Já estamos no outono
e, com a aproximação do inverno, a umidade do ar fica cada vez menor e a queda
da temperatura promove a diminuição da transpiração corporal o que aumenta a
sensação de ressecamento da pele. Além disso, o clima frio leva as pessoas a
tomarem banhos mais quentes e longos, contribuindo para a disruptura da
barreira hidrolipídica que protege a pele, causando mais secura e o surgimento
de vermelhidão, descamação e coceira.
As células da camada
superficial da pele formam uma barreira física protetora, com impermeabilidade
relativa à água, evitando a perda acentuada do líquido de dentro para fora.
Produzem ainda uma substância denominada fator de hidratação natural que possui
alto poder higroscópico, ou seja, capacidade de captar moléculas de água, a fim
de manter o equilíbrio hídrico da pele.
Se a barreira cutânea
fosse uma parede, as células seriam os tijolos, mas para uma eficiente proteção
os espaços entre os tijolos deveriam ser preenchidos com um bom cimento. Neste
caso, o cimento é o produto secretado pelas células da pele, associado a
lipídeos secretados pelas glândulas sebáceas, que também possui propriedades
antimicrobianas e substâncias precursoras da vitamina D. Por isso não se deve
tentar eliminar toda oleosidade da pele, pois ela é benéfica quando na medida
certa.
Para manter a beleza
e saudabilidade da pele é recomendado realizar uma limpeza gentil, hidratação e
proteção contra agentes oxidantes e irritantes como sol, poluição, químicos,
cigarro, entre outros; além de ingerir líquido e manter uma alimentação
saudável. Investir em procedimentos dermatológicos também é recomendado, e a
soma dessas ações trazem benefícios a longo prazo, muito além do clima frio.
Tratamentos de pele
As estações mais
frias são ótimas para realizar procedimentos dermatológicos mais intensos, pois
requerem que o paciente evite a excessiva exposição ao sol. Nessa época, são
recomendados tratamentos com lasers para problemas como manchas, rugas,
cicatrizes de acne e estrias. Além de peelings com ácidos mais concentrados
para uma renovação da pele.
A hidratação da pele
deve ser feita em casa com cremes, loções, óleos e máscaras, de forma
rotineira. Nas clínicas há a opção de realizar uma hidratação mais profunda,
através de técnicas que aumentam a permeabilidade de substâncias reparadoras e
antioxidantes que melhoram o viço da pele. O turgor cutâneo também pode ser
restaurado rapidamente, por meio de aplicações de ácido hialurônico específico
chamado de "skin booster".
Lembre-se: é
importante consultar um dermatologista para saber quais os procedimentos
disponíveis para cada objetivo, assim como manter um acompanhamento para os
tratamentos realizados.
Alimentação saudável
Para prevenir o
envelhecimento da pele, o ideal é escolher alimentos que são fontes de
vitaminas e minerais que neutralizam os radicais livres. Por exemplo, legumes e
hortaliças, frutas ricas em vitamina C como morango, laranja, mexerica, limão e
cereja; entre os vegetais, o brócolis, o repolho e a cenoura - rica em
carotenóides - são exemplos de alimentos para essa estação.
Existem alimentos
que são aliados importantes e devem ser adicionados à dieta: a soja é rica em
isoflavonas, substâncias que evitam o ressecamento e melhoram a elasticidade da
pele; castanhas, nozes e amêndoas são ricas em vitamina E; e o selênio contém
antioxidantes. Todos são compostos importantes para manter a pele saudável e
bonita.
Beba água!
Um erro brutal, que
muitas pessoas cometem, é diminuir a ingestão de líquidos no frio. Beber água é
extremamente importante para conservar a hidratação da pele e o pleno
funcionamento de todo o organismo que pode fica mais debilitado nesta época por
conta das gripes e resfriados. Um corpo hidratado apresenta uma pele mais macia
e elástica.
Para quem possui
dificuldade em tomar água, uma dica é inserir na dieta o consumo de chás claros
ou de frutas e sucos naturais, além de sopas. Dividindo a quantidade indicada
para um dia, de dois litros, entre água e as opções escolhidas. Dessa forma, o
consumo torna-se mais prazeroso.
