De
acordo com o SPC Brasil, 61% dos entrevistados não sabiam o valor que seria
utilizado na compra. Em média, quem emprestou o nome pagou R$ 2.168,00
utilizado na compra. Em média, quem emprestou o nome pagou R$ 2.168,00
Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso
Feliz traçou o
perfil de consumidores que ficaram inadimplentes por terem emprestado seu nome
para outras pessoas comprarem produtos e serviços ou tomar empréstimos. Segundo
a pesquisa, 15 milhões de consumidores ficaram ou ainda estão com o nome sujo
por essa razão, principalmente por emprestar o cartão de crédito (74%) e o
cartão de loja (64%). O processo de quitação da dívida feita por terceiros é
longo: 53% dos atuais inadimplentes estão nessa situação há mais de três anos.
De acordo com os dados, menos da metade dos
entrevistados (39%) sabia o valor da compra ou empréstimo feito por outros em
seu nome, e o seu valor médio chega a quase quatro mil reais, sendo que quase 5
parcelas deixaram de ser pagas. No momento que descobriram estar com o nome
sujo, quatro em cada dez consumidores (38%) disseram não ter tomado nenhuma
atitude - número que aumenta para 56% entre quem ainda está inadimplente.
"O
consumidor que ficou inadimplente acha que a dívida não é dele, e muitas vezes
adia ou renega o pagamento", diz Roque Pellizzaro, presidente do SPC
Brasil. "Mas, ainda que ele não tenha de fato contraído a dívida, tem
responsabilidade em ter emprestado o nome e a única maneira de sair dessa
situação pode ser ele mesmo pagando o valor", explica.
52% dos consumidores garante pagar as dívidas feitas
por terceiros
Ainda que a dívida seja de outra pessoa, mais da metade
(52%) dos entrevistados se responsabilizam pelo problema que os deixaram com
nome sujo e afirmam terem pagado ou que irão pagar ao menos parte dela. A
tendência é ainda maior quando se observa apenas a situação dos
ex-inadimplentes: 89% garantem ter pagado a dívida.
Segundo a economista-chefe do SPC
Brasil, Marcela Kawauti,
esse número é alto pelos impactos que o endividamento e nome sujo causam no dia
a dia do consumidor que emprestou o nome. "A pessoa que fica inadimplente
quer sair logo dessa situação. Por isso, toma algumas atitudes a fim de pagar a
dívida que não foi contraída por ela", explica. "A principal delas é
ter que cortar os gastos (67%) para conseguir economizar e pagar as dívidas.
Muitos consumidores também deixam de pagar suas próprias contas (37%) e
utilizam parte de suas reservas financeiras (27%) a fim de limpar o nome",
diz Kawauti.
A pesquisa identificou que, em média, quem emprestou o
nome pagou R$ 2.168,00 em dívidas de terceiros.
9 em cada 10 entrevistados
receberam cobranças
Após
ficarem com o nome sujo, nove em cada dez consumidores (93%) receberam alguma
cobrança por causa das dívidas de terceiros que os deixaram inadimplentes.
Mesmo assim, 76% dos entrevistados não quitaram a dívida após a cobrança e
foram procurados ou procuraram o credor para fazer uma negociação para o
pagamento.
Como
consequência de ficar com o nome sujo, 72% dos entrevistados dizem não ter
conseguido fazer um novo cartão de crédito, cartão de loja ou abrir crediário.
64% garantem que depois de virar inadimplente, só podem comprar a vista. Para
outros 49%, o problema é não conseguir abrir conta em banco, fazer empréstimos,
e usar cheque especial.
"Emprestar
o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar
planos importantes de médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro,
investir na educação e saúde, etc. Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante
antes." analisa Kawauti. "Os resultados indicam que,
frequentemente, quem emprestou o nome acaba se responsabilizando por uma dívida
que não fez, com graves desdobramentos como restrição ou impedimento ao consumo
e inadimplência. O consumidor, portanto, deve refletir e entender se está mesmo
preparado para assumir esse compromisso, antevendo as consequências, caso o
responsável pela dívida não consiga cumprir sua parte", conclui.
Metodologia
Em fevereiro de 2015 foram ouvidas 715 pessoas com idade igual ou
superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais nas 27
capitais. A margem de erro é de 3,6 pontos percentuais com margem de confiança
de 95%.