Pesquisa comprova existência
de gene faz com que a energia dos alimentos ingeridos
seja armazenada como gordura
É comum nos consultórios de médicos e
nutricionistas ouvir relatos de obesos que dizem fazer dietas e não emagrecem.
O que até então era encarado com “desculpa”, agora pode ter fundamento.
Pesquisadores da Universidade de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, descobriram
que uma versão defeituosa do gene FTO faz com que a energia dos alimentos
ingeridos seja armazenada como gordura, em vez de ser queimada. O estudo
foi publicado no New England Journal of Medicine.
De acordo com o endocrinologista Flávio
Cadegiani, este é o primeiro estudo no mundo que mostra que um gene pode sim
desviar o uso de determinadas calorias para o armazenamento em forma de gordura
em vez de gasto energético, o que comprova que existem pessoas com tendência a
engordar. “O gene FTO já é conhecido há anos, porém não sabíamos ao certo como
que ele era ligado à obesidade (qual o mecanismo que ele agia para promover a
obesidade). Este gene provavelmente foi uma vantagem no processo evolutivo da
nossa espécie, porém agora ele se tornou deletério”, acredita o especialista.
O estudo derruba a tese de que a obesidade é
consequência exclusiva do excesso de comida e da falta de exercícios. “O fator
genético e o metabolismo de cada indivíduo não podem mais ser ignorados. Essa
descoberta traz um grande alívio para os obesos que sofrem preconceito por
parte da sociedade que acha que eles são gordos somente por displicência. A
"obesofobia", cada vez mais em voga, acabou de levar uma grande surra
da ciência”, diz Cadegiani.
Pessoas com IMC (índice de massa corpórea)
mais alto têm mais chance de possuir o gene da obesidade no organismo. No
entanto, o estudo sugere que uma pequena alteração genética pode fazer com que
o organismo queime o excesso de gordura armazenado, abrindo possibilidade do
desenvolvimento de drogas que possam fazer as células de gordura trabalharem de
forma adequada.
A obesidade é uma doença crônica,
inflamatória e grave. Ela está associada a vários problemas cardiovasculares ou
outras condições crônicas, como a asma, aumento na pressão arterial e o
diabetes.