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domingo, 3 de março de 2019

Cadernetas de saúde da criança estão sendo enviadas aos estados



Até final de março, serão enviados aos estados 3,2 milhões do documento que permite acompanhar a saúde da criança até os nove anos de idade
O Ministério da Saúde iniciou em fevereiro a distribuição de Cadernetas de Saúde da Criança – Passaporte da Cidadania. Foram adquiridas 3.277.186 cadernetas. O documento acompanha a situação de saúde das crianças até os nove anos de idade. A Caderneta estará em todos os estados até o final do mês de março.
O quantitativo adquirido pelo Ministério tem como base a média de nascidos vivos do ano de 2017 registrado pelos estados no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). A orientação da Pasta é que os gestores distribuam nas maternidades públicas e privadas e também nas unidades de saúde da atenção primária.
A Caderneta é um instrumento de coordenação do cuidado. As informações de saúde registradas no documento permitem acompanhamento e compartilhamento dos profissionais com a família, facilitando a comunicação entre os serviços que cuidam da criança nos diversos níveis de atenção.
A Política Nacional de Saúde da Criança prevê a disponibilização da "Caderneta de Saúde da Criança", com atualização periódica de seu conteúdo (art. 9º do anexo X), bem como a sua distribuição gratuitamente a todas as crianças nascidas em território nacional.
TABELA POR UF
UF
Quantidade total
AC
18.974
AM
88.350
AP
19.608
AL
55.174
BA
229.816
CE
146.964
DF
65.062
ES
61.702
GO
97.348
MA
126.258
MG
294.510
MS
48.906
MT
62.090
PA
157.822
PB
64.892
PE
153.428
PI
57.886
RN
53.442
RJ
245.610
RO
31.072
RR
12.914
RS
164.670
SC
111.160
SE
38.612
SP
663.670
TO
27.214
*Reserva Técnica
180.032
TOTAL DE CADERNETAS
3.277.186
*O Paraná opta por imprimir a Caderneta no próprio estado





Paula Rosa
Agência Saúde


Meningite meningocócica: saiba como se prevenir



A meningite é uma doença grave que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, fungos e vírus.1,2 A meningite bacteriana costuma apresentar um quadro clínico mais grave.2 No Brasil, casos de meningite são esperados ao longo de todo o ano, sendo a ocorrência das bacterianas mais comum no inverno e, das virais, no verão.3

A meningite meningocócica é uma infecção bacteriana das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo causar sequelas e até mesmo levar a óbito.1 É causada pela bactéria Neisseria meningitidis que possui 12 sorogrupos identificados1,4, sendo que cinco deles são os mais comuns (A, B, C, W e Y).4

Por ser uma doença grave, é importante conhecer os diferentes tipos de meningite e saber como se prevenir. Confira abaixo algumas informações sobre a doença como transmissão, sintomas e formas de prevenção.


- Quais as diferenças entre meningite viral e meningite bacteriana?

As meningites bacterianas são, do ponto de vista clínico, as mais graves.2 A meningite meningocócica (causada pela Neisseria meningitidis) certamente está entre as doenças imunopreveníveis que causam maior preocupação4 e, pela magnitude, gravidade e potencial de ocasionar surtos e epidemias, apresenta maior importância para a saúde pública.2 Já as meningites virais podem se expressar por meio de surtos, porém com menor gravidade.2


- O que é doença meningocócica? Por que é uma doença grave?

A Doença Meningocócica (DM) é causada pela bactéria Neisseria meningitidis e uma das formas de manifestação é a meningite meningocócica, que é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Uma outra forma mais grave é quando a bactéria atinge a corrente sanguínea, chamada de meningococcemia.1,4,5

Mesmo quando a doença é diagnosticada precocemente e o tratamento adequado é iniciado, 8% a 15% dos pacientes vão a óbito, geralmente dentro de 24 a 48 horas após o início dos sintomas.1 

Se não for tratada, a meningite meningocócica é fatal em 50% dos casos e pode resultar em dano cerebral, perda auditiva ou incapacidade em 10% a 20% dos sobreviventes.1


- Como a meningite meningocócica pode ser transmitida?

