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quarta-feira, 3 de junho de 2020

SISTEMA HAPVIDA REGISTRA QUEDA DE ATENDIMENTOS E INTERNAÇÕES POR COVID-19 E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS


Redução significativa foi constatada em comparação aos picos alcançados no mês de maio; o número de óbitos também apresenta queda de 50% 


Presente nas cinco regiões brasileiras, o Sistema 
Hapvida encerra o mês de maio com a constatação de uma queda no número de atendimentos de urgência nos seus hospitais, além da redução de internações e óbitos decorrentes da Covid-19 e de doenças respiratórias. A comparação foi realizada considerando os picos de atendimento do início do mês de maio até o final do mesmo mês, monitorados em toda a rede por meio de um sistema integrado de protocolo hospitalar.   


Segundo o presidente do Sistema Hapvida, Jorge Pinheiro, apesar de uma leve tendência de elevação em áreas como Bahia, Manaus e interior de São Paulo, outras áreas tidas como críticas estão mostrando sinais de recuperação à Covid-19. “Registramos uma redução de 72% nos atendimentos de urgência relacionados às doenças respiratórias, de toda a rede, considerando o pico alcançado no período de 4 a 31 de maio; queda de 51% nas internações, de 2 a 31 de maio; e 50% da diminuição de óbitos decorrentes da doença entre os dias 13 e 31 do mesmo mês”, afirma o Pinheiro. 
  
Além disso, a Companhia celebra o marco de mais de 4 mil altas de pacientes positivados pela Covid-19 em sua rede própria, de acordo com o último balanço do dia 02 de junho. “Um reconhecimento a todos os profissionais que dedicam cada minuto da medicina para salvar vidas. Também nos orgulhamos, em meio a todo esse cenário delicado, de proporcionar um atendimento digno aos nossos beneficiários com soluções diferenciadas na gestão de saúde, inovação e excelência”, completa o presidente do sistema.  


Confira os números mais expressivos de queda de atendimento Covid-19 e doenças respiratórias no Sistema Hapvida 


Pernambuco:  
·         Atendimento de urgência: - 80%, entre 4 e 31 de maio  
·         Internação: - 69%, entre 6 e 31 de maio  
·         Óbitos: - 75%, entre 14 e 31 de maio  

Ceará:  
·         Atendimento de urgência: - 83%, entre 4 e 31 de maio  
·         Internação: - 75%, entre 12 e 31 de maio  
·         Óbitos: - 44%, entre 20 e 31 de maio  

Amazonas:   
·         Atendimento de urgência: - 90%, entre 13 de abril e 31 de maio  
·         Internação: - 86%, entre 28 de abril e 31 de maio  
·         Óbitos: - 85%, entre 4 e 31 de maio  

Pará:   
·         Atendimento de urgência: - 88%, entre 27 de abril e 31 de maio  
·         Internação: - 80%, entre 22 e 31 de maio  
·         Óbitos: sem óbitos, entre 28 e 31 de maio  

Maranhão:  
·         Atendimento de urgência: - 94%, entre 13 de abril e 31 de maio  
·         Internação: - 62%, entre 22 de abril e 31 de maio  
·         Óbitos: sem óbitos, entre os dias 30 e 31 de maio  




Sistema Hapvida 


“Tratamentos de rotina não devem ser abandonados”, orientam médicos


Pandemia do novo coronavírus provocou grandes quedas no número de consultas


O número de casos e de mortes por Covid-19 no Brasil ainda é crescente – dados recentes apontam mais de 180 mil infectados. Segundo orientações da OMS e do Ministério da Saúde, o isolamento social, especialmente para grupos de risco, é essencial para o controle da pandemia. No entanto, profissionais de saúde do país alertam sobre grandes quedas no atendimento a pacientes portadores de doenças crônicas por medo da contaminação.

Estatísticas apontam que o número de cancelamentos e adiamentos de consultas médicas tem crescido desde os primeiros casos registrados no país. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista, entre março e abril de 2020, houve uma queda de até 73% de cirurgias cardiológicas em comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com o dr. Wilson Nakasato, diretor médico do Hospital São Lucas Copacabana, os dados são preocupantes. “Vemos um cenário em que, devido às orientações sobre o isolamento e os riscos de infecção pelo Coronavírus, pacientes com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, câncer e deficiências respiratórias, passam a abandonar seus tratamentos continuados, o que pode levar ao agravamento dessas doenças. Além de assegurar a frequência do atendimento médico, cabe às instituições de saúde tomar medidas para garantir a segurança dos pacientes e colaboradores.

“Em conjunto com toda a equipe, elaboramos algumas alternativas para evitar o problema. No Centro de Especialidades Gávea do Hospital São Lucas Copacabana, que não possui emergência, orientamos aos pacientes no momento do agendamento que, por segurança, não compareçam em casos de sintomas respiratórios. Além disso, o uso de máscaras é obrigatório e limitamos a permissão de acompanhantes durante as consultas”, comenta o diretor.

“Outras medidas essenciais são o agendamento de consultas com horários intervalados e adaptação no fluxo das salas de espera para garantir o distanciamento social, além do reforço na higienização de todos os ambientes. Para algumas especialidades, o serviço de telemedicina também está disponível. Seguindo estas providências, os riscos de infecção pelo novo Coronavírus são bastante minimizados”.

Dr. Wilson também ressalta que a resistência em buscar ajuda médica pode trazer grandes riscos à saúde do paciente. “Alguns sintomas, como falta de ar, fraqueza e dores no peito, são normalmente associados ao Covid-19, mas também podem indicar problemas cardiológicos como infarto e insuficiência cardíaca. Portanto, nos primeiros sinais, é preciso ir ao hospital imediatamente – sobretudo pacientes com doenças crônicas”.

