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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Exercício físico na gravidez: faz bem ou não?



Algumas famosas incitam debates por malhar durante a gravidez. Pode ou não pode? Especialistas desmistificam o assunto e explicam como deve ser a atividade física neste período


Há alguns anos, reinava aquele senso comum de que mulher grávida deveria ficar em repouso absoluto. Hoje em dia, sabe-se que não é bem assim. Para aquelas mulheres que a gestação é completamente saudável, a atividade física pode ser indicada durante todo o período da gravidez, desde que seja liberada por um médico e acompanhada de um profissional da educação física. Os exercícios nesta fase gestacional trazem benefícios à saúde da mulher que podem, inclusive, ajudar no momento do parto. 

Além de auxiliar a futura mamãe a controlar o peso, diminuir o inchaço dos pés e pernas e as dores nas costas, os exercícios melhoram a respiração, pressão e tonificam a musculatura, principalmente dos quadris. “Se antes da gravidez a mulher não era acostumada a fazer exercícios, o ideal é começar com um bem levinho para o corpo não estranhar. Mas se ela já é acostumada, recomendamos apenas que ela reduza a intensidade aos poucos, porém não pare por completo, já que o seu corpo ‘necessita’ daquela atividade”, explica Frederico Kempler, professor de educação física e coordenador da academia Turner Prime. 
 
A jornalista e digital influencer Patrícia Gonçalves, esposa do jogador Dedé, do Cruzeiro, conta que continuou os treinos até o quinto mês da sua gestação, após esse período ela optou por fazer aulas de pilates. "A atividade me ajudou a não sentir dores no corpo, não inchar muito e nem reter líquidos", conta. Ela diz que as recomendações do seu médico foram manter-se bem hidratada, usar roupas leves e frescas e manter a alimentação balanceada. 

De acordo com Frederico, quando ‘vigiada’ por um profissional de perto, o risco de acontecer algum problema durante a atividade é mínimo. “Por ser um momento que requer atenção redobrada, qualquer cuidado é pouco. Exercícios que levam à exaustão, aparelhos que necessitam de muito peso ou que faça a mulher ficar muito tempo em pé, devem ser evitados ou substituídos nos treinos por outros mais brandos”, diz. 
 
Do ponto de vista médico, a ginecologista e obstetra da Clínica Penchel, Dra. Talitha Melo, informa que a atividade física tem vários benefícios no pré-natal como a redução do risco de pré-eclâmpsia e controle de ganho de peso, evitando a obesidade gestacional. O exercício ainda atua na prevenção da diabetes gestacional, assim como contribui para o controle glicêmico em gestantes que já são diabéticas. Desta forma, há melhora no índice de peso e vitalidade do recém-nascido. Ademais, o fortalecimento muscular da região pélvica da grávida lhe garante maior autonomia durante o trabalho de parto, ajudando na recuperação imediata após o nascimento do bebê e diminuindo o risco de depressão pós-parto. 

“Eu oriento minhas gestantes a identificar qual atividade física faz com que ela se sinta mais confortável. Atividades aeróbicas como caminhadas ou dança ou atividades de força como pilates ou musculação são ótimas opções. 

Mas atenção: durante a gravidez ocorre um aumento da produção do hormônio relaxina. Essa substância deixa as articulações mais frouxas e pode aumentar o risco de lesões e torções. Portanto o acompanhamento profissional é fundamental para evitar traumas”, conta a médica. Ela ressalta que as únicas contraindicações da prática de atividade física são para gestantes com problemas cardíacos, sangramento vaginal, placenta baixa, trabalho de parto prematuro e hipertensão arterial não compensada. “A prática de exercícios promove inúmeros benefícios e deve ser sempre estimulada a fim de melhorar a qualidade de vida de mãe e bebê”, finaliza. 





Academia Turner Prime
Rua dos Aimorés, 2150 – Lourdes





Problemas de saúde causados pelo barulho vão muito além da surdez



Quem tem um vizinho barulhento conhece bem o poder do ruído. Mas pode não saber dos males que ele causa à saúde. Desde 1972 que a Organização Mundial de Saúde considera o barulho como um poluente e, desde 2003, o reconhece como o terceiro mais danoso à saúde, atrás da poluição do ar e da água. Mas é nas ruas que está o maior perigo.


