Não importa se com “O”, com “A”, o critério para nomear quem comanda
as áreas do governo é parecido a ficar lá debaixo de uma goiabeira, esperando
as goiabas caírem de maduras. Tanto faz, como tanto fez. Impressionante, parece
programa de mau humor
E as goiabas estão
caindo, todas, bichadas. Deus do céu, nem bem o ano começou e a gente já tem de
enfrentar essa gastura de ver a pobreza da política nacional na enésima
potência. Fica difícil ter esperança, planejar, que dirá então apoiar.
Não dá mais nem para
fazer qualquer análise política séria, ter imparcialidade – já é quase
provocação substituírem os ruins pelos péssimos, piores ainda, como foi, por
exemplo, o caso agora do Ministério do Trabalho, só o caso mais recente. Sai um
ministro nada e foi nomeada uma moça, olha que legal! Mulher! Já na primeira
declaração pública, Cristiane Brasil, que vem a ser eternamente apenas a filha
de Roberto Jefferson entre as vírgulas, correu para se autodeclarar feliz e
“empoderada”.
Não passaram algumas
horas para aparecerem condenações dela na área trabalhista, e lembranças. Eu
imediatamente lembrei que em 2015 essa mesma moça queria fazer lei e proibir as
mulheres de andar com minissaias e decotes no interior do Congresso Nacional.
Quis criar um dresscode, uma regra de vestimenta.
Ela foi capaz de
defender a ideia assim: “Queremos corrigir um erro histórico. A gente sempre
luta por equidade com os homens. O regimento já determina o que os homens devem
vestir mas não fala nada em relação às mulheres”. Sim, ela disse isso.
Mas como tudo pode
piorar, como a nova ministra era deputada federal, sua saída abriu uma vaga no
Congresso que vai ser preenchida pelo deputado Nelson Nahin (PSD-RJ). Você não
o conhecia?
Vou apresentá-lo.
Não, ele (ainda) não é
acusado de corrupção. É pior, muito pior. Foi preso, acusado de estupro e de
participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, em Campos
de Goytacazes (RJ). Para completar, mais familiaridade: é irmão de Anthony
Garotinho, ex-governador do Rio, aquele que tem feito voos rasantes e sempre
bem escandalosos nas penitenciárias. O adesivo de família feliz dessa turma
deve ser uns desenhinhos de todos atados entre si com algemas e tornozeleiras.
Nessa semana houve mais
um ministro que aproveitou a leva e pediu demissão, o Marcos Pereira, o Pastor
Marcos Pereira, como faz questão, Bispo da Universal, que talvez vocês não
tenham se dado conta: era o Ministro da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços.
Cada um desses seres
representa um partido que, por sua vez, infelizmente não representa nada para
nós, mas para o governo pode dar votos na hora em que eles pretendem aprovar
mudanças e reformas; tão boas, mas tão boas, que precisam dessas moedas de
troca para passar, como se fossem reféns, apostas, e às vezes nem com isso. Só
pagando.
Toda essa roda é
comandada pelo tal Carlos Marun, Ministro da Secretaria de Governo faz um mês,
responsável pelas negociações políticas entre o Palácio do Planalto e o
Congresso. Um troglodita, vamos definir basicamente assim. Você o verá
diariamente nos telejornais – todo dia apronta, ameaça, ou fala alguma bobagem
- e haverá de concordar comigo. Temeremos os próximos meses desse ano
eleitoral. Há possibilidades de trocas lindas como estas em 13 outros
ministérios! Barganhas de todos os tipos, cores, tamanhos e valores.
Imagina os substitutos?
Um tem de se abaixar e beijar a mão de algum tipo de Sarney, outros terão de se
submeter a ser atropelados todos os dias, outro tem de ser mulher, para
aumentar a cota feminina além de Luislinda, aquela que se achava escrava com
ganhos de mais de 30 mil reais, e agora também a que leva Brasil no nome.
Outros, ainda, deverão ser do Nordeste, ou jurar que vão fazer sua turma votar
a favor do governo, ou – ao que parece ser um item bem importante – ter um
passado com alguma ficha corrida. Nem que seja uma citaçãozinha nas delações,
um Caixa 2 aqui, ali, um processo, uma escorregada, algo para explicar melhor.
Como pouco se sabe sobre
os atuais, nem sobre os próximos que ocuparão cadeiras e continuarão sem
importância alguma e com inação total, indico o endereço: http://www2.planalto.gov.br/presidencia/ministros.
O governo está muito
ocupado. Eles não se preocupam nem em atualizar os retratinhos e as fichas.
Deve ser por causa da alta rotatividade na pensão.
Marli Gonçalves - jornalista – No Leilão Brasil,
leva quem dá mais para bater o martelo na mesa. Ainda bem que é só o martelo.
Brasil, primeiros dias, 2018