurança internacional para que possam estabelecer suas próprias áreas de influência”, afirma Luciano. As articulações envolvem a economia internacional, quando a aposta era a de que a interdependência entre União Europeia e Rússia na produção e consumo de gás natural refrearia o expansionismo russo, mas isso não se efetivou durante a guerra.

Segundo o professor, os discursos dos presidentes também subiram o tom ao longo do ano. Muñoz considera que a visita de Joe Biden à Ucrânia foi muito significativa e seu discurso indica apoio incondicional à Ucrânia, reiterando que Vladimir Putin é o único responsável pela continuação do conflito. Além disso, um pacote de ajuda à Ucrânia foi anunciado nesse último discurso - indicando que os apelos de Zelensky por mais ajuda e mais armamentos têm surtido efeito mesmo após um ano de conflito.

“No momento, nem Estados Unidos nem Europa têm interesse em pressionar a Ucrânia por concessões territoriais em prol de um cessar-fogo. Do outro lado, Putin ainda considera que a OTAN é a responsável pelo conflito por ter avançado em direção à área de influência russa, anunciando a saída da Rússia do Acordo START com os Estados Unidos, voltado ao controle dos arsenais nucleares,” prevê.

Sobre o cessar-fogo na Ucrânia, o docente do CEUB acredita que ainda é cedo para qualquer prognóstico. A rigor, a Rússia sequer declarou guerra à Ucrânia, pois considera que sua invasão é uma “operação especial”. Assim, a obtenção de um cessar-fogo já seria um grande ganho. “Tudo indica que, mesmo com um cessar-fogo na Ucrânia, a ruptura entre a Europa e a Rússia veio para ficar, ao menos enquanto Putin permanecer no poder”, arremata.


Confira 10 oportunidades para empresas de tecnologia em 2023

Freepik
Relatório da EY aponta que a desaceleração das economias globais e a perda de valor de mercado das techs podem ser oportunidades para as empresas que têm balanços fortes e estão dispostas a investir

 

A maior oportunidade neste ano para as companhias de tecnologia é adotar uma estratégia ativa voltada para fusões e aquisições (M&A), de acordo com o relatório "Top 10 opportunities for technology companies in 2023", produzido pela EY.

À medida que o valuation (valor de mercado) dessas empresas cai, movimento que tem sido observado com maior intensidade desde o ano passado, o apetite por negócios cresce, motivo pelo qual deve ser alto em 2023, considerando a perda recente de valor dessas companhias.

Esse cenário é corroborado por outro estudo recente da EY que constatou que 72% dos CEOs de tecnologia entrevistados planejam realizar fusões e aquisições nos próximos 12 meses – em comparação com 59% dos CEOs entrevistados provenientes de todos os setores econômicos.

O mercado de negócios desacelerou por causa da macroeconomia, impactada pela inflação e consequente perda do poder de compra da população, e da volatilidade financeira, mas essa configuração trouxe oportunidades para empresas com balanços fortes que estão atrás de oportunidades de negócio.

Há, ainda, a expectativa de que centenas de bilhões de dólares de capital de risco cheguem ao mercado.

As aquisições podem abrir, para as empresas de tecnologia, novos mercados ou verticais adjacentes, como a promissora healthtech. Essas operações têm, ainda, o propósito de fortalecer o portfólio de negócios, com a inserção de tecnologias de ponta, como inteligência artificial, que está em ascensão no Brasil e no mundo.


REFORMULAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

As tensões geopolíticas globais que levaram, por exemplo, ao aumento do custo da energia, demonstraram a relevância de repensar a abrangência ou localização da cadeia de suprimentos. Sendo assim, a redução da dependência de locais geopoliticamente instáveis está, ainda segundo o relatório da EY, na terceira posição entre as oportunidades deste ano para o setor de tecnologia.

Pesquisa recente da EY demonstrou que os executivos de tecnologia estão atentos a isso, pois 78% dos entrevistados disseram que estão engajados em revisitar suas cadeias de suprimento, o que inclui considerar as práticas de "nearshoring" (operações levadas para mais perto da sede da empresa: países vizinhos geralmente) e "reshoring" (operações levadas de volta para o país em que a empresa está sediada).

Esse processo, no entanto, requer investimentos altos nos próximos anos, que levarão inevitavelmente a aumentos substanciais dos custos. As empresas, conforme avaliação da EY, não podem desistir por causa disso.

Isso porque elas serão apoiadas pela regulamentação e subsidiadas em alguns casos por governos que oferecem financiamento e isenções fiscais. Há também os próprios clientes que estão dispostos a pagar um prêmio (um valor adicional) para reduzir sua dependência de locais geopoliticamente instáveis.


SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Os especialistas da EY acreditam que, no próximo ano, o setor de tecnologia será o mais impactado pela sustentabilidade ambiental. As empresas desse mercado, assim como de todos os outros, precisarão estar atentas à divulgação das suas emissões de carbono e dos riscos climáticos.

Isso significa, para fornecedores de tecnologia, que operar data centers com energia renovável e reduzir a pegada ambiental do seu hardware os levarão a uma vantagem competitiva, já que tais práticas reduzem as emissões de toda a cadeia de suprimentos. Sendo assim, as empresas vão preferir contratar esses fornecedores de tecnologia que contribuem para a sustentabilidade da sua cadeia de suprimentos.


AS OPORTUNIDADES PARA O SETOR DE TECNOLOGIA

1) Adoção de uma estratégia ativa voltada para fusões e aquisições (M&A);

2) Experimentação com plataformas do ecossistema para causar disrupção no mercado;

3) Reformulação da cadeia de suprimentos, ainda que esse processo demande altos investimentos;

4) Priorização da sustentabilidade ambiental;

5) Introdução do modelo "pay as you go" para atrair fluxos de receita complementares;

6) Aproveitamento das ferramentas de análise para otimizar as receitas;

7) Investimento no ecossistema de ponta para melhorar as operações e experiências;

8) Garantia da proteção de dados por meio do investimento em cibersegurança;

9) Condução de uma estratégia ágil de retenção de talentos para combinar suas necessidades com as da empresa;

10) Preparação ou planejamento para a reforma tributária global.

 

Agência EY


Espionagem disfarçada de meteorologia - o balão que agrava as tensões entre EUA e China

Desde o governo de Donald Trump, as relações entre Estados Unidos e China estão desgastadas. Seja pela tentativa estadunidense de atrair novamente suas empresas que estabeleceram manufatura no país asiático, seja pelo aumento de tarifas de importação de produtos vindos de lá para os EUA, a questão é que o crescimento econômico e a influência chinesa pelo mundo preocupam e incomodam o Tio Sam. 

Numa tentativa de apaziguar as relações e, eventualmente, buscar uma mudança na postura chinesa em relação aos ataques russos na Ucrânia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tinha uma viagem marcada a Pequim. Os planos dos EUA e de Blinken foram adiados indefinidamente após um misterioso balão aparecer no céu do estado de Montana no dia 2 de fevereiro. Para o Pentágono, tratava-se de um “balão de vigilância chinês de alta altitude”. O Ministério das Relações Exteriores da China, no entanto, afirmou que o balão era um dirigível civil utilizado para fins de pesquisa meteorológica, e que se desviou da rota. 

O artefato que sobrevoava o céu dos Estados Unidos tinha – segundo o governo do país – um tamanho de aproximadamente três ônibus escolares e sobrevoava a uma altitude de cerca de 18.600 metros. Para se ter uma ideia, isso é aproximadamente de 6 a 8 quilômetros mais alto do que a altitude padrão de voos comerciais. Além disso, a altura do item era de 61 metros, o equivalente a um prédio de 25 andares.

Três dias após o surgimento do artefato nos céus da região norte dos EUA, o balão foi abatido por um míssil de curto alcance disparado por um caça da Força Aérea. Seus destroços caíram no Oceano Atlântico, na costa do estado da Carolina do Sul, e foram prontamente recolhidos pela Marinha. A identificação do balão deu-se quando do sobrevoo pelo estado de Montana – onde se localiza a base aérea de Malmstrom, que abriga pelo menos uma centena de mísseis balísticos intercontinentais. 

Após a derrubada do item, os chineses manifestaram "forte insatisfação e protesto contra o uso da força pelos EUA para atacar aeronaves civis não tripuladas". Logo a seguir, a Força Aérea colombiana também confirmou ter avistado um balão semelhante em seu espaço aéreo. Tanto o uso desse tipo de artefato quanto sua presença em distintos lugares do planeta dão claros sinais de que os chineses estão mantendo o mundo em vigilância. Para o Departamento de Defesa dos EUA, os chineses operam esses balões em cinco continentes. Com ou sem balão, meteorológico ou não (provavelmente não), esse é mais um capítulo que desgasta e coloca em rota de colisão as duas maiores economias do planeta. Que os destroços desse choque não cheguem até nós.

 

João Alfredo Lopes Nyegray - doutor e mestre em Internacionalização e Estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo (UP). Instagram: @janyegray

 

Aconteceu de novo

 A tragédia das enchentes são eventos recorrentes e previsíveis. O poder público tem que ser mais assertivo para proteger a população 

 

A cada ano, os enredos das escolas de samba mudam para abordar temas e personagens diferentes, seja para enaltecer, seja para criticar. Mas, algo não muda a cada verão: as enchentes com dezenas de mortos, feridos e grande prejuízo econômico-financeiro para famílias, empresas e municípios. 

