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terça-feira, 20 de julho de 2021

Você já ouviu falar de Fibro Fog?

 Dra. Cláudia Goldenstein Schainberg explica que sintomas da síndrome vão além das dores, causando confusão mental nos pacientes


A chamada “fibro fog”, junção de fibromialgia e neblina em inglês, consiste na perda em manter o foco e na perda da capacidade de guardar fatos na memória. Dificuldades cognitivas como percepção, atenção, memória, linguagem e funções executivas são comuns na fibromialgia, e tais sintomas fazem parte do diagnóstico do problema. As dores podem vir a ocupar o cérebro de tal maneira, fazendo com que ele deixe de exercer suas funções adequadamente.

Estes sintomas não estão relacionados a lesão cerebral por conta da fibromialgia mas podem trazer mais prejuízos ao paciente do que a própria dor causada pela sindrome.  “Os pensamentos dolorosos acontecem de maneira que o paciente fica impossibilitado de exercer suas funções diárias normalmente”, afirma a reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg.

A síndrome da fibromialgia, motivo da Fibro Fog, causa dores no corpo inteiro, principalmente na musculatura e tendões. Junto com a dor, podem surgir sintomas de fadiga, distúrbio do sono, ansiedade, depressão e dores de cabeça.

Alguns estudos apontam que 50% dos pacientes diagnosticados com fibromialgia sofram com a fibro fog. Nem sempre é possível diagnosticar a confusão mental já na primeira consulta. “Para detectar as áreas afetadas, testes específicos e uma avaliação neuropsicológica podem ser necessários”, afirma Cláudia. A melhor maneira é tratar o problema em si de forma individualizada e global, buscando soluções para a própria fibromialgia. Cada paciente deve ser avaliado diferentemente com suas particularidades e de forma pessoal, sendo que a prescrição médica de modalidades como fisioterapia, pilates, acupuntura e medicamentos adequados, ajudam a aliviar os sintomas.

 


Dra. Cláudia Goldenstein Schainberg - especialista em Reumatologia e Reumatologia Pediátrica. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, mestrado e doutorado em Medicina (Reumatologia) pela Universidade de São Paulo, especialização nos EUA e Canadá. Atualmente é professora e mentora de novos profissionais na Universidade de São Paulo.

 

Estudo mostra que a precisão da dermatoscopia para remoção completa do câncer de pele varia de acordo com seu subtipo

Um estudo inédito demonstrou que a eficácia da dermatoscopia - método de exame não invasivo de pele, realizado com o dermatoscópio por médicos dermatologistas para a delimitação do carcinoma basocelular (CBC), varia de acordo com o seu subtipo.


A dermatoscopia foi precisa na delimitação das margens em 87% dos casos do subtipo mais comum de CBC, conhecido como nodular. Entretanto, para os outros subtipos como, por exemplo, os esclerodermiformes e os micronodulares, a acurácia da dermatoscopia foi de 20% e 58%, respectivamente. Isso significa que a extensão lateral de certos subtipos de CBC pode ser "invisível" à dermatoscopia.

O carcinoma basocelular é o câncer de pele mais comum no Brasil e no mundo e é classificado em 6 diferentes subtipos, de acordo com a forma que suas células se organizam microscopicamente.

No estudo, foram avaliados 368 casos de pacientes com diferentes tipos de CBC: superficial, nodular, micronodular, infiltrativo, metatípico e esclerodermiforme ou misto (confira tabela abaixo). Os tumores analisados estavam localizados na região da cabeça, principalmente na face, e foram removidos com uma margem inicial de 1 a 2 milímetros, conforme o que prevê a cirurgia de Mohs .

O coordenador do estudo, o médico dermatologista Felipe Cerci, conta que a pesquisa foi motivada pelo fato que a dermatoscopia é um método consagrado para auxiliar no diagnóstico do câncer de pele. Porém, não haviam estudos avaliando a capacidade da metodologia para detectar as extensões laterais dos diferentes subtipos de carcinoma.

"Para averiguar a acurácia da dermatoscopia, utilizamos a cirurgia micrográfica de Mohs, técnica que permite examinar no microscópio 100% das margens cirúrgicas imediatamente após a remoção do câncer. Dessa forma, foi possível saber se a marcação dos tumores baseada na dermatoscopia foi precisa ou não", explica Cerci.

Segundo ele, quando a dermatoscopia não foi precisa, o exame no microscópio mostrou que a margem estava comprometida e, então, um novo fragmento de pele foi retirado logo em seguida para garantir a extração do carcinoma e a cura do paciente. "Apesar de o CBC muito raramente dar metástase (espalhar-se para outros órgãos), ao longo dos anos, ele pode causar destruição no local acometido quando não tratado ou se tratado de forma inadequada. Por isso, em áreas nobres da face, é fundamental que o tumor seja removido por completo para evitar recidivas e complicações futuras", completa o dermatologista.

A remoção pode ser realizada com a cirurgia de Mohs - que examina 100% das margens durante a cirurgia logo após a sua remoção -, ou através da técnica convencional, que examina entre 1% a 5% das amostras das margens dias após a cirurgia .

Por essa razão, na cirurgia convencional, remove-se uma "margem de segurança" de pelo menos 4 mm ao redor do tumor. Já na cirurgia de Mohs, por outro lado, inicia-se com 1 a 2 mm e, se necessário, remove-se mais tecido apenas no local acometido pelo câncer de pele.

Além de propiciar a taxa de cura mais alta, a retirada apenas do tecico acometido pela doença, preservando pele sadia e gerando menores cicatrizes, é o diferencial da Cirurgia de Mohs, tornando muitas vezes o tratamento de escolha do paciente para a retirada de CBCs localizados em áreas nobres da face como nariz, pálpebras, lábios e orelhas", relata Cerci.


Dermatoscopia - A dermatoscopia é um método auxiliar na demarcação das margens do CBC, muito superior ao "olho nu". Entretanto, a técnica não substitui a avaliação microscópica das margens para alguns subtipos do tumor. Por essa razão, quando localizados em áreas nobres do rosto como pálpebras, nariz e ao redor da boca, esses subtipos devem preferencialmente ser removidos através da cirurgia de Mohs, ou através da cirurgia convencional com margens de segurança adequadas.


