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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Apague as pegadas de carbono



Na contramão de países, políticos e corporações que ignoram a degradação do meio ambiente, há empresas e até organizações, como o Instituto Melhores Dias, que estão levando muito a sério a marca prejudicial que deixam no planeta. Este rastro tem nome: pegada de carbono.

Para quem ainda não sabe, a pegada de carbono é o resultado do cálculo da emissão de carbono emitida na atmosfera por uma pessoa, atividade, evento, empresa, organização ou governo. Muitas atividades rotineiras geram emissões atmosféricas de gases do efeito estufa (GEEs), que prejudicam o planeta.

Um bom exemplo dessa conscientização em apagar ‘pegadas de carbono’ deixadas pela sede de progresso, veio da Microsoft. No dia 16 de janeiro, a maior empresa de software do mundo afirmou que pretende remover mais carbono da atmosfera do que emite até 2030 e, até 2050, espera ter retirado o suficiente para dar conta de todas as emissões diretas já produzidas pela empresa desde sua fundação, em 1975.

Com isso, a Microsoft vai muito além de outras corporações que procuram reduzir as emissões em andamento ou impedir futuras. Ela espera remover todo o carbono que emitiu e emite na atmosfera. Haja compromisso climático do bem!

Para atingir essa meta ambiciosa, a Microsoft criou um “Fundo de Inovação Climática”, que investirá 1 bilhão de dólares nos próximos quatro anos para acelerar o desenvolvimento de tecnologia de remoção de carbono.

No ano passado, a Amazon.com, maior varejista online do mundo, prometeu emissão líquida zero de carbono até 2040, além de afirmar que irá comprar 100.000 vans elétricas para entrega de produtos.

Por trás de toda essa responsabilidade há também interesses de sobrevivência em um novo mercado no qual as empresas precisam conquistar investidores que não aceitam mais práticas comerciais insustentáveis que prejudiquem seus resultados futuros. Mas o importante é que o planeta precisa de mais ações e menos reclamações.

Já a organização sem fins lucrativos Instituto Melhores Dias, além de fazer o bem para o meio ambiente com seus programas, firmou uma parceria para reduzir os efeitos de sua pequena pegada de carbono.

A empresa Ecooar Biodiversidade, única especializada neste segmento no Brasil, emitiu para nossa organização o Selo Verde, que comprova a compensação das nossas emissões de carbono. Para isso, a Ecooar plantou duas árvores, que captam aproximadamente 260 kg de CO², quantidade das emissões que provocamos com o uso e hospedagem do nosso site. O plantio aconteceu na Fazenda Santa Cecília, localizada na região oeste do Estado de São Paulo, no município de Garça, como parte de um projeto de recuperação da mata local.

Este Selo Verde da Ecooar é dado a quem procura compensar parcial ou totalmente as emissões de gases tóxicos. A empresa calcula a quantidade de emissões de Gases de Efeito Estufa efetuadas por pessoas, organizações e empresas e minimiza seus efeitos com o plantio de árvores em áreas mapeadas por satélite. A solicitação do Selo Verde pode ser feita no site da empresa (www.ecooar.com).

Ou seja, temos bons exemplos de atitudes que superam a letargia contemplativa da destruição. Para melhorar a vida no planeta não adianta desespero e pessimismo. É preciso arregaçar as mangas e acreditar em ações do bem, que melhorem nossa vida em comunhão com a natureza



Joyce Capelli - Presidente do Instituto Melhores Dias



https://melhoresdias.org.br/


O mundo em tensão: as relações entre Estados Unidos e Irã após a morte de Qasem Soleimani


Ao contrário do que algumas notícias e muitos memes tem tentado transparecer, um conflito de proporções globais não parece plausível nesse momento. Dessa forma, responde-se a uma das perguntas mais frequentes a respeito das recentes tensões entre EUA e Irã: se haverá ou não uma Terceira Guerra Mundial, o que não ocorrerá – pelo menos por hora. 

Para compreender a animosidade entre os Estados Unidos e a República Islâmica do Irã deve-se voltar à década de 1950, quando não havia no país do Oriente Médio qualquer sentimento antiamericano. Àquele momento, a autoridade máxima iraniana era o Xá – nome que se dá aos monarcas persas – Reza Khan. Em 1951, o nacionalista Mohammed Mossadeq é eleito primeiro ministro, no primeiro pleito democrático do país. Dois anos depois, num golpe orquestrado por Reino Unido e EUA, Mossadeq é deposto e, posteriormente, preso. É então que o poder retorna à monarquia, em especial ao Xá Mohammad Reza Pahlavi.

Desde a queda de Mossadeq e ascensão de Reza Pahlavi, seguem-se quase três décadas de franca amizade entre Irã e EUA, tendo o presidente americano Jimmy Carter declarado sentimentos de grande companheirismo e gratidão à Pahlavi em 1978. A proximidade entre os países aos poucos começa a ser malvista pela população iraniana, temerosa de que acordos comerciais e petrolíferos prejudiciais ao país pudessem ser celebrados. A revolta contra a monarquia atinge seu ápice em 1979, ano da Revolução Iraniana. 