Os cenários são diversos, tanto pode ser as baixadas nos contrafortes das serras descabeladas de cobertura da outrora majestosa Mata Atlântica nos estados da Região Sul e Sudeste, ou áreas próximas de córregos e rios nos grandes centros urbanos do país. Desta vez, o cenário foi o litoral norte do estado de São Paulo. 

Dados do G1 e da Folha de S. Paulo indicam que as regiões de Guarujá, Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, Ubatuba e São Sebastião estão em calamidade pública. Ao menos 40 pessoas estão desaparecidas e 44 estão mortas. Em todo estado, somam-se 2.500 desalojados e/ou desabrigados. Equipes formadas por uma força-tarefa com mais de 500 agentes, além de voluntários, continuam as buscas por desaparecidos. 

São Sebastião foi a região mais afetada por deslizamentos e inundações, recebendo 640 mm de chuva em 24 horas. Segundo a BBC News Brasil, a chuva foi 3 vezes maior que o temporal de 2014, evento considerado “mais extremo” da história recente. 

De certa maneira, faço coro ao jornalista Josias de Souza, que em sua coluna do UOL, sob o título “Chuvas: Dito e feito, tudo foi dito e nada foi feito” (20/02), escreveu: “o brasileiro olha para o litoral norte de São Paulo com a incômoda sensação de que assiste à repetição de um filme de terror. Um filme feito de tempestade, lama, destruição, desamparo e mais dezenas de corpos. As autoridades sobrevoam o drama munidas do kit básico de primeiros socorros. Nele, há desculpas esfarrapadas, verbas emergenciais insuficientes e as lamentações depois do fato”. 

Parece que na nossa cultura a possibilidade da tragédia, especialmente diante de risco conhecido, contínuo e iminente, não leva à prevenção, mas a uma Commedia dell’Arte, triste e cheia de improvisações, na qual o triângulo amoroso dos antigos carnavais, envolve um Pierrô que ama a Colombina, que, por sua vez, ama o Arlequim, o qual também deseja a Colombina. 

A marca do improviso e a brincadeira com a vida são notas dissonantes dessa marchinha fúnebre, mesmo quando os personagens trocam de nomes e de filiações ideológicas. Em um país rico, mas marcado pela imprudência e pela imprevidência ao extremo, há muito tempo o Estado, em suas três esferas, deveria ter uma política que atravessasse governos e garantisse condições de emprego e renda e, consequentemente, de moradia segura para as camadas mais vulneráveis da sociedade. 

Agora que sobraram apenas os retalhos de cetim das vidas de tantos atingidos pelas enchentes, além de chorar na avenida, pois o efeito anestesiante do carnaval já passou e a dignidade da vida não desfilou mais uma vez, será que há algo mais que pode ser feito, além das mobilizações e ajudas aos desabrigados? 

Acredito que o exercício da cidadania está no centro da prevenção e atuação nesses acontecimentos cíclicos de enchentes e desabamentos no Brasil. O Estado só se move impulsionado pela cidadania. É fundamental propor ações comunitárias e associativas, com peso representativo suficiente sobre as Câmaras Municipais de municípios costumeiramente atingidos, porque é no legislativo municipal que o ordenamento do solo é decidido. 

É preciso também pressão popular legítima sobre os Governos Estaduais e o Governo Federal, seja sobre o Poder Legislativo, seja sobre o Executivo, para garantir não apenas as verbas orçamentárias, como também o devido uso do investimento real desse dinheiro em ações imediatas de intervenção em áreas críticas e em ações estruturantes preventivas. 

A vida de cada cidadão brasileiro não é apenas responsabilidade de cada um, de cada família. É também dever do Estado, conforme reza a nossa Constituição. Há uma tutela mínima de segurança e de saúde sobre a população, que é obrigação do Estado, independentemente da concepção ideológica que defina quais são seus deveres, além destes. 

Ao falar de cidadania, introduzo um conceito muito precioso para a visão cristã reformada sobre os deveres do cristão relacionados ao amor ao próximo, quais sejam o de solidarizar-se, demonstrando legítima compaixão, que não apenas sente a dor dos que sofrem, mas que, efetivamente, mobiliza-se para atenuá-la, seja pelas orações de consolo para que sejam confortados em meio à tragédia, seja em boas obras de ajuda concreta quando mais se precisa. 

As tentativas de explicação das razões por que vidas tão preciosas se perdem no mar da negligência humana nunca serão suficientes para aliviar a dor. Como consolar um pai ou mãe de um filho pequeno cuja existência toda ainda estava pela frente? Como trazer paz às memórias saudosas de alguém que já não tem mais a companhia de quem se foi? Essa não é uma tarefa possível às palavras humanas, mas é possível encontrar no ombro amigo, às vezes, silencioso, e, certamente, nas súplicas a Deus a força para viver apesar do que aconteceu. Por isso, além de chorar com os que choram, suplicar a graça divina alivia e ajuda. 