O meningococo, bactéria que causa a meningite meningocócica, pode ser transmitido de uma pessoa para outra por meio do contato direto com gotículas respiratórias através de tosse, espirro e beijo, por exemplo.1 Aproximadamente 10% dos adolescentes e adultos possuem a bactéria na orofaringe (“garganta”) e podem transmiti-la mesmo sem adoecer – são chamados de portadores assintomáticos.5


- Quais são os sintomas mais comuns?

Os sinais e sintomas iniciais da meningite meningocócica — incluindo febre, irritabilidade, dor de cabeça, perda de apetite, náusea e vômito6 — podem ser confundidos com outras doenças infecciosas.5

Na sequência, o paciente pode apresentar pequenas manchas violáceas (arroxeadas) na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz.5,6

Se não for rapidamente tratado, o quadro pode evoluir para confusão mental, convulsão, sepse e choque, falência múltipla de órgãos e risco de óbito.5,6
Essa rápida evolução e início abrupto, pode levar a óbito em menos de 24 a 48 horas.5 Por isso, é tão importante a prevenção da doença.3


- Quais são as principais formas de prevenção?

A vacinação é considerada uma forma eficaz na prevenção da doença.3 A vacina para prevenção da doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y é indicada para crianças a partir dos 2 meses de idade, adolescentes e adultos.7 Já a vacina para a proteção contra a doença meningocócica causada pelo meningococo B é indicada para indivíduos dos dois meses aos 50 anos de idade.8 Nos postos de saúde, a vacina para proteção contra a doença causada pelo meningococo C é gratuita para crianças menores de 5 anos de idade e adolescentes de 11 a 14 anos.9

Outras formas de prevenção são evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos.3





GSK 

*Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.



Referências:
  1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Meningococcal Meningitis. Disponível em: <www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/meningococcal-meningitis> Acesso em: 16 jul. 2018.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Meningites. Disponível em: <https://www.infectologia.org.br/pg/962/meningites>. Acesso: em 16 jul. 2018.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Meningites (Saúde de A a Z). Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/meningites>. Acesso em:  16 jul. 2018
  4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Doença meningocócica (DM). Disponível em: <https://familia.sbim.org.br/doencas/88-doenca-meningococica-dm> Acesso em: 16 jul. 2018.
  5. CASTIÑEIRAS, TMPP. et al. Doença meningocócica. In: CENTRO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE PARA VIAJANTES. Disponível em: <http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html>. Acesso em 16 jul. 2018.
  6. THOMPSON, MJ. et al. Clinical recognition of meningococcal disease in children and adolescents. Lancet, 367:397-403, 2006.
  7. MENVEO [vacina meningocócica ACWY (conjugada)]. Bula da vacina.
  8. BEXSERO [vacina adsorvida meningocócica B (recombinante)]. Bula da vacina.
  9. BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário nacional de vacinação 2018. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/julho/11/Calendario-de-Vacinacao-2018.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018

Mulher e enxaqueca: uma relação que merece atenção


  
- No Dia da Mulher, médico alerta sobre incidência da doença em mulheres, que impacta 2 vezes mais o sexo feminino

- Enxaqueca é considerada uma das doenças mais prevalentes e incapacitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde

- Nova terapia, que chega ao primeiro semestre no Brasil, previne o início e a ocorrência das crises


O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, marca uma série de fatos, lutas políticas e sociais das mulheres. Porém, a data também enfatiza a necessidade da atenção ao cuidado com a saúde. E, em se tratando de saúde da mulher, é inevitável não mencionar o alerta em relação à enxaqueca – doença que atinge mais mulheres do que homens1.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 1, a enxaqueca (ou migrânea) tem uma proporção 2:1, ou seja, a doença atinge a cada duas mulheres x um homem. A doença neurológica atinge 15 a cada 100 brasileiros, o que equivale a 30 milhões de pessoas no país4,5. No mundo, é a terceira doença mais prevalente2 e ocorre no auge da idade produtiva, entre os 35 e 45 anos, impactando em incapacidade temporária durante as crises3.