Doenças da estação
Durante o inverno,
algumas doenças podem surgir, ou piorar, por causa do frio e ressecamento da
pele. As principais são:
Dermatite
seborreica: inflamação crônica e recorrente que ocorre principalmente nas
áreas oleosas e que contêm pêlos como: couro cabeludo, face (área de barba,
sobrancelhas), virilha e tórax anterior, mas também afeta com frequência a
lateral do nariz e orelhas. A causa não é totalmente conhecida, e a inflamação
pode ter origem genética ou ser desencadeada por agentes externos, como o fungo
Pityrosporum ovale. Os sintomas são caracterizados por intensa produção de
oleosidade, vermelhidão, descamação e coceira. A descamação pode causar caspa,
que varia desde fina até a formação de grandes crostas aderidas ao couro
cabeludo, a chamada seborreia.
Dermatite atópica: é caracterizada pelo
ressecamento e excesso de lesões avermelhadas na pele. A interação entre
predisposição genética, fatores ambientais, defeito da barreira cutânea e
desregulação imunológica é o que leva ao aparecimento dos eczemas atópicos. O
principal sintoma é a coceira, que pode começar antes das lesões cutâneas se
manifestarem, podendo atingir a face, tronco e membros. Na infância, as lesões
surgem nas bochechas - ainda com poucos meses de idade - podendo disseminar
para os braços e pernas. Nos adolescentes e adultos, as feridas localizam-se
nas áreas de dobras da pele, como posterior dos joelhos, pescoço e dobras dos
braços, além da cabeça. Locais em que a pele se torna mais grossa, áspera e
escurecida. Pode estar associada à asma e rinite.
Psoríase: doença crônica de
pele que geralmente causa lesões avermelhadas em placas e descamativas no couro
cabeludo, cotovelos e joelhos, mas pode afetar qualquer região do corpo. Outras
formas de apresentação também existem, como a pustulosa. É causada por fatores
genéticos e distúrbio do sistema imunológico. Atinge igualmente homens e
mulheres e pode se desenvolver em qualquer idade, mais comumente entre os 20 e
40 anos. Estresse, trauma da pele, medicamentos, infecções e frio atuam como
fatores desencadeantes da doença. O quadro da pele pode ser acompanhado por
alterações nas unhas e inflamação de articulações.
Ictiose vulgar: condição hereditária
que resulta em uma pele extremamente seca com descamação fina ou até rachaduras
de aspecto geométrico. É causada por mutações dos genes que codificam a
proteína filagrina, uma das moléculas responsáveis pela impermeabilidade da
pele e por sua hidratação. Aparece geralmente na infância e as áreas mais
atingidas são os membros, podendo afetar também a face, tronco e o couro
cabeludo.
Resumo de dicas para
manter a pele hidratada:
• Beber, no mínimo,
dois litros de água por dia;
• Evitar banhos
quentes e demorados. Use um aquecedor portátil no banheiro para aquecer o
ambiente e não aumentar a temperatura da água.
• Evitar se ensaboar
demais e usar buchas, esponjas, toalhas, escovas para esfregar o corpo, pois
isso contribui para retirar o manto hidrolipídico (hidratante natural produzido
pelo organismo) que protege a pele;
• Escolha sabonetes
líquidos hidratantes ou para pele sensível/alérgica e passe especialmente nas
dobras corporais (axila, virilha, genital), áreas oleosas (face, tórax
anterior) e áreas mais sujas como os pés. Nos braços, pernas e abdome prefira o
uso de cremes ou óleos higienizadores.
• Usar hidratante após
o banho ajuda na absorção do creme;
• Para peles oleosas e
acneicas utilize hidratantes oil free, gel ou sérum;
• Os lábios também
costumam ressecar muito no inverno. É importante usar hidratantes específicos
com FPS e assim evitar rachaduras; Evite molhar os lábios com a saliva pois
piora o ressecamento.
• Use filtro solar
diariamente, mesmo nos dias nublados e com chuva. Ele forma um filme protetor
que ajudar a bloquear a ação do frio bem como a radiação solar.
Esse ano o inverno começa oficialmente no dia 20 de junho, mas já podemos redobrar os cuidados diários com a pele para que ela se mantenha saudável e bonita durante todo o ano. Procure seu dermatologista e mantenha uma rotina de cuidados com a pele.
Dra. Lilian Odo - dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Academia
Americana de Dermatologia. Fez especialização em Laser na Universidade de
Hokkaido, Japão; e de Cicatrização na Universidade de Boston, EUA. Atualmente,
é convidada para ministrar aulas em Congressos de âmbito Nacional e
Internacional. http://clinicasodo.com.br/index.php/dra-lilian/