No sentido de dar concretude a essa solidariedade, várias igrejas e concílios da Igreja Presbiteriana do Brasil e a Gerência de Responsabilidade Social do Instituto Presbiteriano Mackenzie já têm se mobilizado em campanha de arrecadação de fundos e de bens de primeira necessidade, os quais estão sendo enviados para compor com outras forças da sociedade, o apoio que atenue as perdas materiais. 

A esperança que não desce encosta abaixo, no ritmo do desespero, é que tudo que foi dito seja totalmente feito, por cada um e por todos nós. 

 

Robinson Grangeiro Monteiro - Chanceler do Instituto Presbiteriano Mackenzie, doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e em Ministério pelo Reformed Theological Seminary (USA), mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba.


Educação financeira nas escolas: impactos socioeconômicos no Brasil

O Brasil é a 10ª economia do mundo e, apesar da posição no ranking, é um país em que somos praticamente analfabetos funcionais em finanças pessoais. Mesmo pessoas com alto nível de escolaridade não conhecem os produtos financeiros ou sabem as melhores práticas para cuidar do seu dinheiro. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o endividamento das famílias bateu recorde em 2022, com 77,9% das pessoas se declarando endividadas. 

A porcentagem alta nos mostra que o país não possui a base de para organizar as suas despesas. Por isso, entendo que fortalecer essa cultura nas escolas é fundamental para garantir um futuro com mais segurança e qualidade de vida para todos. Afinal, os jovens e boa parte da população adulta não sabem mexer com dinheiro. 

O apoio da escola na estruturação da consciência e planejamento financeiro torna-se fundamental para quebrar esse ciclo de endividamento, afinal é um problema comportamental e cultural. Além disso, ter profissionais que entendam do tema e ensinem aos adolescentes a importância da economia, controle de gastos e investimentos é essencial para lidar com o dinheiro de forma mais consciente e inteligente. 

É muito comum as pessoas comprarem por impulso e a maioria não possui o conhecimento necessário para calcular juros. Com isso, as despesas aumentam e comprometem o orçamento familiar. Entender qual é o momento ideal para decidir o que fazer com o dinheiro de forma responsável e segura é o ponto inicial para essa organização.

Pessoas estáveis financeiramente são mais propensas a aumentar seu capital, estabilizar suas despesas e, consequentemente, alavancar o crescimento econômico/patrimonial. Quando isso não ocorre, leva o país a lidar com problemas sociais e coletivos, como o fechamento de empresas, demissões e contas em atraso, além de chegar na saúde pública com pessoas adoecidas física e mentalmente.

Posso concluir que a falta de educação financeira para crianças, jovens e adultos é uma das carências estruturais que mais causa consequências a curto e a longo prazos. Somos apresentados aos conceitos básicos de coletividade desde o nascimento, entretanto, é fundamental lembrar que o analfabetismo financeiro não impacta apenas um indivíduo, e sim a todos. Garantir esse tipo de conhecimento no ensino básico é estimular um futuro mais consciente.

 

Lucas Radd - sócio-fundador e CEO da Rufy, plataforma de saúde financeira, destinada para pessoas e empresas, interessadas em oferecer o sistema como benefício aos colaboradores.


Glosas médicas: o que são e como evitá-las

De acordo com Éber Feltrim, CEO da SIS Consultoria, esse tipo de problema pode ser reduzido com o uso de tecnologia na administração de clínicas e hospitais

 

As glosas médicas são um processo de revisão e avaliação de faturas emitidas por prestadores de serviços de saúde, com o objetivo de verificar se a cobrança está correta e se atende aos padrões estabelecidos pelas operadoras, sejam elas públicas ou privadas. É um procedimento importante para garantir a transparência e a eficiência dos processos, prevenindo erros e fraudes que possam afetar as finanças das operadoras e dos pacientes.

No entanto, de acordo com Éber Feltrim, especialista e consultor de negócios na área da saúde e CEO da SIS Consultoria, se não houver um bom sistema de armazenamento de dados, as glosas podem se tornar uma dor de cabeça para os gestores. “É possível minimizá-las realizando o preenchimento correto das guias com as informações dos pacientes e dos serviços ou procedimentos realizados. Infelizmente, a divergência nos pagamentos é algo recorrente entre clínicas e convênios, mas com o avanço da tecnologia e a automatização dos processos no preenchimento online, estas divergências estão diminuindo”, relata.

Alguns passos podem minimizar o risco de glosas médicas. “É importante que todas clínicas e hospitais realizem o cadastro de seus pacientes e registro das atividades e prontuários de forma eficiente. Este cadastro deve ser preenchido não apenas com os dados pessoais completos, mas também com os itens do convênio do paciente, informando plano de saúde, número da carteirinha, cobertura e outras informações”, pontua Feltrim.