Segundo a própria OMS[1], a principal causa de ruído nas grandes cidades é o trânsito e já há estudos mostrando que seus efeitos vão muito além da perda da audição (que hoje afeta 360 milhões de pessoas em todo o mundo, gerando um custo global anual de 750 bilhões de dólares): distúrbios de sono, cardiovasculares, mentais e psicológicos, como depressão e ansiedade, cefaléia e até problemas de cognição (que afetam, por exemplo, o aprendizado por crianças). De acordo com um estudo da OMS, 1,8% dos ataques cardíacos em países europeus de alta renda são atribuídos a níveis de ruído do tráfego superiores a 60dB.


Problemas de saúde podem ser detonados por ruídos ambientais acima de 60 decibéis (dB). Ocorre que , sendo que o ruído do motor de um ônibus a diesel é superior a essa faixa: estudo da Proteste em parceria com a Sociedade Brasileira de Otologia mostrou que em São Paulo, a média de ruído ficou em 76,7 decibéis; no Rio, alcançou 80,4 decibéis. Como o tempo médio que o paulistano passa no trânsito é de quase três horas por dia, o barulho do trânsito é, sim, um problema de saúde pública.



O problema do barulho dos ônibus é tão grande que chegou a gerar um projeto de lei no Congresso Federal, que visava proibir a colocação de motores na parte dianteira. Sua justificação foi uma pesquisa do Ministério Público do Trabalho de Brasília com cerca de 15 mil motoristas e cobradores do transporte de passageiros no Distrito Federal que mostrou que 45% desses profissionais apresentavam perda auditiva devido aos níveis elevados de ruído, sendo este um dos índices mais altos do País.


A cidade de São Paulo tem agora a chance de reduzir esse tipo de poluição: está tramitando na Câmara dos Vereadores projeto de lei que visa equacionar o não cumprimento, pelas empresas de ônibus da cidade, da Lei Municipal do Clima, que previa a migração de 100% para veículos movidos a combustíveis limpos até 2018. Entre os combustíveis limpos estão os ônibus elétricos, que livram o trânsito da barulheira dos motores a diesel. Além de serem a melhor opção do ponto de vista da poluição sonora, eles também reduzem a poluição do ar e, segundo estudo do Greenpeace, são ainda a opção mais econômica quando se analisa o custo global de vida útil por ônibus.


Mas mesmo antes da invenção dos carros, ônibus e caminhões, o barulho dos meios de transporte já incomodava os brasileiros.  Segundo relatou Márcia Barbosa Corrêa, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), à reportagem da revista Planeta, "no Brasil, em 1867, havia multas para carros de bois, cujos eixos rangessem por falta de graxa. Em 1912, um ato municipal proibiu o estalo de chicotes em cavalos que conduziam carruagens".






[1] Este estudo também confirma que o trânsito é a principal causa de ruído nas cidades: https://ij-healthgeographics.biomedcentral.com/articles/10.1186/1476-072X-12-44



Saúde Mental – Entre o neurológico e o psiquiátrico


Com o objetivo de promover reflexões sobre os problemas de saúde mental que afetam mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de disseminar informações que possam contribuir para diminuir este índice, a World Federation for Mental Health instituiu, em 1992, o Dia Mundial da Saúde Mental, que passou a ser celebrado todos os anos no dia 10 de outubro.

As doenças mentais sempre fizeram parte da história da humanidade. 


Em séculos passados, pessoas que sofriam de distúrbios da mente eram afastadas da sociedade por serem consideradas “loucas” e estavam destinadas a passarem os restos de suas vidas isoladas e, futuramente, em hospitais psiquiátricos, nos quais não recebiam tratamentos específicos.

O primeiro hospital psiquiátrico fundado no Brasil foi o Hospício Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1852. Naquela época, os médicos se dedicavam à reabilitação dos pacientes, estimulando-os a participarem de oficinas de capacitação, e muitos acreditavam na cura das doenças por meio de métodos que envolviam desde soluções milagrosas a mutilações.

Pouco se sabia sobre transtornos mentais, ainda que alguns anos antes, em 1840, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) divulgava a 1ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que classificava as doenças em sete categorias distintas: mania, melancolia, monomania, paresia, demência, dipsomania e epilepsia. Além de registrar a frequência dos distúrbios, o objetivo era viabilizar a comunicação entre os profissionais ao fornecer uma padronização na linguagem psiquiátrica.