Covid-19: Como lidar com a gravidez e os tratamentos para engravidar


A pandemia da Covid-19 trouxe inúmeras transformações impensáveis até algumas semanas atrás. Médicos, enfermeiros, cientistas e demais profissionais de saúde passaram a se dedicar quase que integralmente ao cuidado dos milhares de doentes diante da perplexidade de todos ante a virulência do novo coronavírus. Diante da gravidade da pandemia, várias questões surgiram relativas ao cuidado de gestantes e de casais que planejavam fazer tratamento para engravidar. 

 Infelizmente ainda não há nada definitivo e, à medida que o conhecimento avança e muda rapidamente, novas orientações são revistas e publicadas. Dessa forma, conversar com seu médico sobre a situação é fundamental.  

Embora ainda não haja dados definitivos sobre os efeitos da infecção pela Covid-19 sobre o feto e a gravidez em si nos primeiros trimestres, a recomendação é adiar o tratamento para engravidar. As clínicas de medicina reprodutiva nesse momento devem minimizar o número de médicos, funcionários e pacientes, além de oferecer suporte a esclarecimentos de dúvidas à distância.

Novos tratamentos, incluindo indução da ovulação, inseminação intrauterina, fertilização in vitro e congelamento de gametas não devem ser iniciados. O atendimento de urgência deve ser mantido para os casos de preservação de fertilidade em pacientes oncológicos.

Idade e baixa reserva ovariana, até o momento, não devem ser classificados como urgentes. Tratamentos já iniciados devem ser individualizados e, neste caso, está recomendado o congelamento de gametas ou embriões para gravidez posterior. Caso a pandemia se prolongue por mais tempo, médicos assistentes, em conjunto com os casais, devem reavaliar o critério de urgência.

 Adiar o sonho de gravidez tem impactos emocionais importantes, especialmente o medo do insucesso e os possíveis efeitos adversos do cancelamento de um tratamento, que muitas vezes corre atrás do tempo biológico. Além do suporte emocional, cabe à equipe assistencial esclarecer todas as dúvidas dos pacientes, e oferecer se possível  o atendimento virtual para acolher e esclarecer todas as dúvidas do casal/paciente em tratamento.

O momento é delicado e é natural a ansiedade diante do adiamento do sonho da maternidade. É possível, entretanto, usar este tempo para investir em ações que podem melhorar suas chances de engravidar e reduzir riscos eventuais durante a gestação. O cuidado pré-concepcional envolve adoção de medidas para melhorar o estado de saúde do casal e incluir hábitos que podem melhorar a saúde materna e do bebê a curto e longo prazo.


Entre as medidas estão controle do peso; iniciar programa de atividade física regular; suplementação de ácido fólico; interrupção do tabagismo; mudanças na dieta; identificação e controle de doenças como diabetes e hipertensão.
Ainda não é conhecido o risco real da infecção por Covid-19 em gestantes, e não existem dados sobre o risco fetal no primeiro e no segundo trimestre de gestação. Outros tipos de coronavírus, todavia, já foram associados a aborto espontâneo, prematuridade e crescimento intrauterino restrito. Não há indicação que a  Covid-19 seja teratogênico. 


Os dados atualmente disponíveis sobre o coronavírus não parecem indicar que as mulheres grávidas apresentam maior risco de infecção grave. Sabe-se, entretanto, que as mulheres grávidas correm maior risco de complicações por outras infecções respiratórias, como influenza e SARS-CoV,  assim devem ser orientadas quanto às medidas de proteção (isolamento social, lavar as mãos, higiene respiratória)  e sintomas da infecção (febre, tosse, falta de ar). 

 Até o presente momento, não está claro se a Covid-19 pode atravessar a placenta e chegar até o feto, nem no leite materno. Os dados disponíveis ainda são escassos e não permitem chegar a uma conclusão definitiva.  A indicação de interrupção da gravidez assim como a via de parto devem ser definidas após avaliação médica, não havendo  indicação específica de cesariana ou parto normal. 

A rotina pré-natal habitual deve ser mantida em gestantes sem sinais ou sintomas da doença. Recomenda-se investigar em todas as consultas a presença de sintomas gripais e/ou contatos recentes com pessoas infectadas pela doença e medir a temperatura axilar. O eventual diagnóstico de coronavírus durante a gravidez requer atenção imediata, encaminhamento para maternidade especializada e cuidado por equipe multidisciplinar.

Há relatos de resultados adversos em bebês (por exemplo, nascimento prematuro) naqueles nascidos de mães positivas para Covid-19 durante a gravidez. No entanto, essas informações são baseadas em dados limitados e não está claro que esses resultados estejam relacionados à infecção materna. 

Diante da pandemia e das orientações de isolamento social e evitar aglomerações, o Conselho Regional de Medicina assim como várias sociedades médicas orientaram a suspensão de consultas eletivas. Dessa forma, milhares de avaliações de rotina e outras situações que embora não comprometam a saúde de forma grave trazem incômodos ou preocupação,  foram deixadas temporariamente de lado. 


Muitas mulheres ficaram sem saber o que fazer quanto a sua rotina ginecológica ou com o desconforto ao urinar e até aquele corrimento chato foi deixado de lado.  Nesse caso, a melhor opção é tentar entrar em contato com seu ginecologista e pedir uma orientação direta. Muitas dessas queixas podem ser rapidamente resolvidas sem necessidade de ir ao consultório ou hospital. A  alternativa que surgiu foi a possibilidade de consultas à distância através da telemedicina, recentemente regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina.

Por outro lado queixas como dor persistente que não melhora após uso de analgésicos comuns, sangramento genital volumoso e febre sugerem necessidade de avaliação mais imediata. Nódulos que surgem na mama ou axilas também devem ser prontamente examinados. A realização de exames preventivos do colo do útero e da mama pode ser organizada de modo a evitar aglomerações e saídas desnecessárias. Cirurgias devido a doenças benignas como miomas devem ser discutidas com o médico assistente.