A maior incidência pode estar associada à hereditariedade, bem como ter relação com as variações hormonais que as mulheres enfrentam ao longo da vida. "Um dos principais gatilhos da enxaqueca refere-se à queda dos níveis de estrógeno durante a menstruação ou menopausa, o que faz com que as dores ocorram com maior frequência. Há diversos outros aspectos que influenciam, tais como predisposição genética para a enxaqueca, hipersensibilidade cerebral e estresse", afirma Dr. Mario Peres, médico neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

"A efeméride traz à luz questões importantes como o julgamento da doença. A mulher já é julgada socialmente e a mulher com enxaqueca acaba sendo julgada duplamente. Isso porque muitas pessoas não compreendem a doença, por vezes, considerada incapacitante. Trata-se de uma doença invisível, mas com impacto devastador", explica Mário Peres, médico neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

A OMS ainda lembra que a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante no mundo e pode gerar impactos diretos na vida pessoal e profissional1. Estima-se que os custos diretos e indiretos da enxaqueca, incluindo a perda de produtividade, chegam a 27 bilhões de euros na Europa6,7 e 20 bilhões de dólares nos Estados Unidos por ano8,9.


Inovação no tratamento

A boa notícia é que com os avanços da medicina, tratamentos cada vez mais específicos estão sendo lançados. É o caso da enxaqueca, que contará com o lançamento da molécula erenumabe, tratamento biológico capaz de bloquear diretamente o ciclo da doença com ação profilática, ou seja, reduzir ou evitar o início e a ocorrência das crises10. O novo tratamento, já aprovado em 2018 nos Estados Unidos (FDA) e na Europa (EMA), deve chegar ao Brasil ainda no primeiro semestre.

"Um dos principais diferenciais da medicação é que ela praticamente não oferece efeitos colaterais. O fármaco, aplicado via injeção subcutânea, é um anticorpo monoclonal sintetizado em laboratório. Os anticorpos acabam sendo direcionados para o bloqueio da CGRP, molécula do Sistema Nervoso relacionada à enxaqueca; quando a nova molécula se associa à CGRP há diminuição das crises", explica o Dr. Mario Peres.


Informação e interatividade

Com o propósito de contribuir com os pacientes, a Novartis desenvolveu o site
www.maisumdiasemenxaqueca.com.br com informações sobre enxaqueca, passando pela descrição da doença, diagnóstico e tratamento, dicas de qualidade de vida e notícias sobre o tema. O canal também possui uma fanpage no Facebook a /maisumdiasemenxaqueca.

No site, o usuário pode participar do quiz "Dor de cabeça ou enxaqueca – entenda a diferença" e entender mais sobre o diagnóstico da enxaqueca, a relação entre produtividade e gatilhos como a hereditariedade, alimentação e estilo de vida. Além do portal, a empresa também oferece o aplicativo Migraine Buddy, um diário digital da doença para o paciente registrar suas crises, sintomas associados, entre outras funcionalidades. O app está disponível para dispositivos da Apple e Android.




Novartis






Referências:
1) Stovner LJ, Andrée C; Eurolight Steering Committee. Impact of headache in Europe: a review for the Eurolight project. J Headache Pain. 2008 Jun;9(3):139-46. ORGANIZATION, W. H. Headache Disorders. 2016. Disponível em: . Acesso em: February 2019.
2) Migraine Research Foundation. Migraine Fact Sheet. 2015. http://www.migraineresearchfoundation.org/fact-sheet.html. Acessado em janeiro de 2018.
3) Novartis announces Phase III study shows AMG 334 significantly reduces monthly migraine data in people with episodic migraine. http://www.novartis.com/news/media-releases/novartis-announces-phase-iii-study-shows-amg-334-significantly-reduces-monthly. Acessado em janeiro de 2018.].
4) QUEIROZ, L. P. et al. A nationwide population-based study of migraine in Brazil. Cephalalgia, v. 29, n. 6, p. 642-9, Jun 2009.
5) ESTATÍSTICA, I.-I. B. D. G. E. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 7 de fevereiro.
6) Jenkins CJ, et al. Chest 2017;151(3):686–96;
7) Stovner LJ, Andrée C; Eurolight Steering Committee. Impact of headache in Europe: a review for the Eurolight project. J Headache Pain. 2008 Jun;9(3):139-46.
8) Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Indirect cost burden of migraine in the United States. J Occup Environ Med. 2007;49(4):368-374.
9) Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Direct cost burden among insured US employees with migraine. Headache. 2007;48(4):553-563.
10) Reuter, U et al. Efficacy and safety of erenumab in episodic migraine patients with 2-4 prior preventive treatment failures: Results from the Phase 3b LIBERTY study. Emerging science abstract presented at AAN, 24 April 2018, Los Angeles