Depois de semanas de protestos, greves, paralisações e enfrentamentos, Reza Pahlavi foge do país e abre caminho para o retorno do líder religioso Ruhollah Musavi Khomeini, o aiatolá Khomeini, ferrenho crítico da monarquia e dos EUA, que estava fora do Irã desde 1964. Por conta desse desencadeamento de situações, frequentemente se divide o estudo da Revolução Iraniana em duas fases, sendo a primeira a deposição do Xá e a segunda a ascensão dos Aiatolás. 

Seja como for, é em 1979 que o Irã deixa de ser uma monarquia e torna-se uma república teocrática, aquela em que as ações do governo seguem os preceitos de uma religião. Também em 1979 a embaixada americana em Teerã foi cercada e posteriormente invadida, enredo do filme Argo, de 2013. Desde 1980, quando funcionários da embaixada americana em Teerã permaneciam sequestrados, Irã e EUA congelaram suas relações diplomáticas. Isso significa que ambos os países não possuem um canal aberto de comunicações e diálogo, o que certamente agrava qualquer tensão entre ambos.

A estratégia estadunidense tem sido, desde a Revolução Iraniana, o uso de embargos econômicos, o que elevou o sentimento antiamericano na população do país do Oriente Médio. Tais embargos ganharam maior abrangência em governos como o de Bill Clinton, que proibiu investimentos americanos no Irã, reduziu as trocas comerciais e proibiu a participação de empresas dos EUA no setor petrolífero persa. Novas sanções ao Irã vieram no governo de George H. W. Bush que, tal qual Barack Obama, via com muita preocupação o programa nuclear iraniano. 

Por fim, chega-se ao governo Donald Trump, no qual rompeu-se o acordo nuclear celebrado em 2015 entre Irã – de um lado – e Rússia, China, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido – de outro. O acordo, que previa a retirada das sanções econômicas em troca da parada do programa nuclear, foi unilateralmente rasgado por Trump, o que impactou diretamente a economia iraniana e aumentou a inquietação entre os dois países.

Em setembro de 2019, uma refinaria de petróleo na Arábia Saudita foi alvo de um ataque de cerca de 20 drones e vários mísseis, supostamente de origem iraniana, o que deixou ainda mais instável a geopolítica do Oriente Médio. Deve-se destacar que, ao contrário do Irã, a Arábia Saudita é grande aliada dos EUA, e sauditas e iranianos possuem uma tensa e nada amigável relação. 

Assim, chegamos a janeiro de 2020, quando um ataque americano ao Iraque mata o popular general iraniano Qasem Soleimani, Major-Geral, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, além de uma figura proeminente no país e o cérebro por trás das estratégias militares iranianas. De um lado, o Major-Geral auxiliou o presidente sírio Bashar al-Assad a lutar contra os rebeldes contrários ao seu governo, e, de outro, lutou contra o Estado Islâmico no Iraque. 

Muitos têm questionado as razões por trás desse ataque a Soleimani. A princípio, pode-se enxergar uma retaliação ao ataque à refinaria saudita. Da mesma forma, pode-se apontar que o ataque pode ser uma tentativa de Trump de se afirmar ao eleitorado interno, logo após o desgaste sofrido pela aprovação de seu impeachment na câmara dos deputados em dezembro – por mais que o impeachment definitivo possivelmente não prospere. Por fim, dentre várias razões para o ataque, pode-se apontar também as ações passadas do general que, segundo o Pentágono, “possui sangue americano nas mãos”. 

O que é difícil de responder nessa história toda é justamente a pergunta mais simples: e agora? Não se sabe ao certo, mas em meio às juras iranianas por vingança, bandeiras vermelhas – símbolo do sangue dos mártires e de vendeta – tem sido cada vez mais comuns nas ruas de Teerã. Se o ataque a Soleimani foi uma retaliação ou uma maneira para que Trump se reafirme a seus eleitores não se pode saber. O que se pode afirmar com certeza é que as relações entre EUA e Irã nunca estiveram tão tensas, e que a estratégia americana para o Oriente Médio será duramente testada neste início de ano. Em alto nível de alerta está a aliada americana Arábia Saudita que, além de geograficamente próxima ao Irã, fornece petróleo aos EUA. É de se esperar, também, alguma dura resposta vinda do Irã, que, ainda que não venha agora, certamente ocorrerá.





João Alfredo Lopes Nyegray - doutorando em estratégia, mestre em internacionalização. Advogado, formado em Relações Internacionais e especialista em Negócios Internacionais. Professor de Relações Internacionais, Comércio Exterior, Administração e Economia na Universidade Positivo.


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