Existem algumas categorias de glosas que se diferenciam em alguns aspectos, mas todas resultam em retrabalho da atividade. “A glosa técnica, por exemplo, refere-se à inconsistência no atendimento técnico por parte do profissional, enquanto a glosa hospitalar refere-se a inconsistências administrativas, como falha no preenchimento de informações. Por sua vez, as glosas lineares dizem respeito ao relacionamento entre plano de saúde e clínica, onde são informados serviços, procedimentos ou materiais que não são cobertos ou previamente autorizados para o plano do paciente”, revela.

Para o CEO da SIS Consultoria, estar atento aos prazos é fundamental para que o transtorno não se torne frequente. “É importante que a clínica entenda o processo de atendimento ao paciente de acordo com o convênio e seus prazos para envio de guias, documentos, autorizações e liberações de procedimentos e serviços, evitando retrabalhos e eventuais prejuízos”, declara. 

Feltrim acredita que a tecnologia é fundamental para um bom andamento administrativo de clínicas e hospitais. “Essas soluções auxiliam na captação de informações do paciente e dos planos de saúde, sendo extremamente importante para um bom gerenciamento. Com seu avanço, já existe a integração entre os softwares e os sites dos planos de saúde, permitindo o compartilhamento das informações e minimizando os erros, gerando menos glosas hospitalares”, finaliza. 




Dr. Éber Feltrim - Especialista em gestão de negócios para a área da saúde, começou a sua carreira em Assis (SP). Após alguns anos, notou a abertura de um nicho em que as pessoas eram pouco conscientes a respeito, a consultoria de negócios e o marketing para a área da saúde. Com o interesse no assunto, abdicou do trabalho de dentista, sua formação inicial, e fundou a SIS Consultoria, especializada em desenvolvimento e gestão de clínicas.



SIS Consultoria
https://www.sisconsultoria.net/
instagram @sis.consultoria.

 

Como identificar o assédio e a importunação sexual dentro do ambiente corporativo

A desigualdade de gênero ainda existe no mercado de trabalho e casos de assédio em ambiente corporativos não são exceção; a advogada que trabalha com Desenvolvimento Humano e Empoderamento Feminino, Mayra Cardozo, fala sobre a importância da conscientização sobre assédio e importunação sexual no ambiente de trabalho


 

A desigualdade de gênero ainda existe no mercado de trabalho e acaba criando obstáculos e conflitos psicológicos e profissionais para as mulheres. Muitas vezes, o assédio dentro do ambiente corporativo é um dos casos mais graves sofridos. Para se ter ideia, de acordo com uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, feita em parceria com o Instituto Locomotiva e apoio da Laudes Foundation, 40% das mulheres já foram xingadas ou já ouviram gritos no trabalho, contra 13% dos homens. Além disso, 92% dos entrevistados acreditam que as mulheres sofrem mais situações de constrangimento e assédio no ambiente de trabalho do que os homens.

 

Na percepção da advogada que trabalha com Desenvolvimento Humano e Empoderamento Feminino, Mayra Cardozo, o assédio e a importunação sexual são uma das ferramentas utilizadas pela socialização patriarcal para intimidar mulheres a ocupar espaços de trabalho. “Quando ocupamos espaços, eles nos reduzem a corpos que servem apenas para pegar café, anotar compromissos e para serem assediados. Quando ocupamos espaços, o sistema patriarcal nos pune. Por isso, cada dia é mais essencial que as mulheres que conseguem ocupar espaços, usem o seu privilégio dentro dos ambientes corporativos para remodelar esses espaços e ajudar com que sejam lugares seguros para as mulheres”, diz.

 

Além disso, a advogada acredita ser essencial que as mulheres dentro do ambiente corporativo lutem e ajudem umas às outras. “Percebo que muitas mulheres quando assumem postos de poder, acabam “jogando” com o patriarcado, encobrindo colegas assediadores, rindo de piadas machistas. O ambiente corporativo é um ambiente competitivo e extremamente patriarcal, é necessário que as mulheres se conscientizem de que só a união faz a força. É preciso parar de rivalizar umas com as outras e se unir, para juntas combater essas práticas dentro das empresas”, complementa Mayra. 

 

Como identificar o assédio e importunação sexual nas empresas?


Um dos maiores identificadores é que, quem sofre assédio ou importunação sexual, na grande maioria das vezes, acaba com a saúde mental afetada. “A situação se agrava quando ocorre no ambiente de trabalho, uma vez que as mulheres já sofrem com a famosa “crise de impostora” - quando você sente constantemente que o que você faz não é bom o suficiente. Quando essas situações acontecem dentro do trabalho, a autoestima e autoconfiança são extremamente abaladas. Isso acontece porque o potencial, a inteligência e dedicação começam a ser questionados, já que essas condutas fazem as mulheres se sentirem como se fossem reduzidas a um corpo”, entende a advogada.

