Cuiabá começará nesta semana os
testes clínicos com 1,2 mil voluntários; a capital mato-grossense
será a segunda da região Centro-Oeste a realizar os estudos clínicos
O governador Geraldo Alckmin participa nesta
sexta-feira, 7 de outubro, do início dos testes clínicos em humanos da primeira
vacina brasileira da dengue em Cuiabá (MT). A vacina é desenvolvida pelo
Instituto Butantan, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um
dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo.
Cerca de 1,2 mil pessoas de 2 a 59 anos devem
participar do estudo no centro, que integra a terceira e última etapa de testes
antes de a vacina ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), para que possa ser produzida em larga escala pelo Butantan
e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de
saúde em todo o Brasil.
Os ensaios clínicos serão conduzidos pelo Hospital
Universitário Júlio Müller (HUJM) da Universidade Federal de Mato Grosso,
administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), sob a
responsabilidade do médico pesquisador Cor Jesus Fontes. A vacinação dos
voluntários será realizada no Centro de Avaliação e Pesquisa da Vacina contra a
Dengue.
“Nós acreditamos muito no sucesso dessa vacina e
participar dessa avaliação representa um orgulho para nossas instituições, uma
vez que uma vacina brasileira, produzida para o SUS, é a grande esperança para
o controle da dengue e, certamente, irá reduzir o sofrimento da população”,
assegura o médico pesquisador.
Os testes já estão em andamento em Manaus (AM), Boa
Vista (RR), Porto Velho (RO), em três centros no Estado de São Paulo (Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Faculdade de Medicina de São José
do Rio Preto e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo), em Fortaleza (CE),
Aracaju (SE), além de Porto Alegre (RS) e Campo Grande (MS).
Os testes envolverão 17 mil voluntários em 13 cidades
nas cinco regiões do Brasil. Podem participar do estudo pessoas saudáveis, que
já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem
em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos.
Os participantes do estudo são acompanhados pela
equipe médica por um período de cinco anos para verificar a eficácia da
proteção oferecida pela vacina. Os voluntários do estudo em Mato Grosso
serão recrutados por agentes comunitários de saúde específicos da pesquisa. Os
voluntários que atenderem aos pré-requisitos descritos acima devem aguardar a
visita do agente comunitário ou entrar em contato pelos telefones: (65)
3056-1008, (65) 99930-7895 e (65) 99978.9255.
A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com os
Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), é
produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos.
“Com os vírus vivos, a resposta imunológica tende a
ser mais forte, mas, como estão enfraquecidos, eles não têm potencial para
provocar a doença. A vacina deve proteger contra os quatro sorotipos
da dengue com uma única dose”, explica o diretor do Instituto
Butantan, Jorge Kalil.
Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam
comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina
e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina,
mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem o participante
saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo. O
objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos
voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo
contraiu a doença.
Os dados disponíveis até agora das duas primeiras
fases indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir
anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e
que é potencialmente eficaz.
“A dengue é uma doença endêmica no Brasil e
em mais de 100 países. A vacina brasileira produzida pelo Butantan, um centro
estadual de excelência reconhecido internacionalmente, será certamente uma
importante arma de prevenção, protegendo nossa população contra a doença e suas
complicações”, afirma o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip.
Histórico
Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria de
colaboração com o NIH, passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina similar a
uma das estudadas pelo instituto americano, composta pelos quatro tipos de
vírus da dengue.
Um dos grandes avanços do Butantan no desenvolvimento
da vacina foi a formulação liofilizada (em pó), que garante a estabilidade
necessária para manter os vírus vivos em temperaturas não tão frias, permitindo
seu armazenamento em sistemas de refrigeração comum, como geladeiras, além de
aumentar o período de validade da vacina (um ano).
Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900
pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos Estados Unidos
pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo em parceria
com a Faculdade de Medicina da USP (através do Hospital das Clínicas e do
Instituto da Criança) e com o Instituto Adolfo Lutz.
Ter a vacina desenvolvida e produzida por um produtor
público nacional é uma vantagem competitiva para o Brasil, pois garante a
disponibilidade do produto, permitindo a autossuficiência produtiva, além de
garantir preços mais acessíveis.
Confira abaixo as cidades contempladas pelo estudo e
os centros de pesquisa que convidarão e acompanharão os voluntários da vacina
da dengue do Butantan:
REGIÃO NORTE
|
CIDADE
|
CENTRO DE PESQUISA
|
Manaus (AM)
|
Fundação de Medicina
Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado
|
Porto Velho (RO)
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Centro de Pesquisas em
Medicina Tropical de Rondônia
|
Boa Vista (RR)
|
Universidade Federal de
Roraima
|
|
REGIÃO NORDESTE
|
CIDADE
|
CENTRO DE PESQUISA
|
Aracaju (SE)
|
Universidade Federal de
Sergipe
|
Recife (PE)
|
Centro de Pesquisas Aggeu
Magalhães – Fiocruz Pernambuco
|
Fortaleza (CE)
|
Universidade Federal do
Ceará
|
|
REGIÃO CENTRO-OESTE
|
CIDADE
|
CENTRO DE PESQUISA
|
Brasília (DF)
|
Universidade de Brasília
|
Cuiabá (MT)
|
Universidade Federal do
Mato Grosso
|
Campo Grande (MS)
|
Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul
|
|
REGIÃO SUDESTE
|
CIDADE
|
CENTRO DE PESQUISA
|
São Paulo (SP)
|
Faculdade de Medicina da
USP
|
Santa Casa de
Misericórdia
|
São José do Rio
Preto (SP)
|
Faculdade de Medicina de
São José do Rio Preto
|
Belo Horizonte (MG)
|
Universidade Federal de
Minas Gerais
|
|
REGIÃO SUL
|
CIDADE
|
CENTRO DE PESQUISA
|
Porto Alegre (RS)
|
Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul
|