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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Bruxismo: entenda a importância do diagnóstico e do tratamento

Especialista do Unipê diz que mudanças no estilo de vida podem ajudar a reverter a condição

 

Atualmente sabemos que o bruxismo pode se manifestar no sono ou em vigília – quando estamos acordados. E constituem sintomas e sinais, por exemplo, as dores musculares na face ou na articulação temporomandibular (ATM), seja no início ou no fim do dia, e fraturas ou desgastes nos dentes e nas restaurações. Mas, muitas vezes, podemos não associar esses sintomas e sinais ao bruxismo. Então quando devemos recorrer a um profissional?

O ideal é que busquemos ajuda sempre que sentirmos algum incômodo ou alguma dor na região orofacial (cabeça, face, pescoço e estruturas da cavidade oral), para não agravar o problema. “Isso tem que ser válido para toda e qualquer região do nosso corpo”, salienta a cirurgiã-dentista Profa. Ma. Rachel Queiroz, de Odontologia do Unipê.

Independentemente de qual seja o tipo de bruxismo, de sono (primário ou secundário) ou de vigília, o diagnóstico é feito a partir de uma anamnese bem direcionada para o problema e por exames físicos minuciosos. “Sempre procure um profissional qualificado, porque o bruxismo pode ser um alerta para o não funcionamento correto do nosso organismo”, reforça a cirurgiã-dentista.

Segundo Rachel, a capacidade de adaptação dos organismos diante de acontecimentos como o bruxismo é alta. Dessa forma, desgastes e amolecimentos dos dentes, por exemplo, dependerão da frequência, da intensidade e do tipo de bruxismo.

“O bruxismo é cíclico, não acontece intermitentemente. Deslocamento e ‘entortamento’ da mandíbula não estão relacionados com o bruxismo. O que pode ocorrer é, em alguns pacientes, o músculo masseter (o da bochecha) se apresentar hipertrofiado devido as contrações musculares isométricas que ocorre”, exemplifica.


Tratamentos

Entre os tratamentos possíveis para o bruxismo estão, por exemplo, o uso de medicações, dispositivos interoclusais (placas), fisioterapia, terapias com psicólogos e atividades físicas. Entretanto, é preciso saber o tipo de condição que o paciente apresenta. Se for o bruxismo de sono secundário – que ocorre quando há algo pré-existente, como uma rinite alérgica –, o indivíduo pode ser encaminhado a outros profissionais.

Já quando é o de vigília, ele receberá orientações para não apertar os dentes durante o dia, tendo em vista que este tipo de bruxismo é um ato inconsciente mesmo quando o indivíduo está consciente. “Para isso, temos aplicativos gratuitos, como o ‘Desencoste seus Dentes’, criado por professores brasileiros, que ajuda a nos lembrar de não apertarmos os dentes”, pontua Rachel.

Além disso, mudanças no estilo de vida podem ajudar a reverter o bruxismo. “O fumo, o consumo de álcool, de cafeína, de algumas drogas psicoestimulantes, como o êxtase e a cocaína, alguns medicamentos antidepressivos, tudo isso pode resultar em bruxismo. Logo se faz necessário a compreensão por parte do paciente da importância do seu papel para diminuir ou cessar esse problema”, finaliza Rachel.

 


Unipê 

www.unipe.edu.br 

 Nosso Jeito de Ensinar

 

Saiba quais as alergias mais comuns em crianças

Um dos assuntos que mais assustam os pais, é a alergia. O que é compreensível, já que a criança, principalmente o bebê, ainda não sabe se comunicar direito e algumas reações incomodam muito os pequenos. Mas, afinal, o que caracteriza a alergia? 

“A alergia é quando nosso sistema imunológico reage de forma muito exagerada a alguma substância que entrou em contato com o nosso corpo, seja por via aérea, por contato na pele ou por ingestão de alimentos”, explica a pediatra e alergia infantil, Felícia Szeles. 

“As alergias podem aparecer em qualquer idade, mas o ínicio é mais frequente na infância. Isto porque o sistema imunológico das crianças ainda está em formação   e alguns estímulos mais agressivos podem determinar um quadro alérgico. Com o crescimento e desenvolvimento ,  algumas alergias tendem a ficar mais leves e algumas até desaparecem,  como ocorre nas alergias alimentares”, diz a Dra. 

Importante salientar que a alergia aparece em pessoas com predisposição genética para isso, isto quer dizer que tem uma questão hereditária. Pais alérgicos aumentam as chances de filhos alérgicos de 40% (1 dos pais alérgicos) a 80% (pai e mãe alérgicos). 

“Além disso, muitos outros fatores influenciam no aparecimento das alergias, como a de vida em grandes centros onde os ambientes são fechados, pouco ventilados e arejados e, portanto, propícios ao acúmulo de ácaros. Pensando em alergia alimentar o  parto cesáreos, a falta de aleitamento materno, e até mesmo a falta de irmãos podem ser outros fatores”, explica a médica. 

Entre as alergias mais comuns nas crianças, a Dra Felícia destaca: 


Alergia alimentar é uma resposta exagerada do organismo a determinadas proteínas presentes nos alimentos, como leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar. A apresentação clínica é muito variada e entre os sintomas mais comuns, estão vômitos, diarreia, sangramento nas fezes, manchas vermelhas na pele, coceira, edema de lábios e olhos e até uma anafilaxia. A alergia pode se manifestar rapidamente após o consumo do alimento ou aparecer dias após a ingestão, dependendo do mecanismo imunológico responsável. Em boa parte dos casos, a alergia alimentar melhora com o decorrer dos anos e, até lá,  o alimento deve ficar excluído da dieta da criança.

Alergia respiratória - as mais comuns, são rinite e asma, que costumam se manifestar, principalmente, em quem mora em cidades grandes, com menos verde e mais poluição. A asma gera tosse seca, falta de ar e chiado no peito e a rinite alérgica costuma se manifestar com crises de espirro, coceira no nariz e olhos, coriza e obstrução nasal.  

Alergia a insetos – criança apresenta uma reação exagerada a picada com formação de pápulas e placas avermelhadas com muita coceira, edema e vermelhidão. Existem alguns insetos ( abelhas, vespas e formigas) que podem ocasionar sintomas mais graves como anafilaxia.