O ciclo menstrual é sensível ao estresse e, dessa forma,  algumas mulheres podem experimentar modificações no ciclo menstrual  durante a pandemia. Aumento ou perda de peso que podem ocorrer durante a quarentena, assim como o estresse, podem resultar em suspensão da ovulação e irregularidade menstrual. Em geral, são situações autolimitadas, reversíveis e facilmente tratadas.

O uso de contraceptivos em geral é seguro durante a pandemia e não parece haver qualquer interação entre a infecção pelo Covid-19 e os métodos disponíveis. As mesmas orientações permanecem sobre o uso de métodos contraceptivos para evitar gestações não planejadas, assim como o uso do preservativo para a prevenção de  infecções sexualmente transmissíveis.



Dra. Márcia Ribeiro - ginecologista do corpo clínico do Biocor Instituto.

Coronavírus e obesidade infantil: saiba como a doença afeta crianças e adolescentes



A pandemia do coronavírus desestabilizou a rotina de grande parte da população, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Sabemos que idosos, pessoas com diabetes e hipertensas fazem parte do grupo de risco, porém, há algumas dúvidas entre os pacientes que sofrem com obesidade, por apresentarem algumas complicações que envolvem os fatores de risco para a contaminação do Covid-19, como a diabete e a hipertensão, e isso inclui também crianças e adolescentes.
“O excesso de peso tem relação com outras doenças frequentes nos pacientes que estão no grupo de risco do coronavírus, são elas: a diabetes mellitus e hipertensão arterial, e não podemos esquecer que a obesidade atinge cerca de 100 milhões de crianças ao redor do mundo”, aponta  a Dra. Thatiane Mahet, pediatra com especialização em imunologia, alergia e nutrição infantil. Confira algumas orientações da especialista sobre o Covid-19 e a obesidade infantil:

·  Crianças com obesidade têm maior risco de desenvolver complicações da Covid-19?
A obesidade grave, associada a comorbidades tem correlação com diabetes mellitus e hipertensão arterial. Recomenda-se maior rigor nas medidas de prevenção contra a Covid-19 em pacientes com obesidade grave.  Além de que, a obesidade pode dificultar a realização de exames de imagem, a respiração, intubação traqueal e o cuidado de enfermagem, aumentando assim, o risco de complicações por infecções respiratórias, como é o caso do coronavírus. 

·  Recomendações para os pais ou responsáveis sobre alimentação:
As crianças estão sofrendo grande impacto com a pandemia do coronavírus, o isolamento social além de mexer com a rotina deles, desestabilizou também o emocional e a alimentação dos pequenos, por isso, os pais devem ter um cuidado ainda maior com alimentação das crianças dentro de casa. Mantenha orientações nutricionais e limite a compra de alimentos industrializados como: batata frita, refrigerante, pizza, biscoitos e sorvete. Uma ótima opção é deixar refeições prontas ou pequenos lanches saudáveis para eles terem opções quando a fome bater. 

·  Alerta para a rotina dos pequenos:
A restrição das tarefas presenciais das crianças, como ir à escola, passear no parque, ou ir até a casa de um amigo, são alguns dos exemplos de atividades que não estão sendo possível realizar durante a quarentena. Com mais tempo em casa, as crianças e os adultos tendem a comer mais, o que é extremamente perigoso numa casa onde há uma criança obesa. Os pais devem criar uma rotina para a criança que vise prevenir escapes em seu dia que sejam  preenchidos com a comida, e não esquecer de fazer as refeições nos horários certos, crie horários para café da manhã, almoço e jantar. 

·  O diálogo é muito importante durante o isolamento: 
O tempo em casa pode fazer com que as crianças sintam a necessidade de abdicar de suas tarefas. Por isso, defina horários para o uso saudável das telas, evitando ultrapassar os limites e deixe claro que o momento não é de férias e sim de uma situação momentânea, na qual as atividades cotidianas devem ser cumpridas.   É essencial que as crianças e adolescentes tenham espaço e liberdade para expressarem suas dúvidas e medos e, caso persista alguma, os pais devem procurar alguém da equipe médica, como o pediatra da criança.





Dra. Thatiane Mahet  - Renomada médica pediatra, Thatiane é formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, pós graduada em alergia e imunologia infantil pela UFRJ, pós graduada em Nutrição Infantil pela Boston University School of Medicine e Membro da American Academy of  Pediatrics – EUA. Assídua de congressos internacionais, Dra. Thatiane se atualiza constantemente sobre as novidades do setor e participa ativamente das organizações de maior representatividade em pesquisas. Com sua vivência clínica e pesquisas sobre o universo infantil, Thatiane é autora do livro "O Grande Livro do Bebê”, que figura por diversas vezes como uma das obras mais vendidas de sua categoria,  abordando absolutamente tudo do universo do recém-nascido. No portal www.ograndecursodobebe.com.br, a médica ministra cursos online acerca do universo dos bebês, desde a gestação até a criança completar dois anos de idade.
    

4ª edição do Junho Lilás reforça a importância de se ampliar o Teste do Pezinho em meio à pandemia de Covid-19

Campanha lançada pelo Instituto Jô Clemente (antiga APAE de São Paulo) em parceria com a Unisert conscientiza a sociedade sobre a necessidade de expandir o acesso ao Teste do Pezinho Ampliado

Com o objetivo de conscientizar o poder público e a sociedade civil sobre a importância de se expandir o acesso da população ao Teste do Pezinho Ampliado, especialmente em meio à pandemia do novo coronavírus, o Instituto Jô Clemente (antiga APAE DE SÃO PAULO) e a União Nacional dos Serviços de Referência em Triagem Neonatal (Unisert) lançam em 6 de junho, Dia Nacional do Teste do Pezinho, a campanha Junho Lilás, com a hashtag #VamosDarMaisUmPasso.

