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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Trabalho em grupo é solução para qualidade e equidade em sala de aula, diz especialista


Rachel Lotan, formadora de educadores da Universidade de Stanford, propaga metodologia em instituições de ensino brasileiras


A dicotomia entre equidade e excelência permeia o debate sobre política educacional e trabalho docente. Ao desafiar a turma, alguns alunos podem não acompanhar a classe. Por outro lado, ao nivelar por baixo, alguns não serão desafiados. Dessa forma, o professor se vê diante da tarefa de ajudar aqueles com mais dificuldades ou apostar nos que sentam nas carteiras da frente. Para Rachel Lotan, autora do livro "Planejando o trabalho em grupo" e professora da Universidade de Stanford, essa dicotomia não precisa e não deve existir.

Segundo Rachel, que foi diretora do Stanford Teacher Education Program (STEP) por quase 20 anos, o trabalho em grupo é a arma mais eficaz para a obtenção de resultados ao mesmo tempo equitativos e rigorosos. "Para isso, é preciso deixar de lado nossa percepção sobre trabalho em grupo como algo artesanal ou intuitivo em que uns poucos fazem tudo, seja porque alguns não conseguem ter voz, seja porque há quem se aproveite dos mais esforçados", explica. 

A educadora veio ao Brasil para um módulo de imersão do Programa de Especialização Docente (PED), que reuniu professores de nove instituições de ensino de todo o país na Universidade Positivo, em Curitiba (PR). No programa, os participantes descobriram que é preciso construir uma nova prática que possibilite um processo de aprendizagem realmente significativo e produtivo para todos os alunos. "Um trabalho em grupo só vai promover a equidade se todos os estudantes participarem ativamente", afirma Marilda de Souza, assessora do PED Brasil no Colégio Positivo.

Na metodologia difundida por Rachel, pautada no Ensino para Equidade, cada integrante do grupo recebe uma função e, juntos, devem buscar soluções para problemas complexos - cada um no seu tempo. "O grupo só acaba quando todos acabam", reforça Marilda. "Em um trabalho em grupo, devemos delegar aos alunos autoridade e, ao mesmo tempo, torná-los responsáveis para desempenharem determinadas funções dentro da equipe, elaborando atividades abertas, em que um dos objetivos é desenvolver o sentimento de pertencimento ao grupo”, completa.


Múltiplos Benefícios

De acordo com a gerente geral do Centro de Inovação Pedagógica do Colégio Positivo (CIPP), Maria Fernanda Suss, o trabalho em grupo é uma técnica eficaz para o aprendizado conceitual e para a resolução criativa de problemas. "Com a prática, o aluno melhora o relacionamento interpessoal, a autoconfiança e o respeito à diversidade - habilidades fundamentais que servem para toda a vida", afirma. 

Ainda segundo ela, com autonomia, os estudantes tornam-se mais envolvidos e engajados no processo de aprendizagem, fazendo com que o conteúdo realmente tenha significado. "Ao discutir e pesquisar o tema com os colegas, eles falam a mesma linguagem, experimentam a mesma fase de vida e, por isso, trazem o conhecimento que faça sentido para aquele momento em que vivem. É muito diferente de quando o professor expõe um assunto do qual tem completo domínio, mas sem conexão com a realidade do aluno", ressalta Maria Fernanda.

Ela explica também que, ao permitir aos alunos que tomem decisões por si mesmos, em vez de dizer a eles exatamente o que fazer, eles aprendem a ser cidadãos ativos na coletividade e protagonistas da sua história. "Estamos falando de um contraponto para os métodos em que o professor faz toda a condução e diz o que os alunos devem fazer, limitando-os a receptores de conteúdos", reforça.


Impulso para o Ensino Bilíngue
A metodologia proposta por Rachel é um grande diferencial também para o Ensino Bilíngue, de acordo com Mariângela Hoog Cunha, diretora do Colégio Positivo Master. "Em uma sala de aula comum, é normal que o professor fale e os estudantes prestem atenção. Já com as atividades em grupo, o debate entre os alunos e a apresentação dos resultados para a turma promovem, de forma muito mais rápida e eficaz, o desenvolvimento de proficiência na segunda língua", explica.