Parkinson pode ser tratado com estimulação cerebral


Fisioterapia com neuromodulação é indolor e não-invasiva e recomendada por médicos
 
No campo da fisioterapeuta, os profissionais do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE) comemoram os resultados positivos na recuperação motora e principalmente na maior estabilidade postural de pacientes que enfrentam a doença de Parkinson.
Esses resultados são possíveis graças ao investimento na neuromodulação, técnica recomendada por médicos e fisioterapeutas, que consiste na aplicação de um campo elétrico ou magnético que modifica e modula o Sistema Nervoso Central ou Periférico.
Pacientes com depressão, um dos sintomas do Parkinson, também têm manifestado bons resultados com o uso da técnica. Segundo a fisioterapeuta e sócia do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE) Mariana Carvalho Krueger, ela também é utilizada no tratamento de pacientes com dores crônicas, Acidente Vascular Encefálico (AVE), traumatismo raquimedular e traumatismo cranioencefálico, esclerose múltipla, paralisia cerebral e autismo.
Em nenhum dos casos é preciso raspar o cabelo do paciente. A prática se dá por meio da aplicação de corrente contínua de baixa intensidade sobre o crânio, a qual é capaz de gerar excitabilidade ou inibição cortical e, assim, interferir no desempenho de diferentes funções neurológicas. Desta forma, o procedimento pode influenciar as funções motoras, sensoriais e cognitivas. Já os efeitos dependem principalmente da polaridade de corrente aplicada, da intensidade, do tempo de aplicação, da área estimulada e da densidade dessa corrente.
Saiba a diferença:
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) consiste na aplicação de correntes contínuas de baixa intensidade (de 1 a 2 mil ampéres) por meio de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo, para aumentar ou inibir a atividade elétrica de determinadas áreas do cérebro e, desta forma, modular a excitabilidade cortical e interferir no desempenho de diferentes funções. O aparelho é constituído basicamente por quatro componentes principais: eletrodos (ânodo e cátodo), amperímetro (medidor de amplitude de corrente elétrica), potenciômetro (componente que permite a manipulação da amplitude da corrente) e baterias para gerar a corrente aplicada. “A técnica é indolor, o paciente sente apenas um leve formigamento no local”, destaca a fisioterapeuta.
Já a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) utiliza os princípios da indução eletromagnética para produzir correntes iônicas focais no cérebro de indivíduos conscientes. A corrente induzida tem a capacidade de despolarizar neurônios ou modular a atividade neural.
O estimulador magnético é composto por duas unidades principais, uma bobina e um gerador de corrente. Para interferir na atividade neuronal, a bobina deve ser posicionada sobre o escalpo do indivíduo e direcionada para a área de interesse. A mudança constante da orientação da corrente elétrica dentro da bobina é capaz de gerar um campo magnético, induzindo correntes elétricas em áreas corticais, as quais podem despolarizar neurônios e gerar potenciais de ação que fazem a neuromodulação.





CERNE - O Centro de Excelência em Recuperação Neurológica
Avenida Getúlio Vargas, 4.390, em Curitiba. Fone (41) 3092-6366.