"Nosso foco este ano é orientar a sociedade sobre a necessidade da ampliação do teste do pezinho para o diagnóstico precoce de até 50 doenças, incluindo as doenças raras, que demandam intervenções clínicas emergenciais e tratamentos específicos", afirma Daniela Mendes, superintendente-geral do IJC. Segundo ela, "é importante darmos mais um passo para expandir o acesso a esses diagnósticos a toda a população, pois sabemos que quanto antes iniciarmos os tratamentos adequados, mais chances a criança terá de se desenvolver com saúde e qualidade de vida", comenta.

No dia 5 de junho haverá o pré-lançamento da campanha, que está em sua 4ª edição consecutiva. Na ocasião, a doutora Ana Escobar, médica pediatra e embaixadora oficial de saúde do Instituto Jô Clemente, participará de uma live, que será realizada às 18h30, e terá a presença da neurologista infantil Fernanda Monti, consultora de erros inatos do metabolismo, e da farmacêutica bioquímica e supervisora do Laboratório da Organização, Sonia Hadachi. Os internautas poderão assistir o evento, que será mediado pelo gerente do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação (CEPI) do IJC, Edward Yang, pelo Facebook da Organização (facebook.com/institutojoclemente/). 


A importância da realização do teste do pezinho ampliado

O Teste do Pezinho oferecido na rede pública pelo Sistema Único de Saúde (SUS) contempla a análise de somente seis doenças (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Fibrose Cística, Anemia Falciforme e demais Hemoglobinopatias, Hiperplasia Adrenal Congênita e Deficiência Biotinidase). Já o teste ampliado pode detectar até 50 doenças* sendo disponibilizado atualmente apenas nas maternidades privadas.

De acordo com o médico imunologista e consultor técnico do Laboratório do Instituto Jô Clemente, doutor Antonio Condino Netto, principalmente em razão da pandemia do novo coronavírus, as análises deveriam ser ampliadas. "Quanto mais doenças raras a triagem neonatal puder detectar, melhor para a saúde do bebê", diz. "Em tempos de pandemia, mais do que nunca, é necessário que os bebês tenham acesso a exames mais completos, para evitarmos sequelas e problemas sérios de saúde na criança", comenta. "Estamos nos movimentando para que a Agência Nacional de Saúde (ANS) e o Ministério da Saúde (MS) insiram no rol dos exames obrigatórios o Teste do Pezinho Ampliado, que contempla até 50 doenças, incluindo a Imunodeficiência Combinada Severa (SCID) e a Agamaglobulinemia (Agama), duas doenças graves em que a criança nasce sem o sistema imunológico completamente formado fica suscetível a diversas enfermidades, podendo ir a óbito antes de um ano de vida se não houver o diagnóstico e a intervenção precoce", explica.

A neurologista infantil Fernanda Monti reforça a necessidade de se expandir o acesso ao Teste do Pezinho Ampliado para toda a população e lembra que agora é o momento de cuidar dos bebês e garantir o acesso aos exames para evitar doenças raras e graves, além da deficiência intelectual, que ocorre em muitos casos. "Para isso, precisamos que os bebês passem pela coleta e, se possível, façam o Teste do Pezinho Ampliado, que contempla a análise e o diagnóstico de 50 doenças genéticas, metabólicas e imunológicas", explica.

A médica diz ainda que "nos primeiros dias de vida, a maior parte das crianças não manifesta sintomas de diversas doenças, mas isso não quer dizer que não exista algo. É por esse motivo que o Teste do Pezinho é feito após as primeiras 48 horas e até o 5º dia de vida do bebê. Esse é o período mais adequado para detectarmos precocemente anormalidades, mesmo assintomáticas, como ocorre na maior parte dos casos. Quando os sintomas aparecem sem que haja um diagnóstico precoce, pode ser tarde", comenta. "O grande número de erros no metabolismo existentes pode resultar em quadros clínicos diversos, variando desde pacientes assintomáticos até casos mais graves, incluindo situações em que o bebê vai a óbito. O foco da triagem neonatal ampliada é evitar sequelas como a deficiência intelectual, além de melhorar a qualidade de vida do paciente tratado precocemente e melhorar o custo efetividade do sistema de saúde. Frisamos, ainda, que é fundamental estar atento às manifestações clínicas. Esse é o primeiro passo para o diagnóstico", completa.

Sonia Hadachi comenta que a disponibilidade do Teste do Pezinho Ampliado a todos os bebês geraria uma redução de custo aos cofres públicos. "Temos como base um artigo (Feuchtbaum et al), publicado no início dos anos 2000, na Califórnia (EUA). Nesse estudo, feito com 540 mil bebês que tiveram acesso ao Teste do Pezinho Ampliado, houve uma economia de até US$ 9 milhões ao longo dos anos com custos esperados para cuidados médicos durante a vida. O artigo mostra que 83 crianças apresentaram diagnóstico positivo para pelo menos uma doença. Aqui no Brasil, como o teste ampliado com 50 doenças ainda não é disponibilizado pelo SUS, fica difícil a mensuração dos ganhos ao realizar rapidamente o diagnóstico precoce, principalmente quando pensamos em tempo de internação, exames confirmatórios e demais custos associados. Ainda não existem estudos que mostrem essa redução no impacto financeiro, mas acreditamos que a prevenção e o diagnóstico precoce sempre são o melhor caminho para evitar custos maiores, por isso, é necessário que o poder público e a sociedade se engajem nessa causa e busquem essa ampliação", diz.

Pioneiro na realização do exame no país, o Instituto Jô Clemente implantou o Teste do Pezinho no Brasil em 1976 e, desde 2001, é um Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) credenciado pelo Ministério da Saúde, tendo sido um dos principais responsáveis pelo surgimento das leis que obrigam e regulamentam esta atividade, que se tornou conhecida por "Teste do Pezinho".