Cada um com seu papel

"Eu achava que trabalho em grupo era colocar alunos juntos e dar uma atividade. E não é isso”, conta a professora Letícia Castro, do Colégio Positivo Internacional. "No PED, a gente aprende que tem que organizar o trabalho em grupo. Na primeira vez, achei que daria muito trabalho e perderia muito tempo dividindo a turma e delegando funções. Depois, percebi que isso se torna automático - é algo que acaba facilitando demais o aprendizado, a motivação e a disciplina", relata.

Em cada grupo, os alunos têm papéis diferentes. O Facilitador é responsável por procurar respostas para as perguntas que surgirem dentro do grupo (o professor é consultado apenas se ninguém na equipe puder ajudar); o Harmonizador facilita a resolução de conflitos interpessoais, mantém a disciplina e a unidade da equipe; o Verificador certifica-se de que todo mundo tenha completado seu relatório individual; o Monitor de Recursos é responsável por obter materiais e recursos e guardá-los adequadamente; e o Repórter organiza o relatório do grupo e faz a apresentação para a turma. "Minhas crianças têm de sete a oito anos e, mesmo assim, elas conseguem desempenhar todos os papéis. É questão de hábito, eles vão se acostumando", garante Letícia.

Para ela, essa divisão de funções garante mais tempo para explicações e mais atenção para cada grupo. "Quando um professor tem cinco facilitadores que vão fazer as perguntas do grupo é muito mais tranquilo que 23 crianças levantando e indo conversar com ele. Com essa organização, eles têm muito mais chance de conversar com a professora", ressalta.


Formação

Desde 2016, quando o PED foi implantado no Brasil, o Colégio Positivo promove a formação de seus professores na especialização. "São cerca de 70 profissionais formados todos os anos e, atualmente, temos 23 professores do Colégio Positivo em formação continuada, sendo que nove deles já estão habilitados a preparar outros colegas para dar andamento nesta missão", afirma o diretor-geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann. 


EAD cresce e traz novas oportunidades no mercado de trabalho


Modalidade já representa mais de 20% das matrículas de graduação no país


O crescimento vertiginoso no ensino à distância (EAD) no país traz constantes discussões sobre a qualificação profissional no mercado de trabalho frente as inúmeras ofertas de cursos. Levantamento do último Censo da Educação Superior, realizado em 2017 e divulgado pelo INEP/MEC apontam que mais de 1,7 milhão de brasileiros optaram pela modalidade no ensino superior, dado que representa mais de 20% das matrículas de graduação no país.

Apesar de ainda encontrar resistência em determinadas áreas da educação, a tendência é que esses números sigam em expansão nos próximos anos. De acordo com Daniel Silva, Pró-Reitor de Ensino a Distância do Centro Universitário UniDomBosco, a modalidade é um propulsor da educação no país.
“Apesar da denominação de ensino à distância, a modalidade aproximou as pessoas do conhecimento e tornou-se uma ferramenta de inclusão social. Antes, a educação era concentrada nos grandes centros, agora ela é acessível à população e com amplas opções de especialização”, destaca Silva.

Divulgado em agosto de 2019, o Estudo Todos pela Educação aponta outra tendência no EAD. Segundo a pesquisa, 61% das pessoas que iniciaram cursos de pedagogia e licenciaturas em 2017 estavam no ensino à distância, contra 34% em 2010. A média nas demais graduações, subiu de 13% para 27%, conforme as estatísticas do Censo de Educação Superior.  

Seguindo essa tendência, o Centro Universitário UniDomBosco desenvolveu um curso específico de “Segunda Graduação com Licenciatura em Pedagogia”. Neste programa, quem já é formado em alguma licenciatura, independente da primeira graduação, cursa somente 1 ano para se formar em Pedagogia, adquirindo uma segunda graduação.