HOMOFOBIA E RACISMO


        Partidos de poucos votos na urna e no Congresso Nacional, pavoneando-se mesmo assim como representantes das mais sentidas reivindicações populares, adquiriram o hábito de levar suas pautas diretamente ao STF. Ser bem sucedido ali é muito mais fácil do que obter apoio e maioria entre 513 deputados e 81 senadores. Por isso, buscam o atalho judiciário, onde lhes basta a simpatia de meia dúzia de togados ativistas. Tão simples quanto impróprio. Parlamento para quê?
Nos últimos anos, nossos onze ministros se aferraram com braços e pernas à tese de que seu poder cumpre função contramajoritária. Não é uma beleza? Cabe-lhes, então, por via de consequência, incontido empenho pró-minoritário, tornando-os avessos aos resultados das deliberações repulsivamente majoritárias do Congresso Nacional.
O imenso voto dissertado pelo ministro Celso de Mello na ação que clama pela criminalização da homofobia surpreendeu a nação. Do que disse, pode-se concluir que o decano identifica no Congresso Nacional, em primeiro lugar, o vício infame de decidir por maioria e, em segundo lugar, uma demora em deliberar que – aí digo eu – só é superada pelo próprio STF.
        É desnecessário aos fins deste artigo reiterar o que já escrevi em vários outros: nos parlamentos, não deliberar é uma forma legítima de deliberação, quase sempre orientada pelos próprios autores de projetos que reconhecidamente não contam com votos para aprovação. E o STF, em tempos de ativismo judicial, tem passado um trator sobre textos claríssimos da Constituição. Foi o que aconteceu quando autorizou a criação de cotas raciais como medida temporária (se permanente seria inconstitucional). Perenizou-se, assim, a multiplicar-se por prazo indefinido, a aberrante inconstitucionalidade. Foi, também, o que aconteceu quando o STF reduziu a pó o artigo 226 da Constituição que reconhece, para efeito da proteção do Estado, a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. E quando Lewandowski pegou uma faca e fatiou o impeachment de Dilma Rousseff. Alertam-me amigos juristas sobre outros casos em que o STF produz sentenças aditivas maquilando-as com “interpretação conforme a Constituição”. É mais ou menos o que está sendo alinhavado em relação ao aborto.
        No caso da homofobia, o ministro Celso de Mello gastou a paciência da corte ao longo de dois dias num imenso esforço retórico para proclamar a tese que tudo indica será acolhida pela maioria: deve-se aplicar à homofobia, por analogia, os tipos penais referentes ao racismo. Sua Excelência descobriu algo que antigamente se chamava “ninho de égua”, e o falecido padre Quevedo dizia “isso non ecziste”.
        Aliás, estou a um passo de concluir que a criação de tipo penal por analogia também é uma forma de racismo.




        Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Contribuição sindical não pode ser descontada em folha de pagamento


Medida Provisória, publicada em 1º de março, reforça que as práticas que não respeitem a vontade individual e expressa do empregado não são legítimas


Desde 1° de março, está proibido qualquer desconto de contribuição sindical na folha de pagamento com ou sem autorização prévia, voluntária, individual e expressa anuência dos empregados. A decisão que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é resultado da Medida Provisória (MP) nº 873 publicada no Diário Oficial da União. A norma também define que caso o empregado manifeste o interesse pelo recolhimento da contribuição, o pagamento será feito via boleto bancário ou por outro meio eletrônico que será entregue a ele na empresa ou em sua residência.

“A MP deixa claro que não poderá haver substituição da vontade individual ou aceitação tácita do empregado. Isto pelo fato de que, desde a vigência da reforma trabalhista, os sindicatos vêm utilizando os instrumentos coletivos para instituir contribuições com nomes diferentes e desconto compulsório, como manobra à vedação legal”, explica Bianca Dias de Andrade Oliveira, coordenadora da área de Relações de Trabalho e Consumo do escritório Andrade Silva Advogados.

Além disso, segundo ela, os sindicatos estavam realizando assembleias que instituíam as contribuições, mensalidades ou taxas e defendendo o desconto obrigatório a todos que faziam parte da categoria, independentemente de autorização individual.

“A Medida Provisória reforça e valida a ideia principal da reforma trabalhista, Lei 13.467/2017, a respeito da contribuição sindical, esclarecendo que as práticas que não respeitem a vontade individual e expressa do empregado não são legítimas. E prevê expressamente que será nula regra que institua a compulsoriedade da contribuição de forma diversa do pactuado em lei, mesmo que esteja em acordo ou convenção coletiva”, esclarece.

Bianca acrescenta que com a MP, somente poderão ser exigidos dos filiados, a contribuição confederativa, mensalidade sindical e contribuições sindicais instituídas pelos sindicatos em observância estrita à CLT.

“Essa decisão traz mais segurança jurídica aos empregados e aos empregadores, que até então viviam em um impasse a cada novo instrumento coletivo, já que do Judiciário ocorriam decisões de formas esparsas sobre o tema, uma vez que a questão ainda não havia sido pacificada pelos tribunais superiores”, comenta Bianca.

Conforme a medida, um dia de trabalho, valor permitido para contribuição, corresponde à jornada normal de trabalho ou em 1/30 da quantia recebida no mês anterior, quando o empregado é remunerado por tarefa, empreitada ou comissão.

A MP vale por 60 dias, podendo ser prorrogada uma vez pelo mesmo prazo. Depois disso, se não for convertida em lei perderá sua eficácia.



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