Atualmente, a Organização é responsável pela realização da triagem de 80% dos bebês nascidos na capital paulista e 67% dos recém-nascidos do Estado de São Paulo, por meio do SUS (293 mil) e de maternidades e hospitais privados (103 mil, sendo 28% de testes ampliados).

O Laboratório do Instituto Jô Clemente é o maior do Brasil em número de exames realizados e desde a sua implantação triou mais de 16,5 milhões de crianças brasileiras. Somente em 2019, foram triados 395.281 bebês na Instituição, totalizando 2.635.283 exames. Sonia Hadachi afirma que a Organização também tem um sistema de Busca Ativa. "Esse e um sistema muito importante, porque realiza a convocação imediata de todos os recém-nascidos que apresentam alteração no Teste do Pezinho. Caso seja solicitada a recoleta, é fundamental fazê-la imediatamente", explica.

O Instituto Jô Clemente possui ainda o Ambulatório de Triagem Neonatal, com equipe interdisciplinar para orientação e tratamento dos casos confirmados. Por se tratar de um serviço essencial, a equipe do ambulatório continua trabalhando e atendendo presencialmente os casos em que há diagnósticos positivos para realizar os exames confirmatórios e dar as primeiras orientações aos pais. "Esse é um trabalho essencial que fazemos e que não podemos parar, mesmo com a pandemia, pois nunca se sabe quando teremos um caso positivo de alguma doença para tratar, por isso, estamos cumprindo todas as recomendações das autoridades sanitárias para fazer os atendimentos presenciais", diz Fernanda Monti. 


Teste do Pezinho é um direito do bebê

A supervisora do Programa Jurídico-Social do Instituto Jô Clemente, Luciana Stocco, explica que muitas vezes os pais deixam de levar os filhos para fazer a coleta em algumas regiões do país porque não sabem que o Teste do Pezinho é um direito da criança. "É importante frisarmos que o Teste do Pezinho Básico, contempla seis doenças, é gratuito e deve ser oferecido a todos os bebês nascidos no Brasil, pois é um direito da criança sendo disponibilizado no SUS e regulamentado pela Portaria n. 822 do MS de 06 de junho de 2001", diz. Segundo ela, ninguém pode negar ao bebê o direito à saúde e à vida. "Por isso o Teste do Pezinho é essencial e, quanto maior o número de doenças contempladas, mais fácil será garantir o cumprimento dos direitos da criança a um desenvolvimento saudável e seu pleno desenvolvimento social, recebendo os acompanhamentos multidisciplinares adequados", afirma.

Doutor Caio Bruzaca, geneticista do Ambulatório de Diagnósticos do Instituto Jô Clemente, explica que ainda há muita desinformação a respeito do Teste do Pezinho no país. "Além de muitos pais não saberem desse direito, ainda vemos muitas pessoas que acham que o Teste do Pezinho é um carimbo da impressão digital do pé do bebê que se faz na maternidade e que não tem nenhuma utilidade, mas nosso papel, acima de tudo, é esclarecer que o Teste do Pezinho é um procedimento extremamente seguro e confiável em que, por meio de poucas gotas de sangue retiradas do calcanhar do bebê, é possível se detectar um número grande de enfermidades para que sejam feitas as intervenções necessárias imediatamente. Há casos de doenças, como a hiperplasia adrenal congênita, por exemplo, em que a criança tem poucos dias de vida se não tratada com urgência", explica. "O primeiro passo para se ter saúde é respeitar o direito à prevenção, que é o principal objetivo do Teste do Pezinho. Por meio do diagnóstico precoce, é possível prevenir ou amenizar complicações que podem ser crônicas. Agora, diante desse cenário em que é preciso garantir a imunidade de todos, em especial por causa da pandemia, precisamos dar mais um passo no sentido da ampliação do Teste do Pezinho para todos os bebês", finaliza. 


*Doenças triadas no Teste Ampliado 

§ AAAC (Aminoacidopatias e Distúrbios do Ciclo da Uréia / Distúrbios Ácidos Orgânicos / Distúrbios de Oxidação dos Ácidos Graxos) - Perfil TANDEM MS / MS que inclui a detecção de 38 doenças
§ Galactosemia
§ Leucinose
§ Deficiência de G6PD
§ Toxoplasmose Congênita
§ Imunodeficiência Combinada Grave e Agamaglobulinemia (SCID E AGAMA)






Instituto Jô Clemente
www.ijc.org.br


Ciência investiga a genética do novo coronavírus e origem de transmissão da covid-19



Desde que foram relatados os primeiros casos de humanos com covid-19, na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, em dezembro de 2019, pesquisadores e órgãos internacionais de saúde investigam a origem da transmissão da doença. Logo que surgiram os primeiros casos, a suspeita divulgada foi de que a contaminação estaria associada à venda de animais silvestres para o consumo humano no mercado chinês de frutos do mar da cidade chinesa. 

No entanto, segundo o médico-veterinário Ricardo Dias, professor do Laboratório de Epidemiologia e Bioestatística, da Faculdade de Medicina de Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), os primeiros casos de covid-19 não foram de pessoas com histórico de contato no mercado de Wuhan. “Uma teoria alternativa, proposta pela comunidade científica, é a de que tenha havido a transmissão zoonótica em outro local. Quando alguns infectados foram ao mercado, aí, sim, teriam transmitido para mais pessoas, espalhando a doença pela cidade”, explica.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, sigla em inglês), até o momento, a fonte ou a rota original de transmissão ao ser humano não é conhecida com exatidão. As pesquisas, entretanto, sugerem que, de acordo com os dados da sequência genética do novo coronavírus (SARS-CoV-2), ele poderia ter emergido de uma fonte animal e seria um parente próximo de outros coronavírus encontrados em populações do morcego-ferradura (Rhinolophus affinis).

Numa série de sete vídeos disponíveis no YouTube, Dias, que é doutor em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses, fala sobre o genoma dos diferentes coronavírus existentes e como está sendo para a ciência o enfrentamento desse novo tipo. Assista.