 

O que deve ser feito quando se identifica um caso como este?

 

De acordo com a advogada, a principal solução é no canal de denúncia 180 ou procurar recursos internos dentro da empresa, caso exista, junto ao Compliance ou RH. “O maior erro das empresas é não abordar e não investir no combate e na conscientização do assédio, principalmente dentro dos cargos mais altos, uma vez que essas denúncias geralmente são dirigidas ao “top management” da empresa. Além de tudo, também existe uma dificuldade em relação ao canal de denúncia interno, já que as vítimas têm medo de denunciar e perder o emprego caso sejam identificadas. Existe também a falta de informação e treinamento, para que as pessoas saibam diferenciar uma conduta e outra e saibam como agir diante das situações e a quem recorrer”, explica.

 

Caso exista, dentro da empresa, um setor de Compliance, esse deve ser o responsável para implementar medidas de conscientização. “A empresa deve investir em contratação de treinamento e investimento em educação, até a investigação interna através da instauração de um canal de denúncias anônimas. Temas como esses não são de muito interesse das direções corporativas mas deveria ser, já que um assédio ou importunação sexual que pode ocorrer dentro da empresa, pode gerar danos à imagem e reputação irreversíveis. A verdade é que pautas relacionadas às mulheres dentro do ambiente corporativo, só vão progredir quando as empresas e líderes também atuarem proativamente no intuito de produzir uma cultura de união entre mulheres, e não o de rivalidade”, conclui Mayra Cardozo.

 

Mayra Cardozo - Advogada especialista em Direitos Humanos pela Universidade Pablo de Olavide (UPO) – Sevilha. A professora de Direitos Humanos da pós-graduação do Uniceub - DF, é palestrista, mentora de Feminismo e Inclusão e Coach de Empoderamento Feminino. Membro permanente do Conselho Nacional de Direitos Humanos da OAB e do Comitê Nacional de Combate à Tortura do Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos.


Criatividade é elemento chave para a comunicação das empresas do ramo da saúde

Anualmente, frutos de um enorme investimento, inúmeros medicamentos são desenvolvidos. E é nesse setor que a publicidade tem seus desafios intensificados, já que a ética publicitária se mistura à ética médica. Garantir que o medicamento seja apresentado pela sua eficiência, sem promover a automedicação ou induzir a prescrição feita por um profissional, é um desafio no momento de apresentar a fórmula ao médico.

Isso porque, para que um medicamento seja prescrito no consultório, seja ele de qualquer uma dentre as diversas especialidades, é necessário que o médico saiba da existência do produto. Com esse propósito, a indústria farmacêutica conta com profissionais que levam as informações sobre o medicamento ao profissional de saúde. Trabalho que também é parte da publicidade médica.

Nesse momento, então, o médico conhece a molécula e os protocolos de tratamento do medicamento por meio do propagandista, que, em menos de um minuto, precisa abusar da criatividade para comunicar de forma assertiva e inovadora os diferenciais da fórmula, para que, assim, o profissional não se esqueça e possa prescrevê-lo futuramente.

Em meio a isso, o maior desafio ainda é destacar o medicamento dentre tantas informações e produtos que são semelhantes entre si e, por vezes, iguais na prática. E é aí que a criatividade passa a ser, não apenas um diferencial, mas uma ferramenta imprescindível nessa comunicação. Novas tecnologias, técnicas de neuromarketing e análise do consumidor, podem, e devem, ser artifícios explorados na construção de uma campanha healthcare.

Dessa maneira, o processo de brainstorming e geração de ideias é essencial na criação de campanhas de saúde, desde as mais simples, até as mais complexas. Entender e explicar a composição do produto, a especialidade em que é aplicado e, sobretudo, levar informações que contribuam na compreensão do médico sobre as possibilidade de tratamento para a função do medicamento são pontos cruciais.


Saúde e publicidade: O que não deve ser feito

Muito mais do que em qualquer outro segmento, a publicidade médica cumpre a função de comunicar o produto e comprovar seus diferenciais por meio de estudos científicos ao médico. A prescrição deve acontecer porque o profissional considera o produto adequado à determinada prática clínica para tratar a doença em questão.

Outro fator a ser considerado é o não estímulo à automedicação. Uma pesquisa sobre hábitos dos brasileiros, do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, em parceria com o Datafolha, revelou que quase 90% das pessoas acima dos 16 anos se automedicam. Em um cenário como esse, é muito importante que os responsáveis pela criação das campanhas publicitárias na área da saúde estejam alinhados com as leis vigentes para colaborar na extinção dessa prática.