Inédito - O estudo - que acaba de ser publicado nos Estados Unidos e intitulado "Dermoscopy accuracy for lateral margin assessment of distinct basal cell carcinoma subtypes treated by Mohs micrographic surgery in 368 cases", em português - "Acurácia da dermatoscopia para avaliação da margem lateral de subtipos distintos de carcinoma basocelular tratados por cirurgia micrográfica de Mohs em 368 casos" - foi coordenado por Felipe Cerci e teve como coautores as colegas paranaenses Elisa Kubo e Betina Werner, e o dermatologista e cirurgião de Mohs Stanislav Tolkachjov, de Dallas, Estados Unidos. O artigo científico foi publicado no International Journal of Dermatology. Cerci é autor/co-autor de 45 publicações científicas, tendo descrito o mapeamento dermatoscópico na cirurgia de Mohs ("DerMohscopy Mapping"), que permitiu correlacionar os achados dermatoscópicos com microscópicos com maior precisão. O artigo foi publicado em janeiro de 2018 no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology.

Dieta x câncer: o que comer na prevenção e no combate à doença

Rotinas alimentares muito restritivas não são recomendadas por especialistas e, em alguns casos, podem levar a outras implicações severas à saúde

 

(Jejum intermitente, dieta cetogênica… Dietas como essas, e outras, vez ou outra entram no noticiário e nas redes sociais, muitas vezes propagandeadas por celebridades. Nutricionistas e nutrólogos tendem a não recomendar dietas muito restritivas, já que, com algumas exceções, a maioria das pessoas precisa de todos os grupos alimentares. Mas como essas dietas e alimentação influenciam na prevenção e também durante o tratamento de câncer, doença que atinge mais de 600 mil pessoas anualmente no país?

Segundo especialistas e pesquisas, uma média de 30% a 35% da incidência de tipos de câncer estão relacionados a hábitos de vida. E a alimentação inadequada - assim como a obesidade e o sedentarismo - é um dos principais fatores que influencia no surgimento dos mais diversos cânceres, como relata Cristiane Mendes, oncologista do InORP Oncoclínicas. "A gordura em excesso no corpo causa uma espécie de inflamação crônica que aumenta a produção de substâncias no organismo, lesionam células, e alteram nosso DNA acelerando o surgimento da doença".

As famosas ‘dietas da moda’, em muitos casos, em vez de contribuir com a saúde do paciente, podem sobrecarregar órgãos e influenciar também no aparecimento dos tumores. "Não apoiamos dietas restritivas porque não sabemos os impactos a longo prazo. Dieta cetogênica, dieta restritiva em carboidrato, dietas somente com proteínas, tudo isso tem consequências para o organismo. Privá-lo de nutrientes tem impactos", explica.

Para quem está passando por tratamento quimioterápico, as dúvidas surgem a cada instante, comenta a nutricionista Priscila Po Yee Cheung, do CPO Oncoclínicas.

"Em geral, as orientações em relação à alimentação saudável são as mesmas das pessoas que não estão passando por tratamento. A carne vermelha na forma de embutidos, devem ser particularmente evitados para a população em geral. A lactose e o glúten devem ser evitados por quem tem, de fato, condições como a intolerância à lactose e a doença celíaca respectivamente. Fora essa situação específica de saúde, todavia, não há motivos para cortar o consumo - e, diferente do que muitos acreditam, não é fato que esses alimentos provocam ‘inchaços’, como muitos acreditam", explica. Cada indivíduo é avaliado individualmente em relação a seus hábitos de consumo e sintomas apresentados durante o tratamento

Depois da pós-quimioterapia, o paciente precisa seguir uma dieta balanceada, segundo a especialista. "Muitas pessoas inclusive mudam seus hábitos quando precisam encarar o tratamento do câncer, como quimioterapia, e levam isso para o resto da vida. O ideal é acompanhar com especialistas, para verificar o que de fato pode ser prejudicial para cada tipo de pessoa. Dietas da moda, em geral, não levam em consideração os aspectos individuais, além de buscarem muito mais uma perda de peso do que uma melhora na saúde", alerta Priscila.



Imunidade e alimentos cancerígenos

Durante o tratamento oncológico, a possibilidade de queda de imunidade é grande e o paciente fica mais suscetível a ter infecções. É necessária uma alimentação equilibrada, para restabelecer o organismo, além de hidratação.

"É importante dar preferência para os alimentos leves no dia do tratamento e de mais fácil digestão, para prevenir, por exemplo, vômitos, sensação de empachamento e alteração no intestino. Sabemos que o excesso de consumo de alimentos como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru podem aumentar a chance de desenvolver câncer. Os conservantes e o excesso de sódio estão relacionados a alterações nas células do intestino e estômago, o que pode estar relacionado ao surgimento de lesões também", afirma Cristiane.

Em 2021, foi apresentado um resultado de estudo na ASCO, o maior Congresso Americano de Oncologia do mundo, que aponta uma relação ainda mais estreita entre o excesso de consumo de carne vermelha e as mutações celulares causadoras de neoplasia de intestino, segundo Cristiane.

"O ideal é que nossos pacientes façam uma avaliação antes, durante e após o tratamento. Apoiamos adequações na alimentação no sentido de melhorar qualidade e variedade da alimentação. Desaconselhamos dietas restritivas, porque ainda não conhecemos o impacto delas ao longo prazo. O ideal é combinar sempre dieta equilibrada entre fontes de proteína, carboidrato e gordura", avalia.



Comorbidades e nutrição

Conforme a oncologista destaca, algumas medicações alteram o equilíbrio do metabolismo: por exemplo, o bloqueio hormonal pode provocar descalcificação óssea, aumentando o risco de osteopenia e osteoporose. Outras drogas e a própria desnutrição podem alterar funcionamento das glândulas.

"Por isso a nossa tendência é indicar uma dieta que forneça fonte de vitaminas, sais minerais e calorias suficientes para a pessoa manter o metabolismo adequado. Alimentação e atividade física é algo que a gente sempre orienta para controle de peso e controle de comorbidade quando o paciente tem. Para paciente hipertenso, por exemplo, manter a dieta com a quantidade adequada de sal", recomenda.



Para o paciente diabético, uma dieta com carboidrato mais controlado e menos açúcar na alimentação é indicada.