Origem

De acordo com nota produzida pelos integrantes da Comissão Nacional de Animais Selvagens, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNAS/CFMV), os estudos genéticos revelaram que os morcegos hospedam um tipo de vírus muito semelhante ao SARS CoV-2, que possivelmente infectou uma outra espécie animal, dando origem a uma recombinação genética que resultou no vírus responsável pela pandemia. No entanto, a comissão destaca que a identidade de qualquer hospedeiro intermediário que possa ter facilitado a transmissão para humanos ainda não foi comprovada, assim como a sua forma de transmissão.

Para a CNAS, a transmissão animal-humano da covid-19 ainda precisa ser mais bem estudada. “Mas o pangolim (Manis sp.) vem sendo apontado como um possível hospedeiro intermediário do vírus, porém, ainda sem consenso entre os pesquisadores”, pondera a nota da comissão.

A médica-veterinária Hilari Hidasi, presidente da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (Abravas), reforça que ainda está sob investigação o surgimento desse novo coronavírus. Ela esclarece que as “pesquisas mostraram que o coronavírus encontrado em morcego tem 96% de similaridade com o SARS-CoV-2, porém, a proteína S, que constitui o receptor pelo qual o SARS-CoV-2 se liga nas células do homem, é diferente nesse vírus encontrado no morcego”. Ela acrescenta: “É importante dizer que essa espécie de morcego (R. affinis), na qual se detectou o vírus, é endêmica da China e estava em período de hibernação na época de aparecimento”.

Sobre a origem da transmissão, Hidasi concorda com a CNAS e diz que a suspeita é de que o coronavírus do morcego teria sido transmitido primeiro ao pangolim (Manis javanica), pois o R. affinis não estaria presente no mercado chinês durante a investigação. Já o pangolim teria sido encontrado no local, fruto de importação ilegal, e nessa espécie teriam identificado um coronavírus com a proteína S similar ao do SARS-CoV-2.

“Porém, o SARS-CoV-2 ainda tem um sítio de clivagem polibásico, não presente nos coronavírus encontrados no morcego e pangolim. Ou seja, a teoria mais aceita pelos cientistas é de que ocorreu nesses animais uma seleção natural para adquirir esse sítio antes da transmissão ao homem. Isso seria possível, pois há muitos tipos de coronavírus existentes em populações de animais de vida livre”, explica Hidasi. 

Na visão do professor Dias, evidências apontam para o pangolim, entretanto há outros animais que poderiam ter sido hospedeiros intermediários, incluindo animais domésticos e silvestres. “Vários deles sabidamente se infectam e poderiam ter transmitido o SARS-CoV-2 a humanos”, afirma.

O fato é que, em 2012, quando ocorreu o surto de Síndrome Respiratória no Oriente Médio, causado pelo coronavírus MERS-CoV (Middle East respiratory syndrome-related coronavirus), a transmissão se deu de morcegos a camelídeos e, depois, para humanos. Dez anos antes, a Síndrome Respiratória Aguda Grave na China, causada pelo SARS-CoV-1, também tinha o morcego como reservatório, que a transmitiu a civetas (animais consumidos como fonte de proteínas) e das delas para os humanos.

“Dentre os 38 coronavírus conhecidos, 22 foram descobertos na China. Os coronavírus que têm capacidade de se ligar ao receptor ACE2 no homem [proteína presente no corpo humano, especialmente no pulmão, que atua como receptor do coronavírus] são os mais estudados, por causa do seu potencial zoonótico, e eles foram todos isolados em morcegos do gênero Rhinolophus sp., que têm distribuição cosmopolita [pode ser encontrado praticamente em qualquer lugar do mundo]”, afirma Hidasi.

A médica-veterinária explica que o sistema imune dessa espécie de morcego é diferenciado, por conta da sua adaptação para o voo, o que a torna ainda mais suscetível a diferentes vírus, quando comparada a outros mamíferos. Ao mesmo tempo, essa mesma capacidade de voo e migração favorece a disseminação do vírus.

Dias acrescenta que os morcegos são tão suscetíveis aos vírus quanto outros mamíferos. “Porém seu sistema imune é mais complacente, lidando de forma diferente com infecções virais e a resposta inflamatória”, diz o professor da USP.

“O histórico das epidemias por coronavírus, a ocorrência dos morcegos e a proximidade e relação entre possíveis hospedeiros, como animais sendo consumidos como alimento, e grande densidade populacional, facilitam a mutação viral e sua dispersão, seja por contato direto ou por fômites contaminados [qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos de um indivíduo a outro]”, conclui a presidente da Abravas.



Segurança sanitária

Para evitar tragédias anunciadas como a que estamos passando e mitigar futuras pandemias, o caminho seria proibir a venda de animais silvestres para o consumo humano como alimento? Para a CNAS, a falta de controle sanitário na produção dos alimentos de origem animal é o maior dos problemas, já que a manipulação correta, a cocção ou o congelamento de carnes exóticas pode eliminar ou inativar patógenos.

“Acreditamos que a promoção de campanhas de educação em saúde direcionada à produção e ao consumo de alimentos de origem animal seja uma boa conduta. Aliada, é claro, ao cumprimento da legislação, com a aquisição de animais silvestres procedentes de locais devidamente registrados e com controle sanitário adequado”, afirma a comissão.

Assim também pensa a presidente da Abravas. Ela explica que as condições insalubres às quais os animais são submetidos em mercados sem regulamentação, com diversas espécies (cães, galinhas, cobras, porcos, civetas) dividindo o mesmo espaço físico, em gaiolas pequenas, péssimas condições de higiene, com dieta deficiente, manipulados e abatidos em local sem controle higiênico-sanitário, acabam gerando estresse prolongado nos animais, o que leva à imunossupressão, predispondo-os ao contágio e transmissão viral e, consequentemente, aumentando a possibilidade do aparecimento de zoonoses e antropozoonoses.