Por isso, seja para promover um medicamento, um tratamento ou um profissional, a publicidade deve sempre assumir o posto de uma comunicação informativa e educativa.

A publicidade médica não apenas comunica o público e os profissionais do setor a respeito de um medicamento ou tratamento, ela é fundamental para alertar sobre as doenças e condições que o público precisa ter o mínimo de conhecimento. 

Além disso, é uma forma de acolhimento para aqueles que enfrentam uma situação de saúde sensível. Por isso, demanda um enorme trabalho de desenvolvimento e lapidação das ideias, para gerar uma campanha que evidencie a mensagem, cause impacto e, principalmente, não gere consumo inconsciente.

 

Marcela Bianchin - fundadora e CEO da Vogel Health, agência de publicidade especializada em propaganda médica. A executiva é uma das principais especialistas em comunicação para a área da saúde no Brasil.  Antes de fundar a Vogel, em 2007, liderou projetos em multinacionais como a Caterpillar.


O aniversário de uma guerra que não quer esfriar

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Com o aumento das tensões entre Estados Unidos e Rússia, e uma ameaça nuclear que paira no horizonte, podemos dizer que a Guerra Fria, de fato, nunca acabou


Vivemos os fortes ecos do fim da Guerra Fria. O presidente russo, Vladimir Putin, por exemplo, anunciou em 21 de fevereiro de 2023, num discurso sobre um ano da guerra na Ucrânia, a suspensão da participação do seu país no tratado Novo Start, o acordo global de controle de mísseis nucleares vigente. O cenário atual de conflito entre Rússia e Ucrânia coloca novamente o mundo em alerta. Parece que estamos voltando ao tempo de antes da queda do Muro de Berlim, e que esta divisão global agora se instalou na fronteira da Rússia com o mundo Ocidental.

Esses acontecimentos têm repercussões inclusive no Brasil, assim como a Guerra Fria teve influência por aqui desde seu nascimento, em 12 de março de 1947. Neste aniversário de 76 anos, é importante revisitar uma época cruel e aterrorizante não apenas para a Europa, mas para todo o mundo.

O período após o fim da Segunda Guerra Mundial foi caracterizado por uma corrida armamentista, agressiva e cara entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS). O então presidente dos EUA, Harry S. Truman, proferiu diante do Congresso Nacional um forte discurso. Afirmou ele que os países capitalistas deveriam se defender da ameaça socialista. Para Truman, os estadunidenses tinham a obrigação de liderar a luta contra o avanço do comunismo no continente europeu e no mundo.

A chamada Guerra Fria, que de fria nada tinha, culminou na separação do mundo em dois grandes blocos: o comunista (liderado pela União Soviética) e o capitalista (liderado pelos Estados Unidos). Uma das consequências mais marcantes desse período foi a construção do Muro de Berlim, em 1961, uma cooperação entre Alemanha Oriental e União Soviética para impedir a fuga de sua população para o lado Ocidental.

Após 40 anos do famoso discurso de Truman, em meados da década de 1980, a vida atrás da Cortina de Ferro havia mudado. Revoltas democráticas se infliltraram nas nações do bloco soviético, e a própria URSS lutava contra o caos econômico e político. A queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, durante a Revolução Pacífica, marcou uma série de eventos que precipitaram a queda do comunismo na Europa Central e Oriental, precedida pelo Movimento Solidariedade na Polônia.

Em 1991, a União Soviética havia perdido a maior parte de seu bloco para revoluções democráticas e o Pacto de Varsóvia foi formalmente dissolvido. Mikhail Gorbachev, o último líder da URSS, abriu o país para o Ocidente e instituiu reformas econômicas que enfraqueceram as instituições que dependiam de bens nacionalizados. Em dezembro de 1991, a URSS foi dissolvida em nações separadas.

A Guerra Fria continua a afetar a geopolítica dos nossos tempos. Estados Unidos e Rússia, bem como a China e a Europa, ainda têm interesses divergentes, grandes orçamentos de defesa e bases militares internacionais. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ainda exerce grande poder político. Cresceu para incluir 30 estados-membros e agora se estende até as fronteiras com o maior país do mundo.

Desde a década de 1990, a Rússia vê a expansão da Otan para o leste como uma grave ameaça à sua segurança. Alguns especialistas compararam a crise atual com o início de uma nova Guerra Fria, ou mesmo a extensão daquela que nunca esfriou. Por isso, vale a pena revisitarmos essa época fundamental da nossa história para compreender como chegamos à situação atual.

Divulgação/Edvaldo Silva

Edvaldo Silva é Mestre em Artes e Multimeios pela Unicamp, e autor do romance de suspense "Além da Fumaça" (Editora Labrador), que tem como pano de fundo a Alemanha e o Brasil do final dos anos 80.


A quebra das decisões judiciais definitivas afeta a tese do século?