Alergia de pele -  a dermatite atópica  caracteriza-se por um processo inflamatório da pele com períodos alternados de melhora e piora. A pele fica sempre bem ressecada, com hiperemia e muita coceira . As lesões aparecem no rosto, pescoço, pernas e braços. 

“Vale lembrar que a alergia é uma doença crônica que, apesar de não ter cura, pode ser controlada parcial ou totalmente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais chances de controle da doença”, explica a alergista. “Os primeiros anos da criança são os mais desafiadores justamente por ser tudo novo e a imunidade ainda estar em formação. Por isso, acompanhar de perto com um alergista infantil faz muita diferença na qualidade de vida dos pequenos”, completa.

 


Dra. Felícia Szeles - Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC - Campinas), é especialista em Pediatria e Alergia e Imunologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 
Pediatra nas áreas de Puericultura, Infância e Adolescência, também realiza acompanhamento pediátrico pré-natal em gestante. Como Alergista, atua com foco no atendimento infantil.

 

Asma é causa de 350 mil internações por ano no SUS

Com a chegada do inverno, comorbidade requer controle prolongado, principalmente na pandemia


De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), cerca de 20 milhões de brasileiros são asmáticos.1 A data tem como objetivo despertar na população a consciência sobre cuidados para controle da doença, que é a terceira ou quarta causa de hospitalizações no SUS, conforme grupos de idades, ocasionando uma média de 350 mil internações por ano.

A asma é uma doença pulmonar crônica que provoca a inflamação das vias aéreas, o que faz com que fiquem estreitas e inchadas, dificultando a passagem de ar. Gera ainda aumento da produção de muco agravando o problema. São sintomas comuns a falta de ar, com sensação de sufoco, aperto no peito, chiado e tosse.

"Mesmo quando as crises amenizam ou não se manifestam é importante o cuidado e acompanhamento médico. Apesar de ser uma doença crônica, ela é passível de controle", aconselha a coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, Clarice Conceição. A asma é causa de afastamentos nos trabalhos e escolas e quando não adequadamente controlada pode levar ao óbito.

"O inverno traz ao dia a dia três componentes importantes que incentivam a manifestação da doença, como a baixa temperatura, que contrai a musculatura dificultando a passagem do ar, os ambientes fechados que facilitam a formação de ácaros, o que também auxilia na irritação, e a baixa umidade do ar, que resseca as vias respiratórias abrindo caminho para inflamações", alerta a profissional.

Além disso, o período da noite, madrugada e durante a realização de exercícios físicos requer atenção. A doença pode ser desencadeada ou agravada por vários fatores como alergias (poeira, ácaros, fungos, pelos de animais), agentes irritantes, tais como poluição, fumaça, cigarro e outros. Alterações na saúde emocional, como estresse e ansiedade, e medicamentos também podem piorar as crises.

Como a asma é uma doença que varia de pessoa para pessoa, cada paciente irá receber um tratamento individualizado. Algumas recomendações, no entanto, servem para todos os asmáticos. "Evitar os gatilhos que disparam as crises é indispensável. Poeira, fumaça de cigarro e mofo são alguns deles. Também o uso do medicamento deve ser contínuo, conforme a recomendação médica", destaca a especialista. "Quem adota o tratamento adequadamente consegue controlar a doença e ter qualidade de vida", prossegue.


Asma e Covid-19

Apesar do que se acreditava no início da pandemia, a asma não é fator de risco para a Covid. "Se a doença está controlada ou em remissão, os asmáticos não se tornam mais suscetíveis ao vírus", frisa Clarice. A especialista diz que, no entanto, os pacientes que não seguem tratamento medicamentoso por recomendação médica tendem a apresentar uma forma grave da asma quando em quadro infeccioso respiratório quer seja por vírus ou bactérias. "Por esse motivo, é muito importante continuar com a medicação e não suspender nenhum remédio sem consultar o médico", orienta.

"No momento atual, em que a pandemia segue em total descontrole, temos que considerar que morar no Brasil, por si só, é um fator de risco, então, uma comorbidade respiratória aumenta a chance de gravidade da Covid-19, incluindo a chegada do inverno e as alterações emocionais que tudo isso causa. Com mais de 500 mil mortes no país, o Sars-CoV-2 já atinge hoje pessoas saudáveis, jovens e sem quaisquer comorbidades. A asma é uma doença crônica que hoje conta com os mais diversos recursos terapêuticos, para todos os quadros clínicos, dos mais leves aos mais graves e de difícil controle. Siga as recomendações do seu médico", conclui a enfermeira.

 

Anhanguera

anhanguera.com

blog.anhanguera.com

 

Kroton

https://www.kroton.com.br


Referências:

• Asma. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/espaco-saude-respiratoria-asma/#:~:text=A%20asma%20%C3%A9%20uma%20das,faltas%20escolares%20e%20no%20trabalho.. Acesso em 25 de junho de 2021.


Homens optam por implante hormonal para melhorar a ereção

Doutor Aldo Grisi comenta os benefícios do chip para regular a testosterona no corpo do homem



Já não é novidade que o implante hormonal está ganhando destaque como método contraceptivo entre as mulheres. No entanto, os homens também podem se beneficiar das vantagens dos chips de hormônio.
 
“É um tratamento que está sendo adaptado para as necessidades do público masculino. A testosterona, principal hormônio masculino, atinge um pico de produção na adolescência e início da fase adulta. Porém, conforme os anos passam, os níveis da substância no corpo começam a cair. Com o envelhecimento, cerca de 20% dos homens desencadeiam o chamado hipogonadismo, ou seja, a parada de produção”, aponta o médico Aldo Grisi.
 
O processo, que também é conhecido como Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), pode trazer prejuízos para a saúde do homem para além de sua vida sexual.
 
“O desequilíbrio de testosterona é capaz de causar ginecomastia, que resulta no aumento de uma ou das duas glândulas mamárias. Também gera anemia, fadiga, distúrbios do sono, alterações no humor, osteoporose e até mesmo diabetes”, cita.
 
Segundo o profissional, os chips hormonais são uma das soluções mais seguras para recuperar a dosagem recomendada de testosterona no corpo.
 