“A criação em cativeiro, se realizada de acordo com as normas sanitárias e de bem-estar e supervisionada por um médico-veterinário capacitado, reduz ao mínimo a possibilidade de contágio”, afirma Hidasi.

Como medidas preventivas contra novas pandemias, o Dias defende o combate ao tráfico de animais selvagens, o aumento da seguridade alimentar, ou seja, o acesso à alimentação adequada e segura, e a melhoria do saneamento básico da população.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em inglês), especificamente em seus escritórios na Europa e Ásia, tem feito alertas diversos, desde o início da pandemia de covid-19, tem divulgado ativamente as práticas de higiene, inclusive com relação ao consumo de carne de animais selvagens.

“As pessoas não devem manipular, preparar, sacrificar, vender, ou consumir carne que se origina de animais selvagens, de gado doente ou que tenha morrido de causas desconhecidas” destaca a FAO. Ainda acrescenta que a carne crua de animais selvagens ou pratos crus, à base de sangue de animais selvagens, não devem ser consumidos. "Essas práticas expõem as pessoas a alto risco de infecções", informa a entidade, que recomenda a adoção das boas práticas de higiene habitual, como lavar as mãos antes e depois de manipular ou alimentar o gado ou os pets, incluindo o manejo de carne de animais silvestres.

Para contribuir com a prevenção e o controle da propagação de coronavírus, a FAO ressalta que todas as ações devem ser coordenadas com o enfoque da Saúde Única, vinculadas a especialistas em saúde animal, humana e ambiental, como o médico-veterinário. A entidade reitera a necessidade de comunicação imediata ao serviço veterinário oficial e às autoridades de sanidade animal a respeito de qualquer morbidade ou mortalidade incomum dos animais.



Transmissão

Alinhada às autoridades sanitárias internacionais, a FAO reforça que, até o momento, não há evidências significativas da transmissão do novo coronavírus de animais para humanos, portanto, não há justificativa para tomar medidas que comprometam o bem-estar dos animais.

Desde a primeira manifestação global do novo coronavírus, a FAO colabora estrategicamente com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a OIE para ajudar os países-membros a identificar animais que possam hospedar esse vírus e reduzir os eventos de contágio humano.

“Se você está realizando pesquisas para determinar a epidemiologia da covid-19 e a participação de animais como reservatório de vírus ou hospedeiros intermediários, comunique a organização”, solicita a FAO, que supervisiona e compara informações detalhadas sobre a situação dos doentes em todo o mundo, além de coordenar atividades de prevenção, preparação e detecção de animais.

A CNAS acrescenta que é prematuro falar da transmissão da covid-19 entre animais e apontar quais espécies podem ou não se infectar com o novo coronavírus. O que já se sabe sobre as coronaviroses, catalogadas e estudadas antes mesmo dessa pandemia e que nada têm a ver com o SARS-CoV-2, é que são mais comuns em mamíferos e aves, segundo a presidente da Abravas. “Podem acometer grupos animais específicos, como cetáceos, quirópteros, felinos, caninos, humanos, ouriços, ungulados, podendo ocorrer transmissão entre espécies, porém, o fato de haver transmissão não, necessariamente, significa manifestação de doença”, diz Hidasi.

De qualquer forma, para toda doença, a CNAS recomenda seguir o protocolo de prevenção instituído, desde que se conheça o perfil epidemiológico da população, o patógeno e como ele causa alterações na saúde de animais e humanos. “Para alguns coronavírus das espécies domésticas já existem até vacinas para os animais, as quais fazem parte de protocolos preventivos”.

“A transmissão não necessariamente significa manifestação de doença”, complementa a presidente da Abravas. De qualquer forma, como velejamos em mares nunca dantes navegados, a presidente da Abravas recomenda as medidas sanitárias adequadas para a prevenção de doenças de uma forma geral: lavar as mãos regularmente, fornecer manejo adequado ao animal (temperatura, ventilação, iluminação, nutrição, recinto etc.), manter o ambiente que o animal frequenta sempre limpo e evitar contato direto do animal com pessoas imunocomprometidas. “O tratamento dos animais infectados deverá ser realizado de acordo com a espécie acometida e os sinais clínicos apresentados, sendo o médico-veterinário especializado nessas espécies o responsável por conduzir o caso”, alerta.

Esse tem sido o protocolo no caso da tigresa do zoológico do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, que testou positivo para o novo coronavírus. Hidasi está em contato com os médicos-veterinários da instituição e relata que a tigresa e os outros felídeos acometidos (cinco tigres e três leões) receberam tratamento paliativo, conforme as necessidades. “Até o momento, foi relatado que os animais estão evoluindo bem, clinicamente, e todos os funcionários estão utilizando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) nos cuidados de todos os felídeos selvagens da instituição”, diz.

A médica-veterinária da Abravas explica que os felídeos apresentam um receptor homólogo ao ACE2 nos pulmões, assim como os humanos, implicando predisposição a desenvolver a doença se expostos ao vírus, mas nada que comprove que, uma vez doentes, são capazes de transmitir esse vírus ao homem.



Selvagens pets

Quais são os cuidados para quem cria jiboias, iguanas, papagaios, jabutis, entre outras espécies selvagens, como animais de estimação, seja em uma casa ou apartamento?

No Brasil, a criação legalizada de animais silvestres é prevista em lei. A importância de ter um animal com origem conhecida desde o nascimento garante a sanidade dele e de seus cuidadores. “O risco sanitário ocorre quando a origem do animal é desconhecida, quando não há assistência médico-veterinário periódica, nem ambiente e nutrição adequados, de acordo com as características biológicas da espécie”, alerta a CNAS.

A presidente da Abravas revela que os proprietários que adquirem animais silvestres comercializados legalmente recebem, em sua maioria, orientação adequada sobre o manejo dos animais e acompanhamento médico-veterinário.