E assim, no decorrer dos anos e de vários estudos, os médicos tiveram uma maior compreensão do que se tratavam as doenças mentais e quais eram os fatores determinantes para o seu surgimento, entre eles, a genética. “No caso das doenças mentais graves, a pré-disposição hereditária é muito grande. Sempre existem histórias familiares de suicídio, alcoolismo, internações psiquiátricas etc. Essas coisas são prenúncios de uma genética ruim”, explica Guido Arturo Palomba, psiquiatra forense e diretor Cultural da Associação Paulista de Medicina (APM).

Alguns transtornos mentais graves causam comprometimento neurológico e estão associados a alguma doença ou problemas como traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral (AVC). Os quadros psiquiátricos associados a lesão neurológica tendem a ser mais graves dos que aqueles em que não há lesão identificável, como aqueles que ocorrem após uma vivência dolorosa como a perda de um ente querido, por exemplo.

Sendo assim, não é todo transtorno mental que está relacionado a uma doença neurológica. No entanto, Leonardo Cruz de Souza, vice-coordenador do departamento científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), reforça que a linha que as separam é muito tênue. “Há um pressuposto de que existe uma dissociação entre  doença psiquiátrica e neurológica.


 Mas, na verdade, tanto uma quanto a outra são ‘frutos’ do mesmo órgão, que é o cérebro. Os dois grupos de doença têm uma base neurobiológica. Há várias doenças neurológicas com manifestações psiquiátricas, como nos casos de pacientes com Parkinson e Alzheimer, que podem ter transtorno depressivo, e também doenças psiquiátricas com transtornos neurológicos, como alterações cognitivas ou de memória em pacientes psiquiátricos. Se existe tal dicotomia, ela é bastante frágil”, diz o neurologista.


Principais doenças neurológicas ligadas à saúde mental

 
“Essas manifestações psiquiátricas permeiam um vasto espectro de doenças neurológicas e cabe ao clínico identificar a característica fenomenológica correta. As doenças psiquiátricas mais comuns são depressão, ansiedade e transtornos de personalidade. Também podemos citar transtornos psiquiátricos associados a doença neurológica, como transtorno de ansiedade em pacientes com enxaqueca e os quadros depressivos vinculados às doenças cerebrovasculares, como pacientes que tiveram sequelas do AVC. Todas as doenças neurológicas são passíveis de terem relação com os transtornos psiquiátricos”, pontua Souza.

Já o psiquiatra Guido Arturo Palomba chama a atenção para outras doenças que podem comprometer o sistema nervoso central, como a sífilis cerebral, o AVC e a aterosclerose cerebral, e em como preveni-las. “Para a sífilis, o principal método de prevenção é a camisinha. Para os casos de AVC, o primordial é cuidar da alimentação, praticar exercícios físicos, diminuir o estresse e evitar pressão alta. Já a aterosclerosecerebral envolve todos os cuidados que devemos tomar ao longo da vida, como evitar o uso de drogas ou abuso de álcool, pois as consequências surgem na velhice”.



Avanços na Medicina em prol da saúde mental

 
“Claramente, no meu entender, os recursos que temos atualmente não são suficientes. Ainda temos muitas pessoas que sofrem de transtornos mentais com
alto grau de sofrimento psíquico, o que gera também grande impacto social e
econômico quando pensamos em termos globais. Sem dúvida, houve
progressos importantes na área farmacológica, mas ainda não temos tratamentos 100% eficazes. Ainda há muito a ser feito. Nós devemos estimular cada vez mais a compreensão e a  conscientização das pessoas sobre o que são essas doenças e o que elas representam em termos de sofrimento individual e psíquico. Precisamos quebrar o estigma” diz Leonardo Cruz de Souza.

“Em 1950 foi descoberto o primeiro anti-psicótico, que era essencialmente supressivo e não curativo. Desde então, continuamos no mesmo patamar, pois os medicamentos apenas controlam as doenças e eliminam os sintomas temporariamente, mas não curam. Eu acho que esse movimento do Dia Mundial da Saúde Mental é muito válido e serve para mostrar que é necessário combater aquilo que, para mim, é o mal do século 21: o excesso de medicamentos e de diagnósticos precipitados, pois algumas doenças, como a depressão, estão banalizadas. Hoje, idosos e crianças tomam os mesmos remédios, na mesma dosagem. A minha crítica é porque hipervalorizam o uso dos fármacos quando, na verdade, existem formas mais sadias de lidar com a doença. É isso que deve ser combatido”, finaliza Palomba.











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