"Na nossa rotina, encorajamos o paciente a cuidar da alimentação e fazer atividade física para melhorar a tolerância ao tratamento, recuperar a imunidade e com isso alcançarmos melhores resultados. Não podemos esquecer que é fundamental cuidar das doenças preexistentes, como hipertensão e diabetes por exemplo. E claro estimulamos que estes hábitos saudáveis permaneçam por toda vida, porque eles também diminuem as chances de a doença voltar. É importante ressaltar que abandonar vícios como cigarro e álcool, também fazem parte das orientações", conclui.


Pandemia afeta sono dos brasileiros e leva a aumento do consumo de remédios para dormir

Saúde mental abalada, má alimentação, uso de bebidas alcoólicas e distúrbios metabólicos são apontados como os principais impactos que causam noites mal dormidas
Créditos: Divulgação


Pesquisa aponta que mais da metade das pessoas tem enfrentado noites mal dormidas; nervosismo, ansiedade, tensão e dificuldade no relaxamento são principais reflexos


O estresse causado pela pandemia é o grande responsável pela piora na qualidade do sono de muitos brasileiros. É o que afirma uma pesquisa, realizada pelo Royal Philips, que indicou que 74% dos entrevistados enfrentam problemas de sono. Desses, 50% acreditam que a pandemia afetou diretamente a possibilidade de dormir bem. 47% dos participantes também relataram que acordam no meio da noite. Esse cenário de noites mal dormidas levou a um outro reflexo: o aumento da venda e do consumo de remédios hipnóticos que ajudam a regular o sono. Um crescimento de 20% em 2020, em comparação com o ano anterior, segundo o Conselho Federal de Farmácia. 

Para o médico otorrinolaringologista e coordenador de residência do Hospital Universitário Cajuru de Curitiba (PR), Marco César, o estado emocional tem um papel importante na qualidade do sono. Outros fatores que também podem impactar o momento de dormir são: a má alimentação, o uso de bebidas alcoólicas e os distúrbios metabólicos, como alterações hormonais. Estudos já mostram que a qualidade da alimentação e a moderação no consumo de álcool foram justamente dois hábitos que mudaram durante a pandemia. 

“Quando pensamos em um corpo saudável precisamos pensar em três grandes pilares: o primeiro é a alimentação saudável, o segundo é atividade física e, por fim, o descanso. Então, o sono é o momento de recuperação do organismo, com a eliminação de alguns hormônios que permitem a regeneração dos grupos musculares. E no sono profundo descansamos nossa mente e recuperamos nosso estado emocional”, afirma o médico. Insônia, ronco, apnéia do sono, narcolepsia, sonambulismo e síndrome das pernas inquietas são alguns dos distúrbios de sono mais comuns entre a população. 

Sentimentos de nervosismo, ansiedade, tensão e dificuldade no relaxamento são apontados como os principais impactos provocados pela pandemia. Além disso, a maior exposição às telas de computadores e celulares, devido à necessidade de adaptação do trabalho ao modelo remoto, também pode ser um dos causadores do crescimento de relatos de noites mal dormidas. “O celular, a televisão, os tablets acabaram se tornando uma extensão do nosso próprio corpo. A luz azul emitida pelos aparelhos acaba inibindo a eliminação da melatonina, que é o hormônio liberado para induzir e manter o sono”, enfatiza.

Outro problema que deve ser levado em conta diz respeito aos distúrbios do sono e outros agravantes que eles podem acarretar. “Esses problemas do sono podem acabar levando a doenças degenerativas do sistema nervoso central. O paciente pode começar com alterações de memórias, distúrbios de relacionamentos e de comportamento, com crises de ira, por exemplo”, afirma o otorrinolaringologista.


Saúde mental

Para melhorar a qualidade de sono, o psicólogo do Hospital Universitário Cajuru, Sidnei Evangelista aposta no fortalecimento da saúde mental. “É o estado de bem estar que faz o indivíduo conseguir ser produtivo, realizar as suas habilidades e se recuperar do estresse causado pela rotina. Agora, na pandemia, é importante se atentar ainda mais a isso. A procura de um profissional de saúde que possa escutar e sugerir pontos importantes de análise que irão aliviar de certa forma a tensão, ou minimizar os danos, é fundamental”, explica.

Esse acompanhamento profissional também é destacado pelo médico Marco César para evitar casos de automedicação e receber as orientações indicadas a cada pessoa. “Dentro da possibilidade de cada um, é necessário tentar manter uma alimentação mais saudável, fazer algum tipo de atividade física, dando preferência às atividades matinais, e evitar bebidas alcoólicas perto do horário de dormir”. A moderação também vale no que se refere aos perigos das telas de celulares, computadores e televisões. “Nunca leve o celular, nem assista à televisão na cama. O seu corpo tem que entender que ao se deitar, você vai dormir”. O especialista ainda alerta que, se mesmo seguindo essas orientações, os distúrbios do sono persistirem, é essencial procurar ajuda médica.


Olimpíada 2020: aspectos históricos e políticos relevantes para a educação

Depois do adiamento em 2020 devido à pandemia da Covid-19, 2021 se prepara para receber mais uma edição das Olímpiadas. Com o início previsto para essa sexta-feira (23), a competição será sediada pela cidade de Tóquio, no Japão.

A cada edição, o evento traz consigo mais do que medalhas e emoções, reunindo uma bagagem histórica indescritível, que reflete o tempo em que se vive. Um dia, o mundo olhará para trás e lembrará desta edição (2020/2021), marcada por novos protocolos de segurança, orientados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à pandemia que abalou a todos. 

A vizinhança entre História e Esportes está, inclusive, no cerne do evento que teve início há mais de 2500 anos e foi retomado em 1896, na mesma Grécia onde tudo começou.


A história da Olimpíada e seu vínculo com atos políticos

Segundo o autor de história do Sistema de Ensino pH Gabriel Onofre, a principal competição esportiva do planeta assume uma dimensão que extravasa o esporte, mais uma das esferas humanas que estão sujeitas à política. O esporte pode ser um instrumento de poder de forma conservadora, mas também pode ser usado como ferramenta de mudança. Em diversos momentos, as Olimpíadas foram utilizadas pelos governos para propaganda de suas ideologias e realizações, como as Olímpiadas de Berlim em 1936. “Desde as criações dos Jogos Olímpicos na Grécia Antiga, é difícil falar em separação de esporte e política. Quando você tem uma retomada dos jogos olímpicos no final do século XIX, isso acontece também. O esporte sempre vai estar permeado por questões políticas. Ao longo do século XX, principalmente na Guerra Fria, esse contexto vai ficar mais evidente”.