Muitos profissionais e empresas vêm questionando se a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, a chamada “tese do século”, seria afetada pela decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a quebra de decisões judiciais definitivas a partir da mudança de entendimento da Corte em matéria tributária.

De fato, no último dia 08 de fevereiro, o STF decidiu que decisões judiciais tomadas de forma definitiva a favor dos contribuintes devem ser anuladas se, depois, o Supremo tiver entendimento diferente sobre o tema (temas nº 881 e nº 885 de Repercussão Geral). Ou seja, se um contribuinte foi autorizado pela Justiça a deixar de pagar um tributo, mas o STF entender que a cobrança é devida, esse contribuinte vai perder o seu direito e deverá fazer o pagamento desse tributo – inclusive os valores que deixaram de ser recolhidos no passado em virtude de decisão judicial transitada em julgado.

Por ter ignorado princípios do Estado democrático de Direito que são protegidos constitucionalmente, este julgamento vem causando grande descontentamento não só no meio jurídico, mas até mesmo no Congresso Nacional, onde já existem projetos de lei que têm a finalidade de reduzir o impacto da quebra da coisa julgada. Um exemplo é o PL nº 512/23, que institui o Programa Especial de Regularização Tributária do Fim da Coisa Julgada junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil e à PGFN, ou o PL nº 589/23, que altera o Código de Processo Civil para "reafirmar a autoridade da coisa julgada", dispondo que a decisão judicial alcançada pelos efeitos da coisa julgada material não pode ser alterada ou relativizada por nenhum juízo ou tribunal, inclusive o STF, exceto por ação rescisória específica.

Independentemente destas iniciativas legislativas, cumpre aqui analisar os reflexos da quebra da coisa julgada em relação à “tese do século”, a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Em primeiro lugar, não houve reversão no entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação à matéria – o posicionamento continua sendo favorável ao Contribuinte (tema nº 69 de Repercussão Geral).

Em 15 de março de 2017, o STF decidiu que “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS".  Contra esse acórdão, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração e, em 13 de maio de 2021, o Supremo modulou sua decisão, fixando que os efeitos da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS devem se dar a partir de março de 2017, ressalvadas as ações judiciais e requerimentos administrativos protocolados até 15 de março de 2017. Noutros termos, apenas os contribuintes que ingressaram em juízo até essa data poderiam recuperar os valores passados. Para os demais, a recuperação ficou limitada.

O problema é que, entre a decisão do STF que definiu que o ICMS não compõe a base de cálculo do PIS e da COFINS e o julgamento dos embargos, transcorreram mais de quatro anos. E, nesse meio tempo, várias empresas ingressaram em juízo e obtiveram decisões definitivas que garantiram o direito de buscar os últimos cinco anos. Por exemplo, em 2018, uma empresa protocolou uma ação, obteve êxito antes de 13 de maio de 2021 e ganhou o direito de recuperar os valores desde 2013, ou seja, cinco anos anteriores à data de protocolo da ação.

Pois bem, como uma decisão transitada em julgado é uma garantia constitucional, esses contribuintes aproveitaram seus créditos anteriores a 2017, pois eles não se submeteram à modulação decidida em 2021 pelo STF, no julgamento dos Embargos de Declaração opostos pela PGFN. Mas, como os temas nº 881 e nº 885 permitem a quebra das decisões judiciais definitivas em matéria tributária, a Fazenda Nacional entende que essas decisões transitadas em julgado devem respeitar a modulação e retroagir somente até 2017. Com a aplicação automática da revisão da jurisprudência, a PGFN cogita a possibilidade de rever os créditos destes contribuintes – mas isso deve gerar uma nova briga judicial, visto que os advogados entendem que não houve alteração de entendimento do STF e que a modulação dos efeitos não mudou essa tese.

De todo modo, o que pode ocorrer é uma briga pelo período do crédito, somente para aqueles que ingressaram em juízo após 15 de março de 2017 e tiveram o trânsito em julgado antes de 13 maio de 2021, quando o Supremo julgou os Embargos de Declaração da PGFN e modulou os efeitos da sua decisão.

Portanto, os tributaristas podem continuar trabalhando normalmente com essa recuperação tributária, até porque o procedimento é administrativo, reconhecido pela PGFN, disciplinado pela Receita Federal e, recentemente, objeto da Medida Provisória nº 1.159/2023, que retirou da base de cálculo do PIS e da COFINS as receitas referentes ao ICMS. É bom lembrar que, em virtude da prescrição, cada mês que passa é um mês a menos de recuperação para milhares de empresas que, com certeza, precisam muito desses recursos.

 

Frederico Amaral - CEO da e-Auditoria, empresa de tecnologia especializada em auditoria digital.


e-Auditoria
https://www.e-auditoria.com.br/sobre/

 

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