“De forma geral, havendo conscientização dos tutores sobre a importância de adquirir animais silvestres de criadores legalizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de conhecer a biologia e o manejo da espécie, bem como orientação e acompanhamento veterinário especializado com check-ups periódicos, reduz-se o risco de ocorrência e disseminação de doenças infectocontagiosas”, tranquiliza Hidasi.

O risco, segundo a médica-veterinária de selvagens, está nos animais silvestres oriundos de tráfico, “pois normalmente foram expostos a condições insalubres e manejo incorreto, predispondo a manifestação de doenças diversas (zoonóticas ou não)”, complementa.

Para os profissionais que atuam nos serviços veterinários essenciais que recebem, atendem, reabilitam ou mantêm animais silvestres e exóticos, sejam em centros de triagem, zoológicos, aquários e criadouros ou mantenedouros de fauna similares, a CNAS recomenda que se mantenha a vigilância em saúde dos funcionários e oriente a utilização dos EPIs por todos. “A saúde do trabalhador também é uma função da Responsabilidade Técnica”, lembra a comissão.

Já a Abravas, publicou uma nota com 23 recomendações específicas aos médicos-veterinários de animais selvagens e pets não convencionais. O documento pode ser acessado no site da associação. Confira.






Dra. Hilari Hidasi - atua como médica-veterinária do Zoológico Municipal de Guarulhos (SP), desde 2012. Preside a Abravas, é doutora em Ciência Animal, com ênfase em ornitopatologia, pela Universidade Federal de Goiás (UFG), onde também concluiu o mestrado e a graduação em Medicina Veterinária (2006). Tem também pós-graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens, pelo Instituto Qualittas.


Dr. Ricardo Augusto Dias - médico-veterinário formado na USP e pós-graduado em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses. Atualmente, é professor associado do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da FMVZ-USP. É membro de comitês consultivos dos ministérios da Agricultura, Pecuária Abastecimento (Mapa) e do Meio Ambiente, além de integrar grupos de trabalho da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Trabalha com Epidemiologia, conservação da biodiversidade e zoonoses.


Ventilador pulmonar aguarda homologação para ser produzido em larga escala



Imagem do protótipo 
Depois de ter sido aprovado em vários testes, expectativa é de que o equipamento seja homologado pela Anvisa já nos próximos dias; ventilador pulmonar vai atender primeiramente hospitais e órgãos públicos com preços subsidiados


Determinados em preservar vidas e evitar um possível colapso no sistema de saúde do país, provocado pela falta de respiradores nos hospitais, os sócios da Tacom, sediada em Belo Horizonte, utilizaram a expertise tecnológica da empresa para desenvolver, por meio do projeto social Inspirar, um ventilador pulmonar inteligente, voltado especificamente para a recuperação de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Depois de ter sido aprovado em vários testes, o equipamento aguarda a homologação da Anvisa para ser produzido em larga escala.

Com a homologação, a empresa pretende fabricar, em 90 dias, 10 mil equipamentos. “Estabelecemos uma política de custos bancados pelas empresas parceiras para que o primeiro lote da Fiemg chegue sem ônus para os hospitais e a preço de custo para o Estado. Nossa política também prevê que antes de atender qualquer pedido de empresas revendedoras, vamos atender primeiramente hospitais e órgãos públicos com preços subsidiados”, afirma o diretor comercial da empresa, Marco Antônio Tonussi. Os primeiros equipamentos serão enviados para a cidade de Itajubá, no Sul de Minas, em uma fábrica erguida especialmente para finalização da montagem. “Estamos fazendo os testes em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em paralelo a isso, nossa fábrica em Itajubá já está pronta para atender a demanda, onde temos um parceiro que monta equipamentos eletrônicos que vai nos ajudar”, completa.

O diretor conta que mobilizou engenheiros, programadores e desenvolvedores na criação do aparelho que, em apenas vinte dias, saiu do papel e se tornou realidade. “Foi um projeto muito diferente do normal. Eu estava inquieto em casa querendo participar efetivamente do combate à doença e pensando como poderíamos aproveitar a tecnologia que desenvolvemos na empresa para isso. A questão da falta de respiradores é grave e fui estudar ventilação mecânica para entender o que poderíamos fazer. O esforço deu origem a um equipamento de base tecnológica avançada e baixo custo, que superou todas as minhas expectativas”, explica.

Entre os apoiadores do projeto estão a Fiemg e a Rede Mater Dei de Saúde, que cedeu profissionais para o desenvolvimento do equipamento e a estrutura para os testes do novo respirador. “Prontamente disponibilizamos médicos, engenheiros clínicos, técnicos de engenharia clínica e fisioterapeutas respiratórios para o projeto. O que nos foi solicitado foi expertise prática para que esse equipamento fosse efetivo no tratamento do Covid-19. É um apoio intenso e quase contínuo. Nos vimos na obrigação de apoiar. É difícil mensurar em valores. Em outro cenário seria tudo muito mais caro e demorado”, pontua o presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador.

Com uma interface simples e custo aproximado de R$ 15.000,00, os ventiladores são significativamente mais baratos que os respiradores importados existentes no mercado, cujo preço médio é US$ 30 mil. E outras vantagens colocam o ventilador à frente dos respiradores comuns. O equipamento evita o vazamento de ar contaminado, expirado pelos respiradores convencionais. Além disso, o uso do aparelho possibilita que profissionais da saúde especialistas em ventilação mecânica possam se dedicar a casos mais graves, já que os ventiladores pulmonares são controlados remotamente, bastando apenas um profissional para controle de até 50 equipamentos simultaneamente.

Os primeiros 1.300 equipamentos já foram encomendados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que fará a distribuição para hospitais e prefeituras selecionadas. O governo do Estado também já sinalizou a compra de outros 1.500 respiradores.


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