Citando exemplos de situações assim no século XX, Gabriel menciona a Olímpiada na Cidade do México em 1968, quando dois atletas estadunidenses do atletismo ganharam medalhas e fizeram a saudação do Black Power, com as luvas negras erguidas em protesto contra o racismo e a injustiça. A repercussão do ato foi uma punição da Comissão Olímpica na época, somente hoje em dia os atletas estão sendo relembrados com admiração por suas atitudes naquele evento. “Muitos atletas foram expulsos da competição por usarem a plataforma olímpica para um protesto político”. Outro episódio é durante a Guerra Fria, quando houve uma série de boicotes olímpicos por parte dos Estados Unidos e alguns países capitalistas na Olímpiada de Moscou em 1980. Em resposta, União Soviética e países comunistas boicotaram os Jogos Olímpicos em Los Angeles quatro anos depois. “A gente pode ver como a rivalidade entre as duas superpotências da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, apareceu nos Jogos Olímpicos, esvaziando jogos e significando uma derrota ao esporte”, finaliza Gabriel Onofre.


História e esportes: cumplicidade para além do tempo  

Não é de hoje que História e Esportes caminham lado a lado. As Olimpíadas são a prova material dessa relação entre as disciplinas. De acordo com o professor Éder Luiz Martins, que leciona “História Geral” e “História do Brasil” para os cursos de Economia e Relações Internacionais na FACAMP – Faculdades de Campinas, uma é testemunha da outra. O docente é conhecido na cidade paulista por ser o fã número 1 dos torneios Olímpicos, sabendo informações muito precisas de cor e salteado. “Acompanho desde a edição de Moscou, em 1980, e me lembro de detalhes específicos, como por exemplo todas as medalhas de ouro da natação desde então”.

Indagado sobre essa paixão, ele conta que, ainda criança, teve uma experiência desagradável justamente na piscina, o que o deixou com receio de praticar essa atividade física. No entanto, ele seguiu acompanhando essa e outras modalidades esportivas pela TV. “Vejo e me inteiro de tudo: ginástica olímpica, vôlei, basquete, futebol, provas de campo de atletismo, até hóquei de grama”, diverte-se. Sobre casos icônicos, Éder lembra que, em 1960, nas Olimpíadas de Roma (Itália), o atleta Abebe Bikila (Etiópia, ex-colônia italiana), correu a maratona descalço e venceu. Outro episódio foi em 2008 (Pequim), quando Phelps prometeu oito medalhas de ouro e as conseguiu, sendo que em uma das provas, ele nadou sem ver nada pois havia entrado água em seus óculos.


Excesso de reuniões virtuais compromete bem-estar e produtividade no trabalho

A diretora da Prime Talent, Bárbara Nogueira, ressalta que é importante reduzir o volume e a duração dos encontros online para evitar os sintomas da já conhecida "Fadiga do Zoom".


Na nova realidade forçada pela pandemia da Covid-19, grande parte das pessoas foi obrigada a adaptar a vida à rotina virtual. Os happy hours e conversas com amigos e familiares tiveram migrar para o formato online, assim como as reuniões de trabalho e as aulas para alunos de todas as idades. Tudo isso na tentativa de manter, dentro do possível, uma conexão social ativa, um ritmo de trabalho eficiente e o aprendizado regular durante todos esses meses em que adotar o isolamento e evitar aglomerações se fizeram – e ainda se fazem – necessários. No entanto, a diretora, career advisor e headhunter da Prime Talent, Bárbara Nogueira, argumenta que essas circunstâncias, podem prejudicar diretamente o corpo e a mente, provocando a já conhecida “Fadiga do Zoom”. Consequentemente, a produtividade também é afetada.

Desde o ano passado, essa expressão – em alusão a um dos programas de chamadas de vídeo que mais se popularizou na pandemia – tem sido bastante usada no ambiente corporativo, em todo o mundo. Mas os problemas provocados pelo excesso de conferences estão relacionados a qualquer ferramenta para essa finalidade, como Hangouts, Teams, Skype, entre outras. Trata-se, resumidamente, de uma exaustão extrema e desmotivante, em função da permanência, por um período de tempo prolongado, em encontros pela internet. Inclui, também, irritabilidade, olhos secos e vermelhos, sem falar do cansaço, mal-estar e dores de cabeça ao final da jornada de trabalho ou até mesmo após um bate-papo virtual.

A “Fadiga do Zoom” é gerada por diversos fatores. Entre eles, estão a hiperestimulação visual, que leva a esse cansaço e a essa irritação; a falta de linguagem corporal; e a mobilidade prejudicada, ou seja, a sensação de estar preso ao ângulo de visão da câmera. Outro “gatilho” costuma ser a autoavaliação constante, aliada ao sentimento de pressão social, porque a pessoa percebe que está sendo observada por todos, em todos os momentos, e não fica à vontade.

A exaustão também pode ser causada pela necessidade de aumentar a atenção no decorrer das vídeo-chamadas, que exigem um esforço maior para processar pistas não verbais dos participantes. Sem falar que muitas pessoas se sentem obrigadas a olhar para a tela o tempo inteiro, como forma de demonstrar que seguem atentas à reunião, e isso consome muita energia. Por fim, a tendência às distrações é mais um aspecto que pode ocasionar o desgaste mental, uma vez que os profissionais acabam propensos a realizar tarefas paralelas durante a call.

Diante desse contexto, Bárbara, que é graduada em psicologia, orienta os profissionais a ficarem muito atentos ao bem-estar no dia a dia, pois o estado permanente de cansaço pode evoluir para um esgotamento total, com prejuízos significativos para ao corpo e a mente. E ainda afeta diretamente a produtividade e a concentração em casa e no trabalho. “As empresas mais preparadas e estratégicas já têm desenvolvido programas e até novas políticas internas para o apoio aos funcionários que atuam no modelo home office, aproximando cada vez mais o setor de Recursos Humanos do negócio e dos colaboradores”, destaca.