“É uma licenciatura complementar e que amplia as oportunidades no mercado de trabalho, onde o aluno pode se preparar para atuar como diretor, coordenador e orientador pedagógico”, afirma Daniel.

Avaliado com nota máxima no MEC, a instituição oferece mais de 30 opções de graduação EAD, desde cursos tradicionais como administração, filosofia, geografia até tendências como defesa cibernética, marketing digital e sistema para internet (ênfase em internet das coisas).


POR QUE TRATAR SOBRE “FAKE NEWS” EM SALA DE AULA?


Inevitavelmente, você já ouviu falar sobre Fake News, certo? Para quem tem dúvidas, Fake News são notícias falsas que acabam sendo publicadas por veículos de comunicação ou propagadas pelas redes sociais como se fossem fatos verdadeiros. Esses materiais normalmente são feitos e divulgados com o objetivo de legitimar determinado ponto de vista ou prejudicar uma pessoa, um grupo ou empresa.

O fato é que as Fake News viralizam de maneira simples e rápida uma vez que, em geral, as notícias têm forte apelo emocional ou são sensacionalistas e levam as pessoas a consumir e replicar a informação sem confirmar se o conteúdo é ou não verdadeiro.

O termo Fake News é novo, porém, antes mesmo dele existir já havia uma discussão na escola, junto aos alunos, a respeito da propagação de boatos. É comum aos professores, quando vão iniciar os alunos no mundo da pesquisa, para realização de um trabalho, por exemplo, explicar a eles que é possível realizar a busca por informações em uma série de canais. Até poucos anos atrás, isso acontecia exclusivamente em livros, revistas e jornais, nas Bibliotecas. Hoje em dia, com a internet à disposição, os alunos utilizam com frequência a ferramenta digital. É neste momento que acontecem as orientações. Os professores sempre conversam e ensinam aos alunos como fazer as pesquisas, como reconhecer se determinado site é realmente sério e até como verificar a informação antes de utilizá-la nos estudos e trabalhos que serão entregues. Este é um primeiro passo para o reconhecimento e combate das Fake News na escola.

Outra forma de abordar o tema com os alunos vem por meio da promoção de debates. É importante explicar aos alunos sobre a ocorrência das Fake News por meio da apresentação de casos do nosso cotidiano em sala de aula. Não é incomum ver os alunos comentando sobre determinado vídeo ou texto que circula por ferramentas de comunicação digital. É válido trazer o tema para a sala e deixar que eles reflitam e entendam as consequências que a propagação de uma notícia falsa pode trazer, seja em esfera pessoal, para uma pequena comunidade ou até para um país.

Cabe, por exemplo, fazer rodas de conversas com os alunos, assistir filmes e peças de teatro com foco no tema, levar a discussão para dentro de casa e para o círculo de amigos só reforça o combate a esse problema da vida moderna. No fim, os professores e coordenadores acabam recebendo relatos dos próprios alunos de extrema conscientização a respeito das Fake News e das consequências que elas podem trazer.

No ambiente escolar, uma Fake News pode trazer consequências diversas. Quando a notícia falsa envolve um aluno, por exemplo, é possível que ocorra Bullying, dependendo do teor da notícia. Assim, é preciso atenção ao comportamento dos alunos e adoção de medidas que deem fim à propagação de tal informação. As Fake News – seja qual for o assunto (política, economia, relações exteriores, eleições, celebridades, etc) - também podem desviar a atenção dos alunos do conteúdo transmitido em sala de aula, o que prejudica o aprendizado.

Claro, há formas de detectar o assunto e, junto com os próprios alunos, desvendar se a notícia é verdadeira ou falsa, ressaltando sempre a importância de verificar quem e como determinado assunto foi propagado para evitar que continue a ser comentado por outros. Discutir sobre um problema é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores recursos para evitar que ele volte a acontecer. Que tal pensar nisso?




Sueli Bravi Conte - educadora, psicopedagoga, doutoranda em Neurociência e mantenedora do Colégio Renovação, instituição de ensino com mais de 30 anos de atividades e que atua da Educação Infantil ao Ensino Médio.

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