“Esse dispositivo subcutâneo é uma via mais confortável de administração, isto é, torna-se desnecessária, por exemplo, a aplicação de injeção. São pellets, isto é, palitos introduzidos embaixo da pele que vão liberando hormônios em pequenas dosagens. Mas seu diferencial é que o paciente tem uma liberação de medicação gradual, contínua e prolongada”, afirma.
 
Os benefícios do método são inúmeros, de acordo com Aldo.
 
“Os pontos positivos podem ser percebidos durante o sexo e na vida cotidiana. Durante as relações íntimas, alivia problemas de ejaculação precoce e perda da libido. No desempenho do físico, aumenta a massa muscular, ao mesmo tempo que diminui a gordura corporal, e reduz o risco de câncer de próstata. A saúde mental também ganha com o implante hormonal, pois preserva a memória, e diminui o cortisol, considerado o ‘hormônio do estresse’.”
 
Vale ressaltar que o uso do implante requer cuidados por conta de possíveis efeitos colaterais – assim como qualquer outro tipo de medicamento.
 
“Os efeitos colaterais são reais, mas não são próprios do implante hormonal, e sim, de algumas substâncias e doses que podem ser usadas”, destaca. “Desta maneira, fazemos um tratamento personalizado, com dosagens específicas para reduzir o risco de essas reações surgirem. Contudo, caso haja algum efeito, teremos mecanismos para revertê-los”, completa.


Cuidado integrativo auxilia no tratamento de pacientes com sequelas pós-Covid

Oferecidas pelo SUS, práticas como Acupuntura, Yoga e Aromaterapia servem de complemento à medicina convencional


Yoga, Homeopatia, Terapia de Florais e Fitoterapia são exemplos das PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para auxiliar no tratamento convencional de doenças, incluindo a Covid-19.

As PICS são recursos adicionais à medicina convencional e buscam estimular os mecanismos naturais de recuperação e prevenção dos desequilíbrios da saúde.

As psicólogas Rosimere Nascimento, interlocutora da equipe, e Adriana Fabozzi, que atuam no Polo PICS, incorporado em 2020 pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim", na zona sul de São Paulo, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, ressaltam a importância das atividades como tratamento complementar aos convencionais.

De acordo com as profissionais, as PICS contribuem para a redução dos aspectos emocionais relacionados às doenças. "No cuidado integrativo, a pessoa é mais importante que os sintomas que ela sente. Ao cuidar do indivíduo, ele passa a se reconhecer como um todo, gerando maior responsabilidade sobre si e, com isso, em seu autocuidado", explica Adriana, especialista em Cuidado Integrativo, que atua com práticas como Meditação/Mindfulness, Yoga, Reiki, Auriculoterapia e Aromaterapia.

Segundo ela, os pacientes atendidos pelo Polo PICS CEJAM passam por um processo que vai além da recuperação da saúde, levando a uma construção transformadora que parte do autoconhecimento e leva ao autocuidado e à autonomia.

"Quanto maior a integração alcançada, melhor a pessoa se reconhece como corresponsável pelos cuidados com sua saúde integral, fazendo das PICS um cuidado emancipador", destaca.


Recuperação pós-Covid

Por não se tratar de um serviço especializado, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) podem encaminhar seus pacientes para o Polo PICS, se assim desejarem.

Segundo Rosimere, hoje, o Polo tem priorizado, principalmente, a população com sequelas pós-Covid ou questões relacionadas à doença, como a ansiedade, por exemplo.

A psicóloga explica que o Polo surgiu em um momento oportuno e muito necessário, potencializando a realização das PICS para melhoria da qualidade de vida. Para não deixar de atender a essas pessoas, Rosi explica que ainda é possível realizá-las na modalidade EAD.

"Alguns pacientes atendidos no Polo não chegaram a desenvolver o Coronavírus, mas sofrem por conta outras questões relacionadas a pandemia, seja pelo isolamento imposto pela pandemia ou por instabilidade financeira, fatos que auxiliam no aumento da ansiedade, alteração na qualidade do sono, entre outras sintomas que agravam a qualidade de vida do indivíduo", avalia a interlocutora do Polo PICS.


Práticas oferecidas

Atualmente, o trabalho é desenvolvido na UBS Jardim Lídia, gerenciada pelo CEJAM na zona sul, e conta com uma equipe multidisciplinar, composta por psicóloga, acupunturista, educadora física e técnicos educacionais.

As Práticas Integrativas estão presentes no SUS desde o seu surgimento, porém, a partir de 2006 elas fazem parte de uma política própria, chamada de PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares).

As práticas disponíveis no Polo PICS são: Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Auriculoterapia, Plantas Medicinais, Arteterapia, Dança Circular, Meditação/Mindfulness, Musicoterapia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Yoga, Aromaterapia, Geoterapia, Reiki/Imposição de Mãos, Dao Yim e Terapia de Florais.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"

 

Confira sete dicas de adaptações para cuidar da saúde do idoso no inverno

Divulgação
A estação é conhecida por elevar o aparecimento de doenças respiratórias, além de aumentar os riscos de complicações cardiovasculares


As baixas temperaturas são sempre um motivo de preocupação com a saúde, afinal, é no inverno, quando a umidade fica baixa, que é mais comum a ocorrência de doenças respiratórias e também o aumento de complicações cardiovasculares. O idoso, por possuir uma reserva fisiológica mais restrita, tem menos capacidade de enfrentar essas condições climáticas e responde com o aumento exacerbados dos níveis de pressão arterial, transtornos de coagulação sanguínea e maior propensão a infecções típicas do frio, que podem desencadear eventos cardiovasculares. A coordenadora técnica da Home Angels, Janaína Rosa, rede de cuidadores de idosos, preparou algumas dicas de adaptação simples no dia a dia para os idosos. 

  • Na hora do banho, escolha o horário mais quente do dia e, se possível, aqueça o banheiro antecipadamente. Mas é importante se atentar e abrir uma frestinha da porta para que a temperatura de ambos os ambientes, banheiro e quarto, fique próxima.
  • Seque o corpo e coloque a primeira camada de roupa ainda no próprio banheiro para evitar a corrente de ar. Mas lembre-se, não esqueça de hidratar bem a pele. 
  • Se os cabelos estiverem molhados, use um secador e aguarde para sair de casa, pois ainda há calor do banho e do aparelho que deixa o corpo quente.
  • Como a reserva hídrica na terceira idade é menor, o idoso acaba ingerindo poucos líquidos, aumentando as chances de desidratação. Por isso, é muito importante aumentar a oferta de bebidas como água, sucos, chás, caldos e sopas. Além de hidratar, aquecem o corpo.
  • Caso esteja mais frio à noite, coloque uma manta no colchão para ajudar a reter a temperatura. 
  • Para os idosos acamados, a vestimenta é um detalhe que merece atenção e caso haja a necessidade de trocas de fraldas, calças e blusas podem não ser a melhor opção. Nesse caso, aposte em camisolas e camisas de manga comprida de flanela e meias térmicas antiderrapantes ou meião para as pernas, assim como também cai bem um cobertor sobre o corpo, que tem como objetivo aquecer e reter o calor ao longo do dia.  
  • Outra dica para os acamados é colocar trocadores absorventes em cima do lençol, pois, caso tenha escape de urina, a troca se torna mais rápida e a cama não ficará fria.   



Home Angels

https://www.homeangels.com.br/


2% dos autistas podem ter a Síndrome do X Frágil

Síndrome do X Frágil, condição genética pouco conhecida, é a causa hereditária mais comum de deficiência intelectual


Hoje já está extremamente difundido o Autismo e suas características. No entanto, poucos sabem que em torno de 2% dos autistas podem também ter uma condição genética hereditária, pouco conhecida, chamada de Síndrome do X Frágil (SXF), e que 60% dos acometidos pela Síndrome podem ter autismo associado. E, nesse dia 22 de julho, comemora-se o Dia Mundial da Síndrome do X Frágil, com objetivo de unir as comunidades ao redor do mundo para aumentar a conscientização a respeito dessa condição, e ao mesmo tempo, acelerar o progresso em direção a tratamentos eficazes e quem sabe, a cura.

A Síndrome do X Frágil é uma condição do neurodesenvolvimento associada com TEA que afeta aproximadamente 1 em cada 4 mil homens e 1 em cada 6 mil mulheres. Segundo Luz María Romero, gestora do Instituto Buko Kaesemodel que desenvolve o Programa Eu Digo X, voltado ao diagnostico, pesquisa e tratamento das pessoas acometidas pela Síndrome, as mulheres são mais protegidas que os homes, por apresentarem dois cromossomos X. “Já os homens, como recebem apenas um cromossomo X, herdado pela mãe, podem ter maiores chances de serem afetados pela síndrome, caso a mãe tenha pré-mutação ou mutação completa”, explica.

Para Luz María, o grande desafio ainda é o diagnóstico da Síndrome do X Frágil. “Apesar de pouco conhecida e difundida, é a causa hereditária mais comum de deficiência intelectual. Infelizmente, mesmo sendo de incidência tão comum, a obtenção do diagnóstico é difícil pois, muitas vezes, é desconhecida até mesmo por profissionais das áreas de saúde e de educação”, alerta. ““Um dos principais motivos para a demora de um diagnóstico clínico mais preciso são as semelhanças com os sintomas e sinais da condição do espectro do autismo”, explica.

No entanto, além de ajudar as famílias a terem um diagnóstico correto a respeito da Síndrome, o Instituto Buko Kaesemodel desenvolve ações de bem-estar, não apenas para a criança ou jovem diagnosticado, como também para as mães, normalmente pré-mutadas pelo gene FMR1, que causa a Síndrome do X Frágil. Entre as ações promovidas está o apoio psicológico às mães, realizada voluntariamente pela psicóloga clínica Luciana Deutscher.

Segundo Luciana, no protocolo criado para o atendimento às mães, foi percebido a necessidade de receberem atenção. “As mães dedicam 100% do seu tempo para os filhos, principalmente àqueles com mutação completa, esquecendo das suas próprias necessidades”, avalia. “Muitas esquecem que possuem a pré-mutação, e com essa condição orgânica, gera, entre muitos sintomas, a ansiedade, depressão, ataxia, menopausa precoce. Esquecem sofrem de sintomas da SXF, tanto quanto seus filhos”, esclarece. 

O atendimento psicológico às mães pré-mutadas nada mais é que ouvir e ajudar a encontrarem a autoestima e autocuidado. “A menopausa é um dos fatores preocupantes, pois, devido a síndrome, ocorre precocemente alterando toda a questão hormonal, e com isso, gerando quadros de ansiedade e de depressão”, explica Luciana. O acompanhamento médico especializado ainda é escasso para essa condição, principalmente pelo desconhecimento e falta de aprofundamento sobre a Síndrome do X Frágil.

Assim como os familiares de crianças autistas vem batalhando e tornando a condição mundialmente conhecida, agora é a hora dos familiares de portadores da Síndrome do X Frágil em buscar o reconhecimento e mais pesquisas sobre o tema. Pesquisas no âmbito mundial vem sendo desenvolvidas, buscando não apenas o aprofundamento no conhecimento a respeito da Síndrome como também em futuros tratamentos, já que é uma condição que não tem cura.

Segundo Luz María, as pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil apresentam atraso no desenvolvimento, com características variáveis de comprometimento intelectual, distúrbios de comportamento, problemas de aprendizado e na capacidade de comunicação. “Em geral, os sintomas se manifestam mais severamente nos homens. Na maioria das vezes os primeiros sintomas surgem entre os 18 meses de vida e os 3 anos de idade”, avalia. 

Existem alguns traços físicos típicos nas pessoas com a síndrome: face alongada e estreita, orelhas de abano, mandíbula e testa proeminentes, palato alto, pés planos, dedos e articulações extremamente flexíveis, estrabismo, entre outros sinais menos frequentes. 

Para Sabrina Muggiati, mãe de Jorge e idealizadora do Programa Eu Digo X do Instituto Buko Kaesemodel, é fundamental determinar um diagnóstico preciso tão logo se manifestem os primeiros sinais ou suspeitas, em especial quando se trata do primeiro caso identificado na família. “Somente um diagnóstico conclusivo permitirá que se busquem o tratamento e o atendimento adequados para a criança afetada pela SXF. Para isso, se faz necessário um teste de DNA, por meio de um exame de sangue analisado em um laboratório de genética. Esse exame é indicado para homens e mulheres que apresentem algum tipo de distúrbio de desenvolvimento ou deficiência intelectual de causa desconhecida, em casos de autismo ou histórico familiar de Síndrome do X Frágil”, explica Sabrina. 

 

DIA MUNDIAL DA SÍNDROME DO X FRÁGIL 

Diversos monumentos mundiais serão iluminados para comemorar o Dia Mundial de Conscientização sobre a Síndrome do X Frágil, desde a ícone torre do Taj Mahal na India, Ponte Matagarup na Austrália, IEB – Faculdade de Ciências do Chile totalizando 238 empreendimentos e monumentos.

No Brasil, alguns estados já possuem a data de conscientização, como Paraná que celebra em 22 de outubro. Já o Estado de Santa Catarina e o Município de Porto Alegre em 22 de setembro, e o Estado do Rio de Janeiro, em 07 de setembro. Buscando a celebração nacional, coincidindo com a data mundial de conscientização sobre a Síndrome do X Frágil, o Instituto Buko Kaesemodel solicitou junto ao Governo Federal, Ministério da Saúde e Senado Federal a criação da data nacional em 22 de julho. “O pedido foi abraçado pelo Senador Romário (Podemos) que aguarda apenas a realização da audiência pública para apresentar o projeto”, explica Sabrina Muggiati, idealizadora do Programa Eu Digo X , do Instituto Buko Kaesemodel.

Independentemente da existência ou não da data nacional de conscientização sobre a Síndrome do X Frágil, Sabrina conta que Curitiba abraçou a causa, e representará o Brasil, iluminando pontos de referência na cidade. “Contamos com o apoio da RPC - Rede Paranaense de Comunicação, afiliada da Rede Globo, que iluminará a torre de transmissão da TV. A Prefeitura Municipal de Curitiba, disponibilizou a iluminação do Jardim Botânico e da Praça do Japão”, conta. Além desses pontos citados, aderiram a campanha a Assembleia Legislativa do Paraná, Palácio Garibaldi, Museu Oscar Niemeyer, Arena da Baixada – Clube Athletico Paranaense e Associação Comercial do Paraná. A Academia Companhia Athletica de Curitiba, localizada no ParkShopping Barigui, fará uma aula de Spinning no dia 22 de julho, com iluminação e decoração diferenciada.

Fora de Curitiba a ação conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Guaratuba, com a iluminação do Morro do Cristo, localizado na praia do Brejatuba, do Bondinho Pão de Açúcar, um dos mais conhecidos parques turísticos do Rio de Janeiro, com 108 anos de história. A Itaipu Binacional aderiu à campanha em Foz do Iguaçu, a hidrelétrica vai iluminar, no tom azul petróleo, a fachada do Centro de Recepção de Visitante, na entrada da barreira da usina e as calotas do Parque da Piracema. Além da Iluminação, o Instituto Buko Kaesemodel foi presenteado com a realização de uma Missa em Ação de Graças pela vida dos portadores da Síndrome do X Frágil e de suas famílias, na Capela de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, presidida pelo reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar. No Rio Grande do Sul, o evento será representado pela Rede Deville de Hotéis.

“Para nós, familiares e portadores da Síndrome do X Frágil é muito gratificante saber que no dia 22 de julho, muitas pessoas passarão a conhecer um pouco mais dessa condição, que é a segunda síndrome com maior incidência no mundo após a Síndrome de Down”, enfatiza Sabrina. Segundo ela, essa ação é importante para expandir o alcance do Dia Mundial da Síndrome do X Frágil. “É um evento global, e quanto mais pessoas participarem, compartilharem as fotos e imagens dos monumentos iluminados, maior será o alcance e consequentemente um maior conhecimento em busca da consciência e educação sobre a SXF”, enaltece.


Dia Mundial do Cérebro: Neurocirurgião da UNICAMP explica os principais tipos de tumores cerebrais, seus sintomas e tratamentos


Em uma pesquisa recente, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou que 11.100 novos casos de tumores cerebrais e/ou do sistema nervoso central fossem diagnosticados entre os anos de 2020 e 2022. O número, de acordo com o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, reforça a importância da conscientização e da disseminação de informações sobre os sintomas, viabilizando o tratamento com urgência.

As massas, que podem ser cancerígenas ou não, são caracterizadas pela presença e crescimento de células anormais no cérebro e/ou nas meninges (membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal).



É possível viver bem depois de um tumor cerebral?

Segundo o Dr. Marcelo Valadares, grande parte dos tumores intracranianos são benignos. O mais comum deles, chamado de meningioma, frequentemente é curável com cirurgia e, algumas vezes, sequer pode precisar de operação. "Tumores que surgem dentro do próprio cérebro ainda sim podem ser benignos, curáveis com cirurgia, ou de baixa agressividade, fazendo com que o paciente possa realizar tratamentos diversos e ter uma vida longa e de qualidade", diz.

O meningioma é o tipo mais frequente de tumor no cérebro, responsável por cerca de 30% das incidências. São benignos e mais comuns em adultos e idosos, acometendo mais mulheres do que homens.



Conheça os sintomas

O neurocirurgião da Unicamp explica que os principais sintomas causados por tumores cerebrais são relacionados aos locais onde eles se desenvolvem. "Como o cérebro é relativamente divido em áreas responsáveis por funções específicas, os tumores que se desenvolverem nessas regiões vão prejudicar essas atividades. Por exemplo: tumores que surgirem próximo às áreas responsáveis pelos movimentos dos membros podem causar fraqueza, e até paralisia. Tumores nas áreas responsáveis pela visão podem causar perdas visuais, manchas ou embaçamentos", expõe.

Embora tumores benignos e malignos possam causar sintomas semelhantes, os malignos têm maior chance de se desenvolverem rapidamente, levando a uma frequência maior de dores de cabeça, convulsões e alterações neurológicas como coma. "Isso é menos frequente em tumores benignos", elucida o médico.

No entanto alguns sintomas podem surgir independentemente do local da lesão. "Em quase todas as áreas do cérebro, os tumores podem causar convulsões, embora isso seja mais comum nos lobos frontais e temporais. Quando são grandes, podem causar dores de cabeça. Além disto, alguns tumores podem sangrar e levar a pioras neurológicas repentinas", reitera o Dr. Valadares.



Saiba as diferenças entre os tumores benignos e malignos

Um tumor cerebral benigno não é um câncer, ou seja: não é capaz de invadir os tecidos cerebrais normais e destruí-los. Além disto, ele frequentemente pode ser tratado com cirurgia.

"De qualquer forma, mesmo um tumor benigno pode crescer em um local complexo que impeça sua remoção ou comprima tecidos e vasos, podendo levar a problemas graves", explica o Dr. Marcelo Valadares.

Um tumor maligno, por outro lado, possui mutações em suas células que são capazes de invadir os tecidos cerebrais, destruindo-os. Neste caso, as células crescem de forma desordenada, acelerada e cada vez mais agressiva.
Os principais tumores malignos no cérebro são os gliomas, que crescem a partir de diversos tipos celulares chamados, em conjunto, de glia. "Estas são células que dão suporte aos neurônios além de realizar diversas outras funções no cérebro. Os tumores da glia (ou gliomas) são os tumores intrínsecos mais comuns (que surgem do próprio cérebro, e não de outras partes ao seu redor). Além disto, ele pode ser um glioblastoma, um subtipo de glioma altamente agressivo, ou seja: um câncer muito grave", exemplifica.

O médico conta, ainda, que a muitos tumores malignos do cérebro são controláveis com o tratamento disponível e, em poucos casos, existe possibilidade de cura.



Tratamentos

Para os gliomas, o Dr. Marcelo Valadares garante que o tratamento pode ser cirurgia para remoção de parte ou todo o tumor identificável. "Normalmente o paciente precisa realizar quimioterapia e radioterapia após a cirurgia. Diversos outros tratamentos estão sendo pesquisados para os tumores malignos do cérebro", afirma.

No caso dos meningiomas, o principal tratamento é a cirurgia. Alguns tipos, mesmo benignos, podem precisar de radioterapia.





Dr. Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de CiênciaMédicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein. A Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação, sendo que o neurocirurgião trabalha em São Paulo e em Campinas. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor. O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.  No setor público, recriou a divisão de Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep Brain Stimulation - Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição. Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado à Neurologia. 

 

Os benefícios da estratégia alimentar low carb no tratamento da gota

Doença inflamatória na articulação está associada à síndrome metabólica, condição que é combatida de maneira eficaz com a restrição do consumo de carboidratos

 

De acordo com análise publicada na revista científica “Arthritis & Rheumatology”, os casos de gota tiveram um aumento alarmante nas últimas três décadas em todo mundo. O estudo publicado em 2020 mostra que, entre 1990 e 2017, o número de pessoas que sofrem com a doença aumentou 5,5%, chegando a 41 milhões. A gota é uma doença inflamatória aguda e dolorosa, que ocorre frequentemente em uma articulação de cada vez apenas, sendo o dedão do pé um dos locais mais afetados. 

O médico e diretor-presidente da Associação Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, destaca os benefícios da estratégia alimentar low carb no tratamento da gota, especialmente pela reversão da síndrome metabólica. Além disso, um estudo apresentado em um congresso da American College of Rheumatology mostrou que 74 pacientes com sobrepeso ou obesos que foram submetidos durante seis meses à dieta Atkins (com alta quantidade de proteína e com pouco carboidrato) apresentaram diminuição dos níveis de ácido úrico, substância que é fator de risco e condição necessária para o aparecimento da gota.

Para entender como a estratégia low carb pode auxiliar no tratamento da gota, é preciso compreender os diversos fatores envolvidos no seu surgimento. O ácido úrico está intrinsecamente relacionado com a gota. Como explica Souto, a doença inflamatória ocorre quando há uma precipitação de cristais de ácido úrico dentro da articulação. "Por esse motivo as pessoas com gota quase sempre tem ácido úrico elevado", afirma. 

O ácido úrico, por sua vez, é um subproduto do metabolismo das purinas, compostos cuja origem são bases nitrogenadas presentes no DNA de seres humanos, animais e vegetais. O diretor-presidente da ABLC explica que por estarem presentes em grande quantidade nos alimentos que nós consumimos tradicionalmente (como carnes e frutos do mar) tem-se empregado uma dieta pobre em purinas a pacientes que tenham gota ou ácido úrico elevado. 

Contudo, conforme Souto, os ensaios clínicos randomizados já realizados sobre esse tipo de dieta indicam sua ineficácia clínica no combate à gota. " Isso acontece porque já foi demostrado que na atualidade que cerca de 80% do ácido úrico que os seres humanos produzem resulta de purinas endógenas (produzidas pelo próprio corpo) e não de purinas oriundas da alimentação", esclarece. 

Além disso, uma dieta pobre em purina, ou seja, que restrinja carnes e frutos do mar, acaba sendo uma estratégia alimentar rica em alimentos refinados, como carboidratos, que são metabolizados em glicose (açúcar) no organismo. A situação se complica, conforme o diretor-presidente da ABLC, quando é sabido, de acordo com estudos, que o consumo de açúcar produz elevações agudas nos níveis de ácido úrico. Assim, uma dieta pobre em proteínas não é apenas ineficaz no tratamento da gota, como pode favorecer o seu aparecimento. 

Souto afirma que a relação entre o açúcar e o ácido úrico é explicada pela maneira como a frutose (que corresponde a 50% da molécula de açúcar) é metabolizada no fígado. "São necessárias grandes quantidades de ATP para metabolizá-la e adenosina, presente no ATP, é uma purina, contribuindo para o aumento agudo dos níveis de ácido úrico no sangue", diz. 

Deve-se ressaltar que, apesar de estar associada à gota, o ácido úrico não é a única causa da doença inflamatória. Aliás, conforme o diretor-presidente da ABLC, apenas 10% das pessoas com ácido úrico elevado desenvolverão gota. "Não se sabe porque isso acontece, mas há indícios de que pessoas que têm inflamação crônica apresentam uma tendência a desenvolver doenças de natureza inflamatórias, ficando mais suscetíveis a apresentar gota quando têm o ácido úrico elevado", explica. 

Levando-se em conta que o quadro de inflamação crônica do organismo, decorrente do acúmulo de gordura visceral, é característico da síndrome metabólica, pode-se afirmar que essa condição favorece o desenvolvimento da gota em pessoas que tem propensão genética a apresentar o ácido úrico elevado. De acordo com Souto, a síndrome metabólica relaciona-se com a gota também pela capacidade de aumentar a quantidade de ácido úrico no organismo. "Quem sofre de síndrome metabólica costuma apresentar insulina elevada. Este hormônio atua sobre os rins diminuindo a excreção do ácido úrico, aumentando seus níveis no sangue", conta. 

Um dos fatores responsáveis pelo aumento de gordura visceral, que vai gerar a obesidade, responsável pela inflamação crônica e a síndrome metabólica, é o excesso de glicose (açúcar) no sangue. Dessa maneira, segundo o diretor-presidente da ABLC, o açúcar contribui dobrado para o surgimento da gota: além de favorecer a produção de ácido úrico pela forma como a frutose é metabolizada no sangue, é responsável pelo acúmulo de gordura visceral que leva à síndrome metabólica. 

Depreende-se daí a importância da dieta low carb no auxílio ao tratamento da gota. Mesmo sendo uma prática alimentar na qual as proteínas estão até mais presentes, ela favorece a melhora da síndrome metabólica e da resistência à insulina por meio do emagrecimento. "Assim, com o passar do tempo, os níveis de ácido úrico tendem a se reduzir e a gota tende a desaparecer", afirma Souto, ressaltando que há indivíduos que tem níveis geneticamente elevados. “Para estas pessoas, caso apresentem crises repetidas de gosta, o tratamento farmacológico medicamentoso se fará necessário em muitas ocasiões”, conclui.


Olimpíada expõe desafio de atletas pós-covid

Recuperar a forma física pode ser um dos momentos mais complicados para o esportista
Créditos: Envato


Falta de ar, cansaço excessivo e dores no corpo são algumas das dificuldades físicas que podem permanecer após o vírus


A pandemia comprometeu a rotina dos atletas que treinavam para a Olimpíada de Tóquio, impôs treinos a distância, além de ter provocado o cancelamento da competição em 2020. Mas a dificuldade é ainda maior para quem contraiu o coronavírus. Brenno Oliveira Fraga Costa, goleiro da seleção brasileira de futebol, e Maique Tavares, pivô do time de basquete, são exemplos de atletas que tiveram covid-19 e sofreram com as sequelas da doença. Falta de ar, cansaço e dores no corpo foram alguns dos problemas relatados, o que complicou a volta aos treinos.

“Os pacientes apresentam baixa reserva funcional porque, durante a fase inflamatória, o organismo consome muito oxigênio e, pela demanda estar extremamente aumentada, o músculo trabalha em excesso. O que acaba gerando mecanismos de compensações para suprir essa necessidade, fazendo evoluir o processo de fadiga muscular”, explica a fisioterapeuta do Hospital Marcelino Champagnat, Flávia Makoski. 

Além dos sintomas persistentes, com uma doença imprevisível como a covid-19, os atletas também estão suscetíveis a complicações que podem levar a quadros mais graves, como inflamação no coração, chamada de miocardite - quando envolve o músculo cardíaco -, ou pericardite - quando acomete a sua membrana externa. Isso, embora seja raro, pode acometer atletas jovens, levando à dor no peito, palpitações, falta de ar e perda importante da capacidade física. “Em indivíduos mais velhos, que desenvolvem quadros mais graves, ou caso o atleta já tenha a artéria do coração comprometida, pode ocorrer a trombose e até causar o infarto”, explica o especialista em medicina do esporte, Pedro Murara.


Retorno gradual

Após passar um período isolado por conta da contaminação pelo vírus, recuperar a forma física pode ser um dos momentos mais complicados para o esportista. “O comprometimento e o tempo de retorno dependem do grau de complexidade que o atleta desenvolveu durante a fase de sintomas. Observamos que a evolução varia muito, já que alguns conseguem retornar em poucos dias e outros levam meses”, comenta a fisioterapeuta. 

O recomendável é que o atleta fique pelo menos sete dias assintomático antes de retomar os treinos. É importante respeitar a volta gradual. “No primeiro momento, os exercícios permitidos são muito leves, e depois a intensidade, duração e complexidade vão aumentando de maneira gradual, conforme tolerância do atleta. E sempre observando se permanece sem sintomas que levantem qualquer suspeita de complicações”, orienta o médico. 

Apesar da ansiedade para voltar à ativa, é preciso cuidado com a reintrodução das atividades, observando e respeitando os limites do corpo para responder melhor aos estímulos, já que a gravidade da covid-19 também pode interferir no retorno à prática esportiva. “Todo período de recuperação deve ser acompanhado por um médico, pois assim ele consegue observar o processo de evolução do paciente, e solicitar os exames importantes para descartar outras complicações mais graves”, finaliza Murara.

 

A telemedicina conseguirá sobreviver no Brasil?

Foto: Adrian Clark / CC BY-ND 2.0
Se a pandemia do novo coronavírus acelerou o desenvolvimento de ferramentas que otimizaram o atendimento médico à distância no Brasil, o momento atual é de maturação deste mercado. Considerando o hype cycle iniciado por aqui ao longo de 2020, o período é de consolidação de práticas e de conhecimento. 

A gente entende que o Brasil está mais lento neste processo. No mundo, a telemedicina está em um platô de produtividade. Aqui, só com o gatilho da pandemia, as leis brasileiras passaram a liberar a teleconsulta. Isso gerou um pico de expectativas por parte das operadoras de saúde, das empresas de software quanto e dos próprios pacientes com a demanda reprimida”, contextualiza Marcos Sonagli, diretor médico da startup Amplimed

Neste período inicial, segundo o especialista, predominava a ideia de que a telemedicina seria solução “para tudo”, o que estimulou a multiplicação dos players atuantes no setor.  De lá para cá, boa parte das noções já se transformaram e expectativas como a da redução de custos a partir da telemedicina já ganham contornos mais realistas. E sabe-se que nem todo mundo desejará seguir sendo atendido via teleconsulta.  

As próprias operadoras de saúde sofreram fraudes: pacientes que assinam o plano de teleconsulta e põem outra pessoa para ser atendida, por exemplo'', diz Sonagli. Furos assim passaram a ameaçar não só a receita das empresas, mas também a renda dos médicos, causando a suspensão de atendimentos por falta de pagamento. Além disso, os empecilhos burocráticos e as grandes complexidades características do mercado de healthcare no País devem apresentar desafios redobrados na nova fase da telemedicina brasileira.  

Se, por um lado, após o boom inicial, algumas decepções vieram à tona; por outro, o aprendizado acumulado pelo setor já gerou saberes sólidos que vem sendo reorientados a fim de garantir vida longa ao atendimento médico à distância. “Aí entram serviços específicos como telerradiologia, telepatologia, retornos e consultas de baixa complexidade”, observa o diretor médico. 

No tão aguardado período pós-pandemia, a telemedicina brasileira sofrerá novos ajustes e adaptações. “Se, após a pandemia, vier uma lei proibindo a teleconsulta, a telemedicina pode morrer precocemente. Acredito que isso não acontecerá e que virão novas necessidades como o surgimento de especialistas virtuais: médicos que precisarão ter capacidade de transmissão de conhecimento, gerar empatia e ter uma performance técnica para um novo modelo de reconhecimento de casos, sem o exame físico”, conclui Sonagli.

 


Amplimed (plataforma de gestão médica com ferramenta de telemedicina integrada) 
www.amplimed.com.br


O papel do médico de família na medicina moderna

“Dr., marquei consultas com clínico geral, cardiologista, endocrinologista e ginecologista para fazer um ‘check-up’ completo e saber como está minha saúde geral.”


Muitas vezes, somos procurados pelos pacientes com essa demanda, sendo um dos motivos mais frequentes em consultas no centro médico. O sentimento expresso na fala acima pode ser o ponto de partida para explicarmos de que forma um médico de família pode ajudar seus pacientes a cultivarem e manterem a saúde ao longo de todas as fases da vida.

Nesse aspecto, quantos destes possíveis problemas podem ser corretamente diagnosticados e tratados através de uma consulta convencional de “check-up”?

Quando me refiro à consulta convencional, faço referência àquela avaliação objetiva no consultório médico, com duração média de 15 a 20 minutos, composta de entrevista clínica sucinta, exame físico e alguns pedidos de exames complementares, como dosagem de colesterol, glicemia, teste ergométrico, endoscopia e demais exames frequentemente realizados hoje em dia.

As queixas mais comuns que levam uma pessoa a procurar um médico, como, por exemplo, fadiga, dor de cabeça, insônia, ansiedade, dores musculares e articulares, perda de apetite, dor abdominal, alterações intestinais e tantas outras, podem ter diversas causas.

Um mesmo quadro de diarreia e dor de cabeça, por exemplo, pode ter causas muito diferentes, como apenas o estresse desencadeado por um problema familiar, ou excesso de trabalho em home office, até mesmo o câncer ou complexas doenças autoimunes. E, na maioria das vezes, o correto esclarecimento dessas condições, ou do risco efetivo de uma pessoa adoecer, não poderá ser realizado por meio de uma bateria de exames, até mesmo pelos mais completos.

Isso nos leva a algumas questões importantes. Quais os riscos de se ampliar as baterias de testes para exames mais específicos e numerosos, expondo os pacientes à radiação das tomografias, à sedação dos exames endoscópicos ou ao trauma tecidual das biópsias?

E quanto às limitações de interpretação destes exames que, por muitas vezes são inconclusivos e levam a solicitação de mais exames? Sem mencionar os custos deste modelo de abordagem, que torna o acesso à saúde um desafio, mesmo aos grupos de maior poder aquisitivo.

Ainda, em tempos de pandemia da Covid-19, todos os cuidados neste sentido são redobrados, uma vez que os pacientes deixaram, por um longo período, de fazer os acompanhamentos necessários. Nesse aspecto, torna-se fundamental garantir a segurança do paciente.

Então, como ir além do check-up? Qual subespecialidade consultar? Quais exames mais específicos solicitar? Hoje, entendemos que tanto o adoecimento quanto a recuperação e a manutenção da saúde dependem de uma delicada e complexa relação entre a bagagem genética do indivíduo, sua história de vida, seus hábitos atuais e o ambiente onde vive.

Ou seja, para tomar as melhores decisões e ter os melhores resultados é preciso ir além e conhecer a pessoa, o ser humano por trás do paciente (em toda a sua complexidade). E esta não é uma tarefa simples. Não pode ser realizada em uma única consulta e requer muito conhecimento, treino e experiência. É justamente neste ponto que entra o médico de família.

A Medicina de Família é a única especialidade médica que se propõe a entender amplamente e cuidar do paciente em todas as fases da vida, considerando o ambiente familiar e todos os demais contextos sociais, culturais e ambientais que impactam a saúde. Atua desde o planejamento familiar e a vida intrauterina, passando pela infância, o início da vida adulta, auxiliando no envelhecimento saudável e, até mesmo, com os cuidados na finitude da vida.

Para se tornar médico de família, após concluir a graduação, o médico necessita completar de 2 a 3 anos de residência, passando por treinamento em diversas áreas médicas e em todas as modalidades de assistência: ambulatorial, domiciliar e hospitalar.

Esse especialista é treinado para oferecer ao seu paciente os cuidados básicos para a prevenção e tratamento das principais condições de saúde relacionadas a todos os órgãos e sistemas do corpo, como, por exemplo, prevenção e tratamento inicial das principais doenças cardiovasculares, do diabetes, de doenças neurológicas como cefaleia e acidente vascular cerebral, condições relacionadas à saúde mental como ansiedade e depressão, além de cuidados básicos com o desenvolvimento da criança, do adolescente, com a saúde da mulher e a promoção do envelhecimento saudável.

Vale frisar que a proposta não é substituir a atuação de outros especialistas que cuidam do paciente, e sim agregar ao cuidado uma compreensão global da saúde que vai além do escopo de uma doença ou de um órgão específico, ajudando a coordenar o cuidado, facilitando e otimizando a atuação dos diversos especialistas, preenchendo eventuais lacunas que não tenham sido abordadas e ajudando a conciliar tratamentos e estratégias traçadas por outros médicos.

Mais do que investigar o que acontece com o organismo do paciente no momento da avaliação, o médico de família segue seu paciente ao longo de todas as fases de sua vida, construindo uma relação sólida e um entendimento sobre a totalidade daquela pessoa que vai se aprofundando com o tempo. Assim, permite definir, com cada vez mais clareza, o que realmente importa para sua saúde, ajudando seu paciente a fazer as melhores escolhas, de um modo que nenhum exame complementar ou recurso tecnológico jamais poderá fazer.




Dr. Ricardo Zanardi - médico especialista em Medicina de Família e Clínica Médica na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.


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