Em busca de mitigar as chances de “Fadiga do Zoom” e de outros transtornos relativos ao excesso de conectividade, como o tecnoestresse, ações voltadas à saúde e ao descanso mental dos profissionais estão sendo implementadas, além de soluções inovadoras e mais prazerosas de usar videoconferência. Em linhas gerais, é possível ressaltar algumas estratégias para amenizar o impacto negativo do excesso de encontros remotos e do uso de tecnologia, como não emendar reuniões sequenciais, ampliando intervalos entre elas; evitar conferences com duração muito prolongada; substituição de chamadas de vídeo por áudio, quando possível; e o incentivo ao período de trabalho produtivo e sem conversas virtuais. No caso das lideranças, usar algum tempo para realmente verificar como as pessoas estão é muito importante. Independentemente das iniciativas que sejam adotadas, buscar equilibrar o real e o virtual, garantindo o uso saudável da tecnologia, é a melhor maneira de prevenir esses sintomas.


Como sinais corporais melhoram percepção do consultor em governança sobre seu cliente

A pandemia revelou, além de novos formatos de trabalho, a necessidade de uma importante competência: captar o que o corpo fala do outro lado da câmera e o que cada gesto revela


O trabalho do consultor em governança corporativa exige muitas habilidades e competências para realizar o objetivo de diagnosticar os negócios e construir estratégias personalizadas com foco em resultados e sustentabilidade. O profissional que vai lidar com sócios e proprietários de empresas deve não somente ter uma visão de negócio, ou seja, estar com a leitura em dia sobre os diversos assuntos relacionados aos universos de economia, política e negócios em geral, mas também ter um lado voltado à psicologia, para entender melhor sobre o comportamento humano e o que cada sinal corporal pode revelar.

Até antes da pandemia surgir e acabar por conduzir a instituição de novos formatos de trabalho, como a adoção em massa do sistema homeoffice, as reuniões presenciais eram mais do que comuns. No mesmo espaço físico, o consultor preparado para entender o que cada gesto corporal diz era capaz de perceber tranquilamente se um cliente ficou confortável ou não, se mexeu na cadeira, coçou a cabeça ou está com os pés nervosamente chacoalhando por debaixo da mesa.

Porém, em uma reunião online, a situação muda. “Esses sinais não são tão claramente perceptíveis”, afirma Eduardo Valério, CEO da GoNext, consultoria em governança corporativa e sucessão, acostumado com os compromissos virtuais de negócios nos últimos 18 meses, assim como seus consultores. Mesmo assim, recomenda ele, é preciso estar atento às menores ações. “Um sinal preocupante é quando o vídeo de algum participante está desligado, demonstrando uma eventual distração ou desinteresse.”

Mas como o consultor pode notar desconfortos, nervosismo, interesse, segurança e comprometimento em uma reunião remota entre sócios de uma empresa, e melhorar suas percepções, para então ter o melhor diagnóstico sobre uma consultoria para a qual está atuando? Veja a seguir 5 sinais que podem ajudar a decifrar o que se passa com o cliente na hora da reunião virtual.


Boca

Levar frequentemente os dedos à boca, como roer as unhas ou morder as pontas dos dedos, demonstra ansiedade e também indica relutância. Tapar a boca e coçar o nariz enquanto fala demonstra insegurança ao que está falando e o consultor preparado pode suspeitar de que o cliente está escondendo o jogo. Assim como as palavras bem articuladas e faladas calmamente, com pausar e respiração tranquila transitem credibilidade e autoridade.


Braços

A posição dos braços cruzados costuma ser associado a irritação, defesa ou falta de interesse. Segundo estudos sobre linguagem corporal, a maioria das pessoas que faz este gesto durante uma reunião está desconfortável.


Cabelos

O ato de mexer nos cabelos transmite a mensagem de uma pessoa insegura e tímida, por mais que ela pareça muito desinibida.


Mãos

Se o cliente não estiver com as mãos mais soltas, eventualmente gesticulando, preferindo não deixa-las aparentes ou dando a impressão de que não sabe o que fazer com elas, pode ser um sinal de insegurança. Porém, se uma das mãos estiver tocando o queixo, ela pode estar indicando uma tomada de decisão.


Olhos

O olhar sempre voltado para baixo indica desinteresse e falta de foco. Da mesma forma quando o cliente desvia o olhar constantemente e demonstra estar prestando atenção em mais de uma coisa ao mesmo tempo. Por outro lado, ao encarar a câmera e reagir ao que é falado, demonstra maior interesse e comprometimento.


Novos modelos

Mesmo as reuniões online de 18 meses atrás, antes da pandemia, eram muito diferentes das atuais. Como aponta Eduardo Valério, desde os aspectos tecnológicos, os quais todos tiveram que melhorar suas redes internas de wi-fi e internet, melhoria de computadores e câmeras, ao aperfeiçoamento de pautas, mais enxutas e objetivas.

Da mesma forma, as atitudes dos participantes. “O comportamento dos seus integrantes foi modificado na medida do aprimoramento da própria reunião”, diz o executivo. Na análise de Valério, a tendência é que as reuniões presenciais sejam para temas mais complexos, que as tornarão mais longas. “As virtuais serão mais curtas, frequentes e para assuntos mais objetivos.”

Modelo este que se adequa, por exemplo, ao trabalho de monitoramento da consultoria em governança.

A recomendação do CEO da GoNext é que o consultor em governança corporativa sempre prepare da melhor maneira possível a reunião online e em três etapas: pré, durante e pós. “É importante ainda o consultor sempre se programar previamente quanto à dinâmica, o material a ser apresentado e, sobretudo, o cuidado com o tempo. Ele deve ter sempre o controle do ritmo da reunião”, aponta Valério.

De acordo com ele, essas e outras características, são essenciais para o profissional transmitir confiabilidade e tranquilidade ao seu interlocutor. “O papel do consultor durante a apresentação de um determinado tema é prover seu interlocutor (cliente) de segurança e clara orientação sobre o tema em debate. Ele é visto como o facilitador e provedor do caminho, para a solução do problema, que é o objeto da contratação dos seus serviços”, avalia.

 


GoNext Governança & Sucessão

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Ouvir a sua música preferida aumenta o seu desempenho

Pesquisa do Reino Unido afirma que a disposição aumenta com o seu som favorito


Na hora de fazer exercícios, um trabalho da faculdade ou tomar uma difícil decisão é importante estar tranquilo mentalmente. Para manter esse relaxamento e o foco é preciso ter estímulos, um deles é ouvir sua música preferida.

Segundo estudo publicado por pesquisadores da Universidade Keele, no Reino Unido, foi comprovado que, ouvir sua música favorita pode fazer você se sentir mais disposto e diminuir a percepção de esforço durante exercícios físicos ou outras atividades cotidianas. Pop, rock, samba ou forró, qualquer tipo de música serve.

Segundo o método da Programação Neurolinguística (PNL), a ancoragem é responsável por isso. Âncoras são gatilhos visuais, auditivos ou cinestésicos os quais se tornam associados com respostas ou estados particulares. Estímulo que está ligado a um estado fisiológico. Associação que permite evocar experiência original. Qualquer coisa que dê acesso a um estado emocional.

Em geral as âncoras são externas. Um cheiro específico pode nos levar a uma cena, um momento de vida. O tom de voz da pessoa querida pode trazer emoções, ou o tom de voz do seu cantor preferido ou música preferida.

Âncoras se criam por repetição (Ex. parar diante de um farol vermelho). Âncora se cria instantaneamente se a emoção for forte e o momento certo. Fobias são âncoras negativas.

Nós fazemos âncoras instantâneas todo o tempo, mas a PNL nos ensina a usar o processo de forma mais consciente, o que nos permite fazer a auto âncora.  

A âncora é um estímulo forte, porém não é estável (com o tempo desaparece). Outra maneira recorrente em que a ancoragem pode ser usada é fechar os olhos e buscar lembranças felizes. O corpo e a mente respondem ao estímulo, com isso a produtividade aumenta.

O IPC (Instituto Profissional de Coaching) utiliza-se desta poderosa técnica em seus treinamentos de PNL. A própria Presidente, Madalena Feliciano, afirma utilizar em vários momentos esta técnica, principalmente nos dias em que se sente cansada ou precisa de força e coragem extra para resolver alguma questão e diz: “Sinto me empoderada toda vez que utilizo minha âncora”

Madalena Feliciano é CEO do IPC (Instituto Profissional de Coaching) - Master em PNL, Hipnóloga e Coach Profissional, recebeu prêmios nacionais e internacionais como:  ANCEC - Referência Nacional e Qualidade Empresarial em 2016, 2017 e 2018, Top Five em 2016 no seu segmento de coaching e treinamento comportamental e recentemente foi condecorada com o Título de Embaixadora pela Divine Academie em Paris. Ministra diversos treinamentos de desenvolvimento humano, Coaching, PNL, Hipnose, Analista Comportamental DISC, dentre vários outros.

 


Madalena Feliciano - Gestora de Carreira e Hipnoterapeuta

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Bitcoins x Golpes Cibernéticos

Conheça a origem e os riscos do dinheiro da era digital


Desenvolvida há pouco mais de uma década, a primeira criptomoeda foi criada com a intenção de descentralizar o controle do capital. Considerado por muitos um ato nobre, o dinheiro de todos era, até então, controlado por bancos e governos em todos os países com taxas, controles, regulamentações e fiscalizados por instituições.

Como solução a tanto controle financeiro, criou-se o bitcoin. O primeiro conceito era possibilitar a circulação de uma moeda virtual que não fosse administrada por outra pessoa a não ser o seu próprio dono. O grande desafio era garantir a mesma segurança que se tem em relação ao dinheiro guardado em uma instituição financeira.

Para Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em direito digital, a operacionalização das transações financeiras sem intervenções e com segurança de uma ponta a outra é algo inimaginável antes da era digital. “Imagina que podemos efetuar uma transação sem a presença de intermediários, como os bancos, que possa simplesmente transferir de forma segura valores de ponta a ponta, este é o conceito, transações seguras”, afirma

A fim de garantir a segurança das transações feitas em moedas virtuais, criou-se então o “blockchaim”, uma rede descentralizada e não controlada por intermediários, mas sim por seus usuários. “Cada transação é verificada por todos, evitando-se fraudes e sem a manipulação governamental. E o valor do bitcoin depende basicamente de oferta e demanda, somente esse fator fará seu valor oscilar para cima ou para baixo”, complementa o especialista em direito digital.

Embora não seja um procedimento de fácil entendimento e com maior risco, o bitcoin pode gerar lucratividade. Operar  com bitcoins tem se mostrado seguro. Não há notícia de fraudes nas operações com bitcoins. O que existe são golpes praticados por empresas que se dizem operadoras de bitcoins e simplesmente somem com os valores que o investidor repassa.

No ano de 2020 o bitcoin foi o investimento com a maior valorização no Brasil, superando investimentos tradicionais como dólar e ouro. Nos últimos tempos, a reputação dessa criptomoeda foi abalada pelo fato de hackers estarem efetuando ataques a redes e computadores de empresas, exigindo o pagamento de resgates em bitcoins.

A utilização dos bitcoins se deu pela dificuldade de rastreio e controle governamental sobre a moeda. “É importante destacar que não se trata de nenhuma falha no mecanismo blockchain da moeda, mas sim de uma ação criminosa. A falta de controle bancário e governamental traz vantagens e desvantagens”, afirma Gomes.

Entre as vantagens, existe certa independência para gerir o patrimônio sem limitações e imposições de regras por terceiros, porém há desvantagens como a utilização da moeda por criminosos justamente pelo impossível rastreamento. 

O que se pode observar ao longo desses anos de operação é que o bitcoin possui um sistema seguro e sem notícia de fraude nas operações. Para evitar possíveis golpes, recomenda-se que antes de optar por esta moeda é necessário pesquisar detalhadamente sobre as empresas corretoras que estão no mercado. “Não tome decisões precipitadas ou sem conhecer em detalhes o funcionamento das moedas virtuais”, finaliza.

 


Francisco Gomes Júnior - advogado sócio da OGF Advogados, formado pela PUC-SP, pós-graduado em Direito de Telecomunicações pela UNB e Processo Civil pela GV Law – Fundação Getúlio Vargas. Foi Presidente da Comissão de Ética Empresarial e da Comissão de Direito Empresarial na OAB.


AMIZADE NO TRABALHO CONTRIBUI PARA DESEMPENHO, MAS EXIGE CUIDADO COM PROTECIONISMO E CONVERSAS PESSOAIS

 Head de RH da Gi Group Brasil aponta benefícios das relações no ambiente corporativo e pontos de atenção


Quantas horas do nosso dia passamos com as pessoas do trabalho? Por isso, é mais do que natural criar laços de amizade entre colegas, o que contribui para o desempenho profissional e para estar em um ambiente mais leve e acolhedor.

Muitas das relações existentes antes da pandemia se mantiveram ou até se fortaleceram durante o isolamento social e, ter essa rede de confiança pode ser muito útil para compartilhar dificuldades em momentos desafiadores.

Para o Head de Recursos Humanos da Gi Group, filial da multinacional italiana de RH, Felipe Iotti, ter uma pessoa com quem dividir as situações enfrentadas pode aumentar a sensação de realização. "Há prazer em compartilhar sucessos com seus pares, assim como é confortante dividir os anseios ou problemas com outra pessoa. As amizades tendem a gerar um impacto positivo no profissional", argumenta Iotti.

Ricardo Lopes, gerente de contas da Gi Horeca, é um exemplo de que boas relações no trabalho deixam o ambiente mais leve e promovem confiança. "Trabalhar com pessoas que gostamos e admiramos é sempre um facilitador, tanto interpessoal quanto para os processos". Amigo de Marja Nadolsky, gerente de operações regionais, há quatro anos, Ricardo traz um ponto de atenção sobre a separação entre amizade e coleguismo de trabalho. "São duas relações bastante distintas. Não levamos as questões pessoais para o trabalho e tampouco o inverso", explica.

Ter amizades no ambiente de trabalho pode gerar impactos positivos, ajudar na redução da pressão e estresse causados pelas cobranças por resultado, porém é importante separar momentos próprios para essa amizade. "Utilizar pausas para o café e os horários de almoço, assim como em algumas situações o período de translado até o local de trabalho, é o ideal", aconselha o Head de RH. "O excesso de conversa durante o trabalho pode interferir na capacidade de concentração, qualidade das entregas ou até causar erros desnecessários por falta de atenção", alerta Iotti.

Felipe Iotti aponta para outra questão importante. O feedback, que é uma ferramenta extremamente poderosa para gestão do desempenho, não pode ter interferência por conta da amizade. "Embora isso possa acontecer entre colegas que possuem níveis semelhantes de responsabilidade na empresa, isso se torna ainda mais crítico quando a relação de amizade ocorre entre líder e liderado. As relações não podem atrapalhar no momento de corrigir uma postura, assim como não pode gerar favoritismos dentro de uma equipe por relações pessoais" aconselha o Head de Recursos Humanos da Gi Group Brasil.

 

 

Felipe Iotti - head de RH da Gi Group Brasil

 

Gi Group

https://www.gigroup.com.br

  

5 inovações do mundo acadêmico na pandemia para divulgações científicas

Especialista no setor elenca as principais vantagens do preprint como uma solução de acesso e compartilhamento de publicações acadêmicas em tempos de isolamento social

 

O Brasil é o 11º primeiro em número de publicações científicas sobre Covid-19, segundo a Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica. Isso explica por que os preprints estão cada vez mais populares no meio acadêmico. A Even3 - plataforma de eventos virtuais e publicações científicas - levantou que 43% das publicações depositadas no site são do formato preprint.

 

“A palavra ‘preprint’ significa ‘pré-publicação’, ou seja, de maneira geral, esse documento original e de teor científico é publicado em um repositório online, antes mesmo da avaliação de uma banca responsável por analisar trabalhos, algo bem característico dos periódicos e das revistas científicas. Por não ter sido publicado em uma revista científica e sim nesse repositório, ele acaba ficando conhecido como não publicado”, explica Welington Almeida, gerente de produto da Even3 Publicações.

 

Um estudo feito em 2020, chamado Preprinting a pandemic estima que ao menos 37% dos artigos publicados (16 mil até então) não haviam passado pela revisão de outros cientistas. Por não terem sido avaliados e revisados, tiveram a opção de serem publicados em repositórios online. “Os preprints são muito efetivos no meio científico e acadêmico, pois agilizam a comunicação e divulgação de manuscritos por todo o mundo”, afirma Almeida. 

 

Segundo Welington, “a grande vantagem desse formato é que o autor pode divulgar a pesquisa científica mais rapidamente mesmo que esta não esteja completamente finalizada, além de poder atualizar ou alterar o conteúdo sempre que necessário, caso surjam novos dados e informações relevantes, podendo contar com a colaboração de outros pesquisadores durante a construção do documento”. Além disso, um estudo em Tenesse, revela que os artigos que contavam com preprint têm em média um índice Altmetric 49% maior e 39% mais citações que os artigos sem preprint, gerando grande valor para o pesquisador que busca ser referenciado.

 

Pensando nisso, o especialista listou as 4 principais vantagens para investir no modelo preprint:

 

Agilidade na publicação

 

Os preprints são ideais, pois permitem a publicação do artigo em um prazo muito mais curto que os periódicos. Para ser publicado, passa apenas por uma breve avaliação, que vai confirmar que de fato trata-se de um conteúdo científico, e, se estiver tudo certo, é publicado no prazo de um dia na internet.

 

 

Acessibilidade e visibilidade

 

Esse tipo de formato permite que o autor tenha controle do alcance da sua publicação em escala mundial, já que pode visualizar a quantidade de acessos que o arquivo teve. Com essa facilidade, pode tornar o trabalho conhecido mais rapidamente, além de conquistar uma reputação e ser visada por revistas científicas resultando numa publicação mais completa. 


 

Construção conjunta 

 

O formato permite que outros pesquisadores possam ver, comentar e até promover novas parcerias. Dessa forma, é possível mensurar o impacto da pesquisa e alcançar um público mais amplo para seu trabalho.

 

 

Atualizações ilimitadas

 

Sempre que surgir um novo dado ou precisar alterar uma informação da sua pesquisa, você poderá alterá-la. Todas as versões ficam salvas e disponíveis no sistema. Assim, o leitor consegue acompanhar todas as atualizações feitas e o andamento da pesquisa.

 

 



Even3 

 

LGPD: Quais as principais discussões que já foram levadas para o Judiciário?

Com exceção das penalidades, a LGPD entrou em vigor no dia 18.09.2020 e, antes mesmo de completar um ano de vigência, já é responsável por importantes discussões no Judiciário. 

O objetivo deste artigo é analisar algumas dessas discussões com o propósito de auxiliar as empresas na compreensão dos riscos envolvidos no tratamento de dados pessoais e indicar possíveis medidas para mitigá-los. 

Cumpre evidenciar que nenhuma das decisões abaixo pode ser considerada como definitiva ou precedente do respectivo Tribunal, haja vista que a jurisprudência sobre o tema, assim como a cultura de proteção de dados no nosso país, ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento. 


1- Mandado de Segurança nº 5003440-04.2021.4.03.6000, 4ª Vara Federal de Campo Grande-MS: Gastos com o projeto de adequação à LGPD geram créditos de PIS e Cofins. 

A rede de lojas TNG obteve por decisão judicial o direito a créditos de PIS e Cofins sobre os gastos com implementação e manutenção do programa de proteção de dados pessoais. 

Para fundamentar a decisão, o Juízo levou em consideração que o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, ou seja, considerando a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, conforme definido no Recurso Especial 1.221.170/PR. 

Assim, tendo em vista que os investimentos para adequação à LGPD são obrigatórios, sob pena de a empresa incorrer nas penalidades previstas na Lei (art.52), os custos para tanto enquadram-se no conceito de insumo, gerando créditos de PIS e Cofins.

 

2- Reclamação Trabalhistas nº 0020014-30.2021.5.04.0261, ajuizada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Montenegro em face da JBS Aves Ltda. 

O mencionado Sindicato ingressou com ação alegando descumprimento das regras previstas na LGPD pela empresa JBS e pleiteou: (i) – a indicação do encarregado de dados; (ii) – a informação de quais dados são tratados pela empresa, as respectivas bases legais e ciclo de vida dos dados; (iii) – a informação das transferências internacionais; (iv) – a informação dos compartilhamentos com terceiros e respectivas finalidades; (v) – indicação de quem tem acesso aos dados; (vi) – prestação de contas do uso específico dos dados; (vii) – informação sobre o tempo que os dados ficam armazenados; (viii) – a indicação das decisões automatizadas eventualmente existentes na empresa; (ix) – a informações sobre eventuais incidentes envolvendo o vazamentos de dados pessoais, (x) a descrição das medidas de segurança e proteção dos dados pessoais, (xi) – a comprovação dos treinamentos dos funcionários;(xii) – declaração de ausência de conformidade da empresa; (xiii) – a vedação de repasse, vazamento, venda,  entrega, doação ou aluguel de dados, sem autorização; (xiv) - indenização por danos morais e (xv) – comunicação da ANPD. 

A ação foi julgada improcedente porque a JBS conseguiu comprovar a sua adequação através de documentos juntados aos autos, tais como: manual de privacidade, política de proteção de dados, o uso dos recursos tecnológicos que utiliza para tratamentos dos dados etc. 

Dessa decisão é possível verificar a importância de a empresa ter a cautela de documentar todas as fases do seu projeto de adequação para que possa comprová-la, seja em sede de ação judicial, como também nos processos administrativos.

 

3- Ação Civil Pública nº 0020043-80.2021.5.04.0261, ajuizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias de Alimento de Montenegro em face da Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Cai Ltda. 

O autor da ação em questão é o mesmo do processo anteriormente analisado. Todavia, no presente caso a ação foi julgada parcialmente procedente, justamente porque a Cooperativa não trouxe elementos de prova suficientes para comprovar a sua adequação. 

O Juízo determinou que a cooperativa reclamada comprove nos autos as seguintes obrigações, no prazo de 90 dias, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00: (i) – indicação do encarregado de dados; (ii) - comprovação da implementação e das práticas relacionadas à segurança e sigilo dos dados.  

 

4- Processo nº 07282789720208070001, 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. 

Trata-se de indenização por danos morais ajuizada contra empresa jornalística que publicou os dados bancários e cópias de contracheques do autor. 

A ação foi julgada parcialmente procedente, sendo declarado pelo Poder Judiciário que a divulgação dos dados bancários e dos contracheques do autor ultrapassou a finalidade de informação. 

Dados bancários e contracheques são considerados dados pessoais por serem informações capazes de identificar uma pessoa. Os princípios da finalidade, necessidade e adequação previstos na LGPD (art. 6º, incisos I, II e III) exigem que sejam tratados o mínimo de dados pessoais necessários para determinada finalidade específica. 

Com base em tais princípios, apurou-se que a empresa jornalística extrapolou a finalidade específica de sua atividade (informação), pois, para tanto, não era necessário expor os dados bancários e contracheques do autor, sem qualquer rasura das informações pessoais, na matéria jornalística. 

Esta discussão judicial demonstra a importância do Registro de Operações de Tratamento de Dados Pessoais (art. 37, LGPD), que além de ser uma obrigação legal, tal documentação possibilita que a empresa verifique se os dados coletados são realmente os necessários para cada finalidade. 

Muitas empresas coletam dados que não necessários para o fim a que se destinam. Um exemplo muito comum são as fichas para entrevistas de vagas de empregos que exigem uma série de informações do funcionário que não são absolutamente necessárias naquele momento. Para a contratação, a empresa precisa aferir se o candidato possui as qualidades e características que a vaga exige e não o número do CPF, título de eleitor, filiação, RG etc.

Fazer esta aferição entre os dados coletados e a finalidade a que se destinam, justificando-os na base legal adequada, é medida essencial para atender as regras da LGPD e mitigar os riscos da potencialidade lesivas de eventuais incidentes. 

Como exposto acima, a regulamentação do tratamento de dados pessoais é recente em nosso país. Apesar disso, as decisões acima já comprovam que a temática merece atenção redobrada e cautela por parte das empresas. 

A adequação à LGPD demanda a organização bem estruturada de um projeto firmado no propósito de incorporar a cultura da privacidade e da proteção de dados nas rotinas empresariais, sendo muito mais do que o cumprimento de obrigação legal, mas um diferencial cada vez mais exigido pelo mercado justamente em razão dos riscos inerentes ao tratamento de dados pessoais.

 

 

Juliana Callado Gonçales - sócia do Silveira Advogados e especialista em Direito Tributário e em Proteção de Dados (www.silveiralaw.